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A imprensa era como se fosse uma escola de literatura

Esta história contém:

A imprensa era como se fosse uma escola de literatura

Eu não sabia o que queria ser, mas sabia que era escrever.

Eu queria aquele livro.

Esperei o Natal inteiro.

Seu João, que era o dono da livraria, achou que era outro livro.

Me recordo que eu sentei na porta da livraria, no dia de Natal, esperando o Seu João aparecer. Ele apareceu e eu falei que não era esse o livro.

Ele acabou trocando o livro pra mim.

A imprensa era como se fosse uma escola de literatura.

Comecei a ler jornais.

Meus professores viam minhas composições e algumas mandavam para os jornais publicarem.

A do Dia das Mães foi um sucesso, a cidade inteira queria me cumprimentar.

Concurso de Aniversário do Diário de Piracicaba.

Fiquei em 3º lugar no concurso do Diário de Piracicaba. Eu tinha 16 anos.

O Losso Netto, que foi um dos jurados, disse que eu merecia o 1º lugar, mas como eu era muito criança, me deram o 3º lugar.

O diretor do Diário, o Ferraz, percebeu meu talento e fui trabalhar lá.

Folha de Piracicaba.

Em 1961, o Luciano Guidotti montou um terceiro jornal e me chamou.

A instalação do novo jornal era precária, compraram os materiais errados, o diretor era inexperiente.

O Luiz Thomazzi falou que queria me apresentar para os acionistas como o novo diretor da Folha de Piracicaba.

Mais pra frente, foi uma briga entre acionistas.

A Folha de Piracicaba estava dando prejuízo.

Os acionistas decidiram pular fora e me deram os direitos do jornal.

No fim do ano, consegui um lucro enorme.

Acabei casando com aquele dinheiro.

A Folha foi a maior experiência jornalística de Piracicaba.

A Folha foi fundada em 1º de março de 1961 e fechada em 1967.

O período todo de vida da Folha de Piracicaba foi comigo.

Ela tornou-se um centro de jovens intelectuais.

Nossas campanhas também eram muito importantes. Nós enfrentamos tudo.

Absolutamente tudo. Inclusive a Ditadura.

Dados de acervo

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Entrevista de Elias Cecílio Netto

Piracicaba/SP

Realização Museu da Pessoa

Transcrita por Mônica Alves

R1 - Então, desde criança eu gostava de escrever. Meu sonho era escrever, aquele negócio todo e tal. E eu não sabia o que eu queria ser, sei que queria escrever, queria ser escritor, mas escritor não era profissão. Então eu quis ser médico, eu quis ser advogado, porque isso é isso, isso é aquilo. Mas a escrita, tudo em torno de escrever.

(00:32) P1 - Mas o que te atraía nisso, nesse gosto por escrever? O que te encantou nisso?

R1 - Eu nasci com isso, filha. Eu me lembro que eu era criança, eu pedia livros. E houve um Natal, até que eu me recordo, eu devia ter uns seis anos, nunca mais me esqueci desse Natal, do lado da nossa casinha, em que nós morávamos, o seu pai e seu avô, tinha uma livraria. Eu passava em frente a livraria, tinha um livro de contos de fadas, uma coisa assim, sabe? Diversos livros. E eu olhava para aquele livro, eu queria aquele livro, aquele negócio todo e seu avô percebeu e daí perguntou para mim o que eu queria do papai Noel. Eu queria aquele livro e eu esperei o Natal inteiro. E o seu João, que era o dono da livraria, me via olhando, só que ele achou que era outro livro, o livro errado. Então ele falou para o meu pai: “É esse daqui que ele está querendo”. Nossa, e o meu pai vai me dar o livro de presente, na hora que eu vi, abri, era outro. Eu chorei tanto, chorei tanto, chorei tanto. Eu me recordo que eu fiquei sentado na porta da livraria, no dia de Natal, esperando o seu João aparecer. O seu João apareceu e eu falei: “Não é esse livro!”. Ele acabou trocando para mim o livro, sabe? Então eu tinha paixão por ler, querer aprender coisas, sabe? E daí eu fui vendo que os grandes escritores, se tornaram escritores, trabalhando inicialmente em jornal. Então eles iam para a imprensa, a imprensa era como se fosse uma escola de literatura. E aquilo ficou em mim, né, eu queria. Daí eu comecei...

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