P - Carlos, queria começar pedindo para você falar seu nome completo, data e local de nascimento. R - Meu nome completo é Carlos Augusto do Nascimento. Eu nasci no dia 15 de maio de 1963, em Natal, Rio Grande do Norte. P - Foi no Rio Grande do Norte que você começou a trabalhar no Aché? R - Exato. Eu comecei a trabalhar no Aché no dia 10 de maio de 1990. P - Você começou com qual ocupação? R - Eu comecei como propagandista, inclusive o primeiro dia de trabalho no campo coincidiu com o dia do meu aniversário, ou seja, um grande presente para mim. No dia 15 de maio de 1990 eu estava começando no campo. P - Você se lembra do primeiro dia de trabalho? R - Meu primeiro dia de trabalho, lembro-me. Eu trabalhava com o Robson, que era o meu gerente, era o gerente regional e com o Lira que era o meu supervisor. Meu primeiro dia de trabalho no campo propriamente dito foi no Edifício Odontomédico, em Natal. Nós passamos um dia de trabalho extremamente produtivo, tínhamos feito o curso anteriormente, um mês antes e fui aproveitado nessa vaga que surgiu. Trabalhamos, foi um dia extremamente proveitoso. Algumas coisas interessantes surgiram no decorrer de nosso dia de trabalho, porque eu tinha tirado minha carteira de motorista bem recentemente, e trabalhando nessa primeira semana de trabalho com o Lira, como meu supervisor e com o Robson como o meu gerente, nós fomos de um ponto de visitação no Hospital das Clínicas, em Natal, até um Posto de Saúde, e os dois estavam no meu carro. Na época era um fusquinha azul, eu tinha comprado justamente com o propósito de um dia entrar no Aché. Nós vínhamos numa determinada rua que um lado era uma espécie de abismo. Era justamente o lado que estava o meu gerente e o supervisor. Quando nós vínhamos nessa rua, vinha uma Kombi e só dava passagem praticamente para um veículo. Eu não tive coragem de parar naquele local, eu fiquei com medo, de repente o carro cair. Eu passei tirando a maior fina da...
Continuar leituraP - Carlos, queria começar pedindo para você falar seu nome completo, data e local de nascimento. R - Meu nome completo é Carlos Augusto do Nascimento. Eu nasci no dia 15 de maio de 1963, em Natal, Rio Grande do Norte. P - Foi no Rio Grande do Norte que você começou a trabalhar no Aché? R - Exato. Eu comecei a trabalhar no Aché no dia 10 de maio de 1990. P - Você começou com qual ocupação? R - Eu comecei como propagandista, inclusive o primeiro dia de trabalho no campo coincidiu com o dia do meu aniversário, ou seja, um grande presente para mim. No dia 15 de maio de 1990 eu estava começando no campo. P - Você se lembra do primeiro dia de trabalho? R - Meu primeiro dia de trabalho, lembro-me. Eu trabalhava com o Robson, que era o meu gerente, era o gerente regional e com o Lira que era o meu supervisor. Meu primeiro dia de trabalho no campo propriamente dito foi no Edifício Odontomédico, em Natal. Nós passamos um dia de trabalho extremamente produtivo, tínhamos feito o curso anteriormente, um mês antes e fui aproveitado nessa vaga que surgiu. Trabalhamos, foi um dia extremamente proveitoso. Algumas coisas interessantes surgiram no decorrer de nosso dia de trabalho, porque eu tinha tirado minha carteira de motorista bem recentemente, e trabalhando nessa primeira semana de trabalho com o Lira, como meu supervisor e com o Robson como o meu gerente, nós fomos de um ponto de visitação no Hospital das Clínicas, em Natal, até um Posto de Saúde, e os dois estavam no meu carro. Na época era um fusquinha azul, eu tinha comprado justamente com o propósito de um dia entrar no Aché. Nós vínhamos numa determinada rua que um lado era uma espécie de abismo. Era justamente o lado que estava o meu gerente e o supervisor. Quando nós vínhamos nessa rua, vinha uma Kombi e só dava passagem praticamente para um veículo. Eu não tive coragem de parar naquele local, eu fiquei com medo, de repente o carro cair. Eu passei tirando a maior fina da Kombi. Quando eu cheguei lá na frente, o gerente só faltou morrer do coração e pediu automaticamente para eu voltar para o posto, onde ele tinha deixado o carro, que iria trabalhar eu no meu carro e ele no dele. E até falou para o supervisor, que da próxima vez que fosse fazer teste para entrar na empresa, o primeiro teste que deveria ser feito seria um teste de volante, que ele não ia colocar a vida dele em risco. Aí foi a minha primeira semana de trabalho. P - Você nunca tinha trabalhado como propagandista? R - Não, na realidade a minha formação inicial como profissional, eu fui militar. Eu fui fuzileiro naval durante 8 anos da minha vida, no Rio de Janeiro. Depois eu voltei para Natal, onde eu automaticamente saí da vida militar, trabalhei com seguros durante um ano e oito meses, depois eu fiquei pleiteando para entrar na empresa, no Aché, fiz um curso em Recife, de duas semanas. Na época, o curso era bastante puxado, bastante puxado mesmo. Nós tínhamos uma semana inteira, inteira, inteira mesmo de estudos, durante o dia e a noite. Na época, era em caráter eliminatório. Era em caráter eliminatório todo o processo seletivo. P - Porque você queria tanto entrar no Aché? R - Muito bem, quando eu saí da vida militar eu pleiteava trabalhar com o público, contato, conhecer novas pessoas. A primeira via de acesso a isso foi trabalhar com seguros. Então nós trabalhávamos com empresas, com determinadas instituições e lá eu tive oportunidade de conhecer outros colegas que já trabalhavam como propagandistas na indústria farmacêutica. Automaticamente, o Aché na época, era uma empresa que recrutava pessoas. As outras empresas normalmente exigiam uma qualificação, automaticamente você tinha que ter experiência. No Aché não, você poderia ingressar e dependeria da tua capacidade. Eu estava de uma certa maneira, enferrujado, não vinha estudando, não vinha participando de processo seletivo, mas eu encarei e vim embora. E durante essas duas semanas tinha uma quantidade muito grande de pessoas que estavam concorrendo a essas vagas. Era uma vaga no Rio Grande do Norte e uma vaga no Estado de Alagoas. Tinha 16 pessoas concorrendo a essas duas vagas. Eu de imediato imaginei que essas pessoas poderiam ter uma maior capacidade que eu, por muitos já serem propagandistas. Quando eu cheguei na sala, muitos eram advogados e tal. Mas graças a Deus nós fomos nos dedicando, dedicando, e no final existiam duas vagas e ficaram três pessoas. Automaticamente, um era de Maceió, que foi o Itamar, e outro de Natal, o Hudson, que já tinha feito dois cursos anteriormente, teve uma melhor colocação no curso, foi aproveitado. Eu fiquei sem nenhuma perspectiva, mas graças a Deus, um mês depois surgiu uma vaga e eu fui aproveitado dentro dessa vaga, que era no Setor Centro de Natal. P - Naquela época, o propagandista precisava ter seu carro próprio? R - Exatamente. Era um pré-requisito na empresa, você ter seu carro próprio para poder desenvolver seu trabalho como propagandista. P - O trabalho do propagandista naquela época era muito diferente do de hoje? Você lembra de alguma coisa? R - Lembro. Era bastante diferente. O propagandista naquela época era propagandista, era vendedor, e era cobrador. Então, mesmo eu trabalhando no centro de natal, no centro mesmo da capital, eu tinha a responsabilidade de propagar para os médicos, porque nós trabalhávamos com eles, e automaticamente nós tínhamos a incumbência de vender nossos produtos na farmácia. Nós não tínhamos o distribuidor, com a responsabilidade da comercialização. Automaticamente, depois da propaganda, venda que nós fazíamos, nós fazíamos a cobrança naquelas determinadas farmácias que foram clientes nossos. A cobrança era em carteira, chamado carteira, e nós tínhamos que fazer a cobrança. Então era bastante diferente. Hoje nosso trabalho é um trabalho mais técnico, é um trabalho de propagandista propriamente dito porque você tem a responsabilidade de criar uma demanda. Então a nossa responsabilidade hoje é fazer a propaganda médica, objetivando única e exclusivamente o receituário para os nossos produtos. Então, é bastante diferente. P - A tua área de atuação foi sempre de Natal? R - Quando eu era propagandista, eu trabalhei durante três anos e seis meses no setor centro de Natal. Depois eu passei mais quatro meses trabalhando em toda grande Natal. Eu tive uma mudança de setor. P - No dia-a-dia tem um relacionamento com os médicos bastante intenso. Tem algum médico especial que você lembra, que se destacou? R - Nós tínhamos médicos importantes, que na realidade faziam a diferença do nosso resultado no dia-a-dia, como o doutor Albir Barros Moreira que na época eu trabalhava com a divisão Parke-Davis, trabalhava com um produto muito importante. Quando eu tinha entrado na empresa, o produto tinha sido lançado, que era o Lopid. Era um produto de vital importância para a nossa divisão. Esse médico, nós conseguimos conquistar, com um trabalho gradual, o receituário dele para esse produto que era muito importante. Tínhamos também o doutor Tarcísio Gurgel, que era um pediatra de renome que era bastante assíduo na prescrição de produtos como Brondilat. P - Nessa história da conquista do médico, o que conta, como que faz para conquistar o médico? R - Na realidade existe um conjunto de fatores, a empatia, você tem que conhecer bem as características do médico, você tem que saber ser prestativo, atendendo as necessidades do médico e principalmente ter um bom nível de conhecimento, para naquele pequeno momento da propaganda médica, você saber fazer o diferencial. O conhecimento é fundamental, o treinamento na empresa. Eu entrei numa época que o treinamento era um fator preponderante para o teu desempenho profissional. P - Tem uns médicos que tem umas manias engraçadas? R - Tem muitos causos, podemos dizer assim, engraçados. Eu cito um determinado pediatra que nós visitávamos, inclusive é atuante até hoje, já é aposentado, foi médico do Banco do Brasil durante muitos anos. Hoje é aposentado pelo consultório, Clínica Menino Jesus. Ele é bastante interessante. Como propagandista, você entra para visitá-lo, ele automaticamente faz uma série de ofertas: “Quer um cafezinho, quer um suco? Quer uma farofa, quer um biscoito?” Ele sempre oferece alguma coisa. Na realidade, se você aceitar, ele não tem nada. O fato bastante interessante é que sempre que o propagandista, ele é bastante assediado, o propagandista quando entra para fazer o seu trabalho, ele tem como característica, sempre ter lembranças. Você, quando faz propaganda de um produto, ele sempre lembra: “Olha, esse produto, eu tive com ele ontem, eu lembrei dele agora de manhã. Inclusive...” E chama a atendente, a Stella, ela põe a cabeça e lembra: “Stella, eu não lembrei desse produto ontem?” “Lembrou.” E eu trabalhava com Parke-Davis e nós fazíamos o trabalho com um produto, era o supositório de glicerina, Parke-Davis. Quando eu puxei a caixinha de amostra grátis, ele falou: “Puxa, eu sonhei com esse produto ontem, não foi Stella?” A Stella puxou a cabeça: “Foi, doutor.” Automaticamente, eu lhe disse: “O senhor sonhou com supositório?” “É, sonhei com um supositório gigante correndo atrás de mim.” Foi um fato bastante interessante, inclusive um colega que trabalhava na Novoterápica estava presente, o Levi, e riu bastante dessa situação. E muitas outras situações. Tinha um outro clínico que trabalhava no edifício na Barão do Rio Branco, trabalha até hoje. Chegou um propagandista vindo de uma outra capital, tinha sido transferido de João Pessoa para Natal, e nós fomos visitar uns médicos e falou: “Carlos, tem um médico num consultório diferenciado, tem como visitar esse médico?” E fomos visitar esse médico, eu fui com ele até a título de brincadeira, quando nós chegamos para visitá-lo, ele estava lá dentro, eu bati na porta: “Doutor José Batista?” Quando ele saiu, ele saiu com a dentadura na mão e com uma escova de dente porque ele tinha terminado de almoçar e estava escovando a dentadura. Então, existe uma série de situações que a gente passa no dia-a-dia, pelo fato de o propagandista hoje sair às 7:00 horas da manhã e ter uma quantidade de 20-21 visitas, ou seja, 21 contatos com os médicos. É o nosso dever. P - Naquela época não se fazia entrega do remédio, você carregava os remédios com você ou não? R - Nós carregávamos, como hoje, a propaganda. A propaganda e a amostra grátis. Fazíamos a propaganda e entregávamos a amostra grátis, como hoje é feito, para o médico. A venda na farmácia nós fazíamos, mas não tínhamos contato. Essa venda era via Prodoctor, para o Nordeste. Nós tínhamos, na própria filial a Prodoctor que funcionava como uma distribuidora, fazia a comercialização. A venda era direto na empresa. P - Depois de alguns anos você deixou de ser propagandista. Como foi essa segunda fase? R - Muito bem. Eu passei três anos e oito meses como propagandista e um fato também bastante interessante é que nós tivemos, em setembro de 94, nós tivemos um evento a nível nacional, que é um Congresso Brasileiro de Pneumologia realizado no Centro de Convenções, em Natal, Rio Grande do Norte. Por ocasião desse evento, a empresa tinha feito um co-marketing com uma fábrica de vinhos do Rio Grande do Sul e recebemos uma quantidade substancial para trabalharmos esse vinho por ocasião do evento. Nosso stand era em formato de um bar. Fizemos um co-marketing com algumas lojas locais para nos fornecer salgadinhos. Compramos salgadinhos e também conseguimos, no nosso próprio stand, músicas ao vivo nesse congresso. No sábado, chegaram os dois gerentes responsáveis para organizar todo o evento. E eu e um outro colega propagandista fomos ajudar na montagem do stand, etc e tal. Por volta das 16:00 horas do domingo, às 20:00 horas seria o coquetel de abertura, eu fui orientado a ir para casa, tomar banho e voltar de paletó. Só que eu não tinha tido contato com paletó até então, e me ocorreu que como eu ia fazer aquilo? Eu não queria dizer para o meu gerente que não tinha como conseguir um paletó, lembrei de um colega que trabalhava na empresa, que era evangélico, tinha casado recentemente e poderia me fornecer o paletó. Liguei para ele. Disse: “Não, pode ir para casa, tome banho e passe aqui em casa.” Fui para casa, tomei banho e passei na casa dele por volta das 18:00-18:30, ele já estava com o paletó pronto e me arrumou. Só que o paletó era rosa, rosa-choque e a gravata verde com uma calça marron. Ficou uma coisa de cinema. Eu não me toquei, peguei aquilo, entrei no carro e fui embora. Quando eu parei o carro na entrada do Centro de Convenções, no pavilhão onde estavam montados os stands, o colega da concorrência do Laboratório Bayer, quando me viu com aquela indumentária, automaticamente já foi criticando, me chamando de “caboré”. Na época de propagandista me chamavam de “caboré”. “Caboré, você está ridículo com essa roupa.” Eu me toquei, fiquei olhando para dentro dos stands e o meu gerente à minha espera. E eu sem coragem de entrar para me apresentar a ele, primeiro tinha que passar pelos stands da concorrência. Depois de um determinado momento eu entrei e já tinha um local guardado para mim, que era uma porta de dispensa onde ficavam os vinhos, ficavam os salgadinhos. Eles abriram a porta e me colocaram lá dentro. A minha função durante essa noite, durante o coquetel, só era pegar garrafa de vinho, abrir, colocar o braço para fora e servir. P - Por causa da roupa? R - A roupa que eu estava era realmente não compatível com a ocasião. P - Quando te viram, te deixaram escondido? R - Automaticamente me esconderam. É um fato bastante interessante, que o fato transcorreu de maneira agradável, até descontraída do nosso âmbito. Quando foi em dezembro, você tinha me perguntado sobre a mudança da função de propagandista para supervisor... P - Aquele evento foi em Natal? R - Foi em Natal, foi o Primeiro Congresso Brasileiro de Pneumologia realizado em Natal, 1994. Precisamente em setembro de 94. Pelo histórico de trabalho que nós já tínhamos, por uma série de fatores, graças a Deus eu tive o privilégio de em janeiro do ano seguinte ser promovido a supervisor distrital nos Estados do Paraíba e Rio Grande do Norte. Supervisor distrital, supervisor de vendas. Até os dias atuais, até o dia de hoje eu me encontro exercendo, mudou agora a nomeclatura, a função de gerente distrital. Nós temos um trabalho de acompanhamento no trabalho de propagandista, de treinamento, ou seja, toda a orientação de acompanhamento de criar demanda. É a função do propagandista e a nossa. P - E o paletó te acompanhou? R - O paletó sempre fez parte do nosso dia-a-dia, apesar de trabalharmos... Quando eu entrei na empresa, tinha sido recentemente abolido a história do paletó, porque antes o seu dia-a-dia era de paletó. Acredito que um ano antes da minha entrada foi abolido para o nosso dia-a-dia. Esse fato aconteceu até de forma inusitada, automaticamente passou... Nós tínhamos reuniões de treinamento, cursos de formação em São Paulo, não sei se foi alguma dica que foi dada, num curso de formação, num seminário de orientação e aprimoramento profissional, realizado em Guarulhos, na nossa matriz, eu tinha combinado juntamente com alguns colegas de ir de paletó, vestido realmente a caráter. Quando cheguei na filial na segunda-feira, por ocasião da abertura, o nosso diretor comercial da época, senhor Natálio me escolheu para demonstrar elegância da equipe do nordeste. Ficou interessante porque todos os dias eu chegava lá, a abertura era feita como um desfile, e eu, de forma bastante descontraída, tive que aproveitar a oportunidade, e até quinta-feira tudo bem, eu tinha levado quatro paletós, dava para utilizar, na sexta eu tive que cair em campo para poder comprar um paletó para não ter que repetir nada. Então, a história do paletó me acompanhou realmente. P - E o teu dia como supervisor, como é teu dia-a-dia? Como é seu relacionamento com os propagandistas? R - Muito bem. A nossa função, nós temos que nos utilizar muito de irmandade, de coleguismo, utilizar tudo, tudo que você tem de conhecimento para o seu dia-a-dia. Porque o nosso dia-a-dia começa automaticamente acompanhando o propagandista. Nós temos uma programação de trabalho que é enviada antecipadamente para nossa filial e na segunda feira nós já saímos ao campo, com os propagandistas e automaticamente já realizamos o trabalho de acompanhamento, de orientação, de estímulo, de motivação, de treinamento. Isso de uma forma bastante descontraída, bastante amigável, porque o nosso dia-a-dia tem que ser extremamente agradável para que você possa estimular o homem a buscar o resultado. Porque os resultados que a empresa precisa são automaticamente conquistados pelo homem, que é a vanguarda da empresa. Nós somos a linha de ligação da empresa com, é a primeira linha de ligação. Então você tem que estar sempre estimulando, sendo amigo, saber cobrar. Porque quando você é muito amigo, automaticamente você já passa a ter, por parte de certas pessoas, uma interpretação dúbia da tua função: como ele é amigo, ele não vai cobrar. Você tem que saber cobrar, porque o resultado tem que vir para a empresa. Saber cobrar com bastante inteligência, com bastante coleguismo e com bastante perseverança. P - Tem algum episódio, algum relacionamento mais marcante nesse seu contato com os propagandistas? R - Como propagandista nós temos vários fatos, mas eu posso citar há quatro anos atrás a empresa passou por um momento de expansão, foram contratados mais 500 homens no Brasil, fizemos o treinamento aqui, e em janeiro, logo em seguida ao treinamento, no retorno das férias, nós fomos trabalhar no campo. E eu fiz a minha programação de comum acordo com a minha gerência de trabalhar em Mossoró. Fui trabalhar em Mossoró que é uma cidade do Rio Grande do Norte, aproximadamente 300 km de Natal, e quando eu cheguei tinham três propagandistas trabalhando lá. Tinha o Marcos, que está na empresa até hoje, é do interior, do sertão da Paraíba, bastante rude. Pessoa inteligente, porém bastante rude, como diz o paraibano mesmo. E nós estávamos almoçando no primeiro dia de trabalho, num restaurante e ele estava tomando uma Coca-cola com limão e gelo. Eu não tinha muita intimidade com ele e comecei a observar que ele estava preocupado olhando dentro do copo. E eu procurei saber o que estava acontecendo. Ele automaticamente repetiu para mim: “Carlos, é o seguinte, eu pedi uma coca com limão, tomei a coca com limão e até agora e não estou encontrando mais o limão, ou seja, eu engoli o limão.” Um fato bastante interessante, porque você engolir uma roda de limão é um estômago de avestruz. Esse foi um fato bem característico e interessante que aconteceu. Paralelo a isso, a gente tem uma amizade muito grande com a equipe, graças a Deus durante esse período como supervisor, eu só cresci como pessoa, só cresci como homem, minha vida cresceu. Eu, por incrível que pareça, apesar de ter apenas 38 anos de idade, mas eu tenho um histórico de vida pessoal bastante amplo, eu já sou avô. Eu tenho uma neta, Maria Eduarda, com um ano e seis meses. Somos muito felizes, tanto minha família como também o meu lado profissional. P - Quantos filhos você tem? R - Muito bem, eu tenho três filhos. Eu tenho uma filha de 18 anos, Susan Grace, que já é casada, vive a vida dela, graças a Deus, muito bem. Tenho um filho de 13 anos, Susak e tenho o mais novo que é o Samir. O Samir é o último. P - Você passa bastante tempo longe da família, como é essa relação empresa-família? ( Interrupção) P - Você percorre quais regiões? R - Uma parte daqui de Recife, uma parte do estado de Pernambuco, todo o litoral do Rio Grande do Norte, todo o litoral da Paraíba é sob minha supervisão, no caso, sob minha gerência distrital. P - E essa rotina de viagem, essa época de viver na estrada, em restaurantes de estrada... R - A nossa vida, a nosso dia-a-dia é basicamente em hotéis, em restaurantes. Nós saímos de casa, eu passo... (Interrupção – conversa de fundo) P - Queria que você falasse um pouquinho do teu dia-a-dia atual, porque você passa bastante tempo fora de casa, nas estradas. R - Ah, não tenha dúvida. Eu trabalho em todo estado de Pernambuco, todo o estado da Paraíba, uma parte de Pernambuco e todo o estado do Rio Grande do Norte. E moro em Natal. A minha equipe hoje tem oito homens, dividido nessas regiões, conforme eu citei. Eu trabalho em média no mês com quatro semanas, a gente trabalha acompanhando os três propagandistas que tem no Rio Grande do Norte em uma semana, outra semana os da Paraíba, da capital João Pessoa, outra semana com o pessoal do interior da Paraíba e do Rio Grande do Norte, e outra semana com o estado de Pernambuco. Eu passo, em média, uma semana trabalhando em Natal, com a equipe de Natal e as três semanas eu passo viajando, passo fora de casa. Normalmente passamos fora de casa. A família hoje até já se adaptou a essa nossa rotina de trabalho, essa história de viajar por esses lugares. Hoje a minha casa é bem dividida entre hotéis e nossa residência onde passamos mais os finais de semana. P - A realidade é bem diferente, do interior dos estados para o litoral, para as cidades grandes. Como é, o trabalho muda? R - Muda, são regiões com características totalmente diferentes. Por exemplo, eu trabalho com três capitais. Eu trabalho com a capital do Rio grande do Norte, Natal, onde tem uma característica da classe médica local, são pessoas bastante vaidosas, a disputa por clínicas que ostentem uma arquitetura bonita, luxo, etc. Em Natal é uma característica, bem diferente, já em João Pessoa onde a classe médica é mais simples, eles procuram ter seus consultórios mais dentro de hospitais, dentro de outras clínicas, mas não tão ostensivas como em Natal. Aqui em Pernambuco, por ser uma cidade bem maior, é mais despolarizado. Temos consultórios em diversos locais. A classe médica daqui, por ser um grande centro a nível do nordeste, eles se preocupam mais em trabalhar, em ganhar dinheiro do que ostentar. Estou citando três capitais, já a parte do interior é mais interessante, é onde o propagandista tem muito mais afinidade com o médico. A relação propagandista-médico no interior é uma relação muito mais amigável, onde há conquistas nesses setores, até pelo fato da concorrência ser menos ativa. Ou seja, para você ter uma idéia, no interior de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e da Paraíba, são poucos os laboratórios que tem propagandistas que vão até lá. Nós somos únicos em alguns setores, poderíamos dizer “éramos únicos” em setores como interior da Paraíba, Patos, Souza, Cajazeira, quase fronteira com o Ceará, nós éramos os únicos propagandistas a atuarmos, a trabalharmos naquela região. Hoje a concorrência vê que nós conseguimos buscar resultados lá e já está colocando propagandistas para ir para lá. Mas você tinha perguntado sobre a característica do médico. É bastante diferente a característica do médico por ser mais amigo, ele faz questão, por ocasião da visita, porque lá, você não visita no consultório, no hospital sempre. O médico muitas vezes está em casa, está na fazenda, nós temos que fazer o deslocamento do propagandista. Ele já conhece onde encontra o médico, visita na fazenda, visita em casa. P - Qual o lugar mais inusitado que você já fez? R - O lugar mais inusitado que eu já fiz, eu posso citar uma fazenda em Catolé do Rocha, doutor Benjamim, sempre, até hoje os propagandistas o visitam lá na fazenda. Ele atende num PSF próximo, num Posto de Saúde Familiar próximo, e automaticamente ele não quer receber propagandista no local de trabalho, ele só recebe na fazenda. P - Onde ele mora. R - Onde ele mora é aproximadamente 18 km da cidade mais próxima, que é Catolé do Rocha, no Alto Sertão da Paraíba. É bem interessante porque às vezes você está fazendo a visita para ele e ele está tirando leite da vaca, e você está ali fazendo a visita e tudo bem. Não deixa você passar por menos de tomar um copo de leite, de tomar um suco de fruta que ele tira lá. Até hoje ele faz questão que isso aconteça. Essa visita inusitada que eu digo é no interior. Citando até, digamos, a boa receptividade da classe médica imensa de nossa região, nós podemos citar a doutora Penha, em João Pessoa, que é uma médica que faz questão que você, por ocasião da visita, participe de um lanche dentro do próprio consultório. Você quando entra, ela tem uma afinidade tão grande com o propagandista, que você quando entra, a secretária dela já entra automaticamente com uma bandeja. ( Interrupção) ... a nossa função como supervisor, agora como gerente distrital, é uma função que você passa a maior parte do tempo fora de casa. Você passa a maior parte do tempo acompanhando o propagandista, de acordo com a região que ele trabalha, de acordo com a área que ele trabalha. Então nós temos quatro semanas em cada ciclo, em cada mês e automaticamente nós dividimos. Eu trabalho com o Estado da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, nós dividimos com os diversos propagandistas que estão nessa região. Dá em média, uma semana em Natal, na sede onde moro, trabalhando com os propagandistas de lá que são três. Uma semana em João Pessoa, uma semana no interior da Paraíba e Rio Grande do Norte e uma semana no interior de Pernambuco. Então nós dividimos bem a nossa vida com as estradas, com os hotéis da vida, sempre conhecendo novas pessoas, novos lugares. É sempre agradável e interessante para a nossa função. P - E o lugar mais inusitado, mais inacessível que você já tenha chegado para visitar um médico, qual foi? R - Como eu estava te falando, nós temos a característica de trabalharmos em três capitais e pegando uma quantidade muito grande de cidades do interior. Então eu posso citar como o lugar mais inusitado o interior de Catolé do Rocha, aproximadamente 420 km da capital da Paraíba, João Pessoa. Tem um médico que nós visitamos ele na fazenda, o doutor Benjamim. Até hoje ele é visitado no mesmo local. Ele não quer atender no local de atendimento que é um PSF, ele faz questão de atender na fazenda. Por volta das 16:00 horas, quando ele encerra as atividades, ele vem para a fazenda. A visita obrigatoriamente tem que ser feita lá. Quando você chega lá, você encontra ele bem à vontade, às vezes num curral da vaca, tirando leite da vaca, colhendo uma fruta. Ele recebe você de uma forma descontraída, faz questão que você tome leite por ocasião da ordenha, coma uma fruta por ocasião da colheita. Aí é um tanto inusitado porque vai para uma região bastante distante e tem que visitar dentro do mato mesmo. Aí se torna interessante. P - E alguma história no litoral? Fico imaginando essas cidadezinhas, vilarejos, pesqueiros... Você faz a parte do litoral também? R - Fazemos todo o litoral do Rio Grande do Norte, todo o litoral das cidades próximas a Natal, litoral da Paraíba e uma parte do litoral de Pernambuco. Em João Pessoa, nós podemos citar como boa receptividade uma médica, a doutora Penha, ela trabalha num prédio bem próximo à Praia de Tambaú. Uma característica da visita a essa médica é a boa receptividade por parte dela. Todos os propagandistas que entram para visitá-la são automaticamente recebidos pela bandeja de salgados, tortas, sucos, enfim, se você visitar essa médica todos os dias, todos os dias você tem um lanche. Todos os propagandistas, ela faz questão. Não aceita a desfeita de você não aceitar o lanche dela. Tão receptiva é, que no final do ano, ela tem uma fazenda na cidade de Guarabira, ela faz questão que todos os propagandistas de João Pessoa que a visitam, participem de um churrasco que ela dá para os propagandistas. É bem característico. P - Eu queria te perguntar, para finalizar, nesses anos todos de Aché, qual o significado de trabalhar no Aché? Qual a característica mais marcante dessa empresa? R - Muito bem. O ano passado, conversando com alguns colegas, eu estava comentando até com um colega que trabalha na minha equipe, que o Aché... eu pude nesses anos todos de Aché, dar uma melhor qualidade de vida para os meus filhos. Uma melhor qualidade de educação, enfim, para os meus filhos e para mim. Com isso eu cresci muito como pessoa. Tenho crescido muito como pessoa, com percentual zero de demagogia. Tenho crescido bastante como pessoa e minha família também. Todos nós temos que dar nossa parcela de contribuição através do trabalho. Eu estava citando para alguns colegas, como exemplo, que os 12 anos que eu tenho dedicado a empresa, eu poderia ter dedicado a qualquer outra empresa, mas será que eu teria o retorno que hoje eu tenho? Eu tenho uma família linda, maravilhosa. Eu tenho uma filha, como eu citei para você, casada, muito bem casada, muito bem encaminhada na vida em termos de estudo. Eu tenho dois filhos também que estão levando uma vida muito boa. Eu tenho hoje amizades muito promissoras, eu tenho uma vida, graças a Deus, próspera. Eu moro muito bem, eu vivo muito bem. Então isso aí no meu ponto de vista, são frutos de um trabalho realizado por uma empresa que deu retorno para mim. Eu sou bastante feliz por isso. P - E teu sonho? Hoje, como supervisor, mas o teu sonho nessa área, nessa empresa qual seria? R - Nosso sonho como pessoas empreendedoras é sempre o crescimento. Eu não vou dizer que eu estou feliz, satisfeito 100% estando na função que estou hoje. Eu quero crescer cada vez mais. Mas entendo que isso, a empresa oferece oportunidade para mim como para todos os outros colegas, só depende de mim. E hoje, no primeiro dia de trabalho do ano de 2002, nós tivemos contato com toda a gerência de Marketing, com todo o staff de Marketing, mostrando que o caminho do sucesso é você aprender cada vez mais, é você estar receptivo as mudanças. Por incrível que pareça, nesses 12 anos de Aché, sempre que nós entramos de férias e que voltamos a trabalhar, existem mudanças. No ano que você não vê mudanças tão radicais você fica estranhando, então eu me encontro sempre aberto a essas mudanças. Como sonho, eu tenho um sonho de crescimento, de permanecer na empresa e crescendo que seria como conseqüência de um trabalho realizado por mim. P - Queria agradecer muito teu depoimento. Muito obrigada. R - Fico muito feliz de fazer parte desse trabalho de vocês.
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