Se vocês forem lá e pegarem as fotos de antigamente, vocês falarão: "Não, isso aqui não é o bairro de Cachoeirinha". Tem hospital, tem maternidade... Hoje, nosso bairro está muito bom, mas no passado tinha muitas enchentes, era muito, muito mesmo. Quando chovia, enchia tudo e ficava uma semana aquela água parada, com os bichos andando por cima, aquelas galinhas d'água, cobra... A gente convivia com isso, a gente não podia ter muitos móveis porque chegava na época das chuvas era enchente na certa. Não tinha outra alternativa.
A última enchente que teve, foi uma enchente muito grande... - Lembrando que antes não tinha divulgação, a mídia não ia nesses lugares - A última enchente que deu no nosso bairro, lá na nossa vila, foi em 1995, uma enchente feia. Eu lembro que cheguei do trabalho e entrei na Inajar de Souza com água na cintura. Eu morei na Cachoeirinha, na parte mais alta, depois nós compramos um apartamento lá embaixo, na Inajar, e foi a primeira vez que deu enchente lá nos prédios, nos apartamentos, que nunca tinha dado. Lembro que eu saí do trabalho duas e pouco, três horas, e entrei na rua Antônio Botto, rua que é uma travessa da Inajar de Souza, e metade dela já estava cheia de água. Me recordo que um senhor veio e falou: "Para onde a senhora vai?" Eu falei: “Eu vou naqueles prédios ali." Falou assim: "Então vou acompanhar a senhora porque os bueiros abriram todos, os bueiros estão todos abertos e eu sei onde eles estão". E aí ele foi segurando no meu braço. Eu lembro que eu estava de saia, de meia, eu entrei na água assim, de saia, de meia fina, sapato social, entrei com água na cintura até a entrada do meu prédio.
No meu apartamento não entrou água, mas teve alguns da frente que entrou. Isso que eu morava embaixo. No condomínio ficou aquela lagoa, e todos nós ficamos muito apavorados. A gente não conseguia ir à casa da minha mãe - minha mãe mora perto de mim - a rua dela encheu tanto de água, a...
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Se vocês forem lá e pegarem as fotos de antigamente, vocês falarão: "Não, isso aqui não é o bairro de Cachoeirinha". Tem hospital, tem maternidade... Hoje, nosso bairro está muito bom, mas no passado tinha muitas enchentes, era muito, muito mesmo. Quando chovia, enchia tudo e ficava uma semana aquela água parada, com os bichos andando por cima, aquelas galinhas d'água, cobra... A gente convivia com isso, a gente não podia ter muitos móveis porque chegava na época das chuvas era enchente na certa. Não tinha outra alternativa.
A última enchente que teve, foi uma enchente muito grande... - Lembrando que antes não tinha divulgação, a mídia não ia nesses lugares - A última enchente que deu no nosso bairro, lá na nossa vila, foi em 1995, uma enchente feia. Eu lembro que cheguei do trabalho e entrei na Inajar de Souza com água na cintura. Eu morei na Cachoeirinha, na parte mais alta, depois nós compramos um apartamento lá embaixo, na Inajar, e foi a primeira vez que deu enchente lá nos prédios, nos apartamentos, que nunca tinha dado. Lembro que eu saí do trabalho duas e pouco, três horas, e entrei na rua Antônio Botto, rua que é uma travessa da Inajar de Souza, e metade dela já estava cheia de água. Me recordo que um senhor veio e falou: "Para onde a senhora vai?" Eu falei: “Eu vou naqueles prédios ali." Falou assim: "Então vou acompanhar a senhora porque os bueiros abriram todos, os bueiros estão todos abertos e eu sei onde eles estão". E aí ele foi segurando no meu braço. Eu lembro que eu estava de saia, de meia, eu entrei na água assim, de saia, de meia fina, sapato social, entrei com água na cintura até a entrada do meu prédio.
No meu apartamento não entrou água, mas teve alguns da frente que entrou. Isso que eu morava embaixo. No condomínio ficou aquela lagoa, e todos nós ficamos muito apavorados. A gente não conseguia ir à casa da minha mãe - minha mãe mora perto de mim - a rua dela encheu tanto de água, a casa dela encheu tanto de água, que veio na altura da pia da cozinha.
Nessa época, já tinha o Terminal Cachoeirinha. Encheu o Terminal. Os ônibus não conseguiam chegar lá. Então foi uma enchente braba mesmo. E foi a partir daí que eles começaram a fazer os piscinões. Foi feito um piscinão e também a canalização paralela ao rio. Essa canalização vem desde a Ponte da Freguesia até lá embaixo. Eu acho que só depois dessas construções que as coisas melhoraram. Aí não teve mais enchentes.
Hoje, ainda têm alguns alagamentos por causa do lixo. Isso é uma outra coisa que me deixa indignada, o lixo nessa cidade! Olha, eu falo, não é a pobreza, eu não sei o que está acontecendo com o nosso povo de jogar tanto lixo na rua. E é em toda cidade, é aqui em Santana, em todos os bairros você vê lixo na rua. Fico indignada, porque não dá, não está dando mais enchente por outros motivos, mas continua alagando por conta do lixo. Eu penso assim, que a política melhorou uma parte e o povo piorou em outra.
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