Ao longo dos meus quase 56 anos fui colecionando histórias. Umas boas, outras que não foram tão boas assim, mas igualmente importantes. Sou professora de Geografia numa escola da rede estadual do RJ. Trabalho no mesmo lugar há quase 33 anos. Tenho 01 casal de filhos, frutos de um casamento de quase 34 anos. Filha de pais divorciados, convivi muito bem com os dois, sendo no entanto mais próxima da minha mãe. E é sobre ela que \"gira\" minha história.
O ano de 2014 e durante ele todo fui pagando pelo aluguel de uma casa mobiliada em Natal, onde ficaríamos de 05/01 a 05/02 de 2015. Fomos em família num total de 08/09 pessoas. Com as passagens aéreas compradas e muita empolgação, embarcamos para nossa viagem. Já acomodados na cidade, alugamos 2 carros com os quais saíamos em City tour. Um primo meu, que mora em Tocantins coincidentemente tb estava em Natal com sua esposa e marcamos um churrasco na casa para nos reencontrarmos. Tudo pronto, comprado, aguardamos o tal dia 14/01. Antes, havíamos combinamos já que estávamos com 02 carros que conheceriamos João Pessoa. E fomos! Era dia 13/01. Meu marido dirigia uma carro, eu o outro. Horas depois chegamos à João Pessoa. Demos uma volta panorâmica pela orla procurando um lugar onde pudéssemos estacionar. A orla estava lotada e com muito custo conseguimos 02 vagas. Estacionei e sai do carro. Meu marido estacionou e do carro sairam meu filho, meu pai (que fazia 70 anos e era \"louco\" pra viajar de avião e eu dei de presente à ele ess viagem), meu marido e minha mãe, que acometida pelo 6⁰ ou 7⁰ ano do Alzheimer, caminhava com cautela. Fui ao encontro dela, que já vinha de braço dado com meu filho. Enfiei meu braço no dela e juntos, eu, ela e meu filho, caminhamos em direção à praia. No meio do caminho, do nada, minha mãe quis parar. Paramos. Então, ela muito calmamente disse: \" Nossa, que vista maravilhosa!\" Era a praia de Manaira. Demos mais alguns passos e sentamos na muretinha...
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Ao longo dos meus quase 56 anos fui colecionando histórias. Umas boas, outras que não foram tão boas assim, mas igualmente importantes. Sou professora de Geografia numa escola da rede estadual do RJ. Trabalho no mesmo lugar há quase 33 anos. Tenho 01 casal de filhos, frutos de um casamento de quase 34 anos. Filha de pais divorciados, convivi muito bem com os dois, sendo no entanto mais próxima da minha mãe. E é sobre ela que \"gira\" minha história.
O ano de 2014 e durante ele todo fui pagando pelo aluguel de uma casa mobiliada em Natal, onde ficaríamos de 05/01 a 05/02 de 2015. Fomos em família num total de 08/09 pessoas. Com as passagens aéreas compradas e muita empolgação, embarcamos para nossa viagem. Já acomodados na cidade, alugamos 2 carros com os quais saíamos em City tour. Um primo meu, que mora em Tocantins coincidentemente tb estava em Natal com sua esposa e marcamos um churrasco na casa para nos reencontrarmos. Tudo pronto, comprado, aguardamos o tal dia 14/01. Antes, havíamos combinamos já que estávamos com 02 carros que conheceriamos João Pessoa. E fomos! Era dia 13/01. Meu marido dirigia uma carro, eu o outro. Horas depois chegamos à João Pessoa. Demos uma volta panorâmica pela orla procurando um lugar onde pudéssemos estacionar. A orla estava lotada e com muito custo conseguimos 02 vagas. Estacionei e sai do carro. Meu marido estacionou e do carro sairam meu filho, meu pai (que fazia 70 anos e era \"louco\" pra viajar de avião e eu dei de presente à ele ess viagem), meu marido e minha mãe, que acometida pelo 6⁰ ou 7⁰ ano do Alzheimer, caminhava com cautela. Fui ao encontro dela, que já vinha de braço dado com meu filho. Enfiei meu braço no dela e juntos, eu, ela e meu filho, caminhamos em direção à praia. No meio do caminho, do nada, minha mãe quis parar. Paramos. Então, ela muito calmamente disse: \" Nossa, que vista maravilhosa!\" Era a praia de Manaira. Demos mais alguns passos e sentamos na muretinha que beirava o calcadão. E pasmem!!! Minha mãe, sem dar sinal algum de que passaria mal ou de dor, simplesmente enfartou. Atônitos conseguimos um \"flanelinha\" que nos guiou numa correria sem fim contra o tempo, até o hospital. Lá, ela foi prontamente atendida por uma equipe médica atenciosissima, que tentou a todo custo reverter o quadro. As 13h, minha mãe foi declarada morta. Com todo cuidado vieram nos avisar e tb nos acolheram muito bem. Ainda se não bastasse, com a notícia meu pai também passou muito mal sendo necessário atendê-lo na emergência. Terminados os procedimentos para com meu pai, demos início aos avisos e a providenciar o translado. Foram dois dias intensos, de ida e volta a Natal. As 14h do dia 14/01, finalmente pudemos despachar o corpo da minha mãe de volta ao RJ onde meus familiares a receberiam. Com a ajuda da empresa onde meu marido trabalhava (que arcou com as compras de todas as passagens emergências de volta), embarcamos num voo na madrugada do dia 15/01. Chegamos e fomos direto para o cemitério, onde as 17h, minha mãe foi sepultada.
Pq estou contando essa história e não uma que tenha me trazido alegrias? Pq é exatamente essa história que me fortaleceu como pessoa. Foi essa história de amor e devoção à minha mãe, iniciada em 10/08/68, qdo nasci, que me fez crer que todos os momentos vividos valem e valeram muito a pena. E os que vivi com ela, são imensuráveis, inesquecíveis e incrivelmente lindos; principalmente os 07 dias que antecederam sua morte. Ela estava lindinha: com um maiô azul, florido, pasta d\'água pelo corpo, cabelo arrumadinho e um semblante lindo; de quem encontrou a paz numa morte súbita, mas tão cheia de significado para nós. Ela era d. Marlene Tavares d\' Aquino. A mãe, a avó, a sogra, a irmã, a tia, vizinha, amiga. A Diretora da E. E. João XXII e a pessoa de um coração tão grande e bondoso, que todo mundo cabia nele. Seu legado persiste e resiste até hoje e será para todo e SEMPRE! D. Marlene, presente!!!!
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