Ponto de Cultura
Entrevistado por Gustavo Sanchez e Marina Galvanese
Depoimento de Samuel Gonçalves Americano
São Paulo 07/11/2009
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PC_MA_HV203
Transcrito por Maria Aparecida P.Garcia
P/1 – Bom Samuel, pra começar, queria pedir pra voce dizer s...Continuar leitura
Ponto de Cultura
Entrevistado por Gustavo Sanchez e Marina Galvanese
Depoimento de Samuel Gonçalves Americano
São Paulo 07/11/2009
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista PC_MA_HV203
Transcrito por Maria Aparecida P.Garcia
P/1 – Bom Samuel, pra começar, queria pedir pra voce dizer seu nome completo, a data e o local de seu nascimento.
R – Bom, meu nome é Samuel Gonçalves Americano, eu nasci no dia 17 do dezembro de 1990, e nasci aqui na cidade de Osasco, São Paulo.
P/1 – E você morava com seus pais, com seus avós, ou como é que era?
R – Isso. Moro, morei muito tempo no terreno do meu avô, né, junto com meus pais, e logo depois que eu nasci, um tempo depois eles compraram um terreno, mas bem próximo ali e construíram e a gente morou ali por vários anos.
P/1 – E seu avô era seu avô paterno, era seu avô materno?
R – Era meu avô materno. Meu avô paterno já faleceu, um pouco antes de eu nascer, assim uns dois, três anos antes de eu nascer, ele faleceu e só tenho minha avó paterna, meu avô é minha avó materna são vivos.
P/1 – Que lembranças você tem de seu avô e da sua avó?
R – Do meu avô paterno nenhuma, né? Da minha avó materna e meu avô materno, eles são mais novos, né? Tem sessenta e poucos anos, e então são bem novos ainda, e agora minha avó paterna já tem setenta e seis anos, então já tem uma história de vida um pouco maior.
Os bisnetos dela já têm uns que são quase da minha idade, né? Então são bisnetos, e já estão quase tendo filho, e já tá indo para os tataraneto, e ela tá aí. Então também tenho (risos) uma história assim. Eu gosto de sentar, e às vezes, ouvir eles falarem, né, falar sobre coisas que já aconteceram que a gente nem tem noção, né? Mas que é bacana. Eu gosto de sentar e ficar ouvindo bastante histórias assim, é legal.
P/1 – O que você lembra dela ter te contado, que eles te contavam?
R – A meu vô. ele conta muita história assim, né, (risos) sem explicação assim principalmente desse pessoal que vem do interior do Brasil, tem muitas histórias aí que não são verídicas, né, mas que são engraçadas, e que faz você refletir também, né, e a própria história de vida deles, né, que é um aprendizado pra gente, pra eles quando meus pais eram assim bem novos não tinham nada, né? Passaram fome, moraram aqui no Jaguaré, na favela do Jaguaré, né, e assim pra você ter uma idéia como era difícil a situação, o meu tio ele passava aqui no viaduto perto do Ceasa, e ele era office boy, ele trabalhava ali, né, e ele ficava imaginando se um dia ele iria passar por aqui com um carro dele, né? Então era uma situação muito difícil.
E até outro dia, quando eu fiquei internado aqui, ele passando com o carro, ele lembrou da situação. Ele até chorou na hora, tal, como mudou a situação, né, e meus avós moravam aqui, foram pra Barueri e ali começaram meu avô começou a trabalhar na Prefeitura, né, até que meus pais casaram e a gente morou ali pra do lado ali pertinho.
P/1 – Você comentou que vocês chegaram a viver no mesmo terreno, no mesmo espaço.
R – É, só que assim, era recém nascido, né? Na verdade meus pais tiveram muita dificuldade, assim que casaram, né, em fim, não tinha nenhum terreno, nem uma casa, é um senhor ajudou muito, né, ele deu dinheiro, falou pro meu pai ir pagando, assim pra comprar o terreno, meu pai pagava como pudesse, né, pra ele, e aí comprou, meu pai, graças a Deus, sempre nunca foi de ficar sem trabalhar, e sempre procurou trabalhar e ele faz serviço de pedreiro, né, então ele trabalhava fora, trabalhava construindo, né? A casa que a gente tem hoje, ele que construiu praticamente sozinho, né, só a parte mais pesada que teve ajuda, mas, praticamento sozinho ele que construiu, né? A casa que a gente mora hoje lá em Piracicaba também ele que tá, né, mexendo lá, mas, ele que faz tudo, e ele é muito assim eu tomo como exemplo mesmo, né, quem não toma os pais como exemplo? Mas ele é assim, eu tiro o chapéu, porque ele trabalha bastante, e é um exemplo mesmo pra mim.
P/1 – Voce comentou, então você viveu muito pouco tempo no terreno?
R – Isso, logo a gente já passou pra outra casa, né, que construiu um salão, a gente começou a morar ali, né, era um salão bem grande, e no princíprio era pra construir a casa em cima.
Então, eu tenho mais dois irmãos, e foi tudo bem planejadinho, foi cada um em uma Copa. Fui eu na copa de 90, meu irmão na copa de 94, e minha irmã na de 98. Então foi 4 em 4 anos, até a minha irmã nascer a gente moraVA no salão ainda. Então eu tinha oito anos, até ela nascer a gente ainda morava lá.
Assim que ela nasceu, passou pouco tempo, a casa em cima do salão já estava pronta, e a gente passou a morar em cima. Então praticamente assim, minha infância que eu morei aqui, e foi praticamente tudo eu morei ali, naquele salão assim lá que eu fui desenvolvendo, crescendo ali. Era simples, tal, mas foi bacana. Às vezes o pessoal jogava bola em frente, e era uma porta de aço, batia na porta lá e minha mãe queria rasgar a bola, até ela já chegou a pegar a bola do pessoal, querer rasgar, tal. Era bacana. E a minha avó morava assim, no terreno que a gente morava da minha avó, tem minha casa era em frente, né, então dava pra se comunicar assim gritando, né, ou olhando dava pra se comunicar de um lado para o outro, e sempre teve um contato assim com minha avó materna e meu avô materno, sempre teve estes contatos, e muito forte, porque morava desde que eu nasci morava ali, né, então tinha um contato muito forte, e sempre andei junto, dormia lá, né, então era bem legal.
Aí depois que mudou sentiu um pouco, né? Sente bastante porque você fica longe né, voce tá acostumado perto ali, tá longe de uma hora pra outra. E assim desde que eu morava ali, sempre gostei muito de estudar, né, e eu gostava de me dedicar mesmo no que eu fazia, tal, e eu comecei a estudar no pré e eu fui o primeiro neto, materno então era todo paparicado, né? No pré, comecei no pré e tinha tudo, assim tudo vermelho, né, era uniforme vermelho, então tinha bota, tinha meia, tinha a calça, camiseta, chapéu, tinha tudo.
Então, né, como era o primeiro, os tios, tudo... da parte materna eu era o primeiro. E então sempre era assim eu comecei no pré, aí depois foi vindo os outros. Depois de dois anos, tem outro meu primo, meus avós maternos tem dez netos, e deles eu sou o primeiro.
E aí depois que foi vindo os outros.
P/1 – Deixa eu te perguntar uma coisa: neste salão, você começou falando de futebol, e o que mais você lembra das brincadeiras neste lugar?
XX 08h40
R – Então, a gente brincava muito ali na rua também, né, aprendi a andar de bicicleta, né, jogar bola, a gente fazia muitas amizades também. Minha rua era uma rua sem saída, né, então a gente brincava ali, e no final da rua que era sem saída também. Então, por ser meio sem movimento por ser sem saída, a gente brincava bastante de bola, né? Eu tinha facilidade pra conquistar amizades, tal, e todo pessoal que mora ali ainda, ainda moram lá ainda até hoje, cresceu junto, praticamente. Então desde assim, era tudo na mesma idade, então foi crescendo, crescendo, todo mundo junto, e assim sempre foi as brincadeiras, eram o pessoal ali mesmo, eu gosto muito da parte da escola, né, que eu ia pra escola assim, e me faz lembrar, pensando nisso me faz lembrar os ônibus, né, pegando ônibus e discutindo sobre figurinha, desenho, era bacana.
Minha mãe nunca precisou trabalhar, né, assim ela agora trabalha, mas meu pai sempre quis que ela ficasse em casa, cuidando da gente, tal. Então ela sempre, sempre cuidou, de mim e dos meus irmãos, não, depois que ela casou não trabalhou, agora ela trabalha porque já são bem grandes assim, já dá pra se virar, mas antes até um ano e pouco atrás, ela não tinha trabalhado ainda não trabalhou depois né, do casamento, e então ela sempre cuidou da gente, fica junto, né, até por isso acho que o nosso desenvolvimento porque geralmente a gente veio de uma classe um pouco desfavorável da sociedade, e na maioria das vezes, é voce só tende a ir pro lado, né, contrário. Eu também tenho uma religião, né, sou evangélico na Congregação Cristã Brasil. Então também ajudou bastante, né, voce vai seguindo um caminho que daí você tende a prosperar. Eu sempre pensei assim, desde quando era criança. Bom, meus pais não tinham nada, né, quando começaram não tinham nada, hoje me proporcionaram muitas coisas, né, boas, né, do que o pai dele proporcionou pra ele, ele já me proporcionou muito mais, né, do que os pais dele proporcionaram pra ele, já me proporcionaram muito mais. Então eu tenho que proporcionar muito mais do que eles me proporcionaram, né, então por isso que eu tento, né, estudar bastante, desde pequeno sempre fui na escola, sempre procurei tirar boas notas, eu pensava sempre nisso, então tenho que proporcionar muito mais. Se ele conseguiu conquistar duas casas e conseguiu dar estudo pra todos os filhos, só eu tenho que conquistar mais, eu tenho que dar um estudo melhor ainda, né, e meu filho tem que ser melhor do que eu, né, eu tô lutando pra isso. Ele tem que ser melhor do que eu.
P/1 – Deixa eu te perguntar uma coisa: você falou de seus pais com bastante admiração, falou um pouco do casamento.
Você sabe a história de seus pais, como eles se conheceram?
R – Então, é até interessante, porque na verdade se não fosse Deus, né, eu não estaria aqui hoje contando isso pra vocês.
Minha mãe como ela era muito novinha, ela se queimou, então ela teve queimadura de terceiro grau, e queimou todos os seus órgãos, né, ela foi guardar uma bolsa, e era lamparina ainda, e a lamparina desceu no seu vestido, e era vestido de teol pintado com tinta a óleo.
Então, queimou tudo, misturou vestido com pele, queimou tudo, mas queimou mesmo, assim, ela foi desenganada pela medicina, né, não teria mais vida, e não poderia levar pra casa pra morrer em casa, né, aí. Deus ajudou que, nesta época meus avós já eram crentes, né, e muita fé eles tiveram, ela foi melhorando, né, aquilo lá passou.
Chegou a época de casar, os médicos falavam que ela sobreviveu, né, por Deus foi um milagre, e só que ela poderia tirar da cabeça dela de ter filhos, se ela casasse, não poderia ter filho de jeito nenhum, né, porque não seria estéril, mas o tecido,
porque foi tirado, né, da perna pra colocar aqui porque não tinha.
Então o tecido era muito frágil, não teria condições de ter filho.
Aí, também por Deus, né, uma vez até foi profetizado, tal, que ela teria filhos sim, e o primeiro filho dela chamaria Samuel. E ela teve filho, e ela teve três por falta de um (risos) teve mais teve três. E então foi uma história que marca muito, né, até hoje ela tem cicatrizes, né, pra ela não esquecer, né, mas Deus deu nada, assim só agora há um tempo atrás que falhou um implante que ela fez nos seios, daí deu problema, né, suspeitou até de ter um tumor, mas graças a Deus, não teve nada. A gente morou em Barueri até 2002 se não me engano, até a 5ª série eu estudei lá, aí a gente teve uns problemas, e meu pai sempre teve vontade de mudar para o interior, né, aí a gente pegou e falou, ah então a gente vai para o interior, tentar lá, né? Saímos sem nada praticamente, tinha a casa aí, mas meu pai saiu sem emprego, né, e a gente comprou uma casa lá. Assim sempre o casamento foi muito assim legal, é bacana assim, a gente ver assim. Já são vinte anos de casados.
Eu tenho dezoito, vou fazer dezenove este ano, e eu nasci um ano depois, então são praticamente uns vinte anos já de casados.
P/1 – Deixa eu te perguntar, você tava falando uma hora do ônibus pra escola, das conversas de figurinhas, e o que mais você lembra disso?
R – Ah sim, de coisas da infância, assim, eu lembro, quando você vê as fotos, apesar da sua memória de infância é complicado você lembrar de tudo, mas vendo as fotos, umas coisas você consegue lembrar dos brinquedos que você brincava, aí você lembra, você vê a foto “ah, eu lembro disto”. Eu gostava, né, de ir pra escola, assim, tinha, fazia os amigos, tal.
E hoje eu tive uma experiência bastante legal, agora há pouco tempo, ainda tô tendo. A gente tá com uma campanha na guarda mirim onde eu trabalho, e precisa ir nas escolas, e geralmente pega este pessoal do fundamental, essas criançadinhas. Aí você vai, e fala: nossa, mas eu era deste tamanho assim? Não parece né! (risos). Sempre você se vê da mesma forma, né, desde quando você era criança até hoje, você se vê sempre da mesma forma.
Mas quando você vai ver, você começa a refletir, não, eu era assim mesmo, só corria na escola, né, sempre, brincava de correr, e de lutinhas, estes negócios, aí você vê a criançadinha e você lembra mesmo, que era daquela forma, né, as perguntas, chamar de tio, de tia, né, você vai hoje na escola: é tio, eu também fazia isso (risos). Então é uma experiência legal que você tem oportunidade de lembrar porque às vezes passa, né, você vai, cresce, e começa a fazer outras coisas, e geralmente você nem lembra mais que você fez aquilo ou não, e você esquece, mas era muito bacana, eu sempre gostei. E eu estudei o pré, né, depois estudei primeira e quarta série numa escola e aquinta série eu fiz em outra, da quinta série eu mudei, aí fiz o restante. E nunca fui muito bom em futebol, tal, mas jogava também e dava pra se divertir bastante.
P/1 – Deste período até quarta série, você tem lembranças da escola?
R – Da escola eu lembro pouca coisa, assim, algumas coisas que aconteceram, dá pra lembrar ainda, mas são todas as coisas. Lembro quando eu tive meu primeiro computador, né, pré-histórico, mas eu lembro assim. (risos) Eu estava acho que na segunda série, meu pai falou: “não, vou comprar um computador”. Nossa, naquela época, quem tinha um computador, ninguém tinha um computador, né, aí não via a hora de chegar em casa pra ver o computador, né, pra jogar, pra mexer, né, pra aprender,né, e assim eu lembro de poucas coisas mesmo.
É lembro de quando ia passar da quarta pra quinta série, que nossa, era um negócio totalmente diferente. Nossa! Eu vou passar pra quinta série! (risos).
Aí você ficava imaginando a escola que ia, até quase que eu não vou pra esta escola que eu estudei na quinta série, eu ia estudar numa outra que era um pouco pior, assim o pessoal falava que era ruim, e esta escola era nova, então só tinha quinta série, por ser nova só tinha a quinta série à tarde.
Então eu consegui vaga lá, né, minha mãe conseguiu vaga, e eu fui estudar lá, e então foi por isso que eu conheci minha namorada, desde aquela época, então eu conheci ela, né, se eu não tivesse estudado. Eu penso assim: que tudo que acontece, não acontece por acontecer, sempre vai ter alguma coisa, né, eu sempre acreditei nisso, né, que nada acontece por acaso, né, eu vou contando pra vocês aí que vocês vão ver que, poxa, ele foi pra lá, né, aconteceu alguns problemas, eu fui pra lá pra hoje poder tá aqui, então, né? Tudo que aconteceu assim, e estamos aqui não é por acaso, tinha que acontecer mesmo.
Meus pais, minha mão não podia ter filho, filha né, teve filha, e assim sempre estudei, e sempre gostei de estudar, sempre tirei boas notas, então não foi à toa.
Essas notas que me ajudaram a entrar no projeto hoje, se eu tivesse sido mau aluno lá, eles pediam histórico de tudo, né, então, é tudo uma coisa, vai se encaixando, se encaixando, que nem um quebra-cabeça, vai chegando lá.
P/1 – Deixa eu te fazer uma pergunta, ainda aqui de São Paulo: quando vocês começaram a casa era só um salão, você viu a casa ser construída de alguma forma.
R – Vi. Até eu brincava assim no terreno de cima, né, hoje é bem grande. Lá não tem mais isso, mas tinha o salão e em cima tinha um terreno onde ficava umas galinhas, até tenho as fotos onde ficava as galinhas, tal, eu ficava brincando lá em cima. Antes eu era sozinho, né, meu irmão era muito pequeno, não dava pra brincar, então brincava sozinho lá. Aí eu fui crescendo ali e meu pai construíndo, né, então ajudei bastante né, no que eu podia. Fui ajudando no que eu podia fazer, eu ia fazendo, e ele foi construíndo, eu fui vendo.
É muito legal, porque você vê o salão, depois toda a casa construída, uma casa grande até, né, tem acho que uns doze cômodos, então é bem grande, e depois mais em cima ainda, tem uma área assim bem grande, assim, que pega o terreno inteiro, e daí. Nossa! Você vai vendo que, vai passando o tempo você vai conseguindo as coisas, né, e pra gente que veio do nada, nossa é uma vitória cada coisa que você conquista, é uma vitória, né? E hoje a gente tem ela e tem outra.né, então fica lá, tá alugada, mas hoje você vai e assim, você lembra, né,
da sua infância, porque foi ali que... Depois de um tempo,né, minha mãe teve que trabalhar , né, e aí tinha umas pessoas que cuidavam de mim e dos meus irmãos que ficavam lá olhando a gente. Minha mãe trabalhava, meu pai trabalhava também, então, assim no período da quinta série é que eu fiquei com outras pessoas que olhavam, tal, a gente. Tinha medo, né, lá do bairro tinha umas pessoas que... tem até uma história que, essa pessoa que tava olhando a gente, tava noite, meus pais estudavam à noite, nesta época, e aí, eu tava indo sentido pra igreja, lá tem uma subidona, assim, eu fui subindo sozinho, e a pessoa atrás, né, a pessoa vindo atrás com minha irmã. E eu subindo assim e de repente um cara olhou assim e você aí, vem aqui! Falei não... (risos), deixa eu descer de novo, aí eu fui pra um lado, ele foi, eu fui pro outro , ele foi, nossa (risos) desci correndo (risos)... aí pra falei pra ela e ela tava com minha irmã , aí eu nem pensei, passei por ela e falei corre, só corre! (risos) e ela não sabia de nada, daí ela veio correndo, eu nem falei oi, eles que corram (risos).
Aí entrei pra dentro de casa lá, meu pai tava lá, né, depois que eu vim pensar: nossa, imagina se o cara tivesse pego elas não, nem ia saber, né? 21h10 Só corri, passei, em vez de (risos)... mas é... assim, foi bacana, né? Depois meus primos moravam todos perto também, então, tinha contato com todos eles, hoje já nao, já moram todos distantes.
Eu tenho assim, pelo que eu vejo, né, dos meus pais, os primos deles não têm muito contato, né, então eu sei que... vai caminhando as coisas pra você perder o contato mesmo, né? É... ter contato mesmo, tal, mas é bem distante.
Que nem meus filhos já
não vão ter contato com meus primos que nem eu tenho, então eu acho que é uma coisa ruim, eu não gosto muito, mas... você vai vendo que vai ficando difícil, né, e era gostoso.
Eu ia dormir na casa dos meus primos, né, brincava com eles, jogava bola, descia no barranco com papelão, né, é... então era bacana.
E daí você vai perdendo contato, né, vão crescendo, vão tomando outros rumos, e aí esta parte é uma parte meio triste (risos) da história, né? Você vai ficando sem ligação.
P/1 – Você falou do nascimento do seu primeiro irmão, como é que foi ter um irmão aí?´É mais uma figura incrível...
R – É ruim, né, na verdade já entendia um pouco, mas mesmo assim, saía uns narizes cheio de dente, né, (risos) , mordia e brigava, e é complicado.
Meu irmão mais novo, né, você vai... depois veio minha irmã ainda, né, minha irmã ainda defendia, tal, porque era (risos) mais nova, mas ele, sempre tinha conflitos, né, e... brigava mesmo, mas a gente brincava também.
Hoje a gente lembra, né, das coisas que a gente brincava, tinha dois velotrolzinho lá, e no salão ainda, a gente... brincava, fazia uma pista de corrida, dentro de casa, meus pais saiam pra escola, ficava eu e ele.
E minha irmã era outra pessoa que cuidava, e... aí a gente ficava brincando ali, na época, que na televisão passava Chiquititas inda, né? E daí, a gente ficava... ficava lá.
Fazia pista de corrida e dentro de casa ficava brincando com aqueles veletrolzinho.
Mesmo sendo quatro anos de diferença, ainda dava pra brincar, tal, mas a gente sempre tinha uns desentedimentos.
Não é normal, ... agora que ele tá crescendo, já tá com quinze anos, né, então já tem uma mente um pouco mais aí... num briga tanto.
As vezes ele dá uns cinco minutos (risos) mas já é diferente, né? E... mas... eu sempre é legal porque você pode compartilhar as coisas, hoje mais ainda, né?
Hoje se eu vou sair, aí eu já falo: ah, vamos juntos, né! Mas antes era um pouco complicado a situação, ele sempre foi muito diferente, né? Em casa ele sempre foi diferente, e... minha irmã já parece muito comigo, meu irmão já não. Ele é moreno, né, não tem nada a ver comigo.
Assim... ele parece mais a família do meu pai, e não tem muita coisa a ver comigo. E os pensamentos dele também são muito diferentes, né? Assim, nunca deu problema nada, mas ele sempre pensa diferente.
Então por isso acho que tinha muito conflito, né? E hoje ainda tem, pelo modo dele pensar né, que ainda tá amadurecendo, tal, mas ainda tem alguns conflitos.
Você fala: não vai por aqui (Nader?), ele, por lá, né? Acha que lá é o que vai dar certo, né, mas... a gente sempre não... mais do que isso, essas brigas normais de irmão, sempre convivemos muito bem.
E... mesmo, né com nossas condições assim... baixa, a gente sempre gostou de viajar, então a gente tem fotos até eu pegando as fotos pra trazer, você vai ver nas fotos de viagens, né, então, com ele mesmo, meus irmãos com meus pais, viagem pra Minas, né, e aí você vai vendo é legal, que mesmo tendo estes conflitos a gente se dava super bem. Ia viajar, ah...ia sempre os dois juntos, e... chegava lá tinha as brincadeiras, brincava junto, né, então... é legal.
P/1 – Destas viagens você lembra como é que era, a primeira viagem, ou uma viagem mais marcante?
R – A primeira viagem assim não... não lembro.
Porque a primeira viagem que eu fiz, que eu me lembre foi pra... que eu tenho registro foi pro Espírito Santo.
Aí eu fui até visitar minha bisavó, na época ela tinha noventa e poucos anos, ela morreu em 2003 com cento e seis anos.
E... daí eu fui pra visitar, meus pais foram, assim eu lembro pouca coisa assim... não dá pra lembrar, eu tinha três anos de idade, né?
Eu lembro pouquinhas coisas, mas vendo as fotos assim, você sabe que você estava lá, né, que tem alguma coisa, algum resquício da memória que você estava lá, você lembra.
E... ai depois, né, que a gente em vez de ir pra Minas, quando meu irmãozinho ainda era bem pequenininho, tinha uns oito anos, não, quatro, uns cinco anos, eu acho que ele tinha, pra Minas essa eu lembro um pouco mais, lembro que eu perdi chinelo no barro, né, , lembro de algumas coisinhas assim.
Tinha uma menina que me beliscava (risos) ... não deixava eu brincar com a bicicleta dela, que a gente viajou a noite, muito a noite, numa perua velha (risos), então você vai lembrando.
E... depois não foram muitas as viagens, né, mais é... aí meus irmãos já eram, da outra vez que a gente foi lá, minha irmã já era nascida, era pequenininha, recém nascida, e a gente viajou pra lá também.
E agora, então, você vai vendo aqui, vai mudando as coisas na cidade, né?
Até uma vez eu me perdi quando fui pra lá, e... perdido, eu fui, fui, encontrei o caminho, (risos)
encontrei a casa que a gente estava lá, no centro da cidade, a cidade é pequenininha, e... me perdi lá, né, não sei o que aconteceu, só lembro que fiquei perdido...aí eu falei: caramba e agora, né?
Aí fui andando, andando, andando, até que eu encontrei a casa sozinho, encontrei... nossa, oh que sorte! E...voce vai viajando depois, agora, ultima vez que a gente foi, já eram grandes.
Meu irmão já era maior, minha irmã já estava bem grande, e... em 2004 , 2006 acho, que a gente viajou pra lá pra Minas de novo, pro mesmo lugar, daí você vai vendo o quanto mudou a cidade, quanto cresceu as coais, mudou, né, e... por onde você passou (risos) por onde você se perdeu, né, você vê, é legal!
P/1 – Pra que lugar vocês iam em Minas?
R – Itapagibe.
É bem no
comecinho aqui, né, ... é Itapagibe, é... pra Curitiba a gente viajou também já, né? E... é assim, era os pontos que a gente mais... as viagens que a gente mais fazia, era... lá tem alguns conhecidos, foi lá que minha mãe... se queimou. É la que ela morava, até eu fui... a última vez que eu fui pra lá, eu tirei foto da casinha onde eles moravam.
Ainda tem até hoje a casinha, é, tá... era do meu vô, daí ele deixou com um conhecido lá, e ainda tá lá, a casinha tá do mesmo jeito, né, do jeito que eles moravam lá, tá a casinha lá ainda.
P/1 – Você falou da sua relação com sua irmã, falou um pouco da relação com seu irmão, mas queria que você contasse mais.
R – É... então, é... como é minha irmã, né, é mulher, tal,
muito parecida comigo, minha mãe fala que é minha xerox, né, (risos) só que versão mulher.
E.. então eu sempre defendia, né, se ele queria bater eu não deixava, e... defendia assim, se tinha alguma briga eu priorizava ela e ele que, né, se virasse (risos).
E.. até depois,
começou é... meu pai que defendia ele, né? Então até hoje minha mãe fala que meu pai defende ele, por isso que ... Eu sempre é... gostei de de tomar conta assim, da, principalmente em casa, que não tinha ninguém, desde criança
eu sempre faço as coisas, né, então desde que eu morava lá, eu faço as coisas em casa, né, fazia né, agora não tenho muito tempo, mas fazia desde pequenininho, nem tinha alnçado a pia, minha vó colocava cadeira eu lavava a louça, né?.
Aí eu lavava a louça, e depois, né, fui... quando a gente mudou, minha irmã tinha acho que quatro anos, quando a gente mudou pra Piracicaba.
E quem ficava em casa, minha mãe trabalhava, meu pai trabalhava, né, na época minha mãe teve que trabalhar também, por pouco tempo, e... quem ficava em casa era eu.
Então eu cuidava da casa, cuidava da minha irmã, e do meu irmão...ele.. eu cuidava mas não era tanto, mas dela que ela era pequena.
Buscava na escola, dava alimento, lavava louça, fazia tudo.
E .. até eu começar a trabalhar com dezesseis anos, eu cuidava, então... E eles já não, eles já... é... não cuidam nada, né, deixa lá, e faz quando quer, quando não quer não faz, e eu sempre me vi diferente desta situação. Sempre fazia,
e... não ligava por fazer.
Limpava a casa, lavava a louça, limpava o chão, fazia faxina, e... nunca liguei por isso, fazer ou não fazer, sempre fazia.
É... até estava comentando com ele que, mudou muito a situação.
Mesmo sendo pouco tempo de diferença, de mim pra eles, é ... mudou muita coisa assim.
A tecnologia avançou demais, na época que minha irmã... é.. olha a idade da minha irmã, tem, 10 anos.
Dez anos é quando eu tinha um computador, era muito velho, eu nunca, nunca imaginava entrar na internert.
A internet
era uma coisa que eu nem sabia como funcionava aquilo.
Fiz um curso no começo, com uns dez, onze anos, eu fiz um curso até de informática, eu comecei, mas nossa, era tudo muito novo, eu não conhecia nada, então ... os computadores eram imensos.
E hoje já não, ela com dez anos, os computadores são, né, coisas muito simples, quase todo mundo tem.
Celular ela tem um celular que é... meu primeiro celular eu tive quando estava na oitava série, tinha quinze anos, eu tive meu primeiro celular e era um baita tijolo, só tinha branco e preto com... com visor laranja, então não tinha nada disso: camera, bluetooth, mp3, que você faz o que quiser, e ela tem um celular assim hoje com dez anos... né, então mudou muita coisa. O acesso a internet, eu fui na escolhinha lá, hoje, não, é... um mês atrás aí, na escolhinha... cinco anos: ah tio, tem este vídeo aí lá pra mim colocar no meu Orkut, não sei o que! Falei, nossa né, (risos)
pessoal mudou muita coisa, então você vai vendo que mesmo por pouco tempo, teve muitas mudanças, né, e... eu estava comentando isso com ele hoje.
Acho que até por isso eles não... pra mim foi muito bom.
Até as correções do meu pai, ou apanhar também por alguma coisa, pra mim acho que, na hora você nao gosta mesmo, mas depois você vê que, é... valeu a pena tudo que você passou, é... eu ter me esforçado em casa, né, feito as coisas em casa, não ter feito corpo mole, tal, muita experiência,né, de organização assim, você vai tirando, né?
Você mais organizado, com suas coisas você vai tirando disso aí, e leva pra vida inteira, né,
as coisas que você aprende, guarda, e ninguém tira de você, e você carrega, né?
P/1 – Deixa eu te perguntar agora da mundança, de quando você saiu daqui de Barueri?
R – A parte que eu tenho mais... mais coisas pra contar e... que mudou muito a minha vida, né?
É... desde que eu morei em Baruei até... eu lembro poucas coisas, né, e... assim... é... era uma vida que assim, eu vi meu pai conquistando as coisas, tal, era uma vida, parece assim normal, que não mudou nada assim, desde quando eu nasci até a hora que mudou as coisas que meu pai conquistou, tal, né, nossa situação de vida mudou, né?
Eram boas, não tinha o que reclamar, e.. só que daí, como eu nao tinha muita consciencia disto.
Então eu morava naquela casa, poxa, mas eu moro nessa casa... não tinha muita consciência do que era morar naquela casa, né, por ser grande, né, por meu pai ter um carro bom, na época tinha um carro quase novo, e eu não tinha muita consciencia.
Também eu não ligava muito
para as coisas materiais, nunca liguei muito.
E... só que você não tem muita consciência, né, quando você já cresce com aquilo, é aquilo lá normal, né? A gente teve que mudar, é.. o que aconteceu, a gente mudou, só que a gente já entendia as coisas, né?
Então a gente mudou, saiu daquela casona grande, foi morar numa casa menor, né?.
Meu pai não tinha carro, porque deu o carro de entrada na casa, então a gente não tinha carro, né, começa... meu pai não tinha emprego, então foi uma época que a gente passou por algumas dificuldades, nunca falta nada graças a Deus, nunca faltou nada em casa, né? Nunca teve o que
comer , é... nunca faltou o que comer, mas... é... passamos por dificuldades, né, coisas que hoje a gente tem e aquela época nem imaginava né, assim, eu já entendia, então eu via que estava, estava com a dificuldade, né? É.. até eu gostava, né, porque sempre fui bem simples, então quando eu chegava da escola, né, logo quando a gente mudou, chegava da escola e tinha, eu que fazia minha comida.
Então pegava arro, feijão e ovo... e um tomate.
E eu fazia a mistura lá, eu mesmo fazia, comia, né, então, muito tempo eu fiz isto, durante um ano, um ano e pouco, eu fazia a mesma coisa, e... eu gostava, né? Mas eu via que era diferente, da vida que a gente tinha aqui.
Era diferente porque ... meu pai não tinha emprego, né,
estava começando de novo.
Então eu vi começar de novo, então foi legal este ponto de começar de novo.
Aí nesta época meu pai comprou uma perua, é... meu pai teve bastante carro quando a gente morava aqui.
O último foi um monza que ele deu entrada na casa... e... só que eu lembro pouco .. né, por não entender muito, eu lembro pouco. Aí lá não, eu já lembro bastante. Ele comprou uma perua, batia tudo, e era (risos) era perua até que boa só que estava faltando algumas coisinhas e, daí a gente viajou bastante pra cá, né, com ela.
A gente pescava lá, né, na época que meu pai não trabalhava e, pra nao ficar em casa, tal, ele ia pro rio lá, tinha um rio Piraciba e pescava. Pegava muito peixe, né?
Pescava, a gente colocava num balde cheio de água, num tamborzão, trazia os peixes tudo pra cá, e ainda chegava aqui ainda tinha uns que estavam vivo até. E lá... aí começou...ele tinha que trabalhar de pedreiro, como ele trabalhava de pedreiro, né,
ele começou a trabalhar, fazer alguns bicos, e... e a dificuldade, né, aí é só lá.... foi dificuldades, tal, é depois ele fazia os bicos, e a esperança de conseguir um trabalho onde ele trabalha hoje, né, que ele tinha um primo meu, a gente foi pra lá, e tinha um primo meu que morava lá, um primo dele, né, que morava lá, que mora até hoje, trabalhava na Caterpillar.
Foi considerado agora uma das melhores empresas pra se trabalhar no Brasil.
É a melhor empresa pra se trabalhar.
Então, ele tinha vontade de trabalhar lá, aí ele fez um curso de soldador, mas a gente passou um ano e pouco quase dois anos, e ele não tinha conseguido nada lá.
Então ele foi trabalhando de pedreiro, tal, aí depois ele trocou o carro comprou um Fusca, né, ficou com o Fusca e, então, é... eu lembro quando ele trocou este Fusca com o Monza... um Monza assim modelo antigo ainda, nossa, que felicidade! né, que trocou o carro, não sei o que.
E aí você vai vendo que vai conseguindo de novo, as coisas.
E... aí tinha a casa que a gente morava ele pagava. Pagava, era financiado, então pagava, e... tinha o aluguel que até teve uns problemas com o aluguel quando alugou a casa, o cara que alugou começou a não pagar, né, e a gente dependia pra pagar a outra, se não como a gente pagava a outra, né, não pagava daí.
E ele não pagava, e quando meu pai falou pra ele sair, ele ainda, os materiais, tem uma parte sem terminar ainda aqui.
Mas os materiais estão todos comprados: piso, janela, porta tudo de alumínio, assim, e é caro, foi caro quando ele pagou na época, foi muito caro.
Ele já tinha descido tudo as coisas, e colocado no salão pra ele levar embora.
Então, é... aí quando meu vô foi lá, viu que ele ia fazer isso, não deixou, mas... ele deu muita dor de cabeça.
E pra completar ainda lá, é...a gente ficou ainda um tempo nesta casa, um ano e pouco nesta casa aí, e surgiu uma proposta pra trocar em uma outra, que era muito maior
só que a mulher estava devendo muito, e... daí ela pegou e falou: não, vamos trocar então, eu quero esta daí e o terreno é muito grande aqui onde eu moro
hoje.
O terreno era 10 x 25, era um lote inteiro, e ela estava vendendo por R$ 18 mil.
Hoje,
o terreno lá, o lote inteiro vale R$ 60 mil, então ela estava vendendo por R$ 18 mil já com uma casa, tal, estava praticamente dando, né, porque tinha alguns impostos.
Aí meu pai pegou e conseguiu trocar.
Da casa, depois de um tempo,
apareceu um cara falando que era dono da outra casa, pra mulher.
Meu pai falou pronto: eu era dono e apareceu outro dono, e agora, como é que faz, né?
Na verdade o cara que vendeu pra gente, a primeira casa, ele tinha vendido pra uma outra pessoa antes, e daí a pessoa tinha dado como parte de uma dívida R$ 7 mil.
E nesta época, meu pai já tinha conseguido, é... trabalhou um tempo como pedreiro, tal, depois a firma depois chamou pra trabalhar como soldador.
Aí ele começou a trabalhar, já tinha conseguido trabalhar, já estava trabalhado lá, tinha comprado...
P/1 – Samuel, você estava falando da troca das casas...
R – É, aí ele chegou e falou que tinha uma procuração, como era só contrato de gaveta, só contrato de gaveta e... ele falou que tinha procuração do verdadeiro dono da casa, do primeiro dono, né?
E... se ele quisesse ir lá passar a casa pro nome dele, a gente perdia. Tentarmos ir também na polícia pra ver o que poderia fazer com o cara lá, não dava pra fazer nada, perante a lei contrato de gaveta é ilegal. Então, meu avô: o que eu posso fazer agora? Posso te pagar a dívida dele? Pode. Meu pai tinha dois carros aí,
nessa época, um Santana e tinha ainda um Monza.
Na verdade tinha um Palio, ele tinha trocado. E pegou este Santana, valia uns R$ 7 mil e teve que dar pro cara.
Deu pra ele assim... e perdemos, R$ 7 mil.
Já tinha pago a casa e pagamos duas vezes.
É... mas o pai falou: vou fazer o que? Aí passou no nome do meu pai, meu pai passou no nome da mulher lá, e ficou certo esta parte.
O cara tá lá ainda até hoje, eu vejo ele, tal, no bairro, ms vai fazer o que? Vai fazer justiça com as próprias mãos, não pode.
Fazer justiça do modo certo não dava, né, perdemos.
É... e daí... meu pai pegou né, nesta época ele tinha carro, um outro carro que ficou, ele falou, então pra não ter problema, vendeu este carro, financiou outro e quitou a casa, né, foi lá e quitou a casa que a gente mora hoje.
Então hoje, graças a Deus, a gente tem estas duas casas, já estão em nome do meu pai, é... até agora... ontem ele pagou o último imposto que tinha atrasado lá da mulher, ficou cinco anos pagando, terminou ,né, então pronto.
Hoje, a gente pode dizer que... e hoje, né, ele pagou dezoito, do que jeito que a gente mexeu, tal, vale mais, vale quase uns R$ 200 mil a casa, então, né? Assim, a gente chegou lá sem nada, praticamente, e... a gente tem dois carros, né, tem a casa, então eu vi.. então tudo
crescendo, e tudo eu fui entendendo, eu vim entendendo que aquilo eu vi, mas não entendia muito ainda por ser criança.
Mas lá eu vi e entendia as coisas, né? E.. graças a Deus ele começou a trabalhar nesta firma, né, no começo estava a todo vapor, a máquina custa muito caro.
Pra você ter uma idéia, uma máquina lá custa R$ 1,5 milhão.
E teve época que ele fazia quase dez máquinas por dia.
Muita coisa, sim... trabalhava de sábado e domingo, então, começou a ganhar bem até, né, e a gente foi conseguindo... fazer as coisas, trocava de carro, é... fomos conseguindo as coisas assim.
E... aí lá eu sempre gostei de participar das..., bastante assim participativo na escola, né, e... eu lá eu participei do grêmio estudantil, do movimento estudantil, né? E eu, assim, tudo que eu participei até hoje me valeu neste programa que eu participo da Votorantim. Então, assim, você vê que nada é por acaso e... tudo que você faz um dia você vai utilizar, né?
Então, é... quando me mudei pra cá, comecei a estudar numa escola lá, na 6ª. série, né, comecei a estudar lá, e... na, assim, fiz um amigo que tenho até hoje, né, meu colega chama James, e ele é assim... no primeiro ano, eu sentava assim, na 6ª.série e entrei lá e não conhecia ninguém.
É um sistema
de ensino diferente daqui, né, e... mais assim, estudava de manhã, chegava a tarde fazia a comida lá daquele jeito que eu falei, e cuidava dos meus irmãos.
E... assim, no começo fiz amizade com um pessoalzinho que era... não era do jeito que eu era (risos), eles eram diferentes, mas foram os únicos que eu consegui fazer amizade, assim, né?
Aí fiz amizade com eles, tal, aí depois eu conheci este meu amigo, que é amigo até hoje, e ele era da mesma igreja que eu, e aí foi propiciando as coisas, a gente... eu comecei a andar junto com ele, tal, ficamos desde o final da 6ª.serie até o terceiro colegial, né?
Amigos, assim... e até hoje, eu tenho contato, tal, a gente brincava, né, e... até a gente tinha uma história de ter nosso negócio próprio, né, eu e ele.
Então era a dupla e a gente nunca se separava, né,... até o pessoal chamava, que a gente brincava demais, a gente sempre fazia tudo, as lições era...como a gente brincava muito os professores, é..., e a gente fazia as lições, então os professores, né, davam muito valor, porque mesmo você brincando, descontraíndo a aula, você fazia tudo ali sem tirar, só nota boa, né, então dava muito valor. Aí, o pessoal chamava de o “idi” e “ota” (risos) daí... tinha os apelidos que o pessoal arrumava, ou a gente mesmo arrumava pra zoar, e... a gente sempre foi assim bem popular, ficava bem, brincando bastante com o pessoal, onde um ia o outro estava junto, né? Mas no futebol, os dois não podem ficar no mesmo time, porque se não eles fazem tabela, tal, e marca muito gol e então não dá certo, os dois caras no mesmo time, e... aí até a gente gerava alguns conflitos, mas era muito bacana. A gente inventava as brincadeiras, e... na classe, a gente que inventava as brincadeiras, e se...depois até o pessoal...é... no terceiro colegial, não,
no primeiro colegial é... a gente passou a oitava série a noite, e estudava junto, e no primeiro colegial separaram as classes.
Separaram a minha classe e a outra juntaram as duas e separaram é... aí ficou tudo mesclado, aí ele ficou numa classe e eu fiquei em outra, mesmo assim, a gente continuava brincando e zoando.
E... daí.. a partir disso, né, da amizade que eu fiz com ele, a gente teve a idéia de montar o grêmio na escola.
A gente montou uma chapa, né, concorreu, acho que era na oitava série, não, na sétima série, fez uma chapa com o grêmio, ganhamos, eu era o presidente do grêmio, né, e... nossa, aí que a gente brincava mais ainda.
Teve uma época que a gente ficou na escola fazendo email pra garotada, e nossa, e lá de manhã não tinha muita coisa pra fazer, ficava a manhã inteira só fazendo email para o pessoal, fizemos alguns projetos na escola, era muito difícil trabalhar ainda, acho que é ainda, por conta da diretoria,né, que muitos grêmios enfrenta mesmo problema com os diretores.
A gente tinha reunião com os gremistas lá, e era o mesmo problema.
Eu ia em reunião com os gremistas, ia nas passeatas, era uma época que eu me dediquei a escola, me dediquei a isto também.
E ele junto também, né, me dediquei muito, assim, né?
Fazia os projetos, participava das aulas, aí ia nos programas do Juventude de Piracicaba, né, partiicipei do programa da Coodenadoria da Juventude, então você ia lá e... dava pra participar de bastante coisa, então, ajudei, consegui ajudar bastante em algumas coisas, na escola mesmo, e.. foi .. esta parte foi muto bacana.
E aí, me dediquei a isto, depois, assim... no primeiro colegial, da oitava ao primeiro, teve as inscrições pra guarda mirim.
Aí outra coisa, que quase que eu perdi, mas não perdi (risos). É... eu estava na igreja e aí, me falaram que ia... é...estava tendo a inscrição e era a última semana pra ________________... nossa... (risos), eu disse é pra mim, tal, quase que eu perco, eu não sabia, ia passar e ia perder. Mas eu, na última hora lá fiquei sabendo, fui, fiz a inscrição, e.. um pouquinho antes eu entrei no Senai também, e foi uma coisa por Deus, porque... era sexta-feira, não, era um dia da semana, se não me engano era uma quinta feira.
A inscrição era no outro dia, na sexta, só que o pessoal, como eram poucas vagas, o pessoal fazia fila lá, desde a 5ª.feira a noite .. e na 5ª.feira a noite, eu fiquei sabendo na escola que o pessoal fazia fila .. falei: “pronto, perdi né?” Aí cheguei em casa, falei pra minha mãe que eu ia lá pra fazer, ela falou: “não, não vai ter nem ônibus pra você ir... eram onze horas”.
Não ia ter ônibus até chegar lá, né, no Senai.
Falei: nossa, e agora, né? Seja o que Deus quiser então. Se for pra eu fazer, eu vou fazer.
Aí no outro dia, né, eu orei, tal, fiz a minha oração, no outro dia eu levantei e... liguei lá, a mulher falou: a gente tá fazendo a inscrição mas a fila já deu volta no quarteirão, então... falei: “pronto, né!”.
Tinha dois cursos: eletricista e automobilístico, e... é...mecânico.
Ah..., nem adianta... tinha sessenta vagas, acho, já estava dando volta, o pessoal estava lá desde ontem, né, falei: “nossa, nem adianta”.
Aí deu umas dez horas assim, bateu uma vontade, ah, falei: “ vou lá, sabe, vou lá e vou lá agora”!
Minha irmã estava em casa, e eu falei: “oh, voce fica aqui”, meu pai trabalhava a noite, e trabalhava lá na Caterpillar, eu falei: “você fica aqui, né, não sai que eu vou lá”! “Ah, mas o que você vai fazer lá?” “Não sei, vou lá”.
E fui! (risos)
Não sei como, eu fui, eu cheguei lá .. e olhei assim de longe, já dava pra ver, não tinha fila nenhuma. Tinha fila do pessoal, era meio dia, era quase meio dia, tinha fila do pessoal que ia fazer no outro dia já.
Então, o pessoal já estava acampando lá. Aí, entrei lá, e já nem tinha mais esperança.
Falei: “oh, eu queria fazer minha inscrição, tal, mas acho que nem tem mais vaga”, daí ela falou: “mas pra que que é?” Eu falei: “pra eletricista de automobilistica”.
Ela falou: “nossa, voce tem muita sorte mesmo! Porque tem uma vaga só!” Falei: “nossa, então é minha essa vaga”!.
Liguei em casa e falei pra meu pai: “vem aqui rapidinho porque precisa fazer a inscrição! Se chegar mais alguém aqui eu perco a vaga”.
Aí ele veio, fez a inscrição, eletricista de automobilistica.
Tinha quinze, dezesseis anos... quase dezesseis anos, não tinha noção nenhuma, né, e comecei a estudar, o pessoal que já tinha noção, tal, já mexia com isso, tal, fazendo o curso por causa da empresa, falei: “nossa, vou ser o pior aluno aqui”.
Aí, não... estudei, estudei, estudei, na primeira prova tirei 9,5.
E foi uma das notas mais altas.
Depois as outras eu tirei cem.
Dez, dez, nas duas últimas eu tirem cem.
Então, foi as duas notas, sempre nas provas, sempre tirei... até tinha um colega meu, lá no curso... e..... ele tirava.. na primeira ele tirou 9,5 também. Falei: “nossa”!.. mesmo ele sem saber eu comecei a competir com ele.
Falei: “eu vou tirar uma nota boa...não posso tirar nota ruim”.
E nas outras duas eu tirem cem e ele tirou... teve uma que ele não conseguiu tirar cem.. tirou 9,7 alguma coisa assim. Falei: “nossa, consegui, né, meu objetivo eu consegui”. É... sempre gostei muito de me dedicar, né, nas coisas que eu faço, e eu quero ser bom naquilo mesmo.
E era eletricista, não tinha noção nenhuma, mas eu queria ser bom, e consegui, né?
Pelo menos as minhas notas foram ótimas, assim.
E...é... asssim, depois eu logo entrei na guarda, né, fiz inscrição
daquele jeito que fiquei sabendo, assim na hora, e fui lá, fiz a inscrição.
Corri um grande risco de eu não passar...porque meu pai trabalhava na Caterpillar e lá, quem trabalha na Caterpillar, né, o pessoal sabe que ganha bem, então, não entra, porque tem um negócio de sócio-econômico, né, então é pra população mais carente.
Então, nunca, não tinha um pai que
trabalhava, um adolescente que trabalhava, que o pai trabalhava na Caterpillar que o pessoal cortava mesmo, né, não deixava trabalhar.
Não deixava entrar.
Aí fui lá, tal, e... também acho que foi por Deus mesmo,
não tem outra explicação, consegui entrar. Entrei, falei.. e tinha... tinha uns supervisores, tal, né, falei: “não, quero ser supervisor, tal, quero me destacar aqui, né”. Se não for pra ser bom, eu não vou entrar então.
Vou entrar pra.. ser bom. E, entrei com este objetivo mesmo.
Né, o objetivo ... então eu já trabalhava em casa, e ficava agoniado pra sair e trabalhar fora, né?
Até porque eu me desentendi algumas vezes com meu pai, por causa de não trabalhar né, então ele sempre falava: “ah, eu trabalhei sempre desde pequeno, tal, né”? E as vezes... criança queria brincar, né, e... “não, trabalhei desde pequeno”, mas não podia trabalhar.. se pudesse trabalhar na idade, eu trabalharia e ia sem sombra de dúvidas.
E aí quando eu vi que já podia sair pra trabalhar, eu falei: “não, é agora, eu vou sair, porque não to aguentando mais ficar em casa”, e... até um pouquinho antes de sair pra trabalhar, assim, uns cinco meses antes, que eu só entrava no final do ano, e eu fiz inscrição no começo, só fiquei sabendo que tinha sido aprovado no começo do ano.
Foram várias etapas seletivas, e cada uma que eu ia lá: “nossa, passei, né, passei, passei!”
até chegou a última, falei: “fui aprovado”!
Tenho o comprovantinho de aprovação até hoje lá, todo velho, né, molhou, tal, mas tá lá até hoje.
É... inscrição trezentos e cinquenta, né? Fiz a inscrição , consegui passar, e... fiquei sabendo que tinha sido aprovado no começo do ano , só pra entrar no final.
Aí este tempo que fiquei assim sem trabalhar, tal, fazia as coisas em casa mas chegava tarde assim, não tinha nada que fazer, aí pegava minha bicicleta, saia, lá perto de onde eu moro tem um bairro que é só chácara, então não tem movimento nenhum, e é bem calmo, parece assim um condomínio.
Aí saia e ia pra lá , daí tinha um monte de ruas que eu não conhecia,aí eu ia andando assim nas ruas, gosto de fazer isso, o desconhecido assim pra mim é legal... você ir num lugar que você não conhece e sair aindando, assim, sempre gostei de fazer iss, não sei porque, mas gostava, e gosto ainda.
E fui andando, andando lá, parava debaixo das árvores, ficava pra né, não ficar estressado, né?
E até eu entrar, eu fazia isso.
Nas minhas tardes, ficava refletindo, pensando o que eu ia fazer, e nem tinha começado a trabalhar, já pensava o que ia fazer com o dinheiro, né, vou fazer isso, fazer aquilo, e... não é nada do que eu pensei eu fiz.
Uma coisa só que eu pensei na época e fiz.
Você acha que vai ganhar
tal dinheiro, mas, vai sobrar muito, fazer um monte de coisa, e na verdade não dá, né? Pelo menos uma coisa que eu tinha pensado eu fiz , que era comprar um computador bem avançado, tal, comecei a trabalhar e consegui comprar, tenho ele até hoje, apesar de fazer dois anos, três anos, né, que eu trabalho.
E... comecei lá na guarda, né, e me dedicando ao meu estudo também, e lá fiz o treinamento três meses, e depois tinha já uma competição já no treinamento, porque eu conseguia me destacar, né, e por já ter este objetivo desde que eu entrei, então eu entrei e já falei: “quero me destacar, neste negócio eu quero ser bom, quero ser o melhor, né, quero ser o melhor de mim, não assim, o melhor”... foi até o que eu falei lá na entrevista lá, vou ser o melhor, sim, mas eu quero ser o melhor de mim.
O que eu puder dar de melhor, o que eu puder fazer de melhor, se for pra eu ser o melhor, eu vou ser, mas eu quero ser o melhor de mim, né? E aí conseguia me destacar, né, aí o pessoal via, então surgiu alguns conflitos, né, achavam que você estava querendo se aparecer, né, mas não era.
Eu sempre gostei de participar nas aulas, asssim, e tinha as aulas de início e eu participava bastante.
Aí, até tinha uma parte assim, que a psicóloga que dava aula, também, é.. eu sempre respondia, sempre respondia, sempre respondia, sempre..., aí ela começou, parecia que, depois um colega meu que tinha no treinamento, ele começou a trabalhar na sede, no administrativo da guarda, e daí eu peguei e fiquei sozinho, então ela que andava junto comigo, conversava com ele, pronto, fiquei sozinho, e os outros não gostavam muito, não tinha muita afinidade, porque você se destacava, o pessoal achava que você estava querendo ser diferente.
Eu queria ser diferente mesmo, mas não neste sentido, né, de não ter amigo, nada, assim não era isso.
Aí a psicóloga começou a me... que não falava nada comigo, aí eu comecei a me sentir excluído, né?
E até ... tinha esta dúvida até hoje, até um tempo atrás, eu conversei com ela depois de muito tempo, né, mas falei:
“nossa, ela nunca mais falou nada, né?”, e eu também não ia lá, vou lá perguntar, eu não! Fico aqui!
Aí outro dia, agora, já trabalho lá, agora sou funcionário, né, tal, agora a gente tem muita intimidade, conversa, tal, e eu tinha
intimidade pra perguntar isto agora. Cheguei pra ela e falei: “viu, é... aquela época, lá, do treinamento, tal, você tinha alguma coisa que.. eu te fiz, que te abarreceu, alguma coisa?”, ela falou: “não, porque?”, eu falei: “não, porque eu senti que de uma hora pra outra você parou de falar, né, parou de perguntar as coisas pra mim, tal”. Ela falou: “não, sabe o que é? É uma técnica,isto. Porque você vê que o foco fica muito naquele aluno, então eu precisava tirar o foco de você, então eu tirei.” Daí por isso que você.... nossa, que alívio! Eu achei que você tinha alguma coisa contra mi, que eu tinha feito alguma coisa de errado.
Falou: “não, era porque eu tinha que tirar o foco, mesmo, porque se não os outros se sentem mal.
Aí por isso que eu fiz aquilo”.
Aí depois de dois anos que eu vim saber o que que era que ela tinha, porque que ela tinha feito aquilo.
E.. daí passou o treinamento,
daí depois de um mês em pouco, em 2007, eu comecei a trabalhar, e até na hora da entrevista, como tinha este negócio de competição, pessoal... não era explícito, mas tinha, aí o pessoal... surgiu esta entrevista na sede também, onde era a sede administrativa da guarda, onde meu colega trabalhava, eu falei: “nossa, vou fazer entrevista lá então”. Aí, ela chegou e anunciou, e falou tem a
entrevista, né, lá, e ninguém se manifestou.
Ela falou: “alguém quer participar?”, ninguém se manifestou.
Falei: “eu vou participar” . Daí os outros falaram: “ah se ele vai também vou, se ele vai também vou” , daí foi um monte, né? Daí.. eu falei, né, tem que passar, vou fazer a entrevista primeiro, primeira entrevista, na verdade só fiz uma até hoje, né, foi lá, mas era a primeira, né, nunca tinha feito nenhuma entrevista, nada, aí fiz a primeira entrevista de emprego, né, passei.
Tinha três pessoas me entrevistando, um é o meu gerente, que é o meu gerente hoje, na época ele era sub-gerente, o presidente da entidade, e a psicóloga.
Nossa, aí fiz a entrevista, né, aí depois no outro dia já fiquei sabendo que fui aprovado, falei: “nossa, que alívio”!, aí comecei a trabalhar lá.
É... depois, ficava sempre naquela expectativa de ser supervisor, porque lá tem o supervisores disciplinados, né, e...nossa, era um hiper, mega cargo, né, pra quem era um guardinha, né, fiquei sendo um guardinha, mas um supervisor, nossa! Queria ser supervisor direito, e vou querer ser.
E fui, fui né, batalhando lá, antes de ser supervisor, tinha uma coisa que eu nem imaginava.
Se, e eu fui,
daí me chamaram e eu comecei a participar do centro cívico, é um órgão que organiza a parte cultural e recreativa lá, dos adolescentes e luta pelos direitos e defende os direitos e luta pelos deveres, tal, dos adolescentes.
E, comecei a participar. Logo que eu entrei pra trabalhar, também comecei a participar do centro cívico, né, e fui secretário, aí no meio do ano, assim, meio ano que eu estava participando, o presidente ia sair, o atual presidente, aí me chamaram lá.
Você está sendo indicado pela diretoria, tal, pra participar, você aceita ser o presidente? Nossa, nem imaginava, opa! (risos)
Claro que eu aceito! O presidente do centro cívico, opa, claro que eu aceito, né!
Já tinha sido presidente do grêmio, presidente lá do centro cívico.
E, depois, logo um pouco depois, fui promovido para supervisor também.
Então, né, cheguei assim no
lugar que falavam: “ nossa, ele já conquistou”,
só que no meu serviço ainda eu fazia umas funções meio básicas, e eu estava meio insatisfeito.
Mas tudo acontece, né,
do jeito que eu te falei.
Aí eu falei: “eu acho que vou sair daqui,né”.
Oh, já fiz... fazia arquivo, e serviço de banco.
Falei: “acho que aqui já não tem mais o que eu aprender”.
E esse meu colega, que trabalhava lá, que começou a trabalhar um pouco antes, fazia um monte de coisa. Eu falava: “não, ele faz um monte de coisa, e não consigo também fazer nada, ninguém passa nada pra mim fazer”, “vou sair”.
Aí eu decidi que ia sair, ele falou: “também vou sair, porque acho que não tem mais nada!”
Aí eu ficava pensando: ele acha que não tem nada, ele faz tudo isso, acha que não tem nada.
Eu faço só isto, mas eu estou certo, ele está errado eu acho, mas tudo bem, ele quer sair.
Aí, eu falei, não, fui meio atrevido assim, começava a fazer as coissa.
Eu falava: “você me explica como faz isso porque um dia vai dar uma cagada, você vai sair daí, por algum motivo e não vai ter é... como você vir fazer, e eu vou ter que fazer.
Não, nunca que explicava.
Aí aconteceu um dia lá de um contrato, é... ter que fazer as pressas lá, aí quem fez? Eu!
Daí eu falei: “ tá vendo, você não me explicou mas eu aprendi sozinho”... né, aí consegui aprender isso aí, foi uma coisa base, eu faço até hoje, mas não mudou muita coisa da época, né? E, daí fiz, foi a primeira coisa dele, que ele fazia, que eu fiz.
E, senti que eu não fazia muita coisa, que não tinha mais o que aprender, na minha função ali não tinha, né?
Aí, até voltando um pouco, o primeiro serviço que eu fiz, foi um serviço de banco, serviço externo, né? Muita gente não lembra, eu lembro.
“Oh, este aqui é o primeiro serviço que você vai fazer, você nunca mais vai esquecer hein?”
Falei: “Opa, pode deixar!” daí, a gente andava com um bloquinho no bolso, né, caneta, a primeira coisa, tirei o bloquinho já anotei lá o que eu ia fazer, tal, e nunca mais esqueci.
E fazia só serviço de banco, né, e serviço externo.
Sempre me dediquei mesmo fazendo só isso, fazia as coisas mesmo, e serviço de banco, eu ia fazer, montei um sisteminha lá, que eu colocava tudo que eu ia fazer, tudo que eu estava levando, marcava quantos minutos eu gastava, fazendo negócio, né, e... mesmo fazendo só isso, ainda, fazia bem.
E, no centro cívico comecei a trabalhar lá também, começamos a fazer muitas coisas, assim....
Primeira coisa que a gente fez que deu um impacto assim, porque o pessoal precisava saber que estava meio caído, pessoal falava: “ah, tá meio caído, você precisa....”, então era uma tarefa, pra mim que estava começando, era meio dificil, mas conseguimos erguer o nome assim.
Reformamos uma sala que tem uma sala de jogos, fizemos uma reforma inteira, desenhamos um brasão com a minha gestão, no nome da gestão, né, e... aí foi indo.
Fizemos um monte de festas, uma atrás da outra, cada mês tinha uma, e... aí foi crescendo, pessoal foi vendo que estava ativo mesmo, né.
Foi uma parte que eu gostei de pegar assim do zero, praticamente consegui nossa, retomar, e retomar de uma forma bem... fazer bastante coisa mesmo.
E... só que daí eu falei, no final de 2007 eu falei: “não, aqui não tá dando, porque tudo que eu faço, já sei fazer , e assim, eu quero aprender, porque é aprendiz de asssitente administrativo”.
Então fui aprendendo um monte de coisa no curso. Porque que eu não posso aprender aqui? Eu quero aprender, isso aqui que eu não vou ter mais o que aprender, na função que eu to fazendo, se não mudarem, eu não vou ter mais o que aprender.
Eu peguei e... falei: “não, então eu vou sair”, aí ele falou: “vou sair também” .
Só que daí, como ele era um pouco mais velho que eu, então encaminharam ele primeiro, né, pra fazer entrevista em outra empresa.
E aí elas falaram, oh...então eu queria sair rápido e só que daí, o pessoal não dava prazo, você vai ter que ficar aqui até terminar, tal.
Estava tendo outro treinamento pra repor,né, ...eu falei: “ah, tá bom, fico esperando”, e ele foi primeiro.
Ele foi, quando ele saiu, e aí quem assumiu as coisas dele fui eu.
Aí eu falei: “Opa, calma aí!” Que agora to vendo que o negócio mudou a situação, acho que agora eu vou começar a aprender um pouco mais , e justamente, ele fazia parte de estoque, fazia os horários, os apontamentos, e os contratos, né?.
Aí eu falei: “calma aí, vou aprender um pouco mais”.
Chegou na época de sair, aí eu falei: “oh, não quero mais sair... eu vi que o que eu estava aprendendo, agora eu posso aprender muito mais... o que ele fazia, eu não fazia. .. então agora eu aprendi o que ele faz e estou aprendendo ainda”.
Então eu chamei o gerente, tal, a psicóloga e falei: “oh, agora não quero mais sair” .. até porque o presidente do centro cívico tinha que ficar na sede, que são muitas coisas pra fazer, do centro civico e tinha que estar na sede da guarda, porque você está em uma outra empresa que é conveniada, eles não te dão mobilidade pra fazer as coisas.
Você tinha que estar lá.
Eu falei: “oh, por causa disso, e porque agora eu estou aprendendo outras coisas, então eu quero ficar, se vocês permitirem, tal, não, então a gente...”.
Aí, então, foi tudo..oh que aconteceu... ele saiu primeiro, teve que sair primeiro, ele entrou primeiro, eu fiquei triste mas, ele saiu primeiro, né, coisa que me deu oportunidade de conhecer outras coisas lá dentro.
Na aconteceu por acaso, né, tudo foi pra se encaixar,né?
Continuei estudando, estudava lá no curso deles lá de manhã, trabalhava, estudava a noite. O curso do Senai eu já tinha terminado, né, quando eu entrei na guarda, tinha terminado o curso do Senai, e... aí, o que aconteceu... eu trabalhando ali com aquelas coisas, em 2008, no começo de 2008 nosso escritório de contabilidade é terceiro, falei...eu e a outra que trabalha de assistente contábil, falou: “vamos montar um projeto de um contador aqui dentro?”.
“Vamos”.
Começamos a montar o projeto, fizemos um projeto assim bem legal, que dava pra reduzir custos, reduzia um monte de coisas lá, né, e contrataram mais um funcionário.
Aí a gente fez o projeto e apresentou pro gerente. “Não, não vamos aceitar”. Caramba!
Um projeto super legal, tal, interessante, dá pra reduzir um monte de custo, é não vai aceitar, tal? “A não, a gente não tem muito espaço...”
“não, a gente fez até a metragem das mesas, onde que ia colocar o funcionário, a gente fez tudo”.
“Não, não dá, não dá”.
Caramba, né .. bom, ah tá bom, se não dá, não dá, quem sou eu pra falar alguma coisa.
Depois eu fiquei sabendo porque não dava, né! Ele já tinha ... no começo de 2008, minha contratação do final que eu saí, em final de 2008, minha contratação já estava prevista, pra ser efetivado.
Então se eles contratassem, eu perdia minha vaga.
Aquela vaga que tinha sobrando, era minha vaga, então, eles já tinham intento de me contratar.
Se contratasse outra pessoa ali pra aquele projeto, pronto, eu já ia ser....Falei: “nossa, aí tá vendo como as coisas são, né”?
Aí, comecei a trabalhar nisso
e eu faço isto até hoje, o que eu fazia mexer com o estoque, faço muito mais coisas hoje, mas estas coisas de estoque, horário, ainda faço até hoje.
Mudou, muita coisa mudou, eu com o gerente a gente fez outro sistema de documento, então mexo com toda parte de documento, mexo com compras, também, então, já comecei a fazer as compras, e... Fico responsável lá pelos documentos, né?
E, então... aí, fui trabalhando nisso, eu não sabia, né?
Trabalhando em 2008, trabalhei 2008... aí eles fizeram um teste assim, é... comigo.
Eles... o gerente saiu, o contador saiu, eles são responsáveis pela administração inteira.
Gerente era responsável por toda....e eu era guardinha. Aí, deixaram eu lá, eu responsável pela administração.
“Oh, você vai ficar aqui responsável pela adminstração, eu vou sair e você vai ficar responsável” .
Falei: “nossa, eu responsável pela administração? Um guardinha, né, responsável pela administração? Como pode?”
Aí ele saiu.
Ficou dois dias, e eu fiquei responsável pela administração.
E ele ligava só pra eu dizer como estavam as coisas, estavam mais... não deu nada errado, e era um teste, né, eu não sabia, mas era um teste.
E... foi bom, eu ter aprendido as coias, né?
É no centro cívico depois eu fui promovido pra supervisor, e era chato mesmo, né, pessoal tinha alguma coisa errada, e era chato mesmo , até agora um tempo atrás, eu fiquei sabendo... que tinha um menino que tinha medo, assim, é.. pessoal tem medo, né, mexe um pouco com pouca coisa militar, e um dia eu estava chamando a atenção de um menino, e este menino me contou que ele viu.
Aí ele falou: “nossa, ele é supervisor hoje, né! E aquela vez ele não era, era um guardinha que estava começando”.
Nossa, aquele dia cheguei na empresa e oh, eu estava cagando de medo de você.”
Falei: “aquele moleque lá eu cago de medo dele, não sei o que”.
Nossa, você tinha medo de mim, nada a ver! Mas ele falou: “tinha, tinha medo”.
Hoje, não.... não tinha nada a ver.
E nossa, eu era chato mesmo.
Pessoal fazia alguma coisa errada, opa!
Eu já estava em cima, né,... e era chato, fazia pra todo mundo ver, corrigia, se tivesse que corrigir, corrigia mesmo, parecia até gente, minha mãe falava (risos).
Aí... eu trabalhei até final de 2008, lá na guarda, assim, como guardinha, como aprendiz, né, no final, assim, eles falaram que eu não ia ficar, tal, né, e fizeram uma brincadeira no meu aniversário, fizeram uma festa, tal, e o presente é uma carta de encaminhamento, sabe, dizendo que eu ia sair mesmo.
Nossa, eu vou sair então.
Aí arrumei todas minhas coisas, tal, arrumada no dia, aí o último presente que eu ganhei, tem uniforme, né, aí o último presente que eu ganhei foi um uniforme, a camisa social, calça social , ele me deu um embrulhado assim.
A gente brincava nos aniversários, embrulhava as coisas naquele papel hum... papel, é ...parece jornal assim, embrulhava, fazia um embrulho tudo feio assim., e entregava, né, pra zoar.
Eles fizeram... embrulharam neste mesmo papel assim e entregou.. eu apalpei assim... pensei: “nossa, deve ser uma camisa, tal, legal, né” .
Aí já tinha lido a carta, e tal, falei não... daí a hora que eu abri era o uniforme.
Falei: “nossa, que legal, eu adorei”!
Tem o vídeo lá até hoje! É... abri... era o uniforme, falei: “vou ser efetivado, né” ? Daí eu fui efetivado lá.. aí ele me contou porque não tinha sido contratado outra pessoa no lugar, e... por essas coisas que eu fiz, que eu consegui me destacar, tal, foi que aconteceu do programa “Geração Atitude”.
Então, né, tudo, entrei na guarda por um acaso, fiquei sabendo da inscrição, entrei na guarda, como ia imaginar, que da guarda, ia entrar num programa deste porte, né, e ...consegui, daí... o pessoal me indicou no programa Geração Atitude da Votorantim, mas no começo eu nem sabia muita coisa, né? Falaram: “ah, você vai participar deste programa aqui, que vai te ajudar na faculdade”. Aí eu falei: “tá bom”. É... e como eu ja tinha participado de muitas coisas, né,
tinha bastante certificado, que eu participei das coisas assim, e ia ganhando ceritificado, aí eles me indicaram.
Eram dois, pra ser indicado. E indicaram eu e indicaram um outro.
Eu já tinha previsão pra fazer uma faculdade de engenharia de produção, né, e era um dos requisitos também, tinha que ter a parte de engenharia ou exatas, né? E.. como eles sabia, né, sabiam que eu já tinha isto desde algum tempo, aí eles falaram: “você vai!”.
Aí reuni toda minha documentação, né, mandei, é... para o instituto, eles avaliaram, fui selecionado para a segunda fase, e eram dezenove, passamos por uma seleção... tinha.. acho que cinco psicólogos avaliando, mais dois funcionários lá do instituto. Falei: “nossa, né, não vou passar!”
Ficou tudo tenso, tal, saí de lá estava com dor de cabeça, né, dor nos ombros, e... aí a gente foi entendendo que era um programa que era ajudar com a parte financeira nos estudos da faculdade.
E, nossa, quando que eu ia imaginar que ia surgir uma oportunidade desta, através da guarda, quase que eu não consigo entrar... e aí nisso, eles pediram tudo que eu tinha feito, né, tudo que eu tinha participado, desde quando eu comecei a estudar, aí que valeu tudo quie eu fiz até hoje, valeu nesta hora.
Nesta hora eu reuni toda minha documentação, todos os certificado, todos os certificados de gremista, de curso de gremista, de... do movimento estudantil.
O coordenador da juventude lá de Piracicaba levou um certificado na minha casa que eu tinha ajudado no movimento estudantil, falei: “ah, um certificado, tal, mas não sei se vai adiantar muita coisa”, eu guardei lá, e não sei como eu fui guardando todos os meus certiicados até hoje, e não sei, fui guardando por guardar mesmo, assim.
E chegou nesta hora, levei todos meus certificados, tinha até uma moça lá que falou assim: “oh, eu tenho vinte e tantos anos e não tenho certificado assim que você tem, assim, um monte”.
E.. aí peguei toda esta documentação e enviei, foi aí que valeu por ser selecionado, né, e eles queriam pessoas diferentes, né, queriam assim que fossem além dos outros, né?
E, nada ver, né? Fiz curso de assistente adminsitrativo lá pela guarda e fiz curso de eletricista automobilístico, então (risos), nada a ver uma coisa com a outra, mas eu gosto, e eu quis, e fui bem nos dois, né, e... graças a Deus, fui bem nos dois.
Selecionaram, né, os dezenove, dos dezenove selecionaram doze.
Graças a Deus, fui selecionado, pelos doze, né... é.. muitas coisas ... então, desde que eu mudei, mudou muita coisa na minha vida, né?
A gente começou este programa aí também, e foi tudo junto.
Eu fui efetivado, comecei neste programa, então no final de 2008 mudou muita coisa.
È...aí, né, nesta mudança, meu namoro também, né, comecei a namorar.
Eu conheci a minha namorada que tá ai, eu conheci ela na 5a.série, como eu falei, nossa, que me encantou, né?
Ela era pequena, tal, me encantou, falei nossa, né... falei, ah... nem adianta muita coisa, né? Ela também parecia que não estava nem aí, e eu tinha vergonha, era muito vergonhoso, né? E.. outra coisa que não aconteceu por um acaso: me mudei pra cá, depois mudei pra Piracicaba, depois de um... e agora, depois de uns cinco anos e pouco, sem se ver, não via mais ela, não tinha mais contato, e achava que ela já tinha namorado, já estava quase casando, e sempre quando me falavam assim, de um amor de infância, me lembrava dela, mas só que nunca falava pra ninguém e, num dia de domingo, eu já não estava namorando, namorei, mas já não estava namorando com ninguém, tal, e... foi no final de 2008 também, um dia de domingo assim, estava em casa, de repente entrei na internet, nunca entrava na internet, entrei neste dia, por um acaso assim, entrei, tinha um convite no msn pra eu conversar.
Aí eu olhei o nome assim, e adicionei, quando fui ver era ela.
Falei: “nossa, depois de tanto tempo começamos a conversar ali, tal, novembro, começamos a conversar, dezembro, 31 de dezembro de 2008, né, no reveillon que a gente efetivamente começou a namorar.
E foi tudo assim, no final do ano, final do ano aconteceu tudo, né, eu fui efetivado, é... passei nesse.. fiquei sabendo da resposta que tinha sido aprovado no programa de
Relação e Atitude, né, e comecei a namorar também, com a pessoa que eu ja tinha, né, assim... Então foi tudo aí... começou tudo... em 2009 comecei né, comecei com muitas mudanças.
É... aí comecei a trabalhar lá, e voltando até pra dizer das mudanças até quando era guardinha ainda, comecei a dar aula no treinamento, né, então um treinamento depois do meu, eu já dava aula no treinamento.
Eu era o único guardinha que dava aula no treinamento, né, para os outros guardinhas. Então outra experiência que me valeu bastante, né?
É.. você era adolescente, dezesseis anos, e o pessoal de quinze.
Você dava aula pro pessoal de quinze, sessenta alunos, até hoje eu dou aula lá.
Sessenta alunos, né, e você responsável por sessenta alunos na hora d a sua aula, era só voce, os alunos, e voce tinha que dar
aula, e era o único guardinha que dava aula... nossa, que bacana. É que me valeu muito esta experiencia, troca de experiencia ali, e o que me ajudou também a entrar no programa.
É... continuei dando aula, continuei trabalhando lá, na sede, administrativa da guarda, e... começamos no programa, né.
É o programa, nossa, muitos conhecimentos, muita gente nova, a gente conheceu muitas pessoas que eu
nem imaginava conhecer, viagens pra São Paulo, né? Tudo, tudo, meio...
neste .. caso tinha uma viagem pra cá, pra gente aprender a fazer consultoria, nossa, coisa que nunca passou em minha cabeça, desde assim, eu sempre tive vontade de crescer, crescer muito, foi o que eu falei, eu tenho que ser melhor do que meus pais, muito melhor.
Então eu sempre tive esta vontade, sempre quis fazer isso. Meus caminhos sempre foram pra este sentido, sempre fiz tantas coisas assim porque um dia eu quero ser... e... isso, foi se encaixando, hoje, né, claro que tenho muita coisa pra fazer ainda, to no comecinho ainda, mas eu já vi que o começo foi diferente, foi mais até do que eu imaginava.
Imaginava que ia ser uma coisa totalmente diferente, nunca passou na minha mente isso, e ... né, consegui, é passar neste programa, este começo deste ano, é... começamos a vir pra cá pra ter consultoria, pra... é, aprender um pouco mais, e...
P/1 – Samuel, você estava falando da Consultoria...
R – É, participamos da consultoria, né, é... muitas pessoas assim, importantes, vice-presidente do Banco Itaú, conversou com a gente, né, professores, e... é assim, ajudou a ter a visão da faculdade mesmo que eu queria fazer que ja era engenharia de produção. E... foi um das coisas que ajudou na escolha, ajudaram muito na escolha da minha faculdade mesmo, é... as minhas responsabilidades na minha função aumentaram, meu serviço aumentou bastante, faço outras coisas, agora to começando a fazer o faturamento, faz uns três meses que eu to fazendo, e.. to aprendendo muito, né, e... agora no final, em agosto, teve uma outra aprovação do instituto que iria selecionar, efetivamente, o pessoal que iria receber o aporte financeiro.
Eu consegui, graças a Deus eu consegui ser aprovado, a gente fez a apresentação do nosso plano de carreira, elaboramos um plano de carreira, e... eu consegui ser aprovado, apresentamos o plano para o pessoal ver se era viável investir neste plano, né, eles acharam que era... É... fui até a VCP, que é a Votorantim de Celulose e Papel, atual FIB, lá em Piracicaba, e o pessoal me recebeu super bem, assim, participei da reunião gerencial deles (risos).. quando que ia imaginar participar da reunião gerencial deles.
Participação da reunião gerencial, né, apresentei o meu plano também, eles falaram pode estudar, venha trabalhar com a gente, é... assim, falaram que vão me ajudar no que eu precisar, né, e... ei vi que tudo que eu fiz, assim, eu me dediquei quando era criança, e depois em meus estudos, desde que eu comecei, foi levando a isto, né? É um quebra cabeça que foi sendo montado, montado, montado, né, e as peças começaram a se encaixar agora.
O quebra cabeça estava sendo feito as peças e começou a se encaixar, né?
É... fiquei assim, né, muito feliz, com tudo o que aconteceu, e está acontecendo ainda., né? Eu vou começar a fazer a faculdade,
se Deus quiser estou fazendo um cursinho, eu vou começar a faculdade, pretendo galgar uma profissão aí, precisando ser... assim, eu tinha um sonho, né, e tenho ainda, e vou realizar, se Deus quiser, e quero fazer doutorado, pós graduação, doutorado até ...né?
E... vou fazer, ne, vamos aí, vou lutando do jeito que eu sempre lutei, e vou conseguir se Deus quiser.
É ...e nossa, to muito feliz, não imaginava até, vir aqui contar uma história, tal,
poucos anos, dezoito anos, né, tem gente que vem, tal, tem sessenta, setenta, espero vir aqui quando tiver meus setenta anos aí, e poder falar que eu contribuí um pouco com a sociedade.
Eu tenho também vontade de contribuir, por isso até, que eu dava aulas, porque já era um pensamento meu, e é ainda, passar umas coisas minhas, que eu aprendi para os outros, e ajudar as pessoas... eu tenho muita vontade de ajudar as pessoas.
Ver assim, uma situação e falar, não eu tenho condição de ir lá, e fazer isso pra aquela pessoa.
Mesmo que seja um, né, se eu ajudar, eu ter condições, pra isso que eu to trabalhando, pra isso que eu to estudando, e...assim como eu disse. Eu nao sou apegado a coisas materiais,
mas , é pra isso, pra poder falar, não, eu tenho condições de ir lá e te ajudar.
Ajudar os... não sei, né, as vezes você vê, né, situações que cortam um coração e, por você já ter passado por uma situação quase semelhante, você diz, aquela pessoa batalha, batalha, mas não teve oportunidade, né? E... eu quero mesmo, ter estas condições, de poder ajudar, de ver o prõximo poder crescer, e quem dirá meus filhos.
Quero ter condições de dar pra eles, uma vida, muito, muito, muito boa.
Pra isto que eu fiz tudo isto até hoje, né, quero fazer muitas coisas ainda, continuo participando das
atividades que eu fazia antes, no centro cívico, hoje eu sou o funcionário conselheiro, do centro cívico, né?
É.. todas as atividades da guarda, quando eu era assim, guardinha, terminaram em 2008, quando se encerrou o contrato de aprendizagem, e aí eu fui efetivo lá.
É.. dentro disso, to apredendo muita coisa, aprendendo, muito, muito, muito mesmo, né?
Continuo, vou continuar, e gosto muito do que eu faço, né, tem que gostar.
Sendo diferente assim, fazendo engenharia de produção, por já ter feito mecânico e eletricista, administração, então eu gosto destas coisas, mexer com estas loucuras, assim, mas é bacana.
P/1 – Eu já ia te perguntar qual era seu sonho.
Você falou um pouco assim, mas...
R – O meu sonho é isto mesmo, é poder assim olhar pra trás e ver o que eu... de onde eu vim, não esquecendo, né, de onde eu vim, e do que me foi proporcionado, né, as pessoas que me ajudaram, né, o que me proporcionaram e olhar a frente e poder fazer a mesma coisa, ou se não, uma coisa até maior, né? Poxa, estão me proporcionando fazer uma faculdade, né, pra gente aqui hoje no Brasil é uma coisa que, se você consegue, você tem que batalhar muito.
Muitas pessoas eu vejo lá no cursinho, poxa, tem pessoas que se não conseguir passar na faculdade, não vai fazer.
Então, estão me proporcionando isto hoje, então eu tenho que agarrar, tenho que fazer, e... quero fazer porque lá na frente, eu quero retornar isso, para as outras pessoas, quero retornar isso pra sociedade, para as pessoas que me ajudaram, e para as pessoas que precisam de ajuda. Eu sei que vão ser muitas, e eu pretendo ajudar.
Este é um sonho que eu tenho, ser feliz e ... realizar estas coisas do meu lado profissional, meu lado pessoal, e um dos sonhos era namorar com ela, e está sendo realizado.
E do lado profissional também, eu poder ajudar, ajudar muito, mesmo, poder viajar, falar, não, fui lá e ajudei aquelas pessoas, né, não aparecendo eu, mas, mesmo sem aparecer eu quero poder ajudar. Esse era um sonho que eu tinha desde criança, e... quero poder realizar, se Deus quiser eu vou realizar.
P/1 – Tem alguma coisa que a gente não te perguntou, Samuel, e você gostaria de dizer?
R – Não, acho que é assim... é como te falei, é pouco tempo, né, até eu falei bastante, né? É pouco tempo, se você for ver, de histórias assim, é um tempo curto, aconteceu muita coisa, né, muita coisa em dezoito anos, mas, é... coisas que eu lembro assim, foi até o que.... tem algumas coisas que é chata ficar falando, porque envolve muitas coisas pessoais, mas... a minha entrevista acho que foi bem agradável, porque, tem pessoas que acho que vocês já conhecem, que vieram aqui, falaram histórias tristes.
Mas graças a Deus, minha história até hoje foi..., tem as partes ruins mas na maioria das coisas que aconteceu foi tudo muito bom, ta acontecendo ainda, né, e espero que continue assim (risos).
P/1 – Tá certo, então a gente agradece a entrevista.
R – Que é isso, eu que agradeço (risos)
foi um prazer!Recolher