Memória dos trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Aline de Carvalho Meira
Entrevistada por Larissa Rangel
Macaé, 03/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista no PETRO_CB335
Transcrito por Luísa Lima
P/1 – Qual o seu nome e local de nascimento e data?
R – É, meu nome é Aline de Carvalho Meira. Eu nasci em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e... o que mais você me perguntou, desculpa?
P/1 – A data de nascimento.
R – Data de nascimento. Cinco de setembro de 1966.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – A minha formação profissional é jornalismo e o meu cargo na empresa é profissional de comunicação social pleno.
P/1 – E quando é que você entrou na empresa?
R – Eu ingressei em 17 de novembro de 2003.
P/1 – Você poderia contar um pouco do cotidiano, da sua vida dentro da Petrobrás?
R – Tá. É, eu juntamente com a minha turma de profissionais de comunicação, né, ingressamos num concurso de 2002. Havia, então, um período de dez anos sem contratação na empresa. E a empresa começou a vislumbrar essa necessidade, uma necessidade imposta pelo mercado, pela internacionalização das suas atividades, pela abertura do seu capital, de que fizesse crescer o seu corpo funcional também. E, nada mais natural do que trazer os profissionais de comunicação pra profissionalizar a atividade de comunicação na empresa, mas, também, pra poder fornecer apoio a todas essas diversas áreas de atividade, né, de negócios e serviços que nós desenvolvemos aqui. Então, a partir desse momento, cada um de nós profissionais teve oportunidade, né, de optar por uma área, de conhecer as demais áreas dentro da nossa própria formação profissional, que a empresa nos proporcionou quando nós entramos aqui, um programa de formação, de trainees, né, no meu caso específico, da minha turma. E depois um período de vivência profissional nas diversas áreas de atividade, né? Tanto da exploração, produção,...
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Depoimento de Aline de Carvalho Meira
Entrevistada por Larissa Rangel
Macaé, 03/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista no PETRO_CB335
Transcrito por Luísa Lima
P/1 – Qual o seu nome e local de nascimento e data?
R – É, meu nome é Aline de Carvalho Meira. Eu nasci em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e... o que mais você me perguntou, desculpa?
P/1 – A data de nascimento.
R – Data de nascimento. Cinco de setembro de 1966.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – A minha formação profissional é jornalismo e o meu cargo na empresa é profissional de comunicação social pleno.
P/1 – E quando é que você entrou na empresa?
R – Eu ingressei em 17 de novembro de 2003.
P/1 – Você poderia contar um pouco do cotidiano, da sua vida dentro da Petrobrás?
R – Tá. É, eu juntamente com a minha turma de profissionais de comunicação, né, ingressamos num concurso de 2002. Havia, então, um período de dez anos sem contratação na empresa. E a empresa começou a vislumbrar essa necessidade, uma necessidade imposta pelo mercado, pela internacionalização das suas atividades, pela abertura do seu capital, de que fizesse crescer o seu corpo funcional também. E, nada mais natural do que trazer os profissionais de comunicação pra profissionalizar a atividade de comunicação na empresa, mas, também, pra poder fornecer apoio a todas essas diversas áreas de atividade, né, de negócios e serviços que nós desenvolvemos aqui. Então, a partir desse momento, cada um de nós profissionais teve oportunidade, né, de optar por uma área, de conhecer as demais áreas dentro da nossa própria formação profissional, que a empresa nos proporcionou quando nós entramos aqui, um programa de formação, de trainees, né, no meu caso específico, da minha turma. E depois um período de vivência profissional nas diversas áreas de atividade, né? Tanto da exploração, produção, transporte, refino, abastecimento. E... e ao fim, ao término dessa formação, né, cada um, cada profissional teve uma oportunidade de escolha conciliada com o interesse da empresa pra aquele momento, dentro da sua atividade.
P/1 – Então, nessa área de comunicação foi um momento de pioneirismo dentro da Petrobrás?
R – Sim. Não só da comunicação, como de outras áreas também. Que não são áreas fim, consideradas áreas fim da nossa atividade, são áreas de apoio, apoio à gestão, né, apoio às atividades operacionais também. Mas, nós, como profissionais de comunicação, principalmente, os profissionais que foram locados, é, lotados nas unidades de negócio, que são frentes operacionais, que nós temos no nosso sistema corporativo, não é? Porque o modelo de gestão da Petrobrás, ele é um modelo de gestão integrado, verticalizado, porém, ele tem uma independência muito grande nas suas frentes operacionais. É nas frentes operacionais que o nosso negócio efetivamente se realiza. Então, a gente precisa ter todo esse suporte em todas as atividades. E a atividade de comunicação é uma atividade importantíssima, porque a gente fala de marca, a gente fala de estratégia, a gente fala de imagem e, principalmente, a gente fala de reputação e relacionamento com os diversos públicos, né? Que sofrem as conseqüências da... que demandam também, é, a partir dos seus interesses, as nossas atividades, não é?
P/1 – E nesses relacionamentos, você sentiu dificuldade? Qual foi o maior desafio que você assim...
R – Olha, eu posso falar aqui pela Bacia de Campos, né? Quando... Porque ela é uma área de uma especifi... de uma particularidade forte, porque é uma área responsável por mais de 80% da produção nacional, é uma área que concentra quase todas as atividades da nossa cadeia de produção, né, é uma área que concentra diversas unidades operacionais. Você aqui não lida com uma atividade só, com uma área de atividade, mas com todas as áreas de atividade da nossa cadeia de negócio. Não só as atividades on-shore, que são as atividades em terra, como as atividades off-shore, as atividades em mar. É, enquanto eles tão lá produzindo petróleo, nós somos os anjos da guarda aqui, que estamos cuidando de todas as necessidades da... operacionais dessa cadeia, né?
P/1 – E como é que é essa relação dos trabalhadores que tão embarcados, né, e os que tão aqui na terra? Como é que é essa relação de vocês?
R – É, a gente tem essa distância física, mas é uma distância que a gente busca aproximar, não só pela melhoria dos instrumentos de gestão de recursos humanos e da empresa, mas os próprios instrumentos de comunicação. Então, a gente conta hoje com as... com o desenvolvimento das ferramentas tecnológicas, né, que aproxima esse mundo do mar. Muito mais porque antes, a gente tem 30 anos de produção aqui, né, a gente tinha uma dificuldade mesmo, era quase um isolamento. Porque o sistema de telefonia era muito precário, o próprio sistema de tv, então, o lazer... eles não tinham muitas opções. Então, hoje em dia, é como se você, que você tivesse uma rotina muito mais amenizada, muito mais próxima, né, e não sentir tanto essa distância, a distância da família, o isolamento em si, né?
P/1 – Então você viveu essa mudança, né?
R – A gente viveu justamente essa quebra desse paradigma, a gente viveu essa mudança. E, eu diria que é um relacionamento, não só, mas o relacionamento nas diversas esferas. Na esfera do poder público, no âmbito interno, da comunicação interna, de buscar uma comunicação mais integrada entre os diferentes públicos internos que a gente tem, né? Porque a gente tem uma diversidade muito grande aqui, não só cultural, étnica, é, isso aqui é um caldeirão de culturas, de atividades diferentes. Então, a gente tinha que buscar uma linguagem que unisse todos esses públicos e que, ao mesmo tempo, profissionalizasse cada vez mais essas atividades. Então, é, eu como profissional de comunicação, quando vim pra cá, vim na intenção, numa intenção de pioneirismo, mas é porque não havia outro profissional... Embora houvesse outros profissionais fazendo e fazendo muito bem feito também essa atividade. Mas, havia chegado um momento, que era preciso, realmente, profissionalizar isso e integrar a estrutura, a estratégia de negócios corporativa, pra que não ficasse uma unidade independente, um modelo independente, fora daquele sistema integrado. Que é um sistema que fortalece a nossa imagem.
P/1 – E você teve alguma experiência dentro da plataforma?
R – É, eu não fui embarcada, assim, eu não tive nenhuma atividade embarcada, né? Mas, é sempre buscando desenvolver essas atividades de comunicação num momento de apoio, né, de maior necessidade. Tanto fosse numa visita do RH, pra reconhecer, identificar as necessidades daquele grupo ali, quanto nas nossas visitas de comitiva com os nossos públicos de relacionamento, né? Seja, fosse a própria imprensa, é, ou outros grupos de relacionamento, é: clientes, fornecedores, parceiros, outras empresas. Então, durante algum tempo, a gente conviveu com algumas necessidades, também, que a gente tinha que ajustar...
P/1 – Quais eram essas necessidades específicas?
R – Olha, sempre houve uma preocupação muito grande com a segurança operacional, tá? Com a rotina operacional, tanto visando a segurança desse público externo, quanto a segurança das atividades daquele público que é submetido àquela rotina operacional. De não interferir nessa rotina operacional e, ao mesmo tempo, garantir a segurança desse público, tá? Então, não podia ser feito... uma coisa feita impensadamente, né? Então, é, teve que ser visto com muito critério. E a gente teve que mostrar, também, a importância desses públicos compreenderem o nosso negócio mais de perto, é, que os nossos técnicos estivessem disponíveis pra falar sobre essas suas atividades, pra serem demandados nos momentos, é, de necessidade, né? E nas mais diversas necessidades, né, que surgem aqui, nesse, um caldeirão fervilhante aqui. Que a gente tem boas e más notícias pra dar. E a gente tem que saber lidar com isso com transparência. A gente tem que saber fazer a gestão desse sistema de comunicação interna, esse fluxo continuar girando, independente das rotinas.
P/1 – E todo esse trabalho desenvolvido, qual é o resultado? Você tem visto progresso, ele tem evoluído?
R – Olha, é o resultado a gente vê, é, a gente anda junto com a velocidade dos tempos, né? A gente tá aqui a cada dia reescrevendo uma nova história. Os 30 anos começam agora, né? Então, a gente sabe, a gente conta... Todo o suporte que a gente tem hoje, ele foi construído ao longo dessa história, tá? Mas, essa história você reinventa, as pessoas têm que tá prontas pra essa mudança. E, então, eu diria que a mobilidade, a flexibilidade, a adaptabilidade, é, o relacionamento, o respeito às diversidades, é, o entendimento dessa cultura, não só da cultura empresarial, mas as diversas culturas que formam essa cultura, e conseguir trabalhar isso ambientalmente, sabe? Promover essas melhorias necessárias, promover uma aproximação entre os públicos, promover um relacionamento externo...
P/1 – E como é que dá esse vínculo entre essa necessidade? Como é que isso se dá na prática?
R – É, na prática, é, a gente trabalha com cada área de negócios, né? Tem uma estrutura de comunicação definida. Agora, isso não é um papel só da comunicação. Antes de tudo, quem dá liga, quem dá... quem põe o fermento nessa massa, são as lideranças mesmo, é na responsabilidade de linha sobre cada um dos processos. A comunicação é simplesmente uma ferramenta de gestão. Ela não é a comunicação por si só. Nós estamos aqui sempre com os outros atores a contribuir pra essa aceleração desse desenvolvimento, que nada mais é que o desenvolvimento do país. Então, a gente tá assistindo a esse filme a medida em que ele acontece. Então, cabe, também, a esse corpo técnico, é um corpo técnico altamente qualificado, de ir identificando e se antecipando a essas necessidades que surgem. Daí, buscar, planejar, muitas vezes, é, o nosso planejamento tá a frente do... ou as necessidades operacionais tão a frente do planejamento, mas, buscar esse encontro freqüente. Que essas linhas caminhem, sempre, paralelamente.
P/1 – Você poderia contar uma história interessante, engraçada que ocorreu nesses anos que você está na Petrobrás?
R – Olha, é, eu acho que as histórias mais interessantes e engraçadas são aquelas que nos contam, né, quando a gente chega num... O folclore da unidade. As pessoas folclóricas que existem aqui, que vocês vão ter oportunidade... esses sim, são os verdadeiros personagens... de conversar com cada um deles, né, e tentar fazer com que isso não morra, não é? Porque essa é a grande beleza, manter essa história viva, né? Porque, antigamente, era uma aventura muito maior, embora a nossa aventura talvez seja muito mais profunda, mas era uma aventura... As pessoas se sentiam de fato pioneiros, aventureiros nas suas atividades. Então, que não deixar que a frieza tome conta disso ou que a tecnicalidade se torne mais forte do que a emoção das pessoas. Porque, nós extraímos petróleo, nós somos uma empresa avançada tecnologicamente, com toda a preocupação técnico-operacional de eficiência, de segurança nos processos, de excelência e tudo o mais. Mas, se não fossem as pessoas que formam essa empresa maravilhosa, esse mosaico, é, essa empresa não seria, não teria a riqueza que ela é. É a diversidade que traz essa riqueza.
P/1 – Aline, qual a diferença cultural que você sentiu dentro da Petrobrás?
R – Olha, é, a diferença cultural não é nem tanto em termos de empresa. Porque, é claro, cada Petrobrás é uma Petrobrás, a gente costuma dizer isso. Mas, é, a gente teve uma formação como profissionais de comunicação, é, privilegiada nesse aspecto de poder ver um pouquinho de cada área e de ver "Olha, não, realmente, ali é um pouquinho diferente. O sistema, a sede tem um pouco mais da... o aspecto corporativo, a sistêmica, a visão do todo. Mas, eu tenho que me ver como uma unidade integrada nesse processo. Então, eu consigo ter essa visão?", né? Então, é, procurar ter esse olhar, não o olhar pra a sua própria realidade, mas o olhar pro todo, né? E aí, buscar respeitar as especificidades locais. Principalmente quando você tá numa região que tem uma cultura tradicional forte local, que tem já uma história local. Então, você tem que respeitar e tem que buscar trazer esses elementos pra a sua realidade, pra a sua composição.
P/1 – E como você vê o futuro da Bacia? Qual é... Como, assim, você vê a Bacia no futuro?
R – Olha, o futuro da Bacia não é... É o futuro que a gente tá vendo aí. Do tamanho do Brasil, do tamanho dos nossos desafios, dos nossos ideais, dos nossos valores. E nós sabemos que vamos ter que ficar cada vez mais preparados, conscientes disso e preparados pra esses desafios, que são desafios, hoje, não só da Petrobrás, mas são desafios em escala mundial, tá? Então, cada vez mais é buscar o profissionalismo, buscar a integração das atividades, é, buscar desenvolver sistemas de gestão que apóiem isso e seguir fiel na nossa linha, na nossa estratégia, no nosso plano de ação, que, sem dúvida, a gente vai chegar no futuro.
P/1 – E, pra você o que é ser petroleiro? Ou petroleira?
R – (risos) É. E petroleiro é uma coisa que a gente só entende quando a gente tá aqui. Parece que é como se tivesse... entrasse no sangue, é... não sei se tem alguma coisa de predestinado nisso ou não, porque cada um tem um destino, né? Claro, a gente tem uma orientação pra isso, a gente busca, dentro da própria empresa a gente, constantemente, busca, é, novos caminhos, novas opções. É uma empresa que te leva a isso, te dá todas as ferramentas, toda a liberdade pra isso, né? Mas, ao mesmo tempo, a gente não sabe no que é que vai ser, né? A gente espera que seja algo muito bom como tem sido até aqui agora, que seja muito bom pro Brasil, tá?
P/1 – E o que é que você achou da participação desse Projeto Memória dos trabalhadores da Bacia?
R – Ah, o projeto é espetacular. Eu, quando eu entrei na empresa o projeto tava nascendo, era o Projeto Memória do Trabalhador, né? Que ele contava um pouco da história do movimento sindical, também no Brasil. Então, a gente recebeu um exemplar da publicação quando a gente chegou aqui. Na Bacia de Campos tavam havendo os primeiros depoimentos. É, eu pude ver o resultado desses primeiros depoimentos, achei, assim, um projeto maravilhoso. Eu nunca imaginaria tá aqui sentada, porque a gente sempre, brinca, como profissional de comunicação, que a história tá com os outros, né? A gente tá acostumado a sempre tá do outro lado do balcão, né? Então, eu não imaginaria que eu tivesse alguma história pra contar aqui, né? E você até me perguntou "Ah, que casos...?", assim, foram tantos e tantos casos, sabe, que fica difícil a gente lembrar, sabe? Desde chefes de nações indígenas que a gente recebeu aqui, até pessoas que bateram na nossa porta aqui com os pedidos mais exóticos ou impensáveis...
P/1 – Quais seriam esses pedidos exóticos?
R – Não, coisas, assim, até bem simples. Porque, né, existia uma visão e isso a gente tem trabalhado muito também, de ver, enxergar a Petrobrás como uma grande mãe, uma substituta do poder público ou a única responsável por aquele desenvolvimento, principalmente, numa localidade do interior que não conhecia uma outra história antes da Petrobrás e depois da Petrobrás, aí só existe a Petrobrás ali como um ponto de referência. Então, também, de quebrar, é, de tentar fazer com que essas comunidades se enxerguem com que... com que esses municípios consigam encontrar, realmente, a sua vocação. É ter um papel indutor, fortalecedor dessas cadeias locais, né? Pra que, no futuro, essas atividades, se é que a gente, que Deus queira, a gente ainda continue propiciando riqueza pra esses lugares, mas que, que existam outras vocações além do petróleo. Que o petróleo, é, talvez ele, que ele não se... Que o fim da era do petróleo não se dê com o esgotamento do recurso, tá? Mas, que se dê, realmente, por outras alternativas viáveis.
P/1 – Tá bom. Obrigada.
R – Obrigada vocês.
FIM DA ENTREVISTA
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