Relatar esta história é viajar em um tempo em que escrever através de cartas, era mandar notícias e saber notícias dos entes queridos distantes, principalmente quando a saudade resolvia atormentar. Esta história a seguir, retrata o meio de comunicação muito usado da época, o ano era 1978.
Sou o filho caçula do casal Lídio e Glória, depois do falecimento do meu pai, em 1975 na cidade do Recife, minha mãe passou a morar em Arcoverde, cidade do sertão de Pernambuco na casa do meu avô Marcelino, onde com dificuldades cuidava dos cincos filhos, apesar de todos os problemas evitava que fossemos envolvidos neles, pois, nos compensava com muito amor e carinho, e assim vivíamos. Algum tempo mais tarde minha irmã mais velha, Leni, casa-se e vai morar em Maceió, estreitando para nós, definitivamente as idas e vindas entre as duas cidades, tudo ia bem demais,quando minha mãe adoece e é diagnosticada com câncer no fígado,se transferindo de vez para Maceió,em que fazia seu tratamento a base de quimioterapia.Nos momentos de lucidez ainda com força,conseguia escrever para seus irmãos que ficavaram em Arcoverde,pois sua saudade era constante!
Naquele período pouco se usava o telefone, até porque a chamada interurbana era muito cara, e não tínhamos condição financeira para se comunicar com os parentes a todo instante, como é feito hoje em dia com o uso do celular, as cartas era o meio de comunicação, mas apropriado, ou pelo os correios ou em mão, quando alguém vinha visita-la. Neste relato recordei de um carta escrita por minha mãe, para sua irmã Mércia, em que narrava,toda sua saudade e sua preocupação com todos seus sobrinhos filho dessa minha tia.Observamos a escrita de uma mão aparentemente trêmula,mas focada no que realmente gostaria de dizer.Perguntas de todos os tipos,principalmente,se a gestação dela estava indo bem,quando perguntava se já sabia se era homem ou mulher,caso fosse mulher o nome seria Perla,caso fosse...
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Relatar esta história é viajar em um tempo em que escrever através de cartas, era mandar notícias e saber notícias dos entes queridos distantes, principalmente quando a saudade resolvia atormentar. Esta história a seguir, retrata o meio de comunicação muito usado da época, o ano era 1978.
Sou o filho caçula do casal Lídio e Glória, depois do falecimento do meu pai, em 1975 na cidade do Recife, minha mãe passou a morar em Arcoverde, cidade do sertão de Pernambuco na casa do meu avô Marcelino, onde com dificuldades cuidava dos cincos filhos, apesar de todos os problemas evitava que fossemos envolvidos neles, pois, nos compensava com muito amor e carinho, e assim vivíamos. Algum tempo mais tarde minha irmã mais velha, Leni, casa-se e vai morar em Maceió, estreitando para nós, definitivamente as idas e vindas entre as duas cidades, tudo ia bem demais,quando minha mãe adoece e é diagnosticada com câncer no fígado,se transferindo de vez para Maceió,em que fazia seu tratamento a base de quimioterapia.Nos momentos de lucidez ainda com força,conseguia escrever para seus irmãos que ficavaram em Arcoverde,pois sua saudade era constante!
Naquele período pouco se usava o telefone, até porque a chamada interurbana era muito cara, e não tínhamos condição financeira para se comunicar com os parentes a todo instante, como é feito hoje em dia com o uso do celular, as cartas era o meio de comunicação, mas apropriado, ou pelo os correios ou em mão, quando alguém vinha visita-la. Neste relato recordei de um carta escrita por minha mãe, para sua irmã Mércia, em que narrava,toda sua saudade e sua preocupação com todos seus sobrinhos filho dessa minha tia.Observamos a escrita de uma mão aparentemente trêmula,mas focada no que realmente gostaria de dizer.Perguntas de todos os tipos,principalmente,se a gestação dela estava indo bem,quando perguntava se já sabia se era homem ou mulher,caso fosse mulher o nome seria Perla,caso fosse homem,seria Pablo,estava muito ansiosa a espera de um telegrama comunicando o nascimento da criança.
Através de sua narrativa avisava o seu estado de saúde, de suas dores, como também o seu desespero, onde diz: que só Deus lhe conforta. Pergunta mais uma vez como vão todos, fala que está com saudade do seu filho Lidinho que ficará em Arcoverde, e que está a sua espera no próximo sábado, pergunta também, por Zé Aldo, se está indo bem no trabalho e que continua rezando por ele. Lembra também meu tio Zezinho com tia Leu, onde comenta que estão bem e que seu filho Vicentinho, cada dia mais sabido. Enviando abraços para todos, entrando em seguida a outros assuntos.
Pedidos de favores eram feito, como o que ela pede para essa minha tia, mesmo sabendo que ela estava muito cansada, devido sua gravidez, que fosse à casa de Maria José, de Bosco, dizer que iria mandar o dinheiro do conjuntinho de roupa que ela encomendou, e gostaria que outros fossem feitos, desta vez, para tia Gracinha, que também estava preste a ter filho. Víamos sua precisão nos detalhes da sua escrita, realmente nada deixava por esquecer. Ela tinha um bom gosto bem apurado, nas cores que pedia das roupinhas, era incrível!Fazia questão em dizer que a encomenda era para ela e que Maria José podia confiar nela, mais não esquecesse os detalhes que ela queria, inclusive, os bordados, com uma certa urgência; quando estivesse pronto, escrevesse para ela dizendo quanto foi, e que não a explorasse, pois era freguesa.
A carta parecia mais um livro, era a oportunidade de saber das notícias com precisão, escrevia o que sentia e o que queria dizer, sem a preocupação de uma boa escrita ou correção ortográfica, isso era o de menos, o importante era passar a mensagem. Pedia novamente, que falasse com Zé Aldo para comprar o baú para as roupinhas do nenê, pois era para um presente que iria dar, de preferência envernizado, e que enviaria o dinheiro e não se preocupasse. Comentava na carta, que Nerinha minha irmã não tinha passado no vestibular, e se Deus quiser no próximo ela iria passar, já que a concorrência tinha sido grande e que ela não estudou devido à luta com a sua doença, claramente relatava a atenção a todos. Avisava que Lídio Antônio seu primeiro neto estava muito sabido,dizia que ele já estava batendo palminhas e conhecendo papai do céu, complementando, mandando lembranças a todos, principalmente a vovô e ao povo de Lídio meu pai na ipojuca,povoado que morou por um tempo,onde lá nasci.
Finalizando, pede que dê um recado a Marcelino José, querendo saber o que ele gostaria de ganhar no seu aniversário, pois, era um assunto dela com ele e mandaria o brinquedo pelo meu irmão Lidinho. Já cansada diz: “Bem, Mércia, já conversei muito a letra não está boa, a minha cabeça também. Beijos e um abração a todos, da mana que não esquece um minuto.”.
Assim, finalizo o relato de uma carta da minha mãe Glória para minha tia mércia,mostrando aqui a importância dos correios nesse 350 anos de sua criação,fazendo a felicidades do povo Brasileiro distribuído por esse imenso Brasil,com suas memórias,saudades e relatos de suas histórias.
Maceió, 07 de Junho de 2013.
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