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História

A vida muda muito

Esta história contém:

A vida muda muito

“Ih, cinquenta anos atrás era muita dificuldade, que esse lugar era muito sem recurso, sem nada. Hoje cresceu muito, movimentou muito. Que nós falamos pros meus filhos hoje em dia que a gente é pobre, é carente, mas a vida que eu passei eles nem sabem. Nós passávamos falta das coisas pra sobreviver. Às vezes tinha duas, três peças de roupa cada um, não podia ter mais. Meu pai era carpinteiro, trabalhava em fazenda fazendo carro de boi. Fazia gradeamento de casa... se o nome é esse eu não sei. Ele bebia, não tinha muito aquela responsabilidade com a gente. Sabe a pessoa que bebe? Não fica uma pessoa normal. E minha mãe lavava roupa pra fora pra ajudar meu pai. Aquela roupa dos donos das fazendas. Não tinha escola perto. Fui uma pessoa que custei a estudar. Eu estudei depois de moça formada. Nós já estávamos morando aqui em Itapemirim. Fui estudar de noite, numa escolinha pequena; era uma casinha de moço, na verdade, não era nem colégio. Ele deu essa escola particular pra nós. Pagávamos com um pouquinho de dinheiro que podíamos. Eu ajudava na roça, na plantação de cana. Quando peguei uma idade maiorzinha, já aguentava. Primeiro, capinava, depois passei a cortar. A gente enchia aquele carro de boi e os carreiros levavam pra usina Paineiras. Meu marido, nessa época, trabalhava na usina. Na lavoura. Depois que eu casei com ele,não trabalhei mais. Veio filho: ganhei um e com a idade de um ano e quatro meses, ganhei outro. Ao total, já fui mãe de sete. Quase todos pequenos. Aí fiquei catorze, quinze anos sem trabalhar fora. Precisando ajudar, mas não tinha como. Aí, quando a mais velha terminou a quarta série, falei “Você precisa tomar um pouco conta da casa, pra eu trabalhar um pouco”. Trabalhei na usina, depois fui trabalhar em casa de família e depois entrei nesse projeto de Inclusão Comunitária*. Foi daí que comecei a fazer os doces. Geléia, licor, tudo foi aprendido no curso. Por enquanto...

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Dados de acervo

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P/1 – Erenice, você pode falar seu nome completo, o local e data de nascimento?

R – Erenice de Oliveira Ventura, moradora em Graúna. Nasci dia 21 de julho de 1946.

P/1 – Oba! E você nasceu aonde?

R – Eu nasci. Eu fui nascida no estado do Rio, em Campos.

P/1 – Campos?

R – É. Saí de lá com idade pequena.

P/1 – Seus pais são de Campos?

R – Meus pais são de Campos. Meu pai é mineiro, minha mãe é campista e eu saí de lá com a idade pequena, sabe? Fiquei lá até oito anos de idade.

P/1 – Como é que era a casa lá?

R – A casa lá era uma casa de fazenda, morava em fazenda de usina, casa de fazendo, sabe? Uma casa... Tinha umas casas em volta. Ainda do lado me lembro bem tinha uma pedra, corria uma água, tinha nascente de água. Eu era criança não tinha só eu, era um monte de irmãos. Nós éramos em 9irmãos. Aí, meu pai, de lá, mudou...

P/1 – Vocês moravam todos na mesma casa?

R – Morávamos, mas era pequeno.

P/1 – Como é que era a casa?

R – A casa era uma casa de cinco cômodos, eu lembro como hoje, bonitinha. Telha, essas telhas, que hoje em dia nem existe mais essas telhas. Se eu falar talvez vocês nem conheçam.

P/1 – Como é que era a telha?

R – A telha chamava telha de canal, sabe? A telha era uma telha igual à telha de Eternit hoje em dia. Vocês conhecem? Nós falamos Eternit, mas é uma telha que ela era vermelha, pintava ela com tinta vermelha, igual um vermelhão. Telha de papelão. Acho que era um papelão, não é Eternit. Hoje em dia é Eternit. Aí nós fomos crescidas ali naquela casa, em nove irmãos. Depois saímos de lá pra outra fazenda. Meu pai...

P/1 – Seu pai fazia o quê?

R – Meu pai era carpinteiro, trabalhava em fazenda fazendo carro de boi, não sei se vocês não sabem.... Talvez vocês nem alcançaram.Não sei sua idade. Era carro de boi. Meu pai era carpinteiro, fazia casa, gradeamento de casa. Colocava gradeamento de casa, aquelas casas de telha, tapava com aquelas telhas. Meu...

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