O ayahuasca sempre esteve presente na minha vida. Minha tia paterna sempre foi da UDV (União do Vegetal) e sempre teve muita fé, respeito e amor pela religião dela. Com 14 anos, tive a curiosidade de experimentar e conhecer a religião, mas sou filha de evangélicos, então eles não me permitiram. Com 18 anos, pedi novamente para participar de uma sessão. Minha tia disse que veria um dia para eu ir, mas depois disso não tive resposta. Não me importei, pois nessa fase da minha vida eu não estava preocupada com evoluir; minha vida era só farra, pinga e foguete.
Com 20 anos, engravidei e me vi perdida e sem rumo. Diferente de todas as vezes que eu pedia para participar da sessão, minha tia me chamou para participar, mas eu neguei, pois ainda estava amamentando. Disse que assim que desmamasse minha filha, iria sim.
No dia 04/06/2025, meu coração se encheu de alegria. Eu esperava a mensagem da UDV desde os 14 anos. Aos 22 anos, recebi a mensagem me convidando para participar de uma sessão para tomar o chá de ayahuasca pela primeira vez. A sessão seria no dia 13/05/2025, às 20h.
Sempre pesquisei muito sobre, amava ler relatos de pessoas tomando ayahuasca pela primeira vez. No meu caso, acho impossível não pesquisar bastante, pois queria tomar esse chá há muito tempo. Mas me foi sugerido não pesquisar muito, para não ficar ansiosa ou com medo de coisas que talvez nem acontecessem, já que a ayahuasca não é de uma religião “fixa”.
É preciso fazer uma entrevista para saber as intenções das pessoas, pois a ayahuasca não é recreativa, embora quem não conhece ache que é. Chegou o dia da entrevista, e eu estava super nervosa, mas foi bem tranquilo. Meus tios e um primo estavam me acompanhando, especialmente minha tia, que disse que me acompanharia a sessão toda.
Chegamos ao local. Minha tia me deu um cobertor, pois já estava frio, imagina de madrugada. O local da cerimônia era uma chácara, e o espaço era bem simples, sem muitas...
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O ayahuasca sempre esteve presente na minha vida. Minha tia paterna sempre foi da UDV (União do Vegetal) e sempre teve muita fé, respeito e amor pela religião dela. Com 14 anos, tive a curiosidade de experimentar e conhecer a religião, mas sou filha de evangélicos, então eles não me permitiram. Com 18 anos, pedi novamente para participar de uma sessão. Minha tia disse que veria um dia para eu ir, mas depois disso não tive resposta. Não me importei, pois nessa fase da minha vida eu não estava preocupada com evoluir; minha vida era só farra, pinga e foguete.
Com 20 anos, engravidei e me vi perdida e sem rumo. Diferente de todas as vezes que eu pedia para participar da sessão, minha tia me chamou para participar, mas eu neguei, pois ainda estava amamentando. Disse que assim que desmamasse minha filha, iria sim.
No dia 04/06/2025, meu coração se encheu de alegria. Eu esperava a mensagem da UDV desde os 14 anos. Aos 22 anos, recebi a mensagem me convidando para participar de uma sessão para tomar o chá de ayahuasca pela primeira vez. A sessão seria no dia 13/05/2025, às 20h.
Sempre pesquisei muito sobre, amava ler relatos de pessoas tomando ayahuasca pela primeira vez. No meu caso, acho impossível não pesquisar bastante, pois queria tomar esse chá há muito tempo. Mas me foi sugerido não pesquisar muito, para não ficar ansiosa ou com medo de coisas que talvez nem acontecessem, já que a ayahuasca não é de uma religião “fixa”.
É preciso fazer uma entrevista para saber as intenções das pessoas, pois a ayahuasca não é recreativa, embora quem não conhece ache que é. Chegou o dia da entrevista, e eu estava super nervosa, mas foi bem tranquilo. Meus tios e um primo estavam me acompanhando, especialmente minha tia, que disse que me acompanharia a sessão toda.
Chegamos ao local. Minha tia me deu um cobertor, pois já estava frio, imagina de madrugada. O local da cerimônia era uma chácara, e o espaço era bem simples, sem muitas decorações. Na parede, tinha uma foto grande do Mestre Gabriel e fotos menores de outras pessoas. O mestre daquele núcleo estava de uniforme azul, se diferenciando dos outros mestres e colaboradores, que estavam de uniforme verde e calça amarela.
O mestre falou resumidamente sobre as religiões e o que eles pregam lá, avisou que seria servido o chá, chamou primeiro os mestres e colaboradores, depois quem já frequentava lá, e por último as pessoas que iriam tomar a primeira vez. Se não me engano, comigo eram umas 5 pessoas apenas.
Foi me servido um chá de cor marrom, mas não tão escuro, em um copo americano, com um dedo ou dois a mais da metade. Antes de tomar, o mestre pediu para repetirmos umas palavras, não me lembro exatamente o que foi, mas eram palavras positivas. Tomamos o chá e todos sentamos. As luzes estavam acesas, e começaram a tocar várias músicas bonitas, com sons da natureza e que frisavam muito o amor de Jesus por nós.
Passaram-se 20 minutos e eu não estava sentindo nada, pensando comigo mesma que não iria ter borracheira (o nome que eles dão para quando entramos na força). Tentei manter os olhos fechados, mas acho que o medo estava me travando. Em um momento fechei os olhos e parecia que eu estava vendo o caminho para o céu, como se fosse uma estrada de nuvens, com um portão iluminado no final mas abri os olhos, tive medo. De olhos abertos, vi que o mestre estava perguntando às pessoas se elas estavam tendo borracheira, e o diálogo era o seguinte:
• Tem borracheira?
• Tenho.
• Boa?
• Boa.
Todos respondiam assim. Então, continuei seguindo o barco, sem saber se o que eu tinha sentido realmente era uma borracheira, mas disse que sim.
Comecei a me sentir estranha e minha boca começou a encher de água. Sabia que aquela era a hora da limpeza. Fui ao banheiro e, primeiro, fiz xixi. Quando olhei para as minhas mãos, elas estavam tremendo muito. Tive muita ânsia de vômito, mas não cheguei a vomitar. Fiquei ali ajoelhada em frente ao vaso por uns dois minutos. Nesse meio tempo, minha tia trouxe um copo de água e ficou me esperando no banheiro. Me senti bem e voltei ao local onde estava acontecendo a cerimônia.
Sentei na cadeira e me enrolei com a coberta. Não consigo descrever exatamente a sensação, mas escutei barulhos e, conforme a música ia tocando, fui sentindo minha barriga estranha. Parecia que o líquido na minha barriga (o chá) dançava conforme a música, literalmente sentindo o líquido \\\"dançando\\\" ao som das músicas. Na minha cabeça, só passavam pensamentos como: \\\"Eu não quero mais\\\", \\\"Nunca mais eu invento\\\", \\\"Meu Deus, eu quero que pare\\\". Com os olhos fechados, continuei ali naquela sensação mais estranha do mundo.
De repente,vi como se fosse uma parede de folhas caindo, com vozes sussurrando: \\\"Ela chegou\\\", \\\"Ela está vindo\\\". Quando percebi, estava em uma floresta e vi uma árvore muito grande e iluminada, cheia de raízes. Havia guardiões protegendo a árvore, e interpretei aquilo como sendo a árvore feita do chá. Ao ver aquela árvore, senti o seu poder — foi uma das melhores sensações que já tive.
Outra coisa que me marcou muito foi ver um homem gordo, barbudo e careca, com aspecto de quem estava bêbado, \\\"jogado\\\" no esgoto — uma cena horrível de se ver — e vozes dizendo: \\\"Bebe tudo\\\", \\\"Fuma tudo\\\". Senti que aquilo era um conselho para minha vida mesmo. Se eu continuasse com essas práticas, meu fim seria aquele.
Assim que a sessão acabou, me senti tão bem que até acho que estou respirando melhor. Todos do Núcleo foram extremamente educados. Meu sentimento foi de gratidão. Queria agradecer a todos que conversaram comigo e desejar que todo mundo conhecesse a maravilha que é esse chá.
Quando ouvi as vozes anunciando que eu estava chegando, entendi que o chá já me esperava há bastante tempo, até porque tinha vontade de experimentá-lo há muito tempo. Me senti extremamente amada.
Quero muito tomar outra vez e descobrir como será minha próxima experiência.
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