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Por: Museu da Pessoa, 4 de novembro de 2019

A matéria esvoaçante, a suavidade do caminho íngreme

Esta história contém:

A matéria esvoaçante, a suavidade do caminho íngreme

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Nasci em Salvador, Bahia, em 1975. Filha de Gut e Eli, irmã de Minon e Aeon. Meu pai, Augusto José, era físico nuclear. Minha mãe, de família rica e influente – o tio dela era governador do estado – era muito hippie, verdadeira ovelha negra da família. Nasci numa casa redonda, em cima de um morro, em Pituaçu, Salvador. Uma casa toda branca, com portões de vidro… “E aí, você via o gramado, o coqueiral, o mar”. A memória que trago da infância – costumo dizer – é de algo “glorioso, livre, inteiro”. Fernando Pessoa escreveu assim: “Para ser grande, sê inteiro...”. Também lembro do cajueiro, do cheiro da folha do caju. Havia, nas duas famílias, uma coisa de estudo, de inteligência. E, no nosso núcleo familiar, sempre se lia, sempre alguém estava lendo alguma coisa. As Obras Completas, de Pessoa, hoje meu livro de cabeceira, era o livro da família. Mas eu era pequena – quatro anos – meus pais se separaram. Como sempre, motivos é o que não falta; ficam ali, à espreita, esperando o momento de se transformar no episódio detonador. Minha mãe, extremamente contestadora, rebelde. Meu pai, dotado até de certa genialidade, sempre estudando, envolvido com intelectualidades, “incapaz da Matemática afetiva diária”, no dizer de minha mãe. E como esta era oriunda de família de posses, tradicional, católica – embora minha avó fosse tudo: católica, budista, espírita, Rosa Cruz – nós fomos para a fazenda. As lembranças maiores de minha infância são dessa fazenda. De gado e cacau. E o convívio generoso, carinhoso, com minha avó, intensamente espiritualizada. Guardo, também, as visitas ao vô, no Rio, que eles foram, toda a vida, casados-separados. Ele com muito dinheiro, por muito tempo, mas não o tempo todo, boêmio, vivendo uma vida paralela.

Depois da fazenda, fomos para um prédio, também redondo, com vista para a Baía de Todos os...

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Projeto Conte Sua História

Depoimento de Jasmin de Brito Pinho

Entrevistada por Karen Worcman

São Paulo, 04 de novembro de 2019

Realização Museu da Pessoa

PCSH HV 765 - rev.

Transcrito por Selma Paiva

Revisto e editado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 - ... Deixá-la nem fechada, nem aberta, só sentir o ar que entra pelo nariz, aí ele vai descer pela garganta, até a barriga. Ele vai buscar sua energia lá embaixo e vai voltar e vai sair. Vamos sentir isso mais uma vez. Sinta o ar descendo pela garganta e aí respire, como você respira normalmente, só prestando muita atenção. Aí, preste atenção, também, no ruído e no silêncio daqui, as vozes ao fundo, todos os sons que você ouve preenchendo esse silêncio, os sons surdos. Sinta o seu ombro relaxando. É como se essa energia, que vem pela respiração, fosse passeando dentro de você. Da próxima vez que a gente respirar, ela sobe também para a cabeça e busca em você uma imagem, uma sensação muuuuito antiga. Não precisa ser nada, uma cena estruturada, mas algo que você identifique, que é muito familiar. Um sentimento seu que faz parte de você desde que você acha que é você. Explore isso. Pode ser a sensação de bebê, de feto, de criança. Ou pode ser sempre essa sensação que veio voltando, essa imagem, essa cor ou um cheiro. Um quarto, que aquele que você sabe que é seu. E vai com a respiração para esse lugar. Esse lugar que só você sabe que é seu, que é você. E deixe todos esses sentimentos e essas sensações, desse lugar, se espalharem por você e pelo seu corpo. E se veja inteira nesse lugar e sentindo esse lugar. E que imagens você tem: o que sai, cenas, deixe a cabeça viajar para dentro de você, para o início da sua vida, para as primeiras vezes que você se percebeu. E, quando esse lugar estiver bem dentro de você, vá saindo, se veja aqui, nesse som, nesse instante. E quando você sentir que deixou essa imagem do início da sua vida e se viu,...

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