Sou Juscelino de Jesus, sou da Bahia. E nasci em uma cidade que se chamava Ipecaetá da Bahia. Fui criado na roça com os animais, montando nos animais, cuidando do gado, ensinando os gados a andar de tudo.
Eu fui trabalhar na fazenda com 12 anos de idade, sou de Ipecaetá e trabalhava em uma fazenda que se chamava Fazenda do Doutor Soares. Aí eu passei a vida toda só montando em animal, cuidando dos bezerros nas cocheiras, dando ração, dando banho, colocando cada qual na sua marca. Os bezerros eram todos registrados e cada qual tinha o seu nome. O boi e vaca também, cada um tinha um nome.
Eu tive que cuidar desses animais. Cortava capim, ligava o motor com gerador de energia elétrica, pegava o boi, colocava na carroça, ia cortar o capim, colocava no motor para moer, para depois dar ração para o gado. Soja, farinha de trigo, água para eles beberem, botava eles para dormirem no tapete, o estrume deles eu tinha que puxar tudinho para limpar tudinho. E depois, às cinco horas da tarde, eu levava os bezerros para dar banho, para depois levá-los para os seus setores.
Terminado o tempo, eu falei assim: “Ih, não tem nada para comer. Comer sem mistura não vou, né?” Aí peguei o anzol, fui para o tanque com água bem escura, água doce cheia de tilápia, que na Bahia se chama corró. Eu falei assim: “Tenho que pegar uns peixes para comer.” Peguei o anzol, coloquei a vara no anzol e fui pescar.
Fiquei na beirada do barranco pescando. Daí a pouco aquela terra desabou, desabou comigo. Do jeito que eu estava com a roupa, eu desci na água e falei: “Me valha minha Nossa Senhora!” Não tinha ninguém para me socorrer, pra eu pedir socorro. Comecei a bater os pés e os braços, a subir, subir e, graças a Deus, não me aconteceu nada.
Cheguei em casa e minha mãe falou: “Você pegou alguma coisa?”, falei: “Mãe, peguei um pouco. Não peguei mais porque quase que eu ia morrer na água, me afundei na...
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Sou Juscelino de Jesus, sou da Bahia. E nasci em uma cidade que se chamava Ipecaetá da Bahia. Fui criado na roça com os animais, montando nos animais, cuidando do gado, ensinando os gados a andar de tudo.
Eu fui trabalhar na fazenda com 12 anos de idade, sou de Ipecaetá e trabalhava em uma fazenda que se chamava Fazenda do Doutor Soares. Aí eu passei a vida toda só montando em animal, cuidando dos bezerros nas cocheiras, dando ração, dando banho, colocando cada qual na sua marca. Os bezerros eram todos registrados e cada qual tinha o seu nome. O boi e vaca também, cada um tinha um nome.
Eu tive que cuidar desses animais. Cortava capim, ligava o motor com gerador de energia elétrica, pegava o boi, colocava na carroça, ia cortar o capim, colocava no motor para moer, para depois dar ração para o gado. Soja, farinha de trigo, água para eles beberem, botava eles para dormirem no tapete, o estrume deles eu tinha que puxar tudinho para limpar tudinho. E depois, às cinco horas da tarde, eu levava os bezerros para dar banho, para depois levá-los para os seus setores.
Terminado o tempo, eu falei assim: “Ih, não tem nada para comer. Comer sem mistura não vou, né?” Aí peguei o anzol, fui para o tanque com água bem escura, água doce cheia de tilápia, que na Bahia se chama corró. Eu falei assim: “Tenho que pegar uns peixes para comer.” Peguei o anzol, coloquei a vara no anzol e fui pescar.
Fiquei na beirada do barranco pescando. Daí a pouco aquela terra desabou, desabou comigo. Do jeito que eu estava com a roupa, eu desci na água e falei: “Me valha minha Nossa Senhora!” Não tinha ninguém para me socorrer, pra eu pedir socorro. Comecei a bater os pés e os braços, a subir, subir e, graças a Deus, não me aconteceu nada.
Cheguei em casa e minha mãe falou: “Você pegou alguma coisa?”, falei: “Mãe, peguei um pouco. Não peguei mais porque quase que eu ia morrer na água, me afundei na água.” Ela perguntou: “O que aconteceu?”, respondi: “Mãe, eu falei ‘me valha minha Nossa Senhora’ e consegui subir e sair do poço.” E só fui embora. O pouco que eu peguei, dividiria para todo mundo em casa e minha mãe faria a comida. Todo mundo comeu, passou a fome (até porque a mistura da gente era essa mesmo) e graças a Deus ficou todo mundo em paz.
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