Família, meninos e teatro

Na entrevista que deu ao Museu da Pessoa, David contou a origem de seus pais – a mãe, pernambucana e o pai português – e disse que suspeita que o seu avô paterno pode ter sido traficante de minérios em Portugal. Conta que a sua mãe, mesmo contra a vontade da sua avó materna, andava quilômetros pelo sertão de Pernambuco para poder estudar. Sobre o local onde passou a infância, não guarda apenas na memória. Hoje, ainda mora na casa da família, no bairro onde nasceu. Sereno, fala com saudade do avô paterno – morto em 1999 – e que dividia quarto com ele. David se disse um amante da genealogia, mas confessa ser difícil estudar as origens da sua família, pois além de serem de origem muito humilde, ele é descendente de ciganos. “Imagina você estudar a origem de um povo nômade”, comentou. Na pré-adolescência, David teve o primeiro contato com o teatro. Aos 13 anos apresentou para a família uma peça de época, montada com os amigos da rua e alguns primos. Mas foi pelos 16 anos que ele começou a frequentar as plateias. Nesta época começou a ser um verdadeiro devorador de cultura. Suas paixões culturais são pulverizadas: ele é fã de Clarice Lispector, Tom Zé, Isadora Duncan entre muitos outros. No colegial, fez curso técnico de publicidade, “o curso de teatro mais caro que o meu pai pagou”, conta, já que ele aproveitou muito mais as oficinas de arte dramática do que qualquer outra matéria. O amor ao teatro é perene. Ele não só participa da Cia do Desterro como foi um de seus fundadores. O seu contato com a literatura não é apenas na frente do livro. David escreve poesias e suas fontes de inspiração frequentemente são fatos do cotidiano (confira no vídeo, um trecho da entrevista em que ele conta como ficou com medo de apanhar por conta de um de seus poemas).