Meu nome é Letícia. Teoricamente minha história começa em 1986. Na prática? No ano de 1990.
Minhas lembranças mais marcantes da infância, foram: o nascimento da minha prima, mas só porque eu queria comer Waffle e mandavam eu guardar para minha priminha que acabara de nascer. Depois, foi meu aniversário de 4 anos. Não necessariamente nessa ordem. Lembro-me também do meu amável pai. Dos meus amigos que moravam - e ainda moram - na rua onde eu passei boa parte da infância. Lembro-me de brincarmos de esconde-esconde, andar de patins, brincar de 'gato mia', festinhas infantis... Lembro de alguns momentos de escola, de alguns momentos vazios, de algumas brigas em casa - e na escola. Faz parte da existência humana experiências boas e ruins. Mas é inevitável essas experiências formarem sua personalidade.
Enfim, acho que em uma das fases mais gostosas, me mudei de rua, de bairro, de zona. Fui para a Zona Sul. Morar em apartamento. Fiz amizade com crianças mais 'adultas'. Meu irmão do meio viajava aos finais de semana e minha mãe passava boa parte ao lado do telefone, no aguardo dele informar onde estava que não voltou noite passada (ele sempre viajava, mas só se lembrava de avisar quando voltava).
Meu tio financiou meus estudos e de meus dois irmãos, em um colégio muito bom. Arquidiocesano. Mas éramos humildes. Muitas vezes me sentia excluída. Eu ainda participei mais de eventos escolares do que eles. Mas, de alguma forma, essa experiência me afetou bastante.
Confesso, minha mãe nunca foi presente. Todo amor e carinho e atenção que EU recebia do meu pai - no qual eu confesso que deixou a desejar com meus irmãos - não recebi da minha mãe. Deve haver os motivos dela, sei disso.
Na adolescência, nos mudamos para o interior de São Paulo - Mirassol. 500km de São Paulo. Fiz amizade com pessoas 'erradas', mas nunca deixei de ter os meus valores e pensar com a minha própria cabeça. Respeitei a todos, assim como fui respeitada por todos....
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Meu nome é Letícia. Teoricamente minha história começa em 1986. Na prática? No ano de 1990.
Minhas lembranças mais marcantes da infância, foram: o nascimento da minha prima, mas só porque eu queria comer Waffle e mandavam eu guardar para minha priminha que acabara de nascer. Depois, foi meu aniversário de 4 anos. Não necessariamente nessa ordem. Lembro-me também do meu amável pai. Dos meus amigos que moravam - e ainda moram - na rua onde eu passei boa parte da infância. Lembro-me de brincarmos de esconde-esconde, andar de patins, brincar de 'gato mia', festinhas infantis... Lembro de alguns momentos de escola, de alguns momentos vazios, de algumas brigas em casa - e na escola. Faz parte da existência humana experiências boas e ruins. Mas é inevitável essas experiências formarem sua personalidade.
Enfim, acho que em uma das fases mais gostosas, me mudei de rua, de bairro, de zona. Fui para a Zona Sul. Morar em apartamento. Fiz amizade com crianças mais 'adultas'. Meu irmão do meio viajava aos finais de semana e minha mãe passava boa parte ao lado do telefone, no aguardo dele informar onde estava que não voltou noite passada (ele sempre viajava, mas só se lembrava de avisar quando voltava).
Meu tio financiou meus estudos e de meus dois irmãos, em um colégio muito bom. Arquidiocesano. Mas éramos humildes. Muitas vezes me sentia excluída. Eu ainda participei mais de eventos escolares do que eles. Mas, de alguma forma, essa experiência me afetou bastante.
Confesso, minha mãe nunca foi presente. Todo amor e carinho e atenção que EU recebia do meu pai - no qual eu confesso que deixou a desejar com meus irmãos - não recebi da minha mãe. Deve haver os motivos dela, sei disso.
Na adolescência, nos mudamos para o interior de São Paulo - Mirassol. 500km de São Paulo. Fiz amizade com pessoas 'erradas', mas nunca deixei de ter os meus valores e pensar com a minha própria cabeça. Respeitei a todos, assim como fui respeitada por todos. Viví dias INCRÍVEIS. Experiências longe de ser possíveis aqui nessa 'Selva de Pedras'. Fazíamos luau - e era luau mesmo, de frio, vinho barato, violão e mato. Todo final de semana tinha algo novo para fazer. Eu era bastante feliz. E tinha duas melhores amigas, no qual não fui tão leal a elas. Nossa amizade acabou, com um baita arrependimento de minha parte, mas a consciência de que 'brigar por garotos' faz parte da adolescência.
Tive um problema sério com minha mãe e o namorado dela. Voltaram para São Paulo e fiquei na casa de uma amiga, para terminar o colegial. Fase difícil, dura, pesada... Mas chegou ao fim.
Voltei para São Paulo. Pulei de faculdade para faculdade, de emprego para emprego...
Sou dona de uma personalidade muito difícil. Todo mundo me diz isso o tempo todo, como se fosse algo que eu não soubesse... Rio deles, por ser sempre a mesma coisa. Descobri que há características tão marcantes em nossa personalidade que, nem mesmo com toda força de vontade somos capazes de mudar. E aí dói duplamente: dói ser assim e dói as pessoas te apontarem isso.
Início de 2011 perdi meu pai. Não apenas 'perdi meu pai', mas perdi minha felicidade, o motivo de viver, o meu porto-seguro... Perdi minha vida. Acordei em um dia curioso e mal sabia que, no quarto ao lado, meu pai repousava um sono eterno. Até hoje não me recuperei desse choque. Eu sei, nunca vou me recuperar. Mas faço o que é esperado de todo ser-humano: acordo todas as manhãs, tomo banho e vou trabalhar.
Dois meses depois, meu namorado não aguentou mais meu jeito perturbado de ser e me deixou. Quando é amor, não é necessário o outro nos amar de volta, para nos permitirmos sentir isso. O amor nasce, naturalmente. E doía bem mais, quando eu tentava arrancá-lo do peito. Que fosse, então. Durou - ou ainda dura, eu não sei.
É raro eu sair de casa. É raro eu conhecer alguém, me envolver... O amor se tornou um sentimento que me desestabiliza quando nasce. Não sei viver em paz. Não sei não ser neurótica. Não sei não ter medo, receios, dois pés atrás, confiar...
Não sei desabafar com alguém, não tenho mais tantos amigos, não consigo ser sociável e já ouvi muita coisa que machuca. A maioria das pessoas na qual sei um pouco de suas vidas, nada sabem sobre a minha. E quando me dou conta disso, dói. Não sei se por eu não saber falar, ou se pelo outro não ter tido a preocupação de perguntar.
Eu aprendi que na vida, nada dura. NADA. E que as pessoas se vão. Seja por vontade própria ou por vontade da vida. Nunca poderei mudar isso. E dói, MUITO, perder alguém.
Mas, por mais difícil, doloroso e trágico que possa ser... a vida segue!
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