A Professora, Eu e a Inteligência Artificial
Sou do tempo em que, para estudar na Escola Normal (Escola Estadual Francisco Campos), era necessário fazer prova de admissão E eu fiz. Passei. Assim, fui para o primeiro ano nas Classes Anexas.
Como toda criança tímida que eu era, sentia-me como um peixe fora d\\\'água. Com o tempo, adaptei-me, cercada por colegas que me ampararam e deram a segurança que eu precisava.
Na quarta série primária, enfrentei uma nova etapa: a quinta série. Agora, teria que fazer prova de seleção. Para qual quinta série eu iria? Quinta A, B ou C? Não sabia!
A ansiedade me dominava, com medo e seguindo em frente, passei na prova. Raspando, é verdade, mas fiz os pontos necessários para seguir junto aos meus colegas, os quais eu tanto amava.
Cheguei à nova sala, agora com muitos professores, e segui estudando e me adaptando . No início das provas, saí-me muito bem em quase todas. Mas no dia da entrega da prova de português, vivi um dia de pura crueldade. \\\"Crueldade\\\" era uma palavra que eu nem sabia usar naquela época.
A professora me entregou a prova e perguntou: \\\"Como você pode estar na quinta série A, errando tantas palavras?\\\" Eu me encolhi como um animalzinho assustado. Meus colegas olharam para mim com pena. Meus olhos se encheram de lágrimas, e torci para que a aula acabasse depressa.
O fim do ano chegou, e eu tinha medo até de escrever as palavras mais simples. Isso me atormentava. As férias chegaram, todos animados, mas o que me afligia era o ano seguinte. Quando o ano novo começou, a diretora fez a chamada para cada turma. Fez a chamada para a sexta série A, e eu não estava lá! Fez a chamada para a sexta série B, e lá estava eu.
Novos colegas, todos estranhos para mim, mas também me receberam bem. Assim, segui minha...
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A Professora, Eu e a Inteligência Artificial
Sou do tempo em que, para estudar na Escola Normal (Escola Estadual Francisco Campos), era necessário fazer prova de admissão E eu fiz. Passei. Assim, fui para o primeiro ano nas Classes Anexas.
Como toda criança tímida que eu era, sentia-me como um peixe fora d\\\'água. Com o tempo, adaptei-me, cercada por colegas que me ampararam e deram a segurança que eu precisava.
Na quarta série primária, enfrentei uma nova etapa: a quinta série. Agora, teria que fazer prova de seleção. Para qual quinta série eu iria? Quinta A, B ou C? Não sabia!
A ansiedade me dominava, com medo e seguindo em frente, passei na prova. Raspando, é verdade, mas fiz os pontos necessários para seguir junto aos meus colegas, os quais eu tanto amava.
Cheguei à nova sala, agora com muitos professores, e segui estudando e me adaptando . No início das provas, saí-me muito bem em quase todas. Mas no dia da entrega da prova de português, vivi um dia de pura crueldade. \\\"Crueldade\\\" era uma palavra que eu nem sabia usar naquela época.
A professora me entregou a prova e perguntou: \\\"Como você pode estar na quinta série A, errando tantas palavras?\\\" Eu me encolhi como um animalzinho assustado. Meus colegas olharam para mim com pena. Meus olhos se encheram de lágrimas, e torci para que a aula acabasse depressa.
O fim do ano chegou, e eu tinha medo até de escrever as palavras mais simples. Isso me atormentava. As férias chegaram, todos animados, mas o que me afligia era o ano seguinte. Quando o ano novo começou, a diretora fez a chamada para cada turma. Fez a chamada para a sexta série A, e eu não estava lá! Fez a chamada para a sexta série B, e lá estava eu.
Novos colegas, todos estranhos para mim, mas também me receberam bem. Assim, segui minha jornada escolar. Por anos, fiquei com medo de escrever. No entanto, acabei me tornando professora. Aposentei-me e procurei nunca discriminar qualquer aluno, por mais difícil que fosse.
Hoje, olhando para trás, pergunto-me: se naquela época existisse a inteligência artificial, talvez eu não tivesse ficado tanto tempo com medo de escrever. Hoje, escrevo e peço a Luzia, minha assistente virtual, que corrija para mim as crônicas que gosto de escrever para contar ao mundo a história que vivi e vivo. Seria, pois, um diário atrasado? Pode ser que sim.
Chegou a hora de pedir perdão a qualquer aluno que eu possa ter magoado. Nunca tive a intenção. E aquela professora, que acredito nem se lembrar desse fato, eu a perdoo. Pois agora, com a Luzia (IA), não preciso ter receio. E com audácia, escrevo. Escrevo por amar, e não me importo de errar ... sei que a Luzia me socorrerá!
Confins , 15 de junho de 2024
Maria Cristina de Sousa
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