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Por: Museu da Pessoa,

É só uma questão de oportunidade

Esta história contém:

Foi muito complicado ir para o orfanato, bem frustrante. Eu tinha nove anos. Chegou o Conselho Tutelar e levou a gente. Quando cheguei no orfanato, eu pensei que ia ser como se fosse Chiquititas, a criança tem toda a imaginação. Depois a gente viu que era bem diferente. A partir do momento que você tira a criança dos pais, você tem que dar uma atenção maior para elas, precisam de um tratamento psicológico, mas por conta desse depósito – eu considero como se fosse um depósito, porque tinha muita criança –, você não conseguia dar a atenção necessária para cada uma. Quando eu cheguei era uma coisa um pouco sinistra. Depois com mudança de diretoria, com ECA, eles foram deixando as crianças terem mais influência. Acredito que, por conta da demanda de muitas crianças, não tinha condições financeiras também para poder ter toda aquela estrutura.

Foi bem complicado esse reencontro com a minha mãe. Mas eu acredito que o perdão é libertador. Agora eu sei que minha mãe tem um défice, eu consigo entender os motivos dela. Ela tem agora uns cinquenta e sete anos, mas a mentalidade de uma criança de dez anos. Antes da gente querer julgar, temos que ir atrás do que ela tem, então agora eu entendo tudo e a gente se perdoou. Eu ajudo ela, porque eu sou uma mediadora social, ajudo a comunidade, e eu ajudo a minha mãe também.

Eu lembro até hoje o nome da professora, o nome dela era Djanira e ela ensinava muito. Eu tinha um carinho enorme por ela. Por conta da minha mãe ser um pouco ausente, eu conversava bastante com ela, e ela me ajudava bastante também. Ela perguntava, toda segunda feira ela perguntava como tinha sido o nosso final de semana. Ela dava uma atenção maior para cada aluno. Essa atividade marcava muito pra mim, porque eu acho que precisava daquela pessoa para conversar, para poder desabafar e eu tinha isso nela, tinha esse carinho por ela.

Eu tinha um sonho de ter uma festa de quinze anos e tinha uma colaboradora...

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Dados de acervo

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P/1 - Primeiro bom dia, e queria agradecer muito a sua presença, a sua disponibilidade para essa entrevista, a ida até o Museu. E para gente começar, eu queria que você se apresentasse falando o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.

R - Olá, bom dia. Muito obrigada, é um prazer estar participando dessa entrevista. Meu nome é Ana Carolina de Andrade, eu nasci em Guarulhos e minha data de nascimento é dia seis do três de 1990.

P/1 - E você pode me dizer o nome dos seus pais?

R - Sim. O nome da minha mãe é Nair de Fátima Andrade e meu pai eu não conheço.

P/1 - E você falou o nome da sua mãe... E qual é a origem da sua família?

R - Então, a minha mãe nasceu em Goiânia. Só que ela veio para cá nova. Uma família trouxe ela para São Paulo, é uma família que ela considera como a família dela, mas eles trouxeram ela de lá para poder trabalhar para ela, na época.

Aí ela veio de Goiás para cá com essa família e trabalhava na casa dessa família?

Isto.

[00:01:24] E ela chegou a te contar sobre a história dela antes dessa vinda pra cá, da vida em Goiás? [00:01:30][6.1]

[00:01:32] Não, não, nunca soube. Só soube dessa família. A história dela eu só sei daqui em diante, quando ela veio pra cá em diante. Mas na época de lá ela só falava que ela trabalhava na roça e teve a oportunidade de vir para São Paulo, só. [00:01:52][19.7]

[00:01:52] Entendi e ela veio morar em São Paulo... Em qual bairro que morava essa família? [00:02:00][7.7]

[00:02:03] No Cachoeira, é na zona norte, no extremo norte. [00:02:03][0.6]

[00:02:07] E você tem irmãos, Ana? [00:02:08][1.9]

[00:02:10] Tenho sim, tenho mais três. [00:02:11][1.6]

[00:02:14] É nessa escadinha, você está em qual lugar? [00:02:16][2.6]

[00:02:17] Eu sou a mais velha. [00:02:18][1.2]

[00:02:21] Você pode falar um pouco o nome deles e como era essa relação com eles na infância? [00:02:26][4.4]

[00:02:27] Sim. O mais novo é o Paulo, o nome dele é Paulo...

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