Eu nasci em Sete Barras e só vim pra Eldorado com 7 anos, porque minha avó gostava muito de mim e me trouxe pra morar com ela.
Aqui eu tive um tio que me batizou e me ensinou a profissão de padeiro, e por muito tempo eu trabalhei em padaria com ele. Na época a cidade era diferente. A praça central não existia, era mata virgem. Me disseram que nessa mata virgem, em 1908, teve uma enchente tão grande que a água subiu 10 metros aqui!
Trabalhei nessa padaria com o meu tio até a época do exército, quando fui pra Santos servir. Lá ainda trabalhei em hotel e em padaria até que resolvi voltar pra Eldorado pra arranjar namorada e casar.
Na noite que cheguei, lembro bem que estava com um terno branco bem bonito. Era uma festa de São João. Ali tinha 6 moças querendo me paquerar e eu não sabia com quem ficava. Eu fiz um plano “Eu vou ficar com aquela que ficar a noite comigo”. Porque as mulheres aqui vão indo embora cedo, Aí foi saindo uma, outra, e ficou a minha esposa, Maria das Dores Gomes, com quem estou até hoje.
Casei e depois disso comecei a tocar a padaria do meu pai, mas mais tarde fui morar em Jacupiranga. Lá, peguei um bar falido, de um político que ninguém gostava. Comecei a tocar o bar e pensar no que fazer pra levantar o bar. Aí arrumei uma orquestra de violas pra chamar o povo. Mas o povo estava meio arisco.
Então mandei esticar o balcão por todo o corpo da casa. Aí vim pra Eldorado e arrumei 5 moças bonitas pra trabalhar no bar. Logo começou a chegar gente, o bar começou a funcionar. Foi lá que eu percebi que eu era um bom comerciante, que eu tinha jeito pra isso. Eu sempre fui comerciante.