Página Inicial | Histórias | Pessoa
Fabineia Custodio

- gênero: Feminino
- cor / raça: Parda
- local de nascimento: Brasil / Sena Madureira
- local de moradia atual: Brasil / Rio Branco
- grau de escolaridade: Superior Incompleto
- religião: Evangelismo
- profissão: Univesitaria
sobre
No dia 9 de dezembro de 1990, mais precisamente às 20 h, veio ao mundo, na maravilhosa cidade Sena Madureira - Acre, uma pequena criança que recebeu o nome Fabineia Custodio. Filha de Carmina Custodio e Sebastião Vieira, uma família simples, que depois de uma tragédia, foram para Rio Branco em busca de melhores condições de vida. A minha mãe relata que, quando soube que estava grávida pela terceira vez, ficou desesperada, pois os recursos para poderem viver eram muito escassos e os tempos eram bem precários, sendo que ela (mamãe) já tinha dado uma filha para a sua mãe criar, devido ter tido ela muito nova e também de outro relacionamento. Quando eu tinha 0,6 meses de vida e o meu irmãos 2 anos, o meu pai veio a óbito, o meu pai tinha hepatite C, comeu carne de porco, para o seu azar, passou mal e trouxeram para Rio Branco, porém, sem sucesso, mas antes de ele morrer fez o seguinte pedido: “Nita entrega a Fabineia e Antônio josé para a tia Tarci que ela vai cuidar bem deles e você é nova ,vai viver a sua vida, sei que não vou sair daqui com vida, esse e o meu único pedido”. Em seguida, morreu. Logo, minha mãe foi até Sena Madureira pegou a mim e a meu irmão e veio embora para Rio Branco, passei um pouco da minha infância no bairro da Seis de Agosto e o restante no bairro Areal, onde moravam também os meus familiares mais próximos: os meus avós maternos, os meus tios e primos. Quando completei 6 anos, fui morar com os meus avós maternos, que já criavam a minha outra irmã. Logo, a minha mãe casou e teve mais dois filhos; quando eu tinha 12 anos a minha mãe foi embora com o meu irmão por parte de pai e outros dois do marido que ela está até hoje para a colônia que fica no 58 de Plácido de Castro; eu fiquei com os meus avós, mas, quando o assunto era transferência ou algo da escola, minha mãe quem vinha e resolvia. Não tenho muitas recordações dos primeiros anos da minha vida, minhas lembranças começam a partir dos meus seis anos de idade em que a minha vó Bebé, assim que era conhecida, colocou-me no Pré II que funcionava dentro da igreja católica da qual ela era devota. Lembro que lá tinha momentos de atividades e brincadeiras, foi lá que aprendi a desenhar o meu nome sem saber quais eram aquelas letras que eu estava desenhando, não tinha sentido e nem significado algum para mim, pois aquilo era apenas um desenho do meu nome, lá também aprendi brincadeira do pau no gato. Quando completei sete anos, minha mãe me matriculou na Escola Municipal Chico Mendes, localizada no bairro Santa Inês; nessa escola fiquei da 1° seria a 4° Serie, minha mãe fez boa escolha, pois tive boas professoras, como a Jucilene, a Fatima e a mais amada por mim, a professora Cláudia. Certa vez, estava muito doente na hora da prova, estava com muita febre, lembro-me bem de que abaixei minha cabeça em cima da prova, professora Cláudia foi até mim, perguntou o que estava acontecendo, pois estava quieta, então relatei que estava com muita dor de cabeça e febre, ela perguntou se eu aguentava andar até a diretoria. Eu disse que sim. Ela mandou eu ir, respondi que não, pois tinha que fazer a prova, ela disse: “Minha filha, o importante nesse momento é sua saúde, pode ir.” Ligaram para minha vó me buscar, fomos para o médico, eu estava com sarampo. Quando retornei à escola, fui até a mesa onde estava professora, perguntei quando iria fazer a prova, ela, com aquele belo sorriso, disse: “Não precisa fazer, vou só repetir sua nota do semestre passado”. Ela me conhecia muito, sabia que eu não era de faltar e fazia todas as atividades (era muito ativa nas aulas), ela usou resiliência comigo, isso me marcou muito nos anos iniciais do ensino fundamental e até hoje, com 31 anos. Tenho boas lembranças daquele tempo. Quando fui para a 5° série, fui para outro colégio, chamado Antônia Fernandes de Freitas, porém, fiquei só um ano; no ano seguinte, 6° série, fui para outro colégio, Paulo freire, que ficava na Br 364 Km 02 - Belo Jardim II, Rio Branco – AC; na época era o auge, pois foi o primeiro colégio de Rio Branco a homenagear Paulo freire e, com certeza, o ensino seria o melhor. Como eu morava distante, pegava ônibus e quem arcava com o transporte eram meus avós, só puder ficar um ano, no ano seguinte voltei para a Antonia Fernandes de Freitas, que ficava perto de casa, lá concluí o ensino fundamental, em 2006. Quando fui para o ensino médio, em 2007, fui para a escola chamada Escola Lourival Pinho, localizada em Guilhermino Bastos, 348- Triângulo Velho, Rio Branco – Acre, porém não gostei do colégio devido a vários fatores: assaltos, roubos de bicicletas, brigas de alunos... isso me assustou, pedi para minha mãe me transferir para outro Colégio, chamado Barão do Rio Branco – CEBRB. Nesse colégio, estudei o 1° ano do ensino médio a tarde, quando fui para o 2° ano passei a estudar a noite, pois precisava trabalhar para arcar com meus transportes, já que a escola era distante de casa e também para pagar o curso básico e profissionalizante que queria fazer. Trabalhei de doméstica, de babá nas casas de meus primos pela parte da manhã e à tarde fazia curso e à noite estudava. Entre o primeiro e o segundo ano, conheci o pai dos meus filhos, o qual me ajudou bastante em vários âmbitos, foi um bom parceiro. No entanto, mesmo em uma escola com melhor qualidade de ensino, percebi que as aulas noturnas saíram um pouco insuficiente em comparação com o dia; mesmo assim continuei. Terminado o ensino médio, não sabia muito o qual curso eu queria fazer, todos os colegas da época estavam ansiosos, mas eu me sentia perdida, sem saber o que escolher; só sei que tinha o desejo de fazer um curso superior. Eu achava bonitas as áreas de Direito, Administração e Pedagogia. Me inscrevi para fazer o Enem, para o meu azar, me inscrevi para fazer em Rodrigo Alves, município de Rio Branco, só percebi quando chegou cartão de confirmação, eu não tive condições, na época, de ir fazer. e então, esperei para o próximo ano; quando chegou o próximo ano, que era 2011, fiz o Enem, saiu o resultado, mas eu não soube como me inscrever para a faculdade, perguntei para meus primos e eles não souberam auxiliar-me, então, eu fiquei perdida é também só tinha internet na lan house, isso dificultou ainda mais. Em 2012, não fiz o Enem, pois estava grávida, então, me dediquei à minha família e tive que adiar um pouco o meu sonho. Em 2013, ganhei bebê e me inscrevi novamente no Enem, quando foi o dia da prova, não fui fazer, pois estava com dois meses que tinha feito uma cesárea, então, não fui. No ano seguinte, me inscrevi novamente no Enem e, para a minha surpresa, tinha que pagar, devido não ter ido fazer no ano anterior. Como eu não tinha dinheiro, estava morando só com o meu filho, não fiz. Todavia, eu sempre mantinha vivo no meu coração aquele desejo de ingressar na faculdade, lembrava-me dos conselhos do meu avô: “Minha filha, estuda, pois o conhecimento é uma coisa que ninguém lhe tira”. Logo, conheci outra pessoa, ficamos juntos por 5 anos, tivemos o Bryan Vidal; quando o Vidal tinha três meses, nos separamos, fiquei novamente com dois filhos e sozinha. Aguardei mais um pouco, pois tinha que trabalha, para sustentar os meninos e a mim. Até que uma amiga muito preciosa, Williane oliveira, me perguntou por que eu não fazia uma faculdade, respondi: “Por enquanto, não posso, tenho que me virar para trabalhar e sustentar os meninos e o Bryan ainda é muito bebê”. Ela sorriu e disse: “Você pode fazer”. Ela falou sobre curso a distância que era uma vez por semana na Unopar. Ela perguntou qual curso eu queria fazer, eu respondi: “Não sei, mas vê administração”. Ela olhou no sistema a mensalidade, estava com valor bem alto, então, não poderia pagar. Fomos ver o curso de Pedagogia, ele estava com valor mais acessível, me inscrevi no da Pedagogia mesmo. Paguei a taxa de inscrição em dezembro, quando foi em janeiro, fiz vestibular, passei; dias depois, já comecei a fazer o tão sonhado ensino superior. No começo, ela e minha prima Ana Cássia e os avós paternos dos meninos me ajudaram bastante nos cuidados com as crianças. Pedagogia no modelo à distância estava bom para mim naquele momento, porém o ensino a distância deixava a deseja, queria mesmo é fazer uma faculdade presencial. O tempo foi passado, voltei com o meu ex-marido e engravidei do Vinícius; quando estava com três meses de grávida, nos separamos. Entrei com processo de divórcio e segui minha vida com duas crianças e um na barriga. A princípio, não foi fácil, pensei várias vezes em trancar o curso, mas via que a melhor decisão era continuar, contudo, eu ainda não tinha perdido o desejo de realizar um curso superior presencial. conversando com uma vizinha, ela me passou informação sobre vagas residuais, fiquei atenta no site; quando foi em junho de 2019, fiz minha inscrição para vagas externas, quer dizer, para mesmo curso, porém outra instituição. Passei em todas fases, em julho entrei na federal. Nossa, fiquei tão feliz! Gerou em mim um misto de emoções, uma esperança de dias melhores, pois na Ufac teria várias oportunidades e também há várias bolsas que poderiam me manter na faculdade, pois não tinha como trabalhar devido o curso ser vespertino e pela manhã tinha que deixa e buscar os meninos na escola; como estava gravida de 6 meses, ficava muito cansativo. Já na Ufac, no primeiro semestre, foi bem difícil, pois estava com 9 anos fora da escola, e era totalmente diferente do ensino a distância. Passaram-se 6 meses, tivemos férias do semestre e ganhei o Vinícius; quando foi em março, quando voltamos, com alguns dias de aula, veio a pandemia, achei bom pela parte de ficar com Vinícius pois ele era muito bebê. Passou-se o tempo, começamos aula remota, quase surtei devido às quantidades de atividades que os professores passaram, crianças fazendo barulho, querendo atenção e com perdas na família. Nossa, que ano desafiador em todos os âmbitos! Ao rememorar a minha história de vida e de formação pedagógica, percebo que a escolha da docência é marcada por uma série de experiências dentro e fora do ambiente escolar. Por fim, ressalto que uma história de vida não se estabelece sozinha, mas evolui a partir de determinadas condições de formação e trabalho na interação com familiares, colegas, professores e alunos. Além disso, enfatizo que para ser professor é preciso ser aluno, pois ser professor significa aprender constantemente a própria especialização.
-
minhas histórias
-
histórias sobre mim
imagens
(não disponível)
Reivindicar titularidade
Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”), nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.