por Alina Lins
Naquele bendito dia de calor, a véia desdentada saiu para a varanda (varanda uma ova era quintal mesmo) e sentou na sua cadeira de plástico verde, acompanhada pelo seu cachorro de perna quebrada e carente (que vivia sonhando em pegar um sariguê) e pelos seus coelhos de estimação, em busca de vento que lhe trouxessem algum alívio. Seus olhos, que já não enxergavam bem com aqueles óculos e cansados de tanto ver, olharam pro céu nublado e viram relâmpagos bem distantes, era a trovoada pedindo pra chegar trazendo alívio para toda quentura e junto com ela as tanajuras que a criançada adora. Ali, sentada, pensou num tempo mais ou menos distante, dependendo do ponto de vista de quem imagina, onde ela conheceu um galego gaso dos olhos verdes, vulgo sonso, que pescava baiacus para fazer obras de arte. Era uma figura carismática com suas pernas de calça presa com elástico nos calcanhares, que tinham como finalidade serem retirados na hora de descanso, na sua rede, para matar moscas abusivas. Assim, se livrava das moscas e se divertia. A véia abriu os olhos do sonho e por uns momentos voltou à realidade. Tinha um diabo de um gato no quintal querendo se alimentar de seus coelhos! Pegou um pau que mantinha perto dela para essas ocasiões e gritou: gato, peste!!! Jogando o pau, o gato se mandou pulando o muro.
Do banheiro da casa grande, onde duas crianças tomavam banho, se ouviu uma voz de criança que falou: não chame o gato de peste, peste é feio, é coronavírus!!! Ouvindo aquele pedido a velha pensou, gosto dela, mas tô nem aí! Gato é para pegar rato, não coelho. A madame Mim voltou para a cadeira, ainda com calor e vontade de fazer xixi, mas os pensamentos iam e vinham na sua cabeça. Eram tantas as lembranças!! Mas ela não queria todas, aquelas que davam tristeza eram bloqueadas.
Depois que fez as suas obrigações resumidas, a véia ,aliviada mas cansada, sentou para descansar na sua bendita cadeira, no seu bendito...
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por Alina Lins
Naquele bendito dia de calor, a véia desdentada saiu para a varanda (varanda uma ova era quintal mesmo) e sentou na sua cadeira de plástico verde, acompanhada pelo seu cachorro de perna quebrada e carente (que vivia sonhando em pegar um sariguê) e pelos seus coelhos de estimação, em busca de vento que lhe trouxessem algum alívio. Seus olhos, que já não enxergavam bem com aqueles óculos e cansados de tanto ver, olharam pro céu nublado e viram relâmpagos bem distantes, era a trovoada pedindo pra chegar trazendo alívio para toda quentura e junto com ela as tanajuras que a criançada adora. Ali, sentada, pensou num tempo mais ou menos distante, dependendo do ponto de vista de quem imagina, onde ela conheceu um galego gaso dos olhos verdes, vulgo sonso, que pescava baiacus para fazer obras de arte. Era uma figura carismática com suas pernas de calça presa com elástico nos calcanhares, que tinham como finalidade serem retirados na hora de descanso, na sua rede, para matar moscas abusivas. Assim, se livrava das moscas e se divertia. A véia abriu os olhos do sonho e por uns momentos voltou à realidade. Tinha um diabo de um gato no quintal querendo se alimentar de seus coelhos! Pegou um pau que mantinha perto dela para essas ocasiões e gritou: gato, peste!!! Jogando o pau, o gato se mandou pulando o muro.
Do banheiro da casa grande, onde duas crianças tomavam banho, se ouviu uma voz de criança que falou: não chame o gato de peste, peste é feio, é coronavírus!!! Ouvindo aquele pedido a velha pensou, gosto dela, mas tô nem aí! Gato é para pegar rato, não coelho. A madame Mim voltou para a cadeira, ainda com calor e vontade de fazer xixi, mas os pensamentos iam e vinham na sua cabeça. Eram tantas as lembranças!! Mas ela não queria todas, aquelas que davam tristeza eram bloqueadas.
Depois que fez as suas obrigações resumidas, a véia ,aliviada mas cansada, sentou para descansar na sua bendita cadeira, no seu bendito quintal, acendeu seu cigarro de paia vindo da roça, que um compadre seu trazia todo sábado para feira, junto com fruta pão, limão doce, amendoins para vender na feira, e com o dinheiro para suprir sua venda de cachaça, biscoito mata fome, ki suco, sabão massa e o que o dinheiro desse. Vinha com seu jegue carregado (esqueci as jacas dura e mole que o povo da Siribinha adorava) os caçuás quase desmanchando de tanto peso. Depois de fumar seu cigarro distraído, olhou para seu ex jardim e o que viu lhe deixou atônita, estava todo cheio de buracos!!! Sei, tinha coelhos! Eles fazem buracos!
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