P/1 – Marcelo, bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Eu gostaria de começar a entrevista, pedindo para que você nos diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Marcelo Pasqua Barros, sou nascido aqui no Rio de Janeiro e a minha data de nascimento é 24 de novembro de 1967.
P/1 – Próximo ao aniversário.
R – Bem próximo ao meu aniversário.
P/1 – Marcelo, você cresceu aqui no Rio?
R – Foi, eu sou nascido e criado aqui no Rio de janeiro.
P/1 – Que bairro?
R – Sou nascido e criado em Vila Isabel.
P/1 – Quais são assim as lembranças que você tem assim, da sua infância em Vila Isabel?
R – Assim, são muitas, fora que a gente morava quando eu era pequeno, numa vila e a gente morava na segunda casa, a primeira casa era a casa dos meus avós, então foi uma infância muito participativa tanto dos meus pais quanto dos meus avós, quer dizer, hoje já falecidos, mas a saudade é muito forte. Eu saía direto com o meu avô, eu era muito apegado ao meu avô, de certa forma, a gente sente um pouco de saudades. Mas uma infância normal, com… soltava pipa, jogava bola na rua, eu acho que foi uma infância completa, eu acho que eu não…
P/1 – Família muito unida.
R – Muito unida.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho dois irmãos.
P/1 – Mais novos, mais velhos?
R – Não, eu sou o mais velho, tem o Mauricio, que é o meu irmão do meio, tem minha irmã, temporãozinho, que é a Michele, que é o nosso xodó, né, a gente sempre quis ter uma irmã, meu pai sempre quis ter uma filha e depois de 15 anos, veio a Michele, acho que pra celebrar, para complementar a nossa família. Vai casar agora, ano que vem, no inicio do ano…
P/1 – Mimadíssima, né?
R – Mimadíssima! Meus pais que estão um pouco apreensivos, porque eu já sou casado, meu irmão também, então ela morava com os meus...
Continuar leituraP/1 – Marcelo, bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Eu gostaria de começar a entrevista, pedindo para que você nos diga o seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Marcelo Pasqua Barros, sou nascido aqui no Rio de Janeiro e a minha data de nascimento é 24 de novembro de 1967.
P/1 – Próximo ao aniversário.
R – Bem próximo ao meu aniversário.
P/1 – Marcelo, você cresceu aqui no Rio?
R – Foi, eu sou nascido e criado aqui no Rio de janeiro.
P/1 – Que bairro?
R – Sou nascido e criado em Vila Isabel.
P/1 – Quais são assim as lembranças que você tem assim, da sua infância em Vila Isabel?
R – Assim, são muitas, fora que a gente morava quando eu era pequeno, numa vila e a gente morava na segunda casa, a primeira casa era a casa dos meus avós, então foi uma infância muito participativa tanto dos meus pais quanto dos meus avós, quer dizer, hoje já falecidos, mas a saudade é muito forte. Eu saía direto com o meu avô, eu era muito apegado ao meu avô, de certa forma, a gente sente um pouco de saudades. Mas uma infância normal, com… soltava pipa, jogava bola na rua, eu acho que foi uma infância completa, eu acho que eu não…
P/1 – Família muito unida.
R – Muito unida.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho dois irmãos.
P/1 – Mais novos, mais velhos?
R – Não, eu sou o mais velho, tem o Mauricio, que é o meu irmão do meio, tem minha irmã, temporãozinho, que é a Michele, que é o nosso xodó, né, a gente sempre quis ter uma irmã, meu pai sempre quis ter uma filha e depois de 15 anos, veio a Michele, acho que pra celebrar, para complementar a nossa família. Vai casar agora, ano que vem, no inicio do ano…
P/1 – Mimadíssima, né?
R – Mimadíssima! Meus pais que estão um pouco apreensivos, porque eu já sou casado, meu irmão também, então ela morava com os meus pais… mora com os meus pais, quer dizer, vai morar até janeiro. Então, a minha mãe tá um pouco assim, nervosa, porque agora, vai ficar sozinha com o meu pai.
P/1 – Primeira vez?
R – Primeira vez. Então, a gente sente que de vez em quando, ela se recolhe no cantinho e chora de vez em quando, acho que é normal, né? Como a gente mora próximo, a gente…
P/1 – Vai estar sempre ali.
R – A gente disse pra ela: “Mãe, pode ficar tranquila, que a gente vai estar sempre perto”. No inicio, a gente sabe que é normal esse desapego, mas vai dar tudo certo. Se Deus quiser.
P/1 – Você estudou ali, na Vila Isabel também?
R – Estudei em Vila Isabel, em um colégio de freiras, que hoje não existe mais…
P/1 – Lembra o nome?
R – Colégio chamado Educandário Sagrada Família. Acho que, graças a Deus, a educação que eu tenho hoje, eu devo as essas irmãs. Eu estudei lá quase oito anos, então é praticamente, a minha segunda casa foi ali com as irmãs. Hoje, se eu sou uma pessoa integra, religioso, como eu sou hoje, acho que eu devo muito a essa minha formação no colégio das irmãs. Meus irmãos também estudaram.
P/1 – Me conta como foi a sua formação.
R – Saindo do colégio das irmãs, eu fui para o CEFET, fiz curso técnico em Mecânica, depois voltei para fazer um curso técnico em Segurança do Trabalho, depois, retornei para fazer um curso tecnólogo em Segurança do Trabalho. Então, basicamente, minha vida foi ali dentro do CEFET, conheci muitos amigos também, minha vida se baseia muito nisso também.
P/1 – Qual foi o seu primeiro emprego?
R – Meu primeiro emprego foi no Grupo Gergau, antiga Cosipa, né, hoje, Grupo Gerdau.
P/1 – Me conta um pouco como que você chegou nos Correios.
R – É que o meu pai, ele trabalhou 48 anos nos Correios, então tenho um laço muito grande com os Correios, então praticamente cresci dentro dos Correios, eu lembro que com cinco anos de idade, eu ia, às vezes, trabalhar com o meu pai, então…
P/1 – Me diga o nome do seu pai.
R – Meu pai é Milton Vieira Barros. Trabalhou na empresa durante 48 anos e eu devo muito aos Correios por conta disso, acho que eu e os meus irmãos estudamos em colégios bons, colégios particulares, porque os Correios puxou isso tudo. Então, hoje eu tô nessa empresa e devo muito a ela.
P/1 – Seu pai trabalhou em que setor dos Correios?
R – Meu pai trabalhava na parte técnica dos Correios, trabalhou sempre no mesmo setor, 48 anos de Correios, trabalhou sempre na mesma área, a área técnica.
P/1 – E ai, você entrou para os Correios em que ano?
R – Eu fiz o concurso em 97. De lá pra cá, eu venho desenvolvendo o meu trabalho, hoje eu sou supervisor…
P/1 – Está há 15 anos já também que você…
R – Vou fazer 16 anos nos Correios, agora em fevereiro.
P/1 – E você sempre trabalhou nessa área de Segurança do Trabalho?
R – Não, não, não. Eu trabalhei 14 anos na rede postal noturna. Muitas pessoas acham que Correios é basicamente carteiro, pessoal: “O Correio é o carteiro”, não, Correios funciona 24 horas, então, quando as pessoas estão dormindo, a gente tá trabalhando também, fazendo com que as encomendas e as cartas saiam do Rio de Janeiro e vão para outros estados, outros países. Então, eu trabalhei no aeroporto, na rede postal noturna durante 14 anos.
P/1 – Me conta um pouquinho desse trabalho noturno, como é que funciona, pra gente que tá vendo que não faz nem ideia, né?
R – É basicamente, todo fluxo do Rio de Janeiro, as encomendas saem das agências, vão para o Centro de Triagem, é feita a separação e ela vai para o Galeão, onde é a base da rede postal noturna, tem a parte internacional e a parte nacional. Eu trabalhei na parte nacional, com tudo aquilo que sai do Rio de Janeiro, basicamente, passa pelo aeroporto Galeão e lá é feita uma triagem por estados e encaminhada para as aeronaves, para seguir o seu destino.
P/1 – Nesses anos, você acha que o volume de cartas e encomendas cresceu ou não?
R – Cresceu muito, cresceu muito!
P/1 – Mesmo com a internet?
R – Mesmo com a internet, cresceu muito, cartas, encomendas… acho que isso não diminuiu não.
P/1 – Você ficou nessa área por quanto tempo?
R – Catorze anos. Estou na área de Segurança do Trabalho há um ano e meio, um ano e oito meses.
P/1 – O quê que mudou no seu emprego?
R – Ah, mudou muito, porque agora, eu tô desenvolvendo aquilo que cabe a minha formação, quer dizer, eu sou formado na área de Segurança do Trabalho, então, o tempo todo, eu vinha respirando segurança do trabalho e agora, eu tô podendo atuar, podendo dar uma parcela a mais para a empresa.
P/1 – Você pode contar um pouco como é esse trabalho, na prática?
R – Na prática, funciona… deveria funcionar, pelo menos, no sentido da prevenção, a gente não quer que o acidente aconteça, a gente tenta prevenir, para que o acidente não aconteça. Mas a gente sabe que imprevistos acontecem, então, o nosso papel é vistoriar, a gente faz uma avaliação de todas as unidades dos Correios, com relação à parte de iluminação, à parte de ruídos, quer dizer, a gente tenta fazer um levantamento das não conformidades das agências, para que a gente possa passar isso para as gerencias responsáveis, para que isso possa ser solucionado.
P/1 – E quais são assim, os maiores problemas que costumam aparecer assim, nessa área?
R – Olha, basicamente é em relação à ergonomia, quer dizer, funcionário não… não digo nem que ele não seja treinado, ele entra treinado, mas é difícil, porque é aquilo: treino é treino, jogo é jogo, então, na hora o funcionário acaba esquecendo que ele teve aquele treinamento da maneira certa dele abaixar para pegar uma encomenda, às vezes, ele quer apressar o trabalho e nem sempre, ele faz isso da maneira correta, entendeu?
P/1 – Dai problema ortopédico…
R – É, problema de coluna, maneira correta do funcionário… outra coisa que a gente tem sofrido muito é com a parte do calor, que o Rio de Janeiro é muito quente, então, Correios vem avançando nesse ponto, tentando climatizar as unidades, mas a gente sabe que é difícil, porque são quase 400 unidades, você não tem como fazer isso ao mesmo tempo, mas a gente tem avançado nessa área, sempre que possível, quando não dá para fazer numa unidade, o Correios busca uma maneira de realocar essa unidade, com outra posição. Então, a empresa vem trabalhando para melhorar a cada dia nesse sentido.
P/1 – E assim, da parte dos carteiros vocês também se ocupam ou…
R – Não, como um todo. A gente visita todas as unidades, tanto as agências, quanto os centros de distribuição, quanto os centros de triagem, a gente busca as não conformidades que todas têm.
P/1 – Você falou do calor, né, pro carteiro, o uniforme dele mudou, né?
R – Mudou, mudou! Eu acho que mudou pra melhor, esse tecido, agora é mais leve, da mesma forma como o jogador de futebol usava aqueles uniformes pesados, acho que a tecnologia ajudou muito nesse sentido e os Correis vem buscando exatamente isso, a melhora, tanto na parte da vestimenta, como um todo, e com relação até à parte dos transportes, agora, houve uma evolução muito grande, tem… Correios tem buscado alternativas para melhora do trabalho do funcionário, acho que sim.
P/1 – Até o… eu tava lendo em algum lugar, o sapato, né, que foi desenvolvido…
R – Isso, é!
P/1 – Conta um pouquinho.
R – O sapato, ele é mais leve, ele é muito mais resistente, acho que principalmente o carteiro, no dia a dia anda praticamente o tempo todo, acho que isso vem a contribuir para… para o conforto maior, né, do carteiro, acho que a evolução continua, o desenvolvimento dos novos materiais, acho que a empresa tá buscando a melhoria disso tudo, constantemente.
P/1 – É uma área que escapa, Segurança do Trabalho, né, os cachorros, os quais os carteiros têm que…
R – É verdade, existe aquela coisa do… desde pequeno, sempre a gente ouviu falar, desde menino, que carteiro… é o cachorro…
P/1 – É a grande historia, né?
R – É, a gente ouve muito as historias, mas acho que isso tá mudando um pouco.
P/1 – É?
R – Acho que… pelo contrario, eu conheço alguns carteiros, alguns amigos, que fazem grandes amizades com os cachorros do…
P/1 – Nem todo cachorro é mal.
R – É, nem todo cachorro é mal, aquela coisa toda. Mas, acho que essa coisa ta mudando.
P/1 – Mais mito?
R – É, mais mito, hoje em dia, eu diria que sim.
P/1 – E assim, também esse lado aqui da exposição, você tem acompanhado esses anos todos da Brasiliana?
R – Tenho acompanhado… essa basicamente, é a minha primeira participação, mas eu tenho acompanhado dentro do possível, através da própria mídia, leio… procuro entender mais buscar fora da empresa, conhecer mais a minha empresa, mesmo estando dentro da empresa, acho que tem que procurar saber o que está se passando fora da empresa.
P/1 – E assim, essa exposição tem todo ano?
R – Não, não, não. Brasiliana, não.
P/1 – Ela é o quê? Bianual?
R – Não, também não é bianual não, estava até comentando sobre isso, se eu não me engano, se eu não me engano, a ultima que aconteceu aqui no Brasil foi há 20 anos, é uma coisa assim, nesse sentido, a cada 20 anos, ela roda, praticamente, o mundo todo, né, aqui no Brasil, a última foi há 20 anos, se não me falha a memória.
P/1 – E nesse evento, que é muito grande, vocês também… você também trabalhou diretamente nessa área de Segurança?
R – Também. A gente tá aqui, tá coordenando a parte de brigada de incêndio aqui no evento, mas uma vez a gente trabalha no sentido prevencionista, né, para que nada aconteça, que não tenha nenhum evento. Mas é aquilo, a gente tem que contar com as intempéries, então, a gente fica de prontidão, caso aconteça alguma coisa, a gente tem que estar preparado para poder agir no momento certo, na hora certa.
P/1 – É o grande mote, né, a prevenção tanto de segurança, da área médica…
R – Acho que na vida em si, a gente tem que trabalhar com prevenção. O sentido de tudo é a prevenção.
P/1 – Marcelo, deixa eu te perguntar, nesses anos todos seus de trabalho, mesmo na sua parte anterior, lá antes da área de segurança, tem alguma historia interessante, curiosa, que você pudesse deixar… ou alguma lembrança do seu pai?
R – Tem, tem, tem algumas histórias. Eu lembro que eu tinha seis, cinco anos de idade, eu ia trabalhar com o meu pai, não existia nem o edifício sede dos Correios ainda, né, ali na Praça XV, sempre ouvi aquela história lá na varanda do Paço Imperial, né, as pessoas falarem que: “O Imperador já esteve aqui na janela”, a janela, aquela coisa toda e puxa, cansei de comer tangerina ali naquela mesma janela, quando era pequenininho. Então, são alguns detalhes que a gente vê, né…
P/1 – Onde é o Paço?
R – Isso, onde é o Paço Imperial.
P/1 – Você lembra do trabalho lá do…?
R – Lembro, eu era pequenininho, mas eu lembro do trabalho do meu pai. Eu lembro que eu comia pudim de pão, tinha um restaurantezinho, eu já saía de casa: “Pai, será que hoje vai ter pudim de pão?”. Ele, às vezes… a minha mãe costuma fazer pudim de pão, que o meu pai também gosta, ai ele fala: “Lembra quando eu te levava lá no Correios? Você não podia ver o restaurante, que perguntava logo do pudim de pão?”. Então, são uns detalhes que marcam a nossa vida. E outra…
P/1 – E é um prédio lindo lá, né?
R – Muito bonito! Quem ainda não conhece…
P/1 – Tem que conhecer, né?
R – Tem que conhecer! É um patrimônio realmente aquilo ali.
P/1 – Ali, ficou até o quê? Década de… inicio de 80?
R – Inicio de 80, porque o prédio dos Correios foi meados de70, entre 74, 76, era década de 70.
P/1 – Depois virou centro cultural, né?
R – Isso, acabou virando centro cultural.
P/1 – O Paço.
R – O Paço.
P/1 – E ai, me conta outra história, você deve ter muita história.
R – Tem as histórias de madrugada (risos), das madrugadas…
P/1 – Ai, isso deve ter um…
R – É, tem um monte de histórias. Tem um amigo que ele toma remédio para pressão, então, ele não podia encostar num cantinho, que ele cochilava. Tinha uns caminhões parados e tinha um caminhãozinho menor de todos, que ele fazia a rota de Nova Iguaçu, esse amigo tinha mania de no intervalo, dormir dentro do caminhão, na caçamba do caminhão de Nova Iguaçu. Ai, quando começava, como a gente diz, o segundo tempo do nosso trabalho, a gente ia lá, chamava por ele, ele levantava. Dai, um belo dia, acho que o caminhão saiu um pouco mais cedo, deve ter saído dali, não é possível, alguém deve ter chamado, nós procuramos por ele pelo terminal todo, não achamos, ai o motorista deve ter fechado o caminhão e levou ele junto… olha, mas foi uma gozação, pessoal liga para Nova Iguaçu pra saber se o caminhão já tinha chegado, o caminhão não tinha chegado ainda, quando o caminhão chegou, não acharam ele lá… moral da história, esse dia, ele não dormiu no caminhão, entrou lá no banheiro, botou uma cadeira, ficou num cantinho escondido, acabou dormindo e ninguém percebeu. Depois de muitas horas é que a gente foi localizar, ele tava dormindo ainda, que ele tinha tomado dois comprimidos, então realmente ele apagou.
P/1 – Apagou mesmo.
R – Mas foi engraçado, porque a gente achou que ele tivesse do no caminhão, já que ele dormia todas as noites ali.
P/1 – E trabalhar à noite é difícil, né?
R – Complicado.
P/1 – Não deve ser fácil.
R – Não, não. O horário da noite não é o mesmo, a gente dormia o dia todo, mas chegava à noite, cansado.
P/1 – Você entrava a que horas e saía a que horas?
R – Às nove e meia, saía às cinco e meia da manhã, todos os dias, de segunda à sexta.
P/1 – E dormia… tinha que dormir durante o dia?
R – Dormia o dia todo, quando tinha que fazer alguma coisa, não podia dormir o dia todo, mas mesmo dormindo o dia todo, o sono é diferente, o sono não é o mesmo, à noite é muito complicado. Trabalho noturno é… eu fiquei 14 anos nessa vida.
P/1 – Trabalho pesado, né?
R – Trabalho pesado.
P/1 – Essa parte mesmo de segurança, segurança, questão de roubo, tinha… teve alguma historia? Deve ser também difícil, né?
R – É! É difícil. Acontece, mas…
P/1 – Acontece?
R – Acontece, mas aqui no Rio de Janeiro é difícil, às vezes, o avião trazia a carga, chegava com a carga violada.
P/1 – Isso acontece em todo lugar…
R – Em todo lugar, é! Não vamos dizer que seja só aqui, isso é normal, a gente… entendeu, não pode dizer que seja só aqui.
P/1 – Esse lado da eficiência do correio brasileiro sempre foi muito respeitado… também né?
R – Muito. Eu tenho um amigo…
P/1 – Está entre os melhores correios do mundo…
R – É, eu tenho um amigo que é padre, ele viveu muitos anos na Europa, Roma, na região do Vaticano, e ele mesmo diz: “Marcelo, eu considero a empresa brasileira de correios, uma das mais respeitadas do mundo, uma das melhores do mundo”, então, são pessoas de fora da empresa que dizem isso. E a gente vê pelas pesquisas, quantas pessoas confiam nos Correios, criticas vão haver, em todos os níveis, a gente saber conviver e procurar melhorar a cada dia, é o que a gente tem feito.
P/1 – E o quê que mudou com a internet, a vida dos Correios?
R – De certa forma, mudou porque pessoal tava acostumado com aquela coisa de escrever a sua carta, postar nos Correios, e hoje em dia, você pode fazer isso da onde você tiver, de um celular você pode fazer isso. Então, quer dizer, de certa forma, essa evolução, ela veio para contribuir, mas no início, quando você me perguntou se diminuiu um pouco em relação a isso, não, porque se diminuiu essa parte de cartas, aumentou a de encomendas, o Correios com o serviço que tem de Sedex, Sedex 10, Sedex Mundi, uma gama grande de serviços foram colocados e de certa forma, contribuiu para que não diminuísse a quantidade de encomendas.
P/1 – E na outra época que você trabalhou lá no aeroporto, qual era o período mais movimentado?
R – Olha, normalmente é entre dez e meia-noite.
P/1 – Não, assim, do ano?
R – Ah do ano? No final do ano.
P/1 – Natal?
R – Final do ano, de novembro à janeiro, o ponto forte é… inicio de outubro já começa, mas novembro e dezembro serviço triplica, quadriplica, que o movimento cresce muito!
P/1 – E o quê que o seu pai achou quando você começou a trabalhar nos Correios?
R – No inicio, ele ficou meio assim: “Será que é isso mesmo que você quer? Eu já tô lá na empresa há – na época – há mais de 30 anos, o que você espera da empresa?”, então, quer dizer, um orgulho, né, da sequencia do trabalho do meu pai, hoje, estou como supervisor da área de Segurança do trabalho, quer dizer, já subi mais um degrau, acho que é um orgulho que eu sinto em poder dizer isso…
P/1 – E ele também?
R – E ele também. Então, até emociona a gente falar dessa vida, 48 do meu pai, mais 16 meus de Correios, quer dizer, praticamente uma vida, né?
P/1 – Você já conhecia desde pequenininho!
R – Desde pequenininho, com cinco anos de idade, eu já brincava nas dependências dos Correios. Então, eu acho que, pra mim, foi… foi e tá sendo, pra mim, gratificante. Tô podendo pagar, de certa forma, tudo aquilo que o Correios me deu, se hoje eu tenho… tive bons estudos, estudei em boas escolas, pude ter a minha formação tanto técnico como superior em ótimas escolas, no CEFET, colégio federal, quer dizer, eu devo muito isso aos Correios. Se eu tô aqui hoje, eu devo muito isso aos Correios.
P/1 – Tem alguma outra historia que você gostaria de contar, deixar registrado?
R – Eu acho que eu tenho que agradecer muito aos meus amigos, há um tempo atrás… hoje, eu sou casado, tenho uma filha, Rafaela…
P/1 – E o nome da sua esposa?
R – Ela é Sandra.
P/1 – Rafaela tem quantos anos?
R – Rafaela tem três aninhos.
P/1 – Olha só!
R – E é o xodó… mas eu queria dizer isso, antes da… eu tive momentos ruins e momentos bons, antes da Rafaela, nós tivemos uma outra filha, a Isabela, nasceu de oito meses, minha esposa teve complicações no parto, teve pré-eclâmpsia, e nós praticamente ficamos quase dois meses no hospital com ela e ela acabou falecendo com um mês e meio, quer dizer, foi um baque muito grande, por isso que eu digo, tive um apoio muito forte dos meus amigos, de empresa, sempre ligavam pra mim: “Marcelo, como que você tá, cara? O que você precisar, pode contar com a gente”, isso fora os meus amigos do trabalho. Então, a gente conseguiu superar tudo isso e cinco anos depois, veio a “espositinha”, veio a Rafaela, graças a Deus, a gente é uma família feliz, só tenho que agradecer a Deus pela família que eu tenho.
P/1 – Tá certo, Marcelo. Eu queria agradecer, finalmente você veio colaborar com a gente…
R – (risos) Com certeza!
P/1 – Depois de ter passado algumas vezes, mas fico contente de você ter vindo com uma historia tão bacana, como essa do seu pai.
R – Eu que agradeço a oportunidade de poder falar um pouquinho, né, que seja, né, da minha historia de vida fora e dentro da empresa.
P/1 –Tá certo, Marcelo. Muitíssimo abrigada.
R – Obrigada você.
FINAL DA ENTREVISTA
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