O nome de nosso depoente é Antônio Carlos Lopes, tem 59 anos, nasceu em Paulópolis – SP, no dia 13 de junho de 1952. Sua infância foi bem “pobrezinha”. Para ir à escola, andava 12 quilômetros, ia descalço e com uma mochila de saco de algodão, dada pela professora. Estudou n...Continuar leitura
O nome de nosso depoente é Antônio Carlos Lopes, tem 59 anos, nasceu em Paulópolis – SP, no dia 13 de junho de 1952. Sua infância foi bem “pobrezinha”. Para ir à escola, andava 12 quilômetros, ia descalço e com uma mochila de saco de algodão, dada pela professora. Estudou na escola “Toledo”, perto da cidade de Tupã – SP.
Não se lembra do nome de sua primeira professora, mas lembra que ela era de descendência japonesa. Lembrou-se que ia com algumas pessoas encontrá-la a uns 3 quilômetros, de jipe, para trazê-la para a escola. Lembrou-se, com saudade, de seu coleguinha de escola de descendência japonesa, pois, quando era a hora do lanche, esse amiguinho levava pão “bonito” com queijo e Seu Lopes levava pão duro com ovo e eles trocavam os lanches. Gostava de ir para a escola, sua matéria preferida era matemática, mas seu pai esperou que terminasse a 4ª série e colocou-o para trabalhar. Em sua infância, com alguns amigos, corria no “areião” e, quando o sol aparecia, corriam para a sombra de árvores. Apanhou muito de sua mãe, pois era muito arteiro. Brincava de várias coisas, corria, nadava e brincava com os vários animais do sítio. A brincadeira favorita dele era jogar bola, como não tinha bola, fazia com meias velhas. Em sua adolescência não estudou, pois teve que trabalhar. Teve uma ótima adolescência, mesmo sendo pobre, jogava bola e ia aos bailinhos de barracas, onde aproveitava para paquerar bastante. Seu sonho, quando criança, era ser professor. Queria, também, ter uma bicicleta, porém conseguiu andar em uma somente quando tinha 12 anos de idade. Disse-nos que começou a namorar com 11 anos, a filha do patrão. Seu primeiro trabalho foi na lavoura de café.
Contou-nos um fato interessante sobre sua vida: em 1975 houve uma geada que queimou toda a plantação de café, o que foi um grande prejuízo. Então, ele, sua esposa, Ivete, e sua filha Andréia, resolveram se mudar para São Paulo, trabalhar na Mercedes Benz, levando apenas uma cômoda com roupas. No caminho de Oswaldo Cruz até São Paulo foi chorando desesperado, por nunca ter ido a uma cidade grande. Em São Paulo, morou por 7 anos. Casou-se aos 21 anos com Ivete Aparecida Teixeira Lopes (hoje com 57 anos), fará 38 anos de casamento e nos disse que, se pudesse dar uma nota para sua esposa, seria 10 e se pudesse casar novamente, escolheria a mesma esposa. Relatou-nos que o dia de seu casamento foi o dia mais importante de sua vida.
Tem 3 filhos que se chamam Andréia (36 anos), André (33 anos) e Adriano (32 anos). Tem 3 netos que se chamam Wendy ( 6 anos), Vinícius (4 anos) e Vitória (3 anos). Contou-nos, com alegria, que sua mãe tem 89 anos e continua forte. Já seu pai faleceu quando Seu Lopes tinha 14 anos. Seu Lopes tem 6 irmãos com a diferença de 2 anos entre cada um, tendo o mais velho 69 anos. Mora em Indaiatuba há 30 anos, veio transferido pela Mercedes Benz, trabalhava no setor de peças, onde tinha o apelido de “Purunga”. Acha que a cidade cresceu muito, mas é muito boa para se viver e gosta de viver aqui. Sempre morou no mesmo bairro – Mercedes – e não troca o bairro por outro. Com o tempo, conseguiu perceber a evolução e crescimento do bairro, mas continua gostando de morar ali. Nunca sonhou em abrir um mercado, veio por acaso. Construiu um salão (ele como pedreiro e sua esposa, Ivete, como servente), quando ficou pronto, foi buscar seu sogro para tomar conta, só que não deu certo, tendo ele que assumir o comando. Iniciou o funcionamento em 30 de dezembro de 1989, ficava onde se localiza hoje o Agrocampo Lopes, eram duas portinhas: uma era a quitanda e a outra era a loja de sua filha Andréia. Abrir o mercado foi muito difícil, porque não tinha carro nem dinheiro, apenas tinha um salão e algumas prateleiras velhas. Quando saiu da Mercedes, recebeu algum dinheiro que ficou no banco e um antigo Presidente pegou uma parte. Não tinha dinheiro, já tinha saído da Mercedes, então teria que continuar com o mercado. No início foi uma quitanda, depois foi aumentando e mudaram-se para o prédio da frente, onde fica o Mercado Lopes hoje, e Seu Lopes tomou gosto pelo seu negócio. Hoje, tem 26 funcionários, que fazem parte de uma família, e no bairro não tem quem não o conheça.
Gosta de trabalhar no mercado, porque, segundo ele, estudar na idade em que está não dá mais. Seu mercado é um mercado de bairro e, com o decorrer do tempo, foram se formando vários laços de amizade. Este ano (2011) o mercado completa 22 anos de funcionamento. Em suas horas livres gosta de ir ao sítio plantar e cuidar dos animais. No sítio tem plantações de várias frutas e tem criações de vários animais, como: galinhas, cavalo, porcos, vacas, etc.. Ele mesmo cuida do sítio, contando com a ajuda de um outro senhor. Gosta muito de seus animais, mas sabe que dá muito trabalho. Sua comida preferida é arroz, feijão, bife e salada de tomate. Sua cor favorita é verde. Gosta de todos os tipos de música, de assistir novela, é “noveleiro”, adora ler revista de fofoca e assistir jogos na TV ou ouvir no rádio. Tem medo de viajar de avião. Torce para o time do Santos, porém nenhum de seus filhos torce para o Santos. Para ele, seus filhos são ouro, porque estão sempre juntos, no sítio e jogando bola. Hoje, acha que conseguiu muito mais do que queria, pois nunca esperava chegar tão longe, como chegou E, acha que é uma pessoa que sempre foi feliz Contou-nos que ainda tem um sonho de abrir a loja 2 no bairro Monte Verde, mas falta coragem para recomeçar. Acha-se um bom adulto, porque procura respeitar as pessoas, não pega nada que não é seu e sempre mantém a posição de um bom cidadão Deixou uma mensagem para as crianças: “Estudar, estudar e estudar...para ser alguém na vida”Recolher