Me chamo Gisele e nasci em uma família desestruturada onde sempre fomos consideradas um fardo. Minha irmã e eu não tínhamos carinho e atenção de quem deveria nos dar. Fomos criadas por avós e tios paternos, e éramos tratadas como empregadas da casa.
Com onze anos, depois de muitos sofrimentos e muitas injustiças que sofremos na casa, além de tentativa de abuso, resolvemos fugir da casa dos meus avós sem ao menos sabermos como nos virar.
Passamos um tempo jogadas de um lado pro outro, e já estava vendo que as palavras que haviam sido lançadas contra a gente estavam prestes a se cumprir. Sempre ouvimos que não seríamos nada, acabariamos como duas prostitutas ou coisa pior. Que seríamos sempre mal sucedidas.
Com treze anos fui morar com meu primeiro marido, onde percebi que a maldade humana é realmente sem limites. Tive um relacionamento tóxico tanto da parte dele quanto da família dele, e não tinha apoio de ninguém da minha família.
Em um certo momento, percebi que eu teria de fazer algo por mim e pelos meus filhos, por que aquela vida não era boa e eu já não aguentava mais.
Então eu voltei a estudar, conclui meus estudos e me formei como auxiliar de enfermagem. Comecei a trabalhar e quando estava estável financeiramente, depois de 16 anos de sofrimento naquele relacionamento, pedi o divórcio.
No começo foi difícil, e muitas vezes pensava em desistir, mas me lembrava do que havia passado na minha infância e não queria aquilo prós meus filhos. Passei dois anos batendo cabeça, e finalmente conheci uma pessoa maravilhosa que sempre me apoiou e sempre me ajudou.
Hoje sou técnico de enfermagem, concursada em dois empregos, comprei minha casa e sou casada com meu atual marido a dez anos. Sou muito feliz e vivo muito bem com meu marido e meus filhos e aprendi que a mudança realmente depende da gente mesmo e a força está conosco.