Eu estou com duas amigas, na casa de uma delas, conversando todas tranquilas, sem medo nem desesperança, também sem máscara, como nos dias antes deste coronavírus. Mas estamos em época do corona, porque uma delas me pergunta para onde eu gostaria de estar naquele momento, se eu pudesse. Respondo que na Holanda. Imediatamente estou na Holanda com essas duas amigas na recepção de um hotel, fazendo o check-in. Uma dessas amigas (a mais próxima de mim na vida real) entrega ao dono do hotel, para pagar nossas despesas, cheques que o pai dela lhe havia dado para isso (de fato ele é rico). O dono do hotel nota que os cheques não estão assinados e que portanto não pode aceitá-los. Essa amiga lembra que havia se esquecido de pedir a assinatura do pai (ela é desorganizada na vida real, o que me irrita). Dou cheques meus, um pouco preocupada se vou ter dinheiro para a minha vida quando voltarmos. Ao mesmo tempo penso que é uma boa oportunidade que eu aprenda a correr riscos de vez em quando (sou uma pessoa cautelosa na vida), para que eu faça uma extravagância. Mas no fundo não me sinto tranquila com isso no sonho, apenas quero me convencer. Ainda na Holanda, agora estamos na casa de conhecidos dessa amiga que não pediu a assinatura do pai nos cheques. (Essa amiga tem conhecidos ou parentes no Brasil todo; no mundo, não.) Penso que eles são estrangeiros e falo com eles em inglês (leio bem em inglês, mas não falo com fluência na vida real). A casa está lotada de gente em todos os cômodos, como se uma festa estivesse acontecendo. O dono e a dona da casa nos levam por toda ela, para mostrá-la. É uma casa abarrotada de móveis e objetos decorativos, muito colorida, e com animais dormindo em vários ambientes: cachorros, gatos, paro para acariciá-los, eles permitem, peixes comuns e exóticos em um aquário enorme, como esses de museus, que se aproximam de mim sem medo, atraídos pela minha presença. Sinto paz e felicidade, e que somos iguais. (Adoro...
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Eu estou com duas amigas, na casa de uma delas, conversando todas tranquilas, sem medo nem desesperança, também sem máscara, como nos dias antes deste coronavírus. Mas estamos em época do corona, porque uma delas me pergunta para onde eu gostaria de estar naquele momento, se eu pudesse. Respondo que na Holanda. Imediatamente estou na Holanda com essas duas amigas na recepção de um hotel, fazendo o check-in. Uma dessas amigas (a mais próxima de mim na vida real) entrega ao dono do hotel, para pagar nossas despesas, cheques que o pai dela lhe havia dado para isso (de fato ele é rico). O dono do hotel nota que os cheques não estão assinados e que portanto não pode aceitá-los. Essa amiga lembra que havia se esquecido de pedir a assinatura do pai (ela é desorganizada na vida real, o que me irrita). Dou cheques meus, um pouco preocupada se vou ter dinheiro para a minha vida quando voltarmos. Ao mesmo tempo penso que é uma boa oportunidade que eu aprenda a correr riscos de vez em quando (sou uma pessoa cautelosa na vida), para que eu faça uma extravagância. Mas no fundo não me sinto tranquila com isso no sonho, apenas quero me convencer. Ainda na Holanda, agora estamos na casa de conhecidos dessa amiga que não pediu a assinatura do pai nos cheques. (Essa amiga tem conhecidos ou parentes no Brasil todo; no mundo, não.) Penso que eles são estrangeiros e falo com eles em inglês (leio bem em inglês, mas não falo com fluência na vida real). A casa está lotada de gente em todos os cômodos, como se uma festa estivesse acontecendo. O dono e a dona da casa nos levam por toda ela, para mostrá-la. É uma casa abarrotada de móveis e objetos decorativos, muito colorida, e com animais dormindo em vários ambientes: cachorros, gatos, paro para acariciá-los, eles permitem, peixes comuns e exóticos em um aquário enorme, como esses de museus, que se aproximam de mim sem medo, atraídos pela minha presença. Sinto paz e felicidade, e que somos iguais. (Adoro animais.) Estou em outro ambiente, onde ouço parentes do dono dessa casa falando em português. Me surpreendo e fico sabendo que eles não são holandeses, mas brasileiros e parentes dessa minha amiga mais próxima. Me agrada que eu possa passar a falar em português, sem sofrer com o inglês. Em determinado momento me lembro de que somos brasileiros vindos de um país altamente contaminado pelo covid e que estamos sem máscara! Levo um susto, sinto culpa por termos ido lá de modo irresponsável, pondo em risco a vida daquelas pessoas, de não estarmos com máscara para protegê-las. Mas penso que a máscara nos denunciaria como brasileiros. É preciso que não descubram que somos brasileiros, e volto a falar em inglês. Tento avisar minha amiga de que ela não deve mais falar em português, mas ela está sempre rodeada de pessoas, conversando (ela é muito social na vida real, ao contrário de mim), não consigo achar uma brecha. Me afasto dela. Agora estou num pronto-atendimento da Holanda, não estou precisando de atendimento, mas estou lá. Ouço funcionários avisando que brasileiros não podem ser atendidos, eles descobriram que há brasileiros no país, se alguém vir brasileiros deve atirar para matar, essa é a ordem. Tento sair dali sem que descubram minha nacionalidade.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
1) Brasileiros como párias no mundo e cidadãos a serem evitados por causa do descaso do governo com seus cidadãos e com a doença; 2) preocupação minha de que o presidente do Brasil queira armar a população e provocar uma violência real, tiros, mortos, matar.
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