Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Edna Aparecida de Carvalho
Entrevistado por: Marina
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB012
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Por favor diga o seu nome completo, loca e data de na...Continuar leitura
Nome do projeto: Memorial do Trabalhador
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de: Edna Aparecida de Carvalho
Entrevistado por: Marina
Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2002
Código: ITA_CB012
Transcrito por: Elisabete Barguth
P1 – Por favor diga o seu nome completo, loca e data de nascimento.
R – Edna Aparecida de Carvalho, nasci em Foz do Iguaçu, 13 de setembro de 1947.
P1 – Você tava contando a circunstâncias de seu nascimento, você nasceu, seu pai como era a história de seu pai.
R – Meu avô era um artesão, mestre de obras, um português que quando ele veio para o Brasil ele foi pro estado de Minas e ele trabalhava numa companhia de engenharia chamada Dolabela. Então essa companhia ela veio pro estado do Paraná e pegou algumas obras em Foz do Iguaçu, a história conta o Hotel das Cataratas, toda aquela sede do Ibama, aquelas vilas dos funcionários do Ibama, o primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu e meu pai tinha 13, 14 anos então quando eu nasci o meu trabalhava como ajudante de mestre de obras adolescente pra adulto lá na construção do Hotel, daí então tinha a casinha dos trabalhadores e eu nasci lá dentro da área de parque e me criei lá até 12, 13 anos daí que eu vim pra cidade estudar.
P1 – Então você nasceu na área do parque que você tava dizendo.
R – Na área do parque Nacional.
P1 – E depois você veio pra cidade estudar?
R – Estudava dentro do parque, tinha uma escolinha Municipal depois ela passou a ser estadual, mas isso só o primário, né, depois pra fazer o ginásio eu sou da época do exame de admissão daí eu vim pra cidade, estudar na cidade.
P1 – Quando terminaram o Hotel você se lembra?
R – Não.
P1 – Agora conta pra gente como é que você veio pra Itaipú, trabalhar em Itaipú.
R – Bom, quando eu terminei o ginásio eu fiz o cientifico e a escola normal, da escola normal antes de terminar eu fui ser professora do Município, trabalhei aí 4, 5 anos como professora daí passei no vestibular fui fazer faculdade em Cascavel quando abriu e aí eu parei de dar aula e fui trabalhar na Receita Federal 2 anos, daí Itaipú já tava, já tinha iniciado em 75 ali na Receita Federal eu conhecida muitas pessoas que trabalhavam na Usina e daí eu vim fazer um recrutamento, tinha vaga na área de Relações Publicas e eu passei, inclusive teve o Julinho Miranda que é uma das pessoas pioneiras de Itaipú, nessa época o Júlio Miranda era da área de RH, ele que encaminhou pros setores pra fazer o teste e tudo e eu trabalhava como escriturária, auxiliar de escritório.
P1 – Mas você falou em recrutamento, você veio fazer o seu recrutamento.
R – O teste pra concorrer a uma vaga.
P1 – Mas dentro da sua área você não fez recrutamento em algum momento aqui dentro de Relações Publicas?
R – Eu não tenho faculdade de Relações Publicas, eu não tenho esse curso, eu fiz Letras, mas desde que eu entrei em Itaipú em 17 de maio de 77, eu sempre fiquei na área de Relações Publicas, na área de Comunicação Social. Como escriturária, auxiliar, depois como secretária, depois eu passei trabalhar na área de atendimento a visitante, programação de visitas, depois assistente de gerente e agora eu sou a Gerente de Relações Publicas.
P1 – E o que você tem bastante interessante da sua área, que tenha acontecido aí na sua vida profissional?
R – A minha área qualquer pessoa pra conhecer a Usina tem que passar pela nossa área, então você conhece inúmeras pessoas.
P1 – Que tipo de gente vem te procurar?
R – As mais diversas possíveis é o agricultor, é a dona de casa, é o estudante, grandes chefes de estado, Rei, Rainha.
R – Não diga, mas passa por você todo mundo?
R – Não passa diretamente por mim, mas eu to envolvida, eu sempre estive envolvida.
P1 – Por exemplo quanto a visita de um Rei ou Rainha?
R – Por exemplo, eu lembro isso não faz muitos anos a visita da Rainha da Tailândia, que eles têm um costume bem diferente, eles vieram visitar Itaipú e aí aquelas pessoas tava muito calor, sol quente então aqueles súditos bem humildes agachadinhas, quando ela ia sair do carro elas se agachavam, sempre com guarda sol, sempre com uma humildade muito grande. Então a própria assessoria dela através do Itamarati, do cerimonial escolheu o prato que ela deveria comer, a comida, né, até então tudo foi programada no Hotel Bourbon o almoço oferecido pelo Governador, pelos Diretores de Itaipú e quando ela está retornando da Usina pra ela ir pro Hotel Bourbon, pro almoço no caminho quando ela chegou no Hotel Bourbon que ela desceu do carro ela pediu aos seus assessores que ela gostaria de comer um filé de frango grelhado, já estava todo almoço preparado então imediatamente foi mudado o cardápio em cima da hora na entrada do Hotel pra essa Rainha.
P1 – E o que você me diz da freqüência de mulheres nos quadros de funcionários aqui.
R – A freqüência as mulheres que trabalharam na empresa, né? É um numero grande e as mulheres de uns anos pra cá dentro da empresa principalmente, que a mulher normalmente é meio desacreditada, ela sofre uma certa pressão, normalmente ela faz o mesmo tipo de trabalho do empregado homem o salário dela as vezes, né, mas de uns anos pra cá, de uns 7 anos pra cá na gestão do Doutor Euclides Scalco, que marcou a sua presença na empresa agora ele está Ministro, é um Ministro do Fernando Henrique, da equipe, atualmente ele é conselheiro e na gestão do Doutor Euclides Scalco, as mulheres foram valorizadas, então nós começamos a ter na empresa mulheres gerente eu sou uma delas porque não existia era uma ou outra, então o trabalho da mulher foi valorizado e passou acreditar um pouquinho mais. E na minha área que eu trabalho, então eu da área de Relações Publicas da divisão, né, tenho uma colega Maria Auxiliadora que é da divisão de imprensa que é gerente, a Ana Maria que esteve hoje aqui que é da Diretoria Executiva, então somos tipo assim três grandes amigas que somos quase irmãs, acho que fomos irmãs em outras encarnações, então nós temos assim uma felicidade tão grande de trabalhar porque não tem assim aquele egoísmo, aquele ciúme, a gente trabalha assim com o coração aberto somos assim quase que transparente uma pra outra, então é muito bom porque uma quer ajudar a outra, a gente aprende, a gente cresce então a mulher tá sendo muito valorizada nos últimos anos.
P1 – Você lembra de algum caso fora, você contou o caso da Rainha, você lembra de alguma outra coisa interessante que tenha acontecido dentro do seu trabalho?
R – Algum causo, assim com colegas de trabalho?
P1 – Ou então qual que foram as principais mudanças que você observou com a construção dessa Hidrelétrica, depois da construção, mudanças na região, mudanças na cidade.
R – A mudança foi muito grande você tinha uma cidade, né, que eu sou nascida aqui, você tinha uma cidade de interior com 25, 30 mil habitantes e que de repente você começava ver uma rua calçada, né, você começava ver carros escrito assim consultoria Elke Elke, Unicon que foi o Consorcio de Construção e ninguém acreditava quando as pessoas não acreditam muito, “O que vai ser Itaipú, Itaipú vai alagar tantas áreas”, a gente via pelos jornais, rádios revistas, né, então ninguém acreditava muito e foi assim a cidade teve que ir assimilando aquilo e se preparando pra ela ter um espirito de cidade grande, não a cidade ser grande mas as cabeças serem grandes porque se você tinha um supermercado ou dois, você tinha dois, três hotéis, você tinha uma população do interior que você sabia quem morria, quem tava casando, quem tava batizando era tipo assim uma família sabe aquela cidade que você empresta o ovo do vizinho, o leite moça pra fazer o pudim, então as pessoas foram assimilando aquilo, a cidade teve que se estrutura melhor ter mais supermercado, agencias bancárias, ruas calçadas Itaipú ajudou muito, ajudou a calçar as ruas da cidade as companhias áreas foram se instalando, né, então a cidade, a região foi crescendo então se você tinha mais dois, três médicos vieram mais clinicas, a cidade, a região só ganhou tanto que...
P1 – Uma diferença enorme.
R – Uma diferença muito grande, porque Foz do Iguaçu conhecida pelas Cataratas que sempre trouxe turistas maravilhas do mundo e tal, mas agora Foz do Iguaçu é conhecida no mundo todo qualquer chefe de estado, qualquer pessoa importante cientista, Presidente, Rei, Rainha que vem pro Brasil ele vai pra Brasília, ele conhece o Rio de Janeiro pelas maravilhas da cidade, ele tem encontros comerciais, empresariais, políticos e econômicos em São Paulo que é a maior cidade do Brasil e uma das maiores do mundo e ele vem pra Foz do Iguaçu, ele vem pra Foz do Iguaçu conhecer as Cataratas que ele não pode voltar pro seu país sem conhecer e ele vem conhecer a maior Hidroelétrica do mundo que é um grande projeto que todo mundo quer conhecer, que exporta tecnologia pro mundo todo, então Foz do Iguaçu ela é conhecida agora no cenário mundial porque faz com que essa autoridade, esse chefe de estado ele vem conhecer as Cataratas e ele conhece Itaipú, já está no roteiro.
P1 – Agora dentro desse nosso esquema de trabalho com vocês, o que você acha dessa idéia que Itaipú teve de fazer a história através dos relatos dos funcionários.
R – Bom, uma idéia fantástica no primeiro momento assusta um pouco e daí você pensa assim, você começa a pensar quantos anos se passaram e eu estou aqui na empresa ainda, vou sair, vou me aposentar aqueles que já se aposentaram, aqueles que não se aposentaram mas que já trabalharam, né, já contribuíram e que saíram e que foram selecionados, foram indicados pra participar e contar um pouquinho da história de Itaipú, é um projeto assim como eu estava conversando hoje, é um projeto, é uma idéia, é um trabalho de empresas de primeiro mundo quando a empresa se preocupa com a sua história, o tratado tá completando 30 anos, então é uma história.
P1 – E você particularmente como uma das que contribuem pra levantar essa história, o que você acha de dar esse depoimento?
R – Fiquei um pouco preocupada, fiquei um pouco nervosa porque eu acho que tem outras pessoas que poderiam estar aqui no meu lugar, que contribuíram mais, que foram mais importantes ainda e por um motivo ou outro ou porque não foram indicadas talvez foi esquecido, acho que minha parcela é tão pequena perto de outras pessoas que eu não me lembro o nome, mas acho que outras pessoas poderiam estar aqui no meu lugar.
P1 – Mas você se sentiu bem dando a entrevista?
R – Me senti bem, muito bem.
P1 – Foi muito boa.
R – E uma coisa que eu sempre ressalto não sei se posso falar? Que eu sou uma pessoa muito feliz na empresa, muito feliz porque as vezes as pessoas falam assim: “Meu chefe é isso, meu chefe é aquilo”, tipo assim eu não gosto de matemática porque eu não tive bons professores, não souberam me passar, então eu prefiro uma área mais light, mais de falar do que a matemática porque eu não tive grandes professores e na Itaipú desde que eu entrei eu tive grandes chefes, grandes mestres eu não to aqui puxando o saco, falando bobeira porque não preciso disso não tenho idade pra isso tenho que ser verdadeira, mas os melhores chefes que passaram por Itaipú foi na área de Comunicação, então eu tive o privilégio de trabalhar com essas pessoas como o meu primeiro chefe Francisco Fiali, filho de diplomata falava quatro, cinco idiomas, né, muito bom, depois Pedro de Sales Oliveira, um grande relações publicas aposentado da Cesp, eu tenho agora nesses últimos 7 anos o jornalista Hélio Teixeira, que eu conheci o jornalista Hélio Teixeira quando ele vinha há 20 anos atras fazer matéria que ele era jornalista da Veja, então você trabalha com aquelas pessoas muito inteligentes que você vai aprendendo.
P1 – Então a gente sente muito em ter que interromper, já passou o horário, desculpa, mas a gente agradece muito a entrevista.
R – Obrigada.Recolher