A praia
Céu azul. Mar azulão. Sol. Água gelada.
Minha tia nos levava, a mim e a meu irmão, à praia. Tia solteira que morava conosco. Muito querida.
Morávamos a uma quadra e meia da areia. Atrás de nós, víamos a Avenida Atlântica, com apenas uma via, mão e contramão, e o Copacabana Palace.
Carregávamos baldes, pás e moldes de conchas, peixes, estrelas. Barraca, não usávamos. Íamos cedo, 8 horas e voltávamos cedo, 10 horas.
Das guloseimas, tínhamos direito a ganhar um picolé de limão, Kibon - os outros eram água suja, ouvíamos. E um pacote de rosquinhas de polvilho O Globo. Eu adorava um pirulito fino e comprido e dourado, em forma de cone, embora nunca o tenha provado. O som estridente que vinha do chacoalhar da mão do vendedor era extasiante. Mas ele passava reto por nós.
Algumas vezes, trazíamos para casa uma caixa cheia de areia - era o banheiro da nossa gatinha Mimosa.
Um dia, resolvemos colocar umas joaninhas e umas minhoquinhas no fundo de um balde. Queríamos criá-las. Que surpresa desagradável!
O barulho do avião em céu azul ensolarado até hoje me traz a sensação da praia.