Meu nome é Lucas Banzoli, 21, atualmente cursando Tecnologia em Comunicação Institucional, pela UFPR. Uma história que marcou meu passado ocorreu em Dezembro de 2007, quando ainda tinha 15 anos. Naquela época, eu era um são-paulino muito mais fanático do que hoje - talvez porque os títulos tenham desaparecido de lá pra cá. Como moro em São José dos Pinhais/PR e não tenho condições de assistir partidas em São Paulo, a minha única oportunidade de assistir aos jogos do meu time é quando ele vem jogar aqui em Curitiba. Naquele campeonato, o São Paulo já havia sido campeão por antecipação e era a última partida do torneio, contra o Atlético Paranaense, apenas para cumprir tabela. O treinador escalou os reservas, o campeonato já estava ganho... mas mesmo assim eu queria ir. Era a minha única chance. Era uma oportunidade única, que eu só teria novamente um ano mais tarde. Era muita coisa, e eu não estava disposto a esperar tanto.
Só havia um problema: minha mãe me havia proibido de ir naquela partida. Eu tentei convencê-la de todas as formas, mas ela continuou proibindo. Finalmente, decidi: iria tentar chegar ao estádio de ônibus. Mas havia um porém: eu não fazia a mínima ideia de onde ficava o estádio, eu nunca tinha assistido uma partida sozinho e eu nem ingresso tinha! Mesmo assim, meu fanatismo falou mais alto e eu juntei setenta reais que tinha comigo e fui andando até o terminal, na esperança de encontrar alguém vestido com a camisa do Atlético e segui-lo em segredo até o estádio - presumindo que ele realmente fosse ao estádio, senão eu estaria em apuros!
Quando cheguei ao terminal, pareceu mais fácil do que eu pensava: havia uma multidão de "fanáticos" ali. Era a torcida organizada do Atlético, a "Fanáticos", que estava prestes a ir ao estádio. Me aproximei do líder deles e perguntei se eu podia ir junto. Ele disse que sim, e nem desconfiou que eu era são-paulino. A primeira parte pareceu fácil demais,...
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Meu nome é Lucas Banzoli, 21, atualmente cursando Tecnologia em Comunicação Institucional, pela UFPR. Uma história que marcou meu passado ocorreu em Dezembro de 2007, quando ainda tinha 15 anos. Naquela época, eu era um são-paulino muito mais fanático do que hoje - talvez porque os títulos tenham desaparecido de lá pra cá. Como moro em São José dos Pinhais/PR e não tenho condições de assistir partidas em São Paulo, a minha única oportunidade de assistir aos jogos do meu time é quando ele vem jogar aqui em Curitiba. Naquele campeonato, o São Paulo já havia sido campeão por antecipação e era a última partida do torneio, contra o Atlético Paranaense, apenas para cumprir tabela. O treinador escalou os reservas, o campeonato já estava ganho... mas mesmo assim eu queria ir. Era a minha única chance. Era uma oportunidade única, que eu só teria novamente um ano mais tarde. Era muita coisa, e eu não estava disposto a esperar tanto.
Só havia um problema: minha mãe me havia proibido de ir naquela partida. Eu tentei convencê-la de todas as formas, mas ela continuou proibindo. Finalmente, decidi: iria tentar chegar ao estádio de ônibus. Mas havia um porém: eu não fazia a mínima ideia de onde ficava o estádio, eu nunca tinha assistido uma partida sozinho e eu nem ingresso tinha! Mesmo assim, meu fanatismo falou mais alto e eu juntei setenta reais que tinha comigo e fui andando até o terminal, na esperança de encontrar alguém vestido com a camisa do Atlético e segui-lo em segredo até o estádio - presumindo que ele realmente fosse ao estádio, senão eu estaria em apuros!
Quando cheguei ao terminal, pareceu mais fácil do que eu pensava: havia uma multidão de "fanáticos" ali. Era a torcida organizada do Atlético, a "Fanáticos", que estava prestes a ir ao estádio. Me aproximei do líder deles e perguntei se eu podia ir junto. Ele disse que sim, e nem desconfiou que eu era são-paulino. A primeira parte pareceu fácil demais, mas eu não sabia o que estava por vir. Na metade do caminho ao estádio, um guarda parou o ônibus e mandou todo mundo que tinha camisa do Atlético para fora, para serem revistados. Um alívio: eu não tinha camisa do Atlético. Se tivesse, teria usado, mas não tinha.
Mesmo assim, ainda havia um problema: agora que todo mundo foi deixado para fora do ônibus para ser revistado, como eu iria ao estádio? Eu não sabia o caminho. Estava mais perdido que nunca, e não tinha mais ninguém para seguir. Felizmente, algumas pessoas pediram ao motorista para parar o ônibus e ele parou, esperou que os torcedores voltassem e eles voltaram. Um alívio!
Chegando ao estádio, só me faltava uma coisa: o ingresso. E se não houvessem cambistas? Era um risco que eu corri. Por sorte, achei um único cambista, que me vendeu o ingresso por um preço caro, mas eu não tinha opção. Entrei no estádio feliz da vida, depois de ter passado por todos os "obstáculos". É verdade que eu não esperava que o São Paulo perdesse com um gol no último minuto. É verdade também que eu não esperava ter que comemorar o gol do time adversário abraçando um torcedor atleticano do meu lado e fingindo que estava feliz da vida. Felizmente, uma notícia boa surgiu: o Corinthians, naquela mesma rodada, havia sido rebaixado para a Série B do campeonato daquele ano. Pelo menos uma notícia que voltou a raiar meu dia e me fez voltar feliz para casa, com um sentimento de dever cumprido.
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