Projeto: Memória da Petrobras
Depoimento de Alberto Burgus
Entrevistado por Márcia de Paiva e Moacir Maia
Madre de Deus 7/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB579
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar essa entrevista pedindo que o senhor nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Bom, meu nome é Alberto Soledade Burgus, data de nascimento 11 de janeiro de 1954, Salvador, Bahia.
P/1 – Senhor Alberto, o senhor pode contar para a gente como foi o seu ingresso na Petrobras?
R – Bom, eu ingressei na Petrobras na refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, como instrumentista. Comecei lá o trabalho em manutenção em equipamentos, tinha saído de escola, formação no curso de instrumentação, ministrada pela Petrobras, foi concurso que eu fiz pela Petrobras, fiz 6 meses de curso e foi meu primeiro aprendizado em indústria. Bom, em 83 eu saí de lá da refinaria e vim para Madre de Deus até quando me aposentei.
P/1 – Já está aposentado?
R – Sou aposentado.
P/1 –Mas agora está trabalhando como...?
R – É, eu estou prestando serviço.
P/1 – Em que área?
R – Na mesma área: instrumentação/automação.
P/1 – Conta um pouco da sua trajetória desde que o senhor entrou, até a sua aposentadoria, como é que era o seu cotidiano, se mudou alguma coisa agora.
R – Bem, como a indústria é uma coisa diferente, eu vindo da área de comércio, né, eu trabalhava nas Linhas Correntes, como faturista. Bom, quando entrei teve o primeiro incêndio, aquela coisa, né, a gente não está acostumado, aquele temor...
P/1 – Isso em Mataripe?
R – Em Mataripe. Bom, aí a gente foi exercer novas atividades, aquele aprendizado, aí começamos a fazer curso, porque a Petrobras, na verdade, é uma escola, a gente aprende muita coisa na Petrobras. Então minha formação mesmo foi completamente pela Petrobras. Eu fiz o concurso pela Petrobras,...
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Projeto: Memória da Petrobras
Depoimento de Alberto Burgus
Entrevistado por Márcia de Paiva e Moacir Maia
Madre de Deus 7/10/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista PETRO_CB579
Transcrito por: Maria Luiza Pereira
P/1 – Boa tarde
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar essa entrevista pedindo que o senhor nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Bom, meu nome é Alberto Soledade Burgus, data de nascimento 11 de janeiro de 1954, Salvador, Bahia.
P/1 – Senhor Alberto, o senhor pode contar para a gente como foi o seu ingresso na Petrobras?
R – Bom, eu ingressei na Petrobras na refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, como instrumentista. Comecei lá o trabalho em manutenção em equipamentos, tinha saído de escola, formação no curso de instrumentação, ministrada pela Petrobras, foi concurso que eu fiz pela Petrobras, fiz 6 meses de curso e foi meu primeiro aprendizado em indústria. Bom, em 83 eu saí de lá da refinaria e vim para Madre de Deus até quando me aposentei.
P/1 – Já está aposentado?
R – Sou aposentado.
P/1 –Mas agora está trabalhando como...?
R – É, eu estou prestando serviço.
P/1 – Em que área?
R – Na mesma área: instrumentação/automação.
P/1 – Conta um pouco da sua trajetória desde que o senhor entrou, até a sua aposentadoria, como é que era o seu cotidiano, se mudou alguma coisa agora.
R – Bem, como a indústria é uma coisa diferente, eu vindo da área de comércio, né, eu trabalhava nas Linhas Correntes, como faturista. Bom, quando entrei teve o primeiro incêndio, aquela coisa, né, a gente não está acostumado, aquele temor...
P/1 – Isso em Mataripe?
R – Em Mataripe. Bom, aí a gente foi exercer novas atividades, aquele aprendizado, aí começamos a fazer curso, porque a Petrobras, na verdade, é uma escola, a gente aprende muita coisa na Petrobras. Então minha formação mesmo foi completamente pela Petrobras. Eu fiz o concurso pela Petrobras, minha formação toda de cursos, viajei. E a Petrobras nessa área de recursos humanos, ela dá muita chance ao empregado. Até hoje; quer dizer, hoje ainda está melhor ainda. Participei de vários seminários, de feiras e praticamente, foi um aprendizado muito grande e eu tenho a Petrobras como uma escola, certo? Durante minha vida toda eu... tanto assim que eu voltei, né?(riso)
P/1 – E está contente de ter voltado, não chegou a ficar muito tempo parado?
R – É, porque, na verdade, esse tempo que nós passamos aqui a gente ainda vivemos como uma família, tanto na refinaria, como aqui em Madre de Deus. É assim tão... a gente vive o dia-a-dia. De um modo geral é como uma família, a gente vive mais com o pessoal aqui, do que com os próprios familiares da gente, né, tem esposa, os filhos; quer dizer... e aqui em Madre de Deus, sei lá, um pessoal muito bom. Desde o café da manhã, a participação do diário de segurança. E a Petrobras também, como é uma tendência mundial, né, a Petrobras teve de... teve as certificações, é... a concorrência do mercado internacional, então existi uma competitividade, então a Petrobras também ela caminha nesse ponto. Então a Petrobras hoje, ela... a área de ambiente, meio-ambiente, segurança e saúde, a Petrobras é uma área que ela tá muito em cima disso, certo?
P/1 – Certificações que o senhor fala é ISO?
R – ISOs, porque isso já uma tendência de mercado, né? Toda empresa hoje, para ela concorrer no mercado, ela tem que ter, andar dentro dos padrões internacionais. E hoje, a Petrobras, ela... e aí é um aprendizado para a gente também, que a gente começou... aquele lance de cerveja, joga um copinho fora, uma lata de cerveja, hoje a gente já não faz mais isso, né, a gente já aprendeu. Coleta seletiva de lixo. Hoje a Petrobras tem um trabalho... aliás a Petrobras sempre teve esse trabalho com a comunidade, inclusive, a Petrobras, ela se preocupa muito com a comunidade.
P/1 – Vocês aqui, em Madre de Deus, tem um trabalho com a comunidade?
R – Tem um trabalho muito grande com a comunidade.
P/1 – Você pode falar um pouquinho?
R – A Petrobras tem o Projeto Tamar, que é das tartarugas e aqui tem um trabalho com a comunidade. Essa comunidade aqui em Madre de Deus, ela fez treinamento aqui, entendeu, tem até distribuição de cesta básica. A Petrobras tem esse trabalho muito grande com a comunidade, de conscientização, pescadores e aqui tem uma rotatividade de treinamentos.
P/1 – E você, ao longo dos seus anos de trabalho, você comentou aqui “primeiro incêndio, que eu vi”...
R – É.
P/1 – Fala um pouco assim, o que te marcou nesses anos todos, um fato que foi marcante, uma história que tenha...?
R – Bom, história tem várias, né? Eu, por exemplo, eu sou músico também, aí as festas, isso daí não sai nunca da minha cabeça, participei de umas festas tocando aqui com o pessoal, aí era uma coisa muito boa. Hoje já tá... porque não pode mais ter uso de bebida, essas coisas. Mas nas festas de Petrobras sempre foi uma data muito marcante.
P/1 – E o que você toca?
R – Eu sou músico, toco teclado, violão e sempre gostei dessa área de música.
P/1 – E sempre teve muita festa?
R – Muita, participei de todas as festas aqui na empresa. Então é uma coisa muito marcante as festas, confraternização, as pessoas, os amigos, a família que participa e para mim, eu acho que, Petrobras para mim, continua sendo minha família.
P/1 – Conta uma outra história assim, uma coisa interessante, curiosa, engraçada.
R – Ah! Histórias engraçadas também; meu apelido que é (“cão bom”?).(riso) Isso foi...
P/1 – (“Cão bom”?) por que?
R – Isso foi desde o curso, eu... um cara disse: “- Esse rapaz, tem uma cara de (cão bom?)” e... eu fiquei chateado e até hoje o pessoal me conhece como “cão bom”.(riso)
P/1 – Mas hoje não liga mais?
R – Já está no sangue. Eu hoje fico chateado quando não me chamam de (“cão bom?).(riso) E aqui a gente joga, pratica esporte, eu corro todo dia, eu faço aí ao meus 4 quilometrozinhos de cooper, todo o dia aqui. E a gente aqui, é como eu digo a vocês, aqui é um lugar muito bom de se trabalhar, né, aqui a gente fica em contato com a natureza e a amizade aqui é muito boa, viu, o clima nosso de trabalho aqui é muito... tem umas coisinhas, sempre acontece, que na família da gente acontece, né, mas tudo se contorna.
P/1 – A maioria das pessoas que trabalha aqui mora em Salvador ou tem empregados de Madre de Deus?
R – É, tem um pessoal que trabalha aqui também, que é da comunidade aqui de Madre de Deus e a maioria do pessoal também de Salvador.
P/1 –Você é sindicalizado?
R – Sou sindicalizado. Desde quando eu entrei na empresa.
P/1 – Chegou a exercer algum cargo?
R – Não, sempre fui figurante, levantar a mão, tá... (riso)
P/1 – Participa?
R – Sempre participei, né, participei. Porque o sindicato é a única forma de você reivindicar, porque, seguinte: a gente vive num país capitalista, né, então, nem sempre... a empresa pode até... que a Petrobras é uma empresa que ela dá... ela ultimamente, nos últimos anos, a Petrobras teve muito lucro e talvez esses lucros também não podem ser divididos de qualquer forma. E a Petrobras, como sendo um carro-chefe no país, então tem aquele problema de: “Pôxa, eu não posso dar do meu salário, aumentar demais, porque vem todo mundo atrás, aí o país sempre tem aquela... uma padronização de salários, e não pode....”. E, aí, com isso, a gente também às vezes sofre, não é, que a empresa lucra e aí a gente fica, às vezes, defasado. Então, a melhor maneira de você reivindicar isso é através do sindicato.
P/1 – Quais são, ao seu ver, quais são as maiores conquistas do sindicato nesses seus anos de trabalho?
R – O sindicato sempre conquistou... é, tudo que a gente tem em termos de manter... por exemplo: uma assistência médica, porque o salário da gente também é uma coisa indireta, né, você ganha com as coisas que você tem por fora, por exemplo: uma assistência médica. Se você perde uma assistência médica, você também está perdendo no salário, porque o salário não é aquilo que a gente recebe, o salário é mais assistência médica, outras vantagens que você tem, como o salário educação, essas coisas tudo é salário, certo, então, às vezes, a coisa quando aperta, o cara: “Pôxa, vou tirar o percentual de assistência médica que a gente pagava no início, não é o mesmo percentual que a gente paga hoje.” São essas coisinhas, começam a ir... e a única maneira que a gente tem de reivindicar isso é através do sindicato.
P/1 – Como é que você vê essa relação do sindicato com a empresa hoje?
R – Hoje a relação de sindicato e empresa está muito melhor, certo, eu achei que teve épocas anteriores que a briga era mais acirrada. E, hoje também a gente tem um, sei lá, é... tem um governo que é de oposição, embora também nem tudo é como o pessoal fala antes: “- Ah, vou fazer isso, tal...” Porque é difícil, né, tem vezes que a gente é pedra, tem vezes que a gente é telhado, né?(riso) Quando a gente é pedra, a gente atira, quando a gente é telhado a gente se esconde um pouco, se resguarda.(riso) Mas é isso aí. Hoje o sindicato, eu acho que ele está... porque a tendência hoje é mundial. O leste europeu foi destruído, hoje o comunismo acabou, tinham até aquelas... que mantinham até o sindicato também, né, sindicato era o mais forte e hoje existe uma conscientização e também negociação acho que está sendo muito mais, em mais conversa hoje do que a guerra, né? Eu tenho para mim, hoje houve uma evolução entre sindicato e o patronato, né, mas que chega mais ao denominador comum. Que as brigas antes eram mais acirradas em greves, né, hoje o negócio é mais, está mais suave.
P/1 – Senhor Alberto, tem mais alguma outra história que o senhor gostaria de deixar registrada?
R – Bom, histórias a gente tem várias aqui, né, a gente...
P/1 - Alguma que tenha te marcado?
R – A gente é assim... porque, quando a gente é pego de surpresa, aí a memória da gente não é muito fértil para imaginar.(riso) Mas tem muitas, aqui... é praticamente jogo de bolas, essas coisas, viagem ... As viagens que a gente fez para o Rio têm muitas coisinhas assim, mas de imediato, entendeu, eu não tenho assim, muito... Eu sei que tem esse lado aí, porque sempre a gente trabalha num local tem essas coisinhas que rolam todo o dia, aquelas coisinhas, mas eu não, de imediato assim, para saber alguma coisa marcante assim, não tenho assim, idéia.
P/1 – Eu gostaria de perguntar qual é a sua opinião sobre esse projeto Memória, iniciativa da Petrobras e do sindicato e se você gostou de ter participado?
R – Eu acho legal, sabe por que? Porque, é como diz assim, “morre um homem e fica a fama”, a história sempre é bom porque, ai da gente que não tivesse a história, né, como é que a gente ia viver?(riso) Talvez não tinha nem referência, né, a referência hoje do presente é do passado, o que a gente vive hoje é as coisas que a gente... até para melhorar, né, você tem que viver do passado. Pegar as coisas que... até para aprimorar. Então é muito bom isso, né? E recordar é viver!(riso)
P/1 – Então tá certo. Obrigada pela sua participação.
R – Ok, eu que agradeço a vocês.
P/1 - Obrigada
(Fim da fita Mpet/TMadre 006)
(Soledade Burgus?) / (“cão bom”?)
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