JERONYMA DE MESQUITA: uma mulher à frente de seu tempo.
Natalia Montes da Fonseca
As mulheres foram criadas em um mundo patriarcal e machista, dificultando-as de enxergar o mundo sem uma visão patriarcal. Lutaram para se livrar de rótulos de “ser a mulher perfeita” e buscaram apenas “ser”. Foram necessários mais de 200 anos para que as mulheres conquistassem direitos que permitem a livre expressão e o exercício da cidadania, seu espaço e sua individualidade.
Entre as grandes lideranças feministas brasileiras, desponta Jeronyma de Mesquita, que nasceu na fazenda Paraíso, em Leopoldina, Minas Gerais, em 30 de Abril de 1880, no distrito de Providência. Sua família pertencia ao baronato; seu pai, José Jerônimo de Mesquita e sua mãe, Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita, respectivamente: II Barão do Bonfim e Baronesa do Bonfim. O casal teve cinco filhos: Jeronyma de Mesquita, Francisca de Paula Mesquita, Maria José Mesquita, Jerônimo José de Mesquita e Antônio Mesquita. A família passava seis meses na fazenda e seis meses no Rio de Janeiro, em seu palacete.
Com a morte de José Jerônimo, em 1895 e o desquite da filha Jeronyma, Maria José se mudou para a Europa, com seus cinco filhos e o neto, Mário, no início do século XX. Formada em enfermagem na Europa, Jeronyma realizou seus estudos secundários na França, onde desenvolveu o seu trabalho em hospitais. Durante os anos de 1914 e 1918, Jeronyma esteve à frente da direção de hospitais da Grande guerra.
Jeronyma retorna ao Brasil e, junto a outras mulheres da sociedade carioca, funda o Hospital Pró-Matre, no Rio de Janeiro, capital. Os hospitais estavam lotados, e diante da precariedade da situação sanitária, aquelas mulheres cumpriram um papel cívico de combate à doença e a morte. Mas, a epidemia não esmoreceu a luta pela criação da maternidade. As mães carentes eram orientadas sobre...
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JERONYMA DE MESQUITA: uma mulher à frente de seu tempo.
Natalia Montes da Fonseca
As mulheres foram criadas em um mundo patriarcal e machista, dificultando-as de enxergar o mundo sem uma visão patriarcal. Lutaram para se livrar de rótulos de “ser a mulher perfeita” e buscaram apenas “ser”. Foram necessários mais de 200 anos para que as mulheres conquistassem direitos que permitem a livre expressão e o exercício da cidadania, seu espaço e sua individualidade.
Entre as grandes lideranças feministas brasileiras, desponta Jeronyma de Mesquita, que nasceu na fazenda Paraíso, em Leopoldina, Minas Gerais, em 30 de Abril de 1880, no distrito de Providência. Sua família pertencia ao baronato; seu pai, José Jerônimo de Mesquita e sua mãe, Maria José Villas Boas de Siqueira Mesquita, respectivamente: II Barão do Bonfim e Baronesa do Bonfim. O casal teve cinco filhos: Jeronyma de Mesquita, Francisca de Paula Mesquita, Maria José Mesquita, Jerônimo José de Mesquita e Antônio Mesquita. A família passava seis meses na fazenda e seis meses no Rio de Janeiro, em seu palacete.
Com a morte de José Jerônimo, em 1895 e o desquite da filha Jeronyma, Maria José se mudou para a Europa, com seus cinco filhos e o neto, Mário, no início do século XX. Formada em enfermagem na Europa, Jeronyma realizou seus estudos secundários na França, onde desenvolveu o seu trabalho em hospitais. Durante os anos de 1914 e 1918, Jeronyma esteve à frente da direção de hospitais da Grande guerra.
Jeronyma retorna ao Brasil e, junto a outras mulheres da sociedade carioca, funda o Hospital Pró-Matre, no Rio de Janeiro, capital. Os hospitais estavam lotados, e diante da precariedade da situação sanitária, aquelas mulheres cumpriram um papel cívico de combate à doença e a morte. Mas, a epidemia não esmoreceu a luta pela criação da maternidade. As mães carentes eram orientadas sobre os cuidados de seus filhos.
Em 1922, foi fundada a Federação Brasileira pelo Progresso feminino, por um grupo de mulheres, com a participação Jeronyma. Uma luta incansável pela emancipação da mulher através do voto. A Federação (FBPF) atuou na luta em prol do voto da mulher, no Brasil. Além do voto feminino e a participação da mulher na política, estas feministas também defendiam a instrução da mulher, a proteção às
mães e à infância, entre outras pautas.
Jeronyma de Mesquita também buscou ensinar à mulheres a autonomia e a liderança, através do escotismo feminino, que no Brasil teve a sua coordenação como Comandante- chefe, a pedido do próprio Baden Powell, em 1919. Aqui , este movimento foi chamado de Bandeirante.
Nos dias atuais, apesar das mudanças na legislação que amparam a mulher e a mesma ter alcançado um patamar mais justo, as mulheres tem muito ainda o que alcançar. Em pleno século XXI, o envolvimento da mulher na sociedade torna-se cada vez mais necessário, em vários setores.
A obra paradidática “A mulher que empoderava mulheres” nos impulsiona, através de um estudo simples da vida de Jeronyma, a seguirmos em frente. Jeronyma tem inspirado coletivos de mulheres, trabalhos assistenciais, candidaturas de mulheres a cargos políticos e ao encorajamento para denúncias de abusos, nas delegacias de mulheres. Que a vida de Jeronyma possa chegar ao conhecimento de todos, inspirando as novas e antigas gerações, na busca por igualdade de direitos e amor ao próximo!
Natalia Montes da Fonseca, nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em Fevereiro de 1976. Estudou No Ginásio Leopoldinense. Aos 11 anos aprendeu a tocar violão no conservatório e a escrever lindas redações nas aulas de português e literatura. Formou-se como violonista e flautista no Conservatório Estadual de Música Lia Salgado, ano de 1994. Licenciou-se historiadora, em 1999, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cataguases. Pós-graduou-se em Antropologia pela Universidade Cândido Mendes, em 2019. Mãe do Pedro, produtora cultural e escritora. Alguém que ama viajar, por terra, mar, ar e pensamento!
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