Na minha juventude pensava no que eu queria ser, como queria me ver daqui a alguns anos. Nesta idade sonhamos em construir uma carreira de sucesso e que nos proporcione uma vida estável. O engraçado é que o sonho continua, mas com perspectivas diferentes. Desejamos outros desejos, como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade. Na minha primeira tentativa de ir para universidade foi por água abaixo, naquela época, não tínhamos o ENEM, o processo de ingresso era só pelas Universidades Federais ou privadas. Mas não desistir, fui RESILIENTE, porque nesse mundo, não podemos deixar nosso sonho morrer, e como meus pais não podiam me fornecer uma boa estrutura educacional, eu tinha que fazer meus planos saírem do papel. Consegui entrar na Universidade privada, cursei minha graduação e dei o primeiro passo para que as coisas acontecessem. Além dos meus estudos, comecei a vivenciar a prática em sala de aula.
Meu primeiro contato foi com a turma do Fundamental II, antiga 5ª série, e não foi a melhor experiência. Os alunos eram muitos mal-educados e essa experiência quase me tirou da educação. Mas uma turma do 9º ano me fez ver que o ensinar, a troca de experiências engrandece quem traz e quem leva.
Em 2009, fui surpreendida por uma modalidade que até então, não tinha muita familiaridade – EJA. Esse foi outro desafio, que me fez olhar o ensino como uma quebra de paradigmas, um restaurador de sonhos. Aquele caminho entrou na minha vida e nunca mais saiu. Esse sonho agora não era só dos meus alunos, ela fazia parte do que eu nem desejei na minha juventude, era de que uma nova história poderia ser construída a partir das minhas aulas. E que isso refletia em mim mais do que neles.
Em 2013, dei um novo salto, fiz um concurso que para mim já estava fora de alcance e fui chamada. Essa oportunidade me levou a continuar a jornada com a EJA. Lá aprendi outras habilidades, e não só a ensinar, mas ir além da sala de aula. Permite-me a...
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Na minha juventude pensava no que eu queria ser, como queria me ver daqui a alguns anos. Nesta idade sonhamos em construir uma carreira de sucesso e que nos proporcione uma vida estável. O engraçado é que o sonho continua, mas com perspectivas diferentes. Desejamos outros desejos, como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade. Na minha primeira tentativa de ir para universidade foi por água abaixo, naquela época, não tínhamos o ENEM, o processo de ingresso era só pelas Universidades Federais ou privadas. Mas não desistir, fui RESILIENTE, porque nesse mundo, não podemos deixar nosso sonho morrer, e como meus pais não podiam me fornecer uma boa estrutura educacional, eu tinha que fazer meus planos saírem do papel. Consegui entrar na Universidade privada, cursei minha graduação e dei o primeiro passo para que as coisas acontecessem. Além dos meus estudos, comecei a vivenciar a prática em sala de aula.
Meu primeiro contato foi com a turma do Fundamental II, antiga 5ª série, e não foi a melhor experiência. Os alunos eram muitos mal-educados e essa experiência quase me tirou da educação. Mas uma turma do 9º ano me fez ver que o ensinar, a troca de experiências engrandece quem traz e quem leva.
Em 2009, fui surpreendida por uma modalidade que até então, não tinha muita familiaridade – EJA. Esse foi outro desafio, que me fez olhar o ensino como uma quebra de paradigmas, um restaurador de sonhos. Aquele caminho entrou na minha vida e nunca mais saiu. Esse sonho agora não era só dos meus alunos, ela fazia parte do que eu nem desejei na minha juventude, era de que uma nova história poderia ser construída a partir das minhas aulas. E que isso refletia em mim mais do que neles.
Em 2013, dei um novo salto, fiz um concurso que para mim já estava fora de alcance e fui chamada. Essa oportunidade me levou a continuar a jornada com a EJA. Lá aprendi outras habilidades, e não só a ensinar, mas ir além da sala de aula. Permite-me a desenvolver projetos e enriquecer o repertório sociocultural dos estudantes e o meu. Exploramos a Língua Portuguesa na música, na leitura, no teatro, na dança, nas artes plásticas. Foi um processo de muita aprendizagem e compartilhamentos. Em 2018, fui chamada para fazer uma entrevista no SESI/PE, isso tirou meu chão, pois ao mesmo tempo que queria vivenciar outras histórias, não deixava de pensar nos meus alunos da outra instituição. A despedida foi dolorida, porém sair com o dever cumprido.
E não é que esse novo desafio me levou a ter novos olhares e criar mais desejos e fazer minha mente pensar em como eu posso ousar mais. Uma metodologia nova, numa modalidade ainda engrenando na educação e com a leitura de mundo que Paulo Freire sempre pregou. Eu achava que já tinha percorrido longos caminhos e descobri que a trilha ainda era e é longa, ou seja, que nunca devemos deixar de aprender. Os nossos desejos nos levam a lugares que nunca pensamos em ir, encontramos pessoas, continuamos com elas, umas podem ir para outros caminhos, mas o que vivenciamos permanece vivo no nosso imaginário. E essas vivências, me levaram a permitir não ter medo de mudanças e que elas só engrandecem a nossa história. Por isso que eu digo que a EJA faz parte da minha vida e não eu que faço parte dela. É esse universo que criou espaços para que eu possa construir outras histórias.
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