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História
Personagem: Yoneko Seimaru
Por: Museu da Pessoa,

A gente deixa o nome

Esta história contém:

A gente deixa o nome

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Meu nome é Yoneko Seimaru. No registro, nasci em 1933. Sou a última filha de minha família. Minha diferença de idade para a irmã mais velha é de vinte anos. Mas, para entender isso, vou contar a história do meu pai.

O meu pai nasceu no Japão. O sonho dele era ganhar dinheiro. A província dele é em uma ilha, longe de Tóquio. Bem pequeno, já trabalhava como pescador. Veio para o Peru porque pensou num futuro melhor. Ele, um amigo e um primo.

Ele não sabia que no Peru não chovia. Chegou lá e ficou assustado. Numa parte do Peru, nunca chove. Depois de Lima seguiu para uma cidade de imigração japonesa. Mas como o sonho dele era voltar para o Japão com um monte de dinheiro, e ali não dava muito, só o sustento mesmo, procurou outro país, a Bolívia.

Foi lá, arrumou serviço na construção de estrada de ferro. Mas naquela época já havia muita droga, fumo... muito fumo. Ele falou assim: “Aqui não tem futuro para trazer a família”. Então procurou o Chile. E o Chile era um país muito bom para a pescaria. Como ele era pescador, deu certo. Pescava peixe. Ah, mas não dava para vender... não tinha saída, não tinha quem comprasse. Aí resolveram vir para o Brasil, passar os morros dos Andes. Primeiro voltou para o Peru, e dali saíram para o Brasil. E sei que levaram algum tempo, vieram andando. Nunca perguntei quanto tempo.

Sei que ele tinha um monte de coisas – carabina, bússola, facão, rede para dormir. E ele sempre contava que de três coisas tinha muito medo quando anoitecia: índio, cobra e onça. Estavam sempre os três: meu pai, o primo e um amigo, andando... Quando chegavam a um rio que tinham que atravessar, ele tinha facão. Ele cortava madeira, cortava cipó, trançava, jogava no rio e atravessavam. Sempre os três. Assim conseguiram chegar a Belém do Pará.

Chegaram a Belém do Pará e encontraram um engenheiro japonês. Logo no dia seguinte meu pai arrumou serviço e começou a trabalhar lá. Trabalhava no...

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Dados de acervo

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P/1 – Dona Yoneko, eu vou começar a nossa entrevista perguntando de novo o seu nome completo, local e a data do seu nascimento.

R – Yoneko Seimaru. Data de nascimento: 23 de outubro de 1933. A residência é Avenida Marginal Castelo Branco, 774.

P/1 – E a senhora nasceu em Registro?

R – Nasci em Registro.

P/1 – A senhora é a primeira ou a última filha da sua família?

R – A última.

P/1 – A última?

R – É.

P/1 – Quantos irmãos a senhora tem?

R – Quatro;

P/1 – Então me diz o nome dos seus pais e o que eles faziam.

R – Meu pai chamava-se __________ e minha mãe ________. Meu pai, quando trouxe minha mãe do Japão, entrou direto no sítio, lavoura, plantando arroz, banana, café.

P/1 – Conta de novo um pouco. O seu pai nasceu no Japão?

R – Meu pai nasceu no Japão. Meu pai e minha mãe.

P/1 – Quantos anos, em que década?

R – Meu pai, acho que deve ser em 1800 e... Se hoje ele estivesse vivo, teria acho que uns 120 anos.

P/1 – E na época ele saiu do Japão por quê? A senhora sabe? Ele contou pra senhora?

R – Não. O sonho dele era ganhar dinheiro.

P/1 – No Japão?

R – Porque Japão... A província dele é ilha não Japão mesmo. É ilha, longe do Japão. A ida dele foi bem pequeno, ele trabalhava como pescador. Ele pensou num futuro melhor, veio para o Peru. Imigração Peru. Ele, um amigo dele e um primo dele. Mas ele não sabia que o Peru não chovia. Chegou lá e ficou assustado.

P/1 – Que parte do Peru ele foi, a senhora sabe?

R – Foi pra Lima mesmo. Depois de Lima ele seguiu pra, não sei, aquela cidade de imigração japonesa. Eu fui lá.

P/1 – A senhora foi lá?

R – Fui. Eu fui em 90 e... Não. Fui em 92 ou 93 pra lá.

P/1 – Nessa cidade?

R – É. Fui pra ali em 92. Não. Minto. Fui mais depois, 98. É. 98 mais ou menos. Fui pra Lima, depois fui pra lá.

P/1 – Mas e aí? Quer dizer, ele chegou lá, não chovia, ele tentou plantar e o que aconteceu?

R – Não. Ele plantava...

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