As linhas históricas da vida

Sua vida começou com dificuldades. Antes de nascer, os médicos disseram: \\\"Salva a mãe ou o bebê\\\". Ana Lúcia Vieira Lacerda, é a mais velha de 14 irmãos. Desde pequena sua mãe a levava para a roça onde plantavam para a subsistência familiar. Sua mãe sempre a incentivou a estudar e a ser \\\"dona do seu próprio nariz\\\", ser uma mulher forte, guerreira e vencedora, mas as condições da família eram precárias. Seu pai nunca ligou muito para que os filhos estudassem, pois precisava de ajuda na roça para sustentar a família. Mas a mãe pegava-os, colocava-os na charrete e levava-os até o ponto de ônibus e dizia: \\\"Se quiserem ser alguém na vida, estudem muito. Casamento só quando forem independentes, mulher tem que ser decidida. A vida é dura, senão fica igual a mim., cheia de filhos e dependente de marido\\\" E assim sua filha ouviu, Aos 11 anos decidiu que moraria na cidade com seu avô para estudar e seguir o futuro de sua vida, mas nunca deixou sua casa. Todo sábado voltava para a roça para ajudar sua mãe e cuidar dos irmãos. Depois de anos na cidade e dedicando-se aos estudos, fez admissão (vestibular), cursou contabilidade e depois magistério. Começou a procurar emprego e conseguiu em um Supermercado de sua cidade. Trabalhava de dia e à noite estudava. Finalmente pode ajudar sua família nas coisas mais básicas, desde contas até consultas ao dentista. Com muito esforço, horas dedicadas, cansada do trabalho, foi aplicando para concursos, provas para conseguir um emprego melhor, sempre visando ajudar sua família e conseguiu! Assim pode construir uma casa melhor para seus pais e irmãos. Aos 22 anos comprou a primeira TV para a família. Depois de 4 anos, casou com um homem chamado João Lucio, que chegou para somar esforços em busca de uma condição de vida melhor. Com o casamento, mudou-se para o Rio de Janeiro. Trabalhou 18 anos no Rio - ao todo, 22 anos de trabalho. Teve dois filhos, Matheus e Olívia, que hoje são inspirações na família. Seu pai morreu de câncer e deixou histórias e conhecimentos que passou para poucos, pois morreu muito cedo sem conhecer a maioria de seus netos. Restou só a mãe Maria Aparecida (Tita), que nunca deixou de batalhar para conseguir uma vida melhor para seus filhos, para que eles pudessem ser pessoas que mudariam o mundo ao seu redor, pessoas boas, com um coração puro. Hoje a vida para Ana Lúcia é ver seus sobrinhos sonhando como sonhou lá atrás e poder compartilhar conhecimento, sabedoria que sua mãe e a vida ensinaram. O maior orgulho da vida é ver que deu a volta por cima, ajudou sua família e hoje está firme e forte, inspirando seus sobrinhos, irmãos, marido e filhos.