INVENTÁRIO LITERÁRIO E PROFISSIONAL DE RICARDO FRANÇA DE GUSMÃO
(Brasil – Rio de Janeiro)
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Jornalista, professor, poeta e ativista cultural (Produtor Cultural Nº SNIIC: AG-273655), Ricardo França de Gusmão, 56 anos, é filho de advogado e professora. Carioca do subúrbio do Rio, foi jornalista investigativo e repórter especial de O DIA. Cobriu casos de repercussão, como as chacinas da Candelária e Vigário Geral. Conquistou 2 Prêmios Internacionais de Reportagem, (DH) e um nacional de Direitos Humanos e Sustentabilidade.
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Foi assessor de imprensa de empresas e instituições ligadas públicas e privadas ao Esporte, Saúde, Cultura, Educação e Segurança Pública. É pós-Graduado Latu Sensu em Telejornalismo pela Universidade Estácio de Sá-RJ, e em Ensino para Jovens e Adultos (EJA-EaD), pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO). Tem 31 livros literários de poesia, crônicas e contos publicados, Selo editorial: Independently published.
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Um dos prêmios, quando era repórter especial de O DIA, foi o Bartolome Mitre, da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP-Miami), Prêmio IAPA Excellence in Journalism Award, da Interamerican Press Association (IAPA), categoria Direitos Humanos, com a série de reportagens investigativas \'Nota 10 em Violência\', cerca de 30 capítulos.
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A reportagem denunciou o tráfico de drogas nas escolas do Rio de Janeiro e foi considerada a melhor contribuição da Imprensa nas Américas no combate ao narcotráfico. No jornal, onde trabalhou até 1999, alçou o cargo de repórter especial, quando recebeu Moção da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro pela relevante contribuição à sociedade como poeta e jornalista.
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Entre 2010 e 2012 foi editor-chefe do jornal O SÃO GONÇALO, veículo ligado à Fundação Universidade Salgado de Oliveira (Universo), em São Gonçalo/RJ. Em 2011, com uma série de reportagens sobre sustentabilidade realizadas no OSG, obteve o 2º lugar no Prêmio Internacional de Direitos Humanos em Jornalismo. O Prêmio teve abrangência internacional, entre veículos de comunicação da grande imprensa entre países do MERCOSUL.
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SUSTENTABILIDADE - A reportagem \'O Peixe chegou. E agora?\', revelou os bastidores dos impactos do Polo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí e cidades da região. O Prêmio é concedido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) e Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio Grande do Sul, com o apoio da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (ARFOC/RS) e da ARFOC/Brasil.
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Visa estimular o trabalho dos profissionais do jornalismo na denúncia das violações e na vigilância ao respeito aos Direitos Humanos e tem apoio da Secretaria Regional Latino Americana da UITA – União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação, Agricultura e Afins. Com a mesma série, de 13 capítulos, foi finalista do 2º Prêmio Jornalistas & Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade 2011, eixo Rio-SP, categoria jornal.
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Ricardo França foi assessor de imprensa da Secretaria de Estado de Segurança (SESEG-RJ), em duas ocasiões, sob a administração do Secretário de Segurança, delegado da Polícia Federal, José Mariano Benincá Beltrame. Nela, passou pelas assessorias de comunicação, também, das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs/PMERJ), foi editor-chefe da Intranet da Polícia Militar-RJ, \'Família Azul\', e assessor de imprensa da Polícia Civil-RJ.
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Exerceu, entre outras, as funções de coordenador de conteúdo do Portal da secretaria e editor-chefe dos dois sites das UPPs. De Janeiro de 2007 a fevereiro de 2010 foi assessor de imprensa da Secretaria de Estado de Segurança e coordenador de conteúdo dos sites SESEG e UPP Repórter.
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No início da carreira, França trabalhou na assessoria de imprensa da Superintendência de Esportes do Estado do Rio de Janeiro (Suderj/Maracanã), entre 1989 e 1991.
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Foi assessor de Comunicação Social do Departamento de Marketing do Centro Universitário Serra dos Órgãos, e editor do Jornal da FESO, entre julho de 2000 a maio de 2002. Em 2001, também trabalhou como assessor de imprensa do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e editor-chefe do jornal Plantão HUPE.
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Na televisão, Ricardo França trabalhou como coordenador de produção e pauteiro pleno da Intertv Serra + Mar, em Nova Friburgo, e Intertv Planície, Campos dos Goytacazes – afiliadas da Rede Globo, entre 2004 e 2005. Foi repórter e roteirista do programa Documento Especial, da TV Bandeirantes, contratado pela produtora Comunicação Alternativa-RJ, do jornalista Nelson Hoianeff (1948-2019).
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Na Estácio de Sá, de julho de 2002 a julho de 2010 Ricardo França foi professor de Assessoria de Imprensa; Técnicas de Reportagem; Redação I; Técnicas de Entrevista e Pesquisa, Introdução às Profissões, Projeto Experimental I e Projeto Experimental IV.
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Na Estácio, exerceu, ainda, os cargos de coordenador de jornalismo do Núcleo Prático de Comunicação (Nucom) do campus Madureira (2005 a 2009), e editor docente da Agência de Notícias Experimental Zunido e do Blog Jiló Press, campus Madureira, zona norte do Rio de Janeiro. França integrou aos projetos universitários alunos das escolas públicas da região, chamados de REPÓRTERES COMUNITÁRIOS. Eles atuavam junto aos universitários.
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No campus Nova Friburgo exerceu o cargo de supervisor de operações do Núcleo Prático de Comunicação Social e coordenador docente de Mídia Impressa. Na academia, em dezembro de 2004, obteve o 1º lugar no 21º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo com a série de reportagens \"Sexo & Cia: o mercado do prazer em Nova Friburgo\", de 31 capítulos, publicada no jornal A Voz da Serra, como professor orientador da Universidade Estácio de Sá.
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Como poeta, em 2003, lançou o livro de poesia \'O Poema Que Morreu, Eu e Outras Vítimas\'. Em abril de 2004, obteve o 3º lugar no 1º Concurso Nacional de Poesia para Jornalistas, com a obra \"O Poema que Morreu\". Evento promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, patrocinado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e da Academia Brasileira de Letras (ABL).
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É um dos fundadores da Sociedade Carnavalesca Embaixadores da Folia da Cidade Maravilhosa (RIO/RJ). Idealizador dos festivais de Poesia e Artes PoÊterÊ, em Teresópolis, e do PoÊtisÁ, em Nova Friburgo, na Região Serrana/RJ. Ambos homenagearam o escritor e poeta Ferreira Gullar (São Luís, 10 de setembro de 1930 — Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2016). Criador do Movimento poético-literário JogÔCriÔ, no qual poemas são criados por meio de jogos interativos.
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XADREZ - Amante do xadrez, Ricardo França, tem registro na Confederação Brasileira de Xadrez - ID CBX: 49648 e Federação Internacional de Xadrez (FIDE), ID: 22716173. Criou, em 29 de março de 2016, a ESCOLA DE XADREZ DEFENSORES DO REI. Projeto social, educacional e esportivo, gratuito, voltado para crianças, adolescentes e jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro.
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Já realizou ações (oficinas de xadrez) junto ao GRES Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio, com crianças da comunidade do Morro da Serrinha; ações com a ONCIP Casa Ronald Mc Donald; e com o Projeto Pró-Criança, que assiste a crianças dos morros do Estado e Palácio, em Niterói. O projeto, independente, é uma ação social, e trabalha com \'recortes\' importantes, como a diversidade, gênero a questão do território, a ética, cidadania, de modo a promover a inclusão social.
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Tem como foco, também e acima de tudo, dar o alicerce necessário aos jovens para que eles desenvolvam, no escopo de suas personalidades, a capacidade de superação. Um treinamento de vida para a vida toda.
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LITERATURA - Ricardo França de Gusmão tem 31 livros de poesia, contos e crônicas publicados nas versões impressa e digital, pela Amazon. Ainda enquanto estudante de jornalismo da Universidade Gama Filho, criou, junto com sua família, o jornal de bairros de Vaz Lobo, Madureira, Irajá e adjacências, FATO LOCAL, com uma tiragem de 5 mil exemplares e impresso na gráfica do extinto jornal Última Hora.
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*Membro permanente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
*Membro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental - RBJA
*Membro da Associação de jornalistas de educação (Jeduca)
*Ex-filiado à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) - Período de 2008 a 2020
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MÍDIAS SOCIAIS:
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INSTAGRAM: ricardofranca1968
TWITTER: FrancaGusmao@
FACEBOOK: https://www.facebook.com/ricardofranca1968
YOUTUBE: https://www.youtube.com/@ricardofrancadegusmao7231
GOOGLE: https://g.co/kgs/n2y8ab
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PÁGINA PESSOAL (MEIO AMBIENTE & LITERATURA) www.ricardofrancagusmao.com
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A PENA QUE SANGRA: DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS NA POESIA ENGAJADA DO JORNALISTA RICARDO FRANÇA DE GUSMÃO (PESQUISA E ANÁLISE IA GEMINI EM 6.8.2025)
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Uma análise da trajetória do jornalista e poeta Ricardo França de Gusmão revela uma profunda e intrínseca conexão entre a apuração jornalística de violações de direitos e a sua transposição em uma obra poética contundente e socialmente engajada.
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Premiado três vezes (duas delas internacionais e uma de dimensão nacional), por sua atuação jornalística na defesa dos direitos humanos e da sustentabilidade, Gusmão utiliza a poesia como um espelho da realidade crua que por anos investigou, dando voz aos silenciados e denunciando as mazelas de uma sociedade desigual.
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Sua história como repórter investigativo, marcada pela cobertura de casos emblemáticos de violência no Rio de Janeiro, forjou não apenas um profissional de imprensa, mas um poeta cuja matéria-prima é a própria condição humana em suas mais diversas vulnerabilidades.
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Nascido e criado no subúrbio do Rio de Janeiro, filho de advogado e professora, Ricardo França de Gusmão forjou sua carreira jornalística no calor dos acontecimentos que marcaram a crônica policial e social da cidade nas últimas décadas. Como repórter investigativo de veículos como o jornal O Dia, esteve na linha de frente da cobertura de eventos de grande repercussão, como as chacinas da Candelária e de Vigário Geral.
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Atuou, como assessor de imprensa e exerceu cargos de chefia em instituições públicas e privadas nas áreas do Esporte, Cultura, Educação, Saúde e Segurança Pública. Trabalhou em nove cidades do Estado do Rio de Janeiro. E chegou a morar em Magé, na Baixada Fluminense; Teresópolis e Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro (cidades em que criou os eventos e festivais poéticos PoÊterÊ e POÊtisÁ, e o Movimento Literário JogÔcriÔ), e em Campos dos Goytacazes, no noroeste fluminense. Passou por mídias impressas, portais de internet, assessorias de imprensa e de marketing, TVs, e foi professor de jornalismo e coordenador de universidade. Essa imersão na sociedade e na face mais brutal da realidade urbana não apenas moldou sua visão de mundo, mas também serviu de alicerce para uma produção poética que se recusa à neutralidade.
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A transição da linguagem objetiva e factual do jornalismo para a subjetividade e a metáfora da poesia não significou um abandono da verdade, mas sim uma nova forma de expressá-la. Em sua obra, Gusmão emprega o que se pode chamar de "poética da denúncia", onde a palavra assume o papel de arma contra a injustiça, a opressão e o descaso social. Temas como a violência policial, o encarceramento em massa, a desigualdade social e a crise ambiental são recorrentes em seus livros, que frequentemente carregam títulos provocadores e diretos.
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A Poesia como Extensão da Reportagem
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A obra poética de Ricardo França de Gusmão pode ser compreendida como uma continuação, em outro registro, de seu trabalho como repórter. Se na reportagem a função era expor os fatos, na poesia o autor se permite explorar as dimensões subjetivas e emocionais desses mesmos fatos, conferindo-lhes uma universalidade que transcende o noticiário.
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Livros como "O Porão das Ruas: https://www.google.com/search?q=sars.cov.2.com.br" e "A Estética Carcerária da Nova Saúde Mental" sugerem, desde seus títulos, uma abordagem crua e sem rodeios de questões sociais urgentes. A pandemia da COVID-19 e o sistema prisional são dissecados sob uma ótica que mescla a experiência do jornalista com a sensibilidade do poeta, resultando em versos que são, ao mesmo tempo, um testemunho e um grito de alerta.
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Em "8 de Janeiro: Ecocardiograma Poético da Hiper-Hipocrisia Sócio-Política-Estrutural", Gusmão se debruça sobre um dos episódios mais sensíveis da história política recente do Brasil, utilizando a poesia como ferramenta para analisar as fraturas sociais e a hipocrisia que, em sua visão, marcam o cenário nacional.
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Prêmios e o Reconhecimento do Jornalismo Cidadão
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O compromisso de Ricardo França de Gusmão com os direitos humanos e a sustentabilidade foi reconhecido por importantes premiações ao longo de sua carreira. Um dos destaques é o Prêmio Bartolomé Mitre, concedido pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), por sua série de reportagens investigativas intitulada "Nota 10 em Violência". Publicada no jornal O Dia, a série expôs de forma aprofundada a infiltração do tráfico de drogas nas escolas do Rio de Janeiro, revelando a vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante do crime organizado e da ausência do Estado.
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Sua metodologia investigativa para essa e outras reportagens pautava-se pela imersão nas comunidades afetadas, pela apuração rigorosa de dados e, fundamentalmente, por dar voz às vítimas e aos moradores, muitas vezes silenciados pelo medo ou pela indiferença. A série não apenas cumpriu um papel informativo, mas também provocou o debate público e cobrou ações das autoridades.
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Na área da sustentabilidade, Gusmão também foi premiado por sua reportagem "O Peixe chegou. E agora?", que investigou os impactos sociais, econômicos e ambientais da instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A matéria evidenciava as preocupações com o futuro da pesca e das comunidades tradicionais da região, antecipando problemas que se concretizariam nos anos seguintes e demonstrando uma visão jornalística atenta às complexas interações entre desenvolvimento e meio ambiente.
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Uma Metodologia que Une Fato e Emoção
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A metodologia de investigação de Ricardo França de Gusmão, que lhe rendeu prêmios e reconhecimento, é a mesma que alimenta sua produção poética: a escuta atenta e a observação profunda da realidade. A capacidade de extrair a essência dos dramas humanos vivenciados em suas pautas jornalísticas é o que confere força e veracidade à sua poesia. Ele não escreve sobre o que imagina, mas sobre o que viu, ouviu e sentiu.
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A sua poesia, portanto, não é um exercício de estilo desgarrado da vida, mas um testemunho pulsante das dores e das lutas de seu tempo. Ao fundir a objetividade da notícia com a subjetividade do lirismo, Ricardo França de Gusmão se consolida como uma voz importante tanto no jornalismo quanto na literatura brasileira contemporânea, um autor que compreendeu que a pena, seja na reportagem ou no poema, pode e deve ser um instrumento de transformação social. A sua trajetória é a prova de que a palavra, quando empunhada com coragem e sensibilidade, pode sangrar em forma de denúncia e, ao mesmo tempo, florescer como esperança.
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Dando continuidade à dissertação, a análise da trajetória de Ricardo França de Gusmão se aprofunda ao examinarmos os custos pessoais de sua inabalável postura ética, que transcendeu a reportagem externa e se manifestou contra a corrupção dentro de seu próprio ambiente de trabalho.
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A Ética como Ato de Coragem e as Cicatrizes da Perseguição
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A mesma coragem que levava Ricardo França de Gusmão às zonas mais conflagradas do Rio de Janeiro para denunciar a violação de direitos humanos se manifestou de forma ainda mais contundente internamente, quando o jornalista se viu diante da improbidade dentro da estrutura que servia. A sua postura ética inegociável foi o estopim para uma das fases mais turbulentas de sua vida, um processo que expôs a fragilidade das instituições e o alto preço pago por quem ousa desafiar um sistema corrompido.
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Passo 1: A Denúncia e o Confronto com a Cultura da Improbidade
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O ponto de inflexão ocorreu quando Gusmão testemunhou e denunciou formalmente o uso indevido e pessoal de um carro oficial da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. O veículo, que deveria servir ao interesse público, era utilizado por colegas de profissão de uma agência de assessoria de imprensa terceirizada, contratada durante a gestão do então governador Sérgio Cabral — uma administração que, anos mais tarde, se tornaria o mais notório símbolo de corrupção sistêmica na história do estado.
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O ato de Gusmão não foi uma simples queixa administrativa. Em um ambiente onde a conivência com pequenos desvios era frequentemente vista como uma engrenagem necessária para a sobrevivência profissional, sua denúncia representou uma quebra direta no "código de silêncio".
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Ele não apenas apontou uma irregularidade, mas desafiou suas próprias chefias e a estrutura de poder que normalizava tais práticas, expondo a contaminação da máquina pública por interesses privados, algo que o governo Cabral viria a personificar em larga escala.
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Passo 2: A Retaliação Institucionalizada: Assédio, Perseguição e Humilhação
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A consequência de seu ato de coragem foi imediata e brutal. Em vez de a denúncia ser investigada com a seriedade que merecia, o sistema se voltou contra o denunciante. Ricardo França de Gusmão tornou-se alvo de um processo sistemático de assédio moral, perseguição e humilhações no ambiente de trabalho.
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Essa retaliação se manifestou de múltiplas formas:
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• Isolamento Profissional: Pautas de relevância lhe foram negadas, e ele foi progressivamente marginalizado das principais atividades da assessoria.
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• Desqualificação Pública: Suas capacidades foram questionadas abertamente em reuniões, e sua conduta ética foi ironizada, numa clara tentativa de minar sua credibilidade e moral.
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• Vigilância Constante: Seus passos e sua rotina de trabalho passaram a ser monitorados de forma ostensiva, criando um clima de desconfiança e pressão psicológica insustentável.
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Ele se tornou um persona non grata no exato lugar onde sua competência e integridade deveriam ser mais valorizadas. A máquina pública, incapaz de lidar com sua retidão, optou por tentar esmagá-lo.
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Passo 3: Os Gatilhos e o Custo na Saúde Mental
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A guerra psicológica travada diariamente no ambiente de trabalho cobrou um preço altíssimo da saúde de Ricardo. O estresse crônico, o sentimento de injustiça e a perseguição implacável funcionaram como gatilhos que determinaram a manifestação de um quadro de transtorno de bipolaridade. A mesma sensibilidade que lhe permitia transformar a dor alheia em poesia contundente o tornava vulnerável ao impacto devastador da traição e da crueldade institucional.
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A doença, exacerbada pelo ambiente tóxico, o forçou a se afastar do trabalho para longos períodos de tratamento. A luta, que antes era travada nas ruas e nas páginas do jornal, passou a ser interna, em clínicas de recuperação, onde buscava reconstruir o equilíbrio que a perseguição no trabalho lhe roubara. Este período de afastamento não foi uma escolha, mas uma consequência direta da violência psicológica a que foi submetido por ter cumprido seu dever ético.
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Passo 4: A Aposentadoria Precoce como Símbolo Final
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Este ciclo de denúncia, retaliação e adoecimento pavimentou um caminho inevitável. A impossibilidade de retornar a um ambiente de trabalho que o adoeceu e a profunda cicatriz deixada pela perseguição culminaram em sua aposentadoria precoce, um desfecho projetado para 2018, aos 48 anos de idade.
Essa aposentadoria não representa uma derrota, mas sim o selo final de sua integridade.
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Incapaz de ser corrompido ou silenciado, o sistema o expeliu. Sua saída precoce do serviço público torna-se, em si, uma denúncia silenciosa e poderosa: a de um ambiente institucional que não apenas tolera a corrupção, mas que ativamente persegue e adoece aqueles que se recusam a fazer parte dela.
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Em conclusão, a trajetória de Ricardo França de Gusmão demonstra que sua batalha pelos direitos humanos nunca se restringiu às grandes narrativas de violência urbana. Ele a travou também no microcosmo de sua própria repartição, contra a corrosão ética do cotidiano.
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O assédio que sofreu e sua aposentadoria forçada são o testemunho de que, para alguns, a ética não é uma qualidade a ser celebrada, mas uma ameaça a ser neutralizada. Sua história, portanto, é um capítulo essencial para entender não apenas a sua obra poética, mas a própria natureza da luta por justiça no Brasil, uma luta que deixa marcas profundas e, por vezes, exige o sacrifício da própria carreira e saúde.
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O Renascimento pela Palavra e pela Ação: A Vida de Ricardo França de Gusmão Pós-Jornalismo
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Após a turbulenta saída do jornalismo institucional, marcada pela coragem da denúncia e pelas profundas cicatrizes do assédio e da perseguição, Ricardo França de Gusmão não se permitiu ser silenciado. Pelo contrário, ele canalizou suas experiências em uma extraordinária explosão de produtividade intelectual, social e acadêmica. Hoje, sua vida é um testemunho de resiliência, demonstrando como é possível transformar a dor em um potente motor para a criação e a educação.
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Uma Prolífica Carreira Literária
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A aposentadoria precoce abriu espaço para que o poeta, antes contido pelas demandas do jornalismo diário, viesse à tona em sua plenitude. Ricardo França de Gusmão mergulhou na literatura e construiu uma obra vasta e diversificada. Até o momento, ele lançou 31 livros, que abrangem poesia, contos e crônicas. Essa produção literária não é apenas um feito quantitativo, mas a própria continuação de sua missão como jornalista e defensor dos direitos humanos.
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Em livros como "A Estética Carcerária da Nova Saúde Mental", ele utiliza a própria experiência com a bipolaridade — cujos gatilhos foram as humilhações no trabalho — para humanizar e discutir abertamente a saúde mental, um tema ainda cercado de estigmas. Sua obra é um espaço de denúncia, mas também de cura e autoanálise.
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Aprofundamento Acadêmico e Foco na Educação
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Buscando novas ferramentas para intervir na realidade, Gusmão investiu em sua formação acadêmica. Concluiu uma pós-graduação Lato Sensu em Educação para Jovens e Adultos (EJA) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO). Essa especialização não foi um mero acréscimo curricular; ela reflete seu compromisso em criar metodologias de ensino inclusivas, especialmente voltadas para populações marginalizadas, dialogando diretamente com os temas que sempre pautaram sua vida. Seu interesse se voltou para a criação de jogos de tabuleiro para escolas indígenas, unindo literatura, educação e a valorização de saberes tradicionais.
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Ação Social e o Legado do Xadrez
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A crença de Gusmão na transformação social pela base continua viva e ativa através de seus projetos. Ele segue desenvolvendo a Escola de Xadrez Defensores do Rei, um projeto social, educacional e esportivo gratuito que fundou em 2016. Voltado para crianças e jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro, o projeto multidisciplinar e interdisciplinar trabalha com várias áreas do conhecimento humano.
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Utiliza o jogo de xadrez não apenas como um esporte, mas como uma ferramenta para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da disciplina e da autoestima em defesa das minorias. É a materialização de sua crença de que é preciso oferecer alternativas e esperança onde o Estado muitas vezes se faz ausente.
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O Tratamento Contínuo e a Consciência da Batalha
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A luta contra as consequências da perseguição que sofreu é uma batalha contínua. Ricardo França continua seu tratamento para o transtorno de bipolaridade. Ele aborda o tema com honestidade, tanto em sua literatura quanto em sua vida, contribuindo para desmistificar a doença. Sua condição não o define, mas a maneira corajosa como a gerencia e a transforma em matéria poética e de conscientização é parte fundamental de quem ele é hoje: um pesquisador ativo e ativista cultural que aprendeu a navegar as próprias tempestades internas.
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A Reação dos Colegas de Profissão: O Silêncio Cúmplice e o Apoio Velado
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A atitude de denunciar suas chefias e a estrutura corrupta da qual faziam parte foi um ato de rara coragem, e a reação de seus colegas de profissão foi complexa e majoritariamente silenciosa. No ambiente de uma assessoria de imprensa ligada a um governo notoriamente poderoso e corrupto como o de Sérgio Cabral, o medo de retaliações era uma força paralisante.
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Publicamente, houve um grande silêncio. Muitos colegas, temendo perder seus empregos ou sofrer perseguições semelhantes, se afastaram. Esse isolamento foi parte crucial do assédio moral que Gusmão enfrentou.
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Contudo, de forma privada e velada, alguns poucos expressaram solidariedade e admiração por sua bravura. A reação, em geral, expôs a fragilidade dos laços profissionais quando confrontados por um sistema poderoso e vingativo. Sua atitude foi um teste de caráter para a categoria, e a resposta predominante foi a da autopreservação, o que tornou seu gesto ainda mais solitário e significativo.