IDENTIFICAÇÃO
Eu sou Ana Cristina Gomez Cabaleiro Torretta, nasci em Santos, no dia sete de agosto de 1962.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu comecei a trabalhar aqui na Refinaria em abril de 1987. Eu sempre trabalhei na área de Recursos Humanos. A evolução da minha permanência aqui na Refinaria é bem interessante, porque quando comecei a trabalhar eu vinha de uma empresa mais modernizada do que o que tinha aqui quando cheguei. E hoje a gente percebe que a Petrobras cresceu tanto, evoluiu tanto que não tem ninguém tão moderno e tão atual quanto ela. E quando eu cheguei foi um choque, eram aquelas máquinas de escrever de “mil novecentos e nada”, aquelas mesas velhas. E a evolução, a mudança foi tão rápida Hoje é irreconhecível. De 18 anos atrás pra hoje, tem uma mudança significativa. Só o visual, fora tecnologia, os processo e tudo o que tem por trás.
TRABALHO FEMININO
A maioria era homem. Tinha por volta de 2.300, 2.500 empregados e a maioria eram homens. E eu não senti dificuldade, nenhum problema, nem questão de recepção. Foi bem tranqüilo. O pessoal me recebeu muito bem. Não tive nenhum problema com essa relação entre homens e mulheres. Não era uma novidade mulher trabalhando numa Refinaria, era bem tranqüilo. E eu lembro que entrou um grupo de moças novas, a maioria tinha 22, 20 anos, e nós éramos conhecidas como “as meninas”. Até hoje o pessoal fala: “as meninas do RH”. Todo mundo já meio antiguinho, mas ainda somos as meninas do RH.
COTIDIANO DO TRABALHO
Eu acho que uma das histórias mais marcantes – eu acho que têm outras, mas essa marcou bastante – foi a implantação do ponto eletrônico na Refinaria. A gente tinha o sistema de cartão de ponto de papel, aquele modelo mais antigo. E eu coordenei, junto com a gerente de RH (Recursos Humanos) da época, a implantação do sistema de freqüência eletrônico. Isso me marcou muito, porque foi uma mudança de cultura muito grande. As pessoas estavam...
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IDENTIFICAÇÃO
Eu sou Ana Cristina Gomez Cabaleiro Torretta, nasci em Santos, no dia sete de agosto de 1962.
INGRESSO NA PETROBRAS
Eu comecei a trabalhar aqui na Refinaria em abril de 1987. Eu sempre trabalhei na área de Recursos Humanos. A evolução da minha permanência aqui na Refinaria é bem interessante, porque quando comecei a trabalhar eu vinha de uma empresa mais modernizada do que o que tinha aqui quando cheguei. E hoje a gente percebe que a Petrobras cresceu tanto, evoluiu tanto que não tem ninguém tão moderno e tão atual quanto ela. E quando eu cheguei foi um choque, eram aquelas máquinas de escrever de “mil novecentos e nada”, aquelas mesas velhas. E a evolução, a mudança foi tão rápida Hoje é irreconhecível. De 18 anos atrás pra hoje, tem uma mudança significativa. Só o visual, fora tecnologia, os processo e tudo o que tem por trás.
TRABALHO FEMININO
A maioria era homem. Tinha por volta de 2.300, 2.500 empregados e a maioria eram homens. E eu não senti dificuldade, nenhum problema, nem questão de recepção. Foi bem tranqüilo. O pessoal me recebeu muito bem. Não tive nenhum problema com essa relação entre homens e mulheres. Não era uma novidade mulher trabalhando numa Refinaria, era bem tranqüilo. E eu lembro que entrou um grupo de moças novas, a maioria tinha 22, 20 anos, e nós éramos conhecidas como “as meninas”. Até hoje o pessoal fala: “as meninas do RH”. Todo mundo já meio antiguinho, mas ainda somos as meninas do RH.
COTIDIANO DO TRABALHO
Eu acho que uma das histórias mais marcantes – eu acho que têm outras, mas essa marcou bastante – foi a implantação do ponto eletrônico na Refinaria. A gente tinha o sistema de cartão de ponto de papel, aquele modelo mais antigo. E eu coordenei, junto com a gerente de RH (Recursos Humanos) da época, a implantação do sistema de freqüência eletrônico. Isso me marcou muito, porque foi uma mudança de cultura muito grande. As pessoas estavam acostumadas a ter a sua freqüência ali, ver, pegar o cartão de papel na mão e ver: “eu entrei e saí naquela hora”. E, de repente, você sai para um modelo eletrônico, informatizado, em que a pessoa passa um cartão e não vê nada. Foi uma mudança de cultura bastante grande e eu participei dessa mudança, de criar nas pessoas a credibilidade no sistema. Eu não era uma pessoa de frente, mas eu estava em toda a retaguarda. Eu que ajudei a montar, esquematizar o sistema para que ele funcionasse e que garantisse às pessoas a credibilidade que ele precisava ter para ser implantado.
A aceitação foi bem acima do que a gente esperava porque a gente conseguiu mostrar para as pessoas que não mudava, o conteúdo era o mesmo, mudava a forma, mas a gente tinha ali tudo fácil para as pessoas lerem. As respostas estavam sempre prontas, não era difícil. A gente conquistou a credibilidade das pessoas assim. Hoje, o RH teve uma evolução muito grande. Na época, no passado, era o setor de pessoal. Então, a gente saiu daquele modelo cartorial em que você tem muito papel, muita norma, regra pra cumprir. E o RH que a gente tem hoje, na Refinaria, é um RH de gestão que participa dos processos de decisão da Empresa. Então, mudou muito. A gente saiu daquele modelo cartorial, cheio de procedimentos, ainda tem alguma coisa, mas faz parte, e mudou para um modelo de gestão. Então, isso é uma mudança bem significativa pra gente.
SINDICATO
Não, eu não sou sindicalizada. Porque eu deixei de ser sindicalizada um tempo atrás, quando eu me senti obrigada, eu me senti agredida em algumas situações. Eu não podia ter a minha opinião. Tinha que pensar como o Sindicato pensava e eu achei que eu não podia participar, fazer parte de um grupo de pessoas em que eu não sou ouvida, a minha opinião não interessa. Eu não partilhava também de algumas ações, então eu saí do Sindicato.
GREVE
Eu acho que pra Refinaria, aqui em Cubatão, uma greve que marcou muito, pelo menos no tempo que eu estou aqui, foi a greve de 1995, que durou 32 dias. Essa greve marcou bastante pra todo mundo, pra quem trabalhou, pra quem ficou fora, pra tudo. Então, é uma greve bem marcante. É um marco na história da Refinaria.
IMAGEM DA PETROBRAS
Acho que todas as histórias são importantes e marcam. Eu não tenho uma, assim, específica que eu me lembrasse agora, que eu pudesse te contar. Acho que a da greve é bem significativa pra todo mundo, essa mudança do sistema de freqüência. A própria mudança, evolução de você ter um processo cartorial, na área de recursos humanos, e aí você passar para um modelo de gestão. Toda a reestruturação que a Empresa passou, esse tempo inteiro, saiu de uma coisinha bem simples e sai para uma empresa de ponta, reconhecida mundialmente. Isso marca. E é importante porque você percebe que você está fazendo parte daquilo. Primeiro você não percebe, mas quando você começa a ver na mídia, você fala: “caramba, eu faço parte disso” É um orgulho fazer parte de uma coisa que dá certo.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS
Acho que tem um engraçado. Quando eu na trabalhava no antigo setor de pessoal, tinha uma história de que ali tinha uns fantasmas do pessoal que trabalhou, muito antigo, que não queria ir embora e que morreu e o espírito andava por lá. E a gente dizia: “ah, não acredito” e tal. Mas até o dia em que você fica sozinho no setor. O prédio tinha um mezanino, com um arquivo. Um dia eu fechei o arquivo, estava indo embora – eram quatro e meia. Aí escuto, lá em cima, assim: “Cristina, Cristina.” Aí, eu falei: “Meu Deus É o fantasma e sabe o meu nome” Aí, eu fiquei um pouquinho parada e falei: “O que é? Quem chama?” “Aqui em cima” Aí piorou: “Em cima...” Conclusão: era uma colega que trabalhava com a gente e que tinha ido pegar um documento no arquivo, no final do expediente. Eu não percebi que ela subiu e aí fechei a porta e deixei ela lá dentro. Só que ela é uma pessoa muito delicada, discreta, e em vez dela chamar alto: “Olha Eu fiquei presa”, ela chamava com tanta delicadeza que eu pensei: “é um fantasma e ele conhece o meu nome.” Nesse dia, eu me assustei um pouquinho. Foi rápido, mas foi engraçado esse dia
PROJETO MEMÓRIA
Eu acho que é um trabalho fantástico, porque o brasileiro tem a fama de ter pouca memória, não guardar as coisas, eu acho que muito por falta de registro. Você tendo isso registrado é uma maravilha Já pensou? Quando for mais velho, poder mostrar pros netos? “Gente, olha, eu participei de tudo isso aqui, olha” Porque tem um pouquinho de cada um aqui. Então, eu acho uma idéia maravilhosa poder fazer esse registro. E deixar uma palavrinha aqui, “passei por aqui, gente”
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