Nasci no dia 06 de Junho de 1964. Pelo que dizem, agitadíssima. Mas não que desse trabalho para meus pais. Pois desde muito cedo aprendi a me virar sozinha, por exemplo não usava mais fraldas com um ano de idade.
Logo em seguida nasceu meu irmão, Fernando Barra Murad. Que sempre foi meu companheiro e depois dos 18 anos se tornou meu grande amigo. As brigas da infância se transformaram numa cumplicidade muito grande. Num carinho. Éramos bem diferente um do outro, mas ele me entendia como ninguém!! Fernando me falava coisas, boas ou ruins, que ninguém tinha coragem de falar. Tinha uma espontaneidade, uma habilidade para observar os outros...teria sido um ótimo psicanalista.
Dois anos depois do Fernando, ganhei outro irmão, Fabio. Fabio era muuuito fofo!! Um verdadeiro bebê johnson´s!! Era meigo, calmo, tranquilo...destoava do resto da família. Pois meus pais eram muito agitados, Chafic Murad e Ligia Barra Murad. Eu e o Fernando acompnhávamos esse movimento, esse ritmo, mas o Fabio, ele não. Como deve ter sofrido, pois seu ritmo era outro!! O menino era de uma inteligência absurda!! Assunto, só gostava dos assuntos dos mais velhos! Isso chama atenção nas escolas por qual passou, sua inteligência e junto sua irreverência (herdada da minha mãe)
Passamos uma infância completa, plena e por que não dizer feliz. Graças a um pessoa em especial, minha avó materna, Herminia Augusta Veiga. Que nos propiciou crescermos num sítio, com tudo o que um sítio pode ter de bom!! Semanalmente íamos para lá com ela, nas férias, todas!! Esse sítio ficava entre a cidade de Bragança Paulista e Piracaia. Na época, numa estradinha de terra... Sítio Poranga, batizado pelo meu avô, Inimá Ribeiro Barra, que sonhava ser um intelectual, quase foi, eu diria. Autodidata, eloquente, bastante envolvente. Porém foi uma das primeiras pessoas que eu temi na vida. Não sei se com fundamento ou por intriga do resto da família.
No sítio andávamos a cavalo,...
Continuar leituraNasci no dia 06 de Junho de 1964. Pelo que dizem, agitadíssima. Mas não que desse trabalho para meus pais. Pois desde muito cedo aprendi a me virar sozinha, por exemplo não usava mais fraldas com um ano de idade.
Logo em seguida nasceu meu irmão, Fernando Barra Murad. Que sempre foi meu companheiro e depois dos 18 anos se tornou meu grande amigo. As brigas da infância se transformaram numa cumplicidade muito grande. Num carinho. Éramos bem diferente um do outro, mas ele me entendia como ninguém!! Fernando me falava coisas, boas ou ruins, que ninguém tinha coragem de falar. Tinha uma espontaneidade, uma habilidade para observar os outros...teria sido um ótimo psicanalista.
Dois anos depois do Fernando, ganhei outro irmão, Fabio. Fabio era muuuito fofo!! Um verdadeiro bebê johnson´s!! Era meigo, calmo, tranquilo...destoava do resto da família. Pois meus pais eram muito agitados, Chafic Murad e Ligia Barra Murad. Eu e o Fernando acompnhávamos esse movimento, esse ritmo, mas o Fabio, ele não. Como deve ter sofrido, pois seu ritmo era outro!! O menino era de uma inteligência absurda!! Assunto, só gostava dos assuntos dos mais velhos! Isso chama atenção nas escolas por qual passou, sua inteligência e junto sua irreverência (herdada da minha mãe)
Passamos uma infância completa, plena e por que não dizer feliz. Graças a um pessoa em especial, minha avó materna, Herminia Augusta Veiga. Que nos propiciou crescermos num sítio, com tudo o que um sítio pode ter de bom!! Semanalmente íamos para lá com ela, nas férias, todas!! Esse sítio ficava entre a cidade de Bragança Paulista e Piracaia. Na época, numa estradinha de terra... Sítio Poranga, batizado pelo meu avô, Inimá Ribeiro Barra, que sonhava ser um intelectual, quase foi, eu diria. Autodidata, eloquente, bastante envolvente. Porém foi uma das primeiras pessoas que eu temi na vida. Não sei se com fundamento ou por intriga do resto da família.
No sítio andávamos a cavalo, andávamos de bicicleta, carpíamos o gramado, caçávamos grilo, nadávamos, brincávamos com o esguicho, toda vez que chovia no verão era uma festa: banho de bica!! Subíamos nas árvores e até ganhamos uma casinha em cima de uma das árvores mais altas, que faziam divisa com a fazenda do Geraldo Alonso (pessoa que nunca vi, em 20 anos).
Como eu tenho boas lembranças dessa época e desse lugar!! O pomar de mixirica, enorme, e dava as maiores miricas poncans que eu já vi até hoje; a casa do Chico, a oficina, onde aprendi a lixar, a usar formão, a limar, a usar a plaina.... Minha vó deu uma caixa de ferramentas pra cada neto! As redes do terraço, sempre muito limpas, pois D. Herminia não descuidava. As infinitas peças de poli da minha prima Bia (seu padrinho, Tito, trabalhava na Estrela, a melhor fábrica de brinquedos da época), a piscina, que, sem cloro, estava sempre limpa, pois era água de nascente (o que todos sempre frizavam para as visitas). E os animais: os passarinhos soltos e no grande viveiro que havia no gramado, as carpas, que minha vó comprava para nós no Paraíso, em Atibaia. A comida era simplesmente delicioso e a mais simples possível, uma equação que não consigo explicar até hoje. O fogão a lenha, sempre aceso, desde as 6 horas da manhã até a tardezinha, quando a Maria, o limpava e desligava. No inverno que frio fazia, o orvalho de manhã no extenso gramado ao redor de toda a casa..., o escuro tenebroso... os lampiões, quando a luz acabava, os besouros perto dos lustres do terraço, voando e trombando uns com outros, os jogos noturnos, a lareira...ai que delícia!!
Nada disso tenho mais, mas não me esqueço jamais.
Nem mesmo esse lugar, que passei a minha infância, existe. Pois foi coberto por água, por volta de 1978, 1979, quando fizeram a Represa de Joanópolis. Diziam, "os homens da Sabesp" que São Paulo ficaria sem água se não fosse feita aquela represa. O fim do sítio foi também o fim da minha avó. Depois que o sítio foi desapropriado minha avó nunca mais foi a mesma. Eu percebi que ela carregava sempre uma tristeza. Parece que uma parte da sua vida estava naquele sítio. Cada planta, cada árvore, praticamente foi ela junto com o Chico ou o Lino que plantaram. Ela construiu ali um verdadeiro oásis! Eram 15 alqueires simplesmente maravilhosos, ele plantou quase todas as frutas, verduras, flores...a grama, parecia um enorme tapete, muito grande. Acho que ela colocou lá uma boa parte da sua energia, esperança. "A construção, cantinho por cantinho, do sítio" foi uma válvula de escape de uma dor profunda que sentiu. A separação (e posteriormente, desquite) de meu avô, imediatamente depois da casa do sítio ter ficado pronta. Nesta época eu tinha uns 2 anos e meu avô havia se enrabichado com viúva do cônsul paraguaio, Cristina; quem eu nunca conheci, apesar de meu avô ter ficado com ela por 15 anos.
O sítio e os meus irmãos foram os responsáveis por eu ter crescido bem valente, corajosa, moleca. Eu diria até forte. Mas minha psicanalista, Elney Bunemer, me disse por duas vezes, que eu nasci forte. Que eu sempre tive uma força de viver enorme...
Ela me conheceu aos 3 anos e me acompanhou por muito tempo. Foi uma de minhas grandes referências. Não esqueço e sou grata, pois sem a Elney, acho que não teria resistido ao que veio depois. De vez em quando penso no porquê de ter ido tão cedo à psicóloga, dos 3 aos 7 anos.
Sempre fui boa aluna, sempre. Gosto e dou muito valor ao estudo. E essa era um dos poucos orgulhos que carreguei de mim a vida toda. Eu gostava de ser boa aluna, sei que emu pai também se orgulhava disso. Mas com certeza isso provocava a raiva dos meus irmãos, pois as comparações aconteciam... Ainda bem que a raiva deles era muito passageira. Pois nós ficávamos muito juntos, os três. Sempre. Nas tardes, nos finais de semana, nas férias...juntos e longe dos meus pais. Era uma coisa inversamente proporcional, irmãos perto, pais longe.
Desde que me conheço por gente, meus pais só trabalhavam (na verdade minha mãe começou a trabalhar quando eu tinha 7 anos, quando o Fabio tinha 3 anos). De dia, de noite, nos finais de semana...férias. Eram comerciantes, igual eu sou hoje. O modelo foi tão forte, tão forte, que não consegui trilhar outro caminho, que talvez pudesse ter sido bem melhor para mim e para a criação da minha filha. Escolhi um caminho árduo, suado. Mas não costumo reclamar das coisas. Sou do tipo que encara, seja lá o que for.
Tenho uma pequena confecção e oficina de costura, no bairro de Pinheiros, São Paulo. Gosto muito de trabalhos manuais, de construir coisas, sinto que estou usando meu cérebro a toda hora. É esse meu ofício hoje. Outra coisa que me atrai nesse trabalho é o ambiente de criação e transformação de uma matéria prima num produto acabado. Acho isso demais! Com certeza é influência do meu outro lado da família, meu avô paterno, Sais Murad. Esse meu avô me dá um orgulho!! Foi um grande empresário do ramo têxtil no Brasil, construiu um fábrica, uma grande família, amparou muita gente. Não sei quem foi que o amparou em sua vida, isso vou ficar sem saber, pois meu avô era de poucas palavras. Era uma pessoa de atitudes. Sei que veio do Líbano para o Brasil sem nada, nada, sozinho, aos 19 anos. Ele trabalhou numa loja de tecidos como vendedor, em Belo Horizonte. Se estabeleceu alguns anos por lá. Inclusive foi lá que meu pai nasceu. O primogênito. Meu avô também era o mais velho de seus irmãos, os quais estão também aqui no Brasil, não sei quando vieram. Sei que eles também montaram um fábrica de tecidos, a Mouradas. A fábrica do meu avô se chamava Said Murad s/a. Era enorme, no bairro da Móoca, na Rua do Oratório. Eu e meu irmão Fernando adorávamos ir lá quando meu pai ia. Teve uma época que meu pai trabalhou lá na fábrica do meu avô, saiu por briga com os irmãos. E foi aí que montou uma confecção e loja de roupas com a minha mãe. Chamava-se Xok, e começou na Rua Bela Cintra esquina com a Alameda Itú, a dois quarteirões de nosso apartamento.
Ah, nosso apartamento na Alameda Franca...quantas lembranças! Ficava no edifício Rapp, apartamento 32, esquina com a Rua Hadock Lobo. Era um bairro nobre de São Paulo pois ficava perto da já famosa Rua Augusta, que possuía muitas lojas, as melhores. O único defeito do bairro eram as descidas e subidas. Mas tinha de tudo e ao mesmo tempo era relativamente tranquilo. Existia a Casa do Pão de Queijo, a padaria Deusa, a casa de chá Yara, o delicioso restaurante Flamingo, o Conjunto Nacional e seus cinemas, o Satva, muita coisa que se podia ir a pé, sozinha. Era um bairro que ajudava a minha sempre desejada independência e liberdade. Eu tinha uma amiga que morava bem perto, a Beth Helena. Minha vó Herminia também morava perto, na Rua da Consolação, no mesmo prédio que morava minha tia Leda, sua outra filha.
Naquela época eu tinha a sensação que todas as pessoas importantes da minha vida moravam relativamente perto. Distâncias que, se eu quisesse, podia ir a pé. Meus avós paternos moravam num casarão no Jardim América, na Rua Maestro Elias Lobo. Os irmãos do meu pai moravam no Butantã, o que eu considerava o máximo da distância possível. E nada que o troleibus Butantã-USP que passava na Rua Augusta não pudesse me levar rapidinho.
Os amigos e vizinhos lá do sítio, como a tia Rosina, a tia Cândida, também moravam perto. Esta última, inclusive, morava no mesmo prédio que a gente, no nono andar.
A minha escola era particular e se chamava Pueri Domus, a qual eu estudei do pré-primário ao 3o. colegial. Nos primeiros anos ela ficava na Av. Brasil, num casarão muito simpático. Depois a escola mudou, nós acompanhamos, para a Chácara Santo Antonio. Foi aí que comecei a ter a noção de que São Paulo era grande! Indo de carro, demorávamos meia hora todas as manhãs. Logo meus pais puseram um motorista para nos levar. Meus pais odiavam acordar cedo.
Eu era a responsável por acordar os meus irmãos para irmos para a escola. Isso era um verdadeiro sofrimento para mim e para eles. Eu era obrigada a chama-los várias vezes, e eles tinham que aguentar a minha falta de paciência, os meus chingamentos. Tortura matinal, sempre. Eu tinha um rádio relógio, e logo que este tocava eu pulava da cama. Tínhamos uma empregada, chamada Lesa (Tereza), muito boazinha, que nos fazia o café da manhã. Ela morava em nossa casa.
Teve épocas que tínhamos duas empregadas, uma cozinheira, como a Lázara, a D. Benta e a Lesa. Nunca mais soube da Lesa. Espero que ela esteja bem, com uma vida tranquila, pois merece isso. Espero que tenha tido seus próprios filhos... De nós ela cuidou sempre com carinho e dedicação. Tinha uma paciência enorme com nossas brigas... Também não me esqueço da Vicentina, a Vi. Como eu a adorava! Ela trabalhava na casa da minha vó Hermínia, mas mais pareciam duas amigas. Todas as quartas eu e meus irmãos íamos almoçar no apartamento da minha avó Mina. Ela nos fazia um almoço delicioso, e parecia um milagre, já que morava num apartamento pequeno e o fogão era de 2 bocas. A cozinha tinha 2 metros quadrados.
Nos outros dias ficávamos sozinhos no almoço e no período da tarde, e quase todos os dias havia alguma briga, sempre por besteira, é claro. Hoje sei que era porque ficávamos muito sem autoridade. Meus pais só trabalhavam e voltavam pra casa por volta das 19 ou 20 horas, jantavam e saiam de novo, para trabalhar no shopping (tinham uma loja no segundo shopping de São Paulo, o Ibirapuera) ou sair com amigos ou funcionários (taí uma coisa que sempre gostaram de fazer).
As minhas avós não trabalhavam. A maioria das mulheres não trabalhavam naquela época. Das minhas tias, só a tia Daisy que começou a trabalhar pois se casou com um homem completamente irresponsável. Mas a minha mãe quis trabalhar, achava bom ser independente, ter seu próprio dinheiro. Gostava de inovar nos costumes. Gostava de ser a diferente. Porém acho que exagerou na dose!! Talvez porque comércio seja uma atividade que realmente nos absorva, talvez, e muito provavelmente, porque não tinha muito talento para a maternidade.
Minha mãe era uma dona de casa razoável. Sempre abastecia a casa, tínhamos sempre coisas boas pra comer, apesar de trabalhar. Comprava nossas roupas. Mas da casa em si não cuidava. Nosso apartamento era próprio, meu avô Said tinha dado para meus pais, depois que casaram. Decoraram o apartamento com uma decoradora. Os móveis eram bem anos 70, um sofá xadrez, outro era de veludo cotele vinho, mesa de jantar de jacarandá, mesa de centro de couro. Nunca me esqueço que os armários da cozinha eram azul claro! Moramos por 14 anos lá. E o apartamento nunca sofreu uma pintura, tudo foi se deteriorando. Eu e o Fernando tínhamos vergonha de levar os amigos em casa, pois tudo era quebrado. Hoje sei que era besteria nossa, mas era o que comentávamos!
Quando eu tinha 15 anos nos mudamos para um prédio meio chic, no bairro Cidade Jardim, mesma rua em que minha tia Leda havia se mudado, Rua Jacurici. Porém o apartamento era alugado, pois meus pais tinham trocado nosso apartamento da Alameda Franca por uma casa que estava em construção no Butantã, mesma rua dos meus tios. Nunca conseguiram terminar essa casa e nós nunca pudemos nos mudar pra lá e a partir daí passamos a morar de aluguel. No mesmo prédio moramos no sexto andar e depois no sétimo. A partir dessa mudança muitas coisas foram ficando esquisitas, por exemplo, a gente morava num prédio chic, mas a nossa casa mal tinha móveis. A minha mãe guardou na loja os móveis antigos e não comprou novos. Pois queria tudo em grande estilo ou nada, isso ela meio dizia, meio eu conclui.
Do primeiro apartamento que nós moramos nessa época não tenho muitas lembranças. A novidade foi que tinha mais uma pessoa morando com a gente, o Walter. Ele era um amigo do Fernando, sobrinho de uns vizinhos lá do sítio. O pai dele havia falecido num acidente de automóvel e ele tinha sido adotado pelo tio. Porém eles não se deram muito bem e aí vivia em casa com o Fernando ou na casa da tia Rosina. Minha mãe conseguiu pra ele uma bolsa no colégio que a gente estudava (pois o tio já o estava desamparando), aí ele entrou na minha classe. Acabamos virando amigos e tendo amigos em comum, como o Fabio Z., a Beth Maria, a Mônica... Uma época o Walter estava morando com os avós, vinha de bicicleta na hora de ir pra escola com a gente e tinha que sair muito cedo. Aí lembro quando o Fernando pediu pro Walter vir morar com a gente, isso um pouco antes de sairmos da alameda Franca. Os meus pais aceitaram, mas pouco conversaram com a gente sobre isso.
Nada mudou na minha vida, mas não gostei muito dessa idéia. Já os meus irmãos passaram a dividir o quarto com o Walter, e não deve ter sido nada fácil. Mas teve várias situações difíceis nessa adaptação. Uma delas foi uma viagem que fizemos ao Peru e Bolívia, em Julho de 1981. Fomos eu, o Fernando, o Walter e mais 12 amigos. Nessa viagem eu e o Walter brigamos e não nos falamos mais. Ainda bem que 6 meses depois eu entrei na faculdade e praticamente saí de casa.
Esse assunto da faculdade merece mais detalhes. Como disse sempre gostei de estudar, e gostava também de desenhar (era uma atividade introspectiva que combinava bastante comigo e com as horas que passava sozinha no meu quarto). Eu fazia uma aula de desenho, com o professor Francisco Silva Júnior, na casa dele. Ele era um professor acadêmico, que tinha morado nos Estados Unidos, era conhecido do meu avô Inimá. Fiz aula por uns 3 anos e gostava dos desenhos que fazia, pois já tinha dominado a técnica do pastel e a visão acadêmica. Tinha orgulho dos meus desenhos. Faziam sucesso na família. Então pensei em prestar Artes Plásticas. No segundo colegial prestei e entrei na USP, mas não podia me matricular. Depois no ano seguinte fui mudando de opinião e pensando que queria fazer uma faculdade fora de casa, pois não aguentava o clima na minha família. Ou melhor, com minha mãe, nós brigávamos praticamente todos os dias. Algumas épocas ficávamos meses sem trocar uma palavra. Alternávamos briga e desprezo. E eu não sabia o que podia resolver aquilo, e não era por falta de pensar, pois novamente, dos 13 aos 17 anos, fiz psicanálise 4 vezes por semana. Foi então que ouvi minha vó Mina falar que uma sobrinha dela tinha feito Engenharia de Alimentos em Campinas. Gostei do nome do curso, e mais ainda da idéia que esse curso só tinha na UNICAMP. E num teste vocacional que fiz a pessoa tinha dito que eu deveria fazer engenharia pela minha facilidade em Matemática. Dessa maneira, tudo se juntou na idéia desse curso. Porém eu não fazia idéia o que era um Engenheiro de Alimentos. E nunca apareceu alguém pra me falar, aprendi quando estava já no curso.
Fiquei 2 anos e uns meses na UNICAMP. O curso era dificílimo, árido e não achei nada interessante. Os meus colegas eram legais, mas eram do interior e tinham uma vida diferente da minha, eu gostava e estranhava. Mas esse tempo que fiquei lá foi sensacional!!
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