(depoimento de Humberto José Augusto Brito)
Minha infância foi muito feliz, como qualquer criança do nordeste, que vai à praia, que faz castelos, que tem bonecos de índios e soldados, e depois que precisa tirar notas boas porque as famílias são muito rígidas com escola. O cearense só tem uma oportunidade, que é estudar e passar nos concurso. Como meus pais eram funcionários públicos eu também fui pautado para isso.
Meu pai foi responsável pela engenharia de sinalização, responsável pela sinalização de muitas estradas do país. Meu pai ficava contando durante nossas viagens a história dos cortes de estrada, da sinalização, dessas coisas. Os ensinamentos do meu pai eram muito presentes. Ele me educou com histórias. Nem sempre as histórias revelavam a moral, mas tinham algo por trás.
Como toda criança da minha idade, naquela época o meu primeiro contato com os Correios foi de duas formas. A primeira e mais frequente era o círculo do livro, que você recebia um livro pelo correio, lia e mandava pra um destinatário, para o mesmo, dentro de um prazo. A relação é que você tinha que ir na agência postar o livro e na sua casa você recebia o seu livro. E outra relação é que eu fazia cursos por correspondência de eletrônica e modelismo, e recebia as coisas pelo correio. Eu ficava ansioso esperando, e como eu morava em casa, o carteiro era conhecido do bairro. Ele passava numa hora que eu estava estudando num quarto que era perto da calçada, e ele gritava “Correios” no portão e eu mais que depressa saía e recebia as cartas. Eu era responsável pela triagem das cartas de casa.
E como todo mundo eu pensava que correio era uma série de carteiros e agências que os carteiros passavam nas agências, pegava suas cartas, e saía entregando. Mas ao entrar para os Correios eu descobri toda a logística postal que é muito mais complexo que uma série de carteiros e agências. Vi que os Correios é uma empresa que funciona...
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(depoimento de Humberto José Augusto Brito)
Minha infância foi muito feliz, como qualquer criança do nordeste, que vai à praia, que faz castelos, que tem bonecos de índios e soldados, e depois que precisa tirar notas boas porque as famílias são muito rígidas com escola. O cearense só tem uma oportunidade, que é estudar e passar nos concurso. Como meus pais eram funcionários públicos eu também fui pautado para isso.
Meu pai foi responsável pela engenharia de sinalização, responsável pela sinalização de muitas estradas do país. Meu pai ficava contando durante nossas viagens a história dos cortes de estrada, da sinalização, dessas coisas. Os ensinamentos do meu pai eram muito presentes. Ele me educou com histórias. Nem sempre as histórias revelavam a moral, mas tinham algo por trás.
Como toda criança da minha idade, naquela época o meu primeiro contato com os Correios foi de duas formas. A primeira e mais frequente era o círculo do livro, que você recebia um livro pelo correio, lia e mandava pra um destinatário, para o mesmo, dentro de um prazo. A relação é que você tinha que ir na agência postar o livro e na sua casa você recebia o seu livro. E outra relação é que eu fazia cursos por correspondência de eletrônica e modelismo, e recebia as coisas pelo correio. Eu ficava ansioso esperando, e como eu morava em casa, o carteiro era conhecido do bairro. Ele passava numa hora que eu estava estudando num quarto que era perto da calçada, e ele gritava “Correios” no portão e eu mais que depressa saía e recebia as cartas. Eu era responsável pela triagem das cartas de casa.
E como todo mundo eu pensava que correio era uma série de carteiros e agências que os carteiros passavam nas agências, pegava suas cartas, e saía entregando. Mas ao entrar para os Correios eu descobri toda a logística postal que é muito mais complexo que uma série de carteiros e agências. Vi que os Correios é uma empresa que funciona como um organismo complexo. O fluxo postal é como o fluxo sanguíneo do corpo humano. Uma vez fiz uma palestra no Panamá fazendo essa comparação. Correio está em todo lugar, e em todo lugar vai chegar uma correspondência, e essa correspondência vai mudar as pessoas que recebem e também as que mandam. A mensagem é a razão de existir do próprio Correio. Nunca vai deixar de ter alguém enviando uma mensagem à outra, de alguma forma.
Eu sou gerente de programação do Museu dos Correios. Sou responsável pela curadoria do Museu. Hoje o Museu é muito grande porque recebe arte geral e a cultura postal. Temos que manter a cultura postal acessível às pessoas, mas a responsabilidade de manter atividades culturais gerais. Tentamos fazer a junção com a cultura postal, quando possível. O acervo do Museu é construído desde o final do Império, começo da República, em que se guardavam os itens que estavam em desuso, que se tinha uma preocupação de manter uma memória desde aquela época. Nós temos, por exemplo, a filatelia completa dos Correios, temos fardamento, caixas, etc, toda a memória do Correio catalogada e com um trabalho de exposição grande. Eu diria que é um dos acervos históricos mais completos do país.
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