Meu nome é Antônio Clauder Alves Arcanjo. Nasci no dia três de março de 1963, em Santana do Acaraú, no interior do Ceará.
Quase havia abandonado a Faculdade de Engenharia Civil para fazer um concurso no Banco do Nordeste. Em 1983, quando cursava Engenharia havia uma crise do sistema financeiro da habitação. Com medo de não ter emprego como Engenheiro Civil, fui à Mossoró fazer inscrição para o concurso do Banco do Nordeste. Meu pai, José Bosco Arcanjo, que chamamos carinhosamente de “Zequinha” e que mora no interior do Ceará, soube que fiz a inscrição e se dirigiu à Fortaleza, onde eu morava. Conversando comigo, me lembrou que desde pequeno eu queria ser Engenheiro. Perguntou se iria largar meu sonho. Como eu havia falado que a crise era grande, ele retrucou afirmando que não existia crise para as pessoas boas E não disse mais nada, apenas me abençoou. De noite, em meu quarto, revisitei a cena e rasguei o cartão de inscrição. Quando colei grau, no dia 8 de março de 1985, já tinha passado no concurso da Petrobras. Quando meu pai foi me levar até o aeroporto, me deu um beijo, me abençoou e disse o seguinte no meu ouvido: “Você não ficou desempregado nem um dia, não é, filho?”. Minha entrada na Petrobras teve o exemplo da visão do meu pai. A geração nova tem que “ficar de olho” nisso. Temos que buscar aquilo em que acreditamos e sonhamos e não aquilo que está na moda.
Havia feito concurso para ser Engenheiro de Produção da Petrobras. Hoje, esse cargo tem o nome de Engenheiro de Petróleo. Eu não tinha muita idéia do que era ser Engenheiro de Produção. Sabia que era para ser Engenheiro da Petrobras, a maior empresa de Engenharia do Brasil. Como queria ser Engenheiro, achei que esta seria a minha oportunidade. Estudei muito e quando saiu o resultado foi aquela felicidade. Nem tinha colado grau Ainda estava cursando uma disciplina de férias. Colei grau em um sábado, na Reitoria da Universidade. No domingo,...
Continuar leituraMeu nome é Antônio Clauder Alves Arcanjo. Nasci no dia três de março de 1963, em Santana do Acaraú, no interior do Ceará.
Quase havia abandonado a Faculdade de Engenharia Civil para fazer um concurso no Banco do Nordeste. Em 1983, quando cursava Engenharia havia uma crise do sistema financeiro da habitação. Com medo de não ter emprego como Engenheiro Civil, fui à Mossoró fazer inscrição para o concurso do Banco do Nordeste. Meu pai, José Bosco Arcanjo, que chamamos carinhosamente de “Zequinha” e que mora no interior do Ceará, soube que fiz a inscrição e se dirigiu à Fortaleza, onde eu morava. Conversando comigo, me lembrou que desde pequeno eu queria ser Engenheiro. Perguntou se iria largar meu sonho. Como eu havia falado que a crise era grande, ele retrucou afirmando que não existia crise para as pessoas boas E não disse mais nada, apenas me abençoou. De noite, em meu quarto, revisitei a cena e rasguei o cartão de inscrição. Quando colei grau, no dia 8 de março de 1985, já tinha passado no concurso da Petrobras. Quando meu pai foi me levar até o aeroporto, me deu um beijo, me abençoou e disse o seguinte no meu ouvido: “Você não ficou desempregado nem um dia, não é, filho?”. Minha entrada na Petrobras teve o exemplo da visão do meu pai. A geração nova tem que “ficar de olho” nisso. Temos que buscar aquilo em que acreditamos e sonhamos e não aquilo que está na moda.
Havia feito concurso para ser Engenheiro de Produção da Petrobras. Hoje, esse cargo tem o nome de Engenheiro de Petróleo. Eu não tinha muita idéia do que era ser Engenheiro de Produção. Sabia que era para ser Engenheiro da Petrobras, a maior empresa de Engenharia do Brasil. Como queria ser Engenheiro, achei que esta seria a minha oportunidade. Estudei muito e quando saiu o resultado foi aquela felicidade. Nem tinha colado grau Ainda estava cursando uma disciplina de férias. Colei grau em um sábado, na Reitoria da Universidade. No domingo, viajei para Salvador, na Bahia, para poder assinar meu contrato no dia 11 de março de 1985. Curso de Engenharia de Produção do Petróleo Fiz o curso de formação de Engenharia de Produção do Petróleo, durante um ano, onde atuava como Engenheiro de Produção Estagiário. Ao concluir o curso, optei por ficar no Nordeste. Como era cearense, fui trabalhar na Unidade de Negócios do Rio Grande do Norte e do Ceará, com sede em Natal.
Passei um tempo do estágio em Natal, mas meu primeiro emprego na região foi no Vale do Açu, na cidade do Alto do Rodrigues. Cheguei lá em 1986 e fiquei até 1988 como Engenheiro dos campos de petróleo. Tínhamos um grupo no qual era o Engenheiro responsável por alguns campos de petróleo. Tinham alguns Supervisores, chamados, na época, de Capatazes de Produção. Tinham os grupos de Operadores. Gerenciávamos a produção de óleo e de gás dos campos de petróleo da região. Trabalhei em todos os campos daquela Unidade. Em dezembro de 1986, me casei com uma cearense, Luzia Claudia Praxedes Arcanjo, que chamo carinhosamente de “biscuit”. Por isso, optei por morar em Mossoró e trabalhando naquela região. Acordava todos os dias às cinco e meia da manhã, pegava um ônibus, viajava mais ou menos 100 quilômetros, trabalhava o dia todo e retornava à noite, chegando às sete horas da noite. Foi assim até o final de 1988. Neste ano, tive a oportunidade de trabalhar em Mossoró, que já estava crescendo.
Fui para Mossoró em agosto ou setembro de 1988. Fui trabalhar no Campo de Canto do Amaro, o maior campo de terra do Brasil. Tenho orgulho de dizer que acompanhei o nascimento desse Campo.
Kai-Zen O Campo de Canto do Amaro era um campo que estava crescendo, mas que não tinha instalações administrativas. Antes de entrar na Petrobras, era professor, como ainda sou hoje. Por isso, tinha vontade de “desenvolver” os Operadores. Na época, havia lido um livro que “mexeu” comigo. Era o “Kai-Zen: A Estratégia do Sucesso Competitivo”, que falava da estratégia, da qualidade que estava nascendo no Japão, da estrutura do kai-zen. Comentei com um Operador que gostaria de reunir os demais Operadores e explicar essa teoria para eles. Juntei-os dentro do restaurante, que era bem precário, encostei uma mesa na parede, coloquei um quadro encostado nessa mesa e dei uma aula sobre o que era o kai-zen, sobre melhoria contínua, sobre a questão do envolvimento. O brilho nos olhos desses operadores é inesquecível. Foi minha primeira aula na Petrobras. Não foi uma aula do curso formal, mas esse brilho ficou na minha retina. Sou escritor da cidade e, até hoje, quando escrevo contos, crônicas, poemas, assino “Clauder Arcanjo, professor”. Gosto de ensinar, acho bonito dividir o que sabemos com os outros.
Em 1991, tive meu primeiro convite gerencial. Assumi a Gerência de Produção de Óleo e Gás dos campos na Área Sul de Mossoró. No ano seguinte, recebi um convite para gerenciar as plataformas no Rio Grande do Norte, as plataformas Ubarana e Agulha. Nunca havia trabalhado em plataformas antes, mas aceitei. Somos movidos por sonhos, por desafios. Nunca tinha trabalhado lá, mas precisava ir para aprender novas coisas. Passado mais um ano, em julho de 1993, fui convidado para gerenciar a Divisão de Recursos Humanos da Petrobras no Rio Grande do Norte e Ceará. Não era Administrador, mas sim Engenheiro. Por isso, perguntei ao Superintendente o por quê da minha escolha e ele disse que não estava convidando um Engenheiro, mas um Gerente. Aprendi muito nessa área de Recursos Humanos. Tive tempo de exercitar esse papel de aprender coisas novas. Em 1995, fui gerenciar o Núcleo de Produção de Mossoró. Logo depois, fui convidado para assumir o Ativo de Produção de Mossoró, onde fiquei até um ano e meio atrás, quando houve uma mudança gerencial e optei por voltar para a área técnica.
Fiz diversos treinamentos gerenciais na Petrobras. Gostava de treinar meus Gerentes e meus Supervisores. Com eles, trabalhei um texto chamado “Alegoria da Caverna”, de Platão. No dia em que fui me despedir da minha função gerencial, recebi um e-mail dizendo o seguinte: “Clauder, não se preocupe Vimos a luz e, quem vê a luz, não vai querer ter saudades da caverna.” A mensagem se encerrava com: “Captain, my captain”, porque trabalhei com eles o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, que tem esta passagem. Foi um momento em que fui às lágrimas. Sabia que podia voltar para a condição técnica, porque toda aquela semente de educação, de desenvolvimento, não tinha ficado em solo árido.
Presidência da FUNGER Hoje, fui convidado pela Prefeitura de Mossoró para assumir o cargo de Presidente da Fundação Municipal de Apoio à Geração de Emprego e Renda do Município. A Petrobras está me liberando, e com essa experiência que tenho na Empresa, vou contribuir com a sociedade mossoroense, que nos acolhe muito bem. Estou levando comigo essa linda bagagem que tenho na Petrobras. Vou voltar, com certeza, muito mais completo. Na FUNGER, digo a todos que vim para ensinar e para aprender. Estou me afastando para assumir um cargo na Secretaria de Emprego e Renda, mas não estou me desligando da Petrobras. Estou sendo liberado pela Petrobras com ônus para o município. Estou indo em uma missão. Isso será muito bom para mim. Será um novo desafio levar esse conhecimento que obtive na Petrobras para dividir com a comunidade. E será importante para o Município e para a Petrobras, porque voltarei com uma visão sistêmica maior, com poder de inserção social, com mais visão de cidadania. Tenho um raciocínio de que, primeiro, exercerei uma posição técnica dentro de uma estratégia política. O pior pecado não é o pecado da ação, mas o da omissão. Se tenho a oportunidade de contribuir com a sociedade, porque hoje sou cidadão mossoroense, de fato e de direito, e não contribuo, não vou me perdoar. Com todo esse ensinamento e energia que temos, vou levar esse modo de fazer as coisas da Petrobras, essa nossa Empresa maravilhosa, para a comunidade. Não podemos ficar em um muro isolado, vendo as deficiências, que são enormes e que estão ao nosso redor. Esse país é grande, maravilhoso Saber que o nome da Petrobras vai ajudar o município é um motivo de orgulho para todos. Espero, humildemente, desempenhar essa função e valorizar o nome da nossa empresa.
Meu momento mais marcante na Petrobras, sem sombra de dúvida, foi essa minha primeira aula no Canto do Amaro, em 1988. Uma sala dentro do restaurante, com tudo improvisado, superando teoricamente todos os problemas. Tínhamos um retroprojetor bem simples e fiz umas transparências com a caneta, que guardo até hoje. Ver a resposta nos olhos dos operadores. Isso vem me acompanhando pela vida. Me iniciei nas Letras, porque acho que temos que dividir nosso universo. Na sala de aula, na Petrobras, com a atividade de cidadania no município e escrevendo uma página em crônica ou conto para o jornal, tenho oportunidade de interferir e ajudar pessoas que não tiveram as oportunidades e chances que tive. Isso é o mínimo que tenho para fazer. O pior talento é aquele talento que fica consigo. O talento só cresce quando é transformado em bens, em ações para a sociedade. Ao fazer qualquer coisa, sempre lembro de um poema do Fernando Pessoa: “Em tudo que tu fazes, sê inteiro/ Nada teu exagera ou exclui/ Sê todo, em cada coisa”. Esse é o raciocínio. Quando fui convidado para participar do Projeto, fiquei pensando o que dizer, que teria que estar aqui pleno, porque o momento desse depoimento não volta mais. Ele se eterniza aqui e, se eu não o fizer bem, não estarei cumprindo esse ensinamento de Fernando Pessoa que carrego comigo em todas as aulas. Minhas agendas têm esse poema, que é um exemplo a seguir. Outro exemplo que sigo é o da Bíblia. “Uma fé sem obra é letra morta” Temos que ter fé, sonhar, mas temos que transformar isso em obra. Não gosto da expressão “Nosso Brasil é um país do futuro”. Se continuarmos dizendo isso, ele nunca será um país do presente. Brasil é o país do presente, das pessoas que transformam o sonho em ação. O Brasil não é obra de um homem só. É a junção de toda a população. Cada um tem que fazer seu papel. Cada ato tem que ser pleno. A somatória dos cidadãos brasileiros é que faz esse país um país diferente. Ele tem tudo para ser
Dou aula de Administração na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte e na Universidade Potiguar. Dou aulas sobre liderança, empreendedorismo e fundamentos de gestão integrada, cases empresariais. Fui professor em 1984, antes de entrar na Petrobras. Fui instrutor interno de Física, durante o período do colégio e tinha vontade de voltar a ser professor e a escrever também. Gosto muito de ler e de escrever. Até que me deparei com um livro chamado “Nascimento da velhice”, de Claude Olievenstein e que falava da questão do adiamento dos sonhos. O autor foi adiando seus sonhos, como eu vinha fazendo. Em um determinado momento, se deparou com o corpo velho e doente. Ele tem Mal de Parkinson e uma série de problemas. Então pensa: “O que faço com os meus sonhos, com o nascimento da velhice?” Lendo aquele livro pensei que havia sido escrito para mim Estava adiando o projeto de voltar a ensinar, de voltar a escrever. Automaticamente, em novembro de 2002, criei um pseudônimo, já que era Gerente da Petrobras e não queria que o jornal me abrisse espaço por isso, mas por minha qualidade literária. Comecei a escrever sobre livros. Escrevi um espaço chamado “Autores e Obras”, onde até hoje escrevo. Hoje, não uso mais um pseudônimo, e sim um heterônimo. Carlos Meireles, em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, que é mineiro, e Cecília Meireles, uma poeta do Rio de Janeiro que dispensa qualquer comentário. E tomei outra decisão. A de voltar a ensinar Preparei meu currículo e fui às universidades, não para ser professor titular, porque trabalho 40 horas por semana, mas para ser professor convidado. Fui aceito e comecei a ensinar. Estou ensinando há dois anos. Paro de fazer tudo, mas, de ensinar e escrever, não paro Pode até ser que não escreva e não ensine bem, mas não paro Até hoje, gosto de me apresentar como “Clauder Arcanjo, professor”. Na vida, temos que dividir, ensinar e aprender.
Já fui filiado ao Sindicato, mas deixei de sê-lo, porque houve um incidente que não queria abordar. Acho importante o trabalho do Sindicato. Só construímos democracia com um bom debate. Como diz a Bíblia, com um “bom combate”. Como diz Paulo, temos que traçar o bom combate, nunca deixar entrar ódio na vida, no coração, nunca se guiar por sentimentos torpes, mas sim por sentimentos grandes. Quando minha mãe nos abençoava, de manhã, sempre dizia: “Você é puro, santo, milagroso e bom”. Hoje, tenho três filhos. Todos os dias, quando saio de casa, beijo os três e dou a bênção dizendo: “Você é puro, santo, milagroso e bom”. Minha mãe dizia que as palavras geram a coisa. Ela não é Filósofa, mas isso está na Bíblia. João diz: “No princípio era o verbo, do verbo se fez carne”. A força da palavra, da mobilização e do exemplo faz um mundo diferente. Ou temos pessoas com bons discursos e práticas incoerentes, o que não é bom, ou temos pessoas com boas práticas, mas que não têm um discurso bom e não mobilizam. Um colega da Petrobras costumava dizer que o discurso mobiliza, mas o exemplo arrastava Essa frase não é dele, mas ele repetia sempre
A relação entre a Petrobras e o Sindicato melhorou muito. São duas maneiras complementares de ver uma mesma situação. Os interesses, às vezes, não convergem, mas é nessa junção que se faz uma coisa diferente. Eu, como Gerente da Petrobras, tive que enfrentar greves, todo tipo de coisa. Temos que ter calma nesse momento e saber que o momento do conflito, do litígio, da relação é bem menor que o ano, que a vida. Todos terão que voltar para casa, que sair disso e ter um ponto de vista harmônico. Esse tipo de visão é que constrói. Acabou aquele sindicalismo que achava que todos os gerentes e patrões tinham parte com aquele “negócio”. E acabou aquela visão pré-concebida de alguns gerentes que achavam que o Sindicato era o pior negócio que existia. Temos que conviver sabendo que há diferenças de percepção, de valores. Mas temos um objetivo comum. As duas partes amam a Petrobras. E devem construir soluções duradouras, que não sejam um tiro no pé. Creio no valor permanente das coisas. Essa Empresa é feita por pessoas que não a construíram pensando em um dia, mas na nação. Essa Empresa nasceu do sonho de um povo. É um dos maiores exemplos de que esse país é viável, possível e maravilhoso. Esse exemplo pode ser replicado para todo trabalho.
Não sei se meu depoimento ajudou, mas acho esse Projeto muito bonito. Nosso país tem pouco registro histórico. Não é que tenha pouca História. Temos histórias belíssimas, mas não temos a tradição de guardarmos essas coisas, de relembrarmos. A História faz com que a gente aprenda e evite os erros do passado, construindo um futuro cada vez melhor. Essa História, esse patrimônio maravilhoso dos 50 anos da Petrobras vai se perpetuar com esse Projeto. Que não deveria ser um Projeto, mas um Programa. Em dois anos, haverá outras histórias para contar, desse grupo enorme de pessoas que fazem a Empresa.
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