Edenir, uma artista criativa
Com o fim da escravidão, milhares de imigrantes vieram ao Brasil a fim de tentar melhor qualidade de vida.
Embarcavam em grandes navios e se aventuravam durante meses numa dura viagem, alimentada por muita esperança.
Muitas crianças nasceram durante essas viagens.
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Edenir, uma artista criativa
Com o fim da escravidão, milhares de imigrantes vieram ao Brasil a fim de tentar melhor qualidade de vida.
Embarcavam em grandes navios e se aventuravam durante meses numa dura viagem, alimentada por muita esperança.
Muitas crianças nasceram durante essas viagens.
Não foi diferente com sua famÃlia, eram descendentes de italianos.
Sua mãe e avó nasceram na cidade de Indaiatuba, interior do estado de São Paulo.
Filha de Paulo Vacilotto e Therezinha Edenir Curti Giampaulo Vacilotto, Edenir Aparecida Curti Vacilotto Matiquevis nasceu em 13 de março de 1961 no hospital Augusto de Oliveira Camargo.
Seus pais se conheceram na Praça Prudente de Moraes. Hoje neste mesmo local temos coreto, quiosques, lojas, bancos...
Naquela época, aquele era o local em que as pessoas se conheciam. Muitos namoros iniciaram ali.
As moças andavam pelo lado de dentro e os moços pelo lado de fora, num grande cÃrculo, ao som de belas músicas.
Seu irmão Edenirson Giampaulo Curti Vacilotto é muito zeloso, qualidade herdada de seu avô, que cuidava bem de suas ferramentas de jardim. Elas estão guardadas em sua casa até hoje.
Costuma fazer alguns consertos como: arrumar fios, batentes de porta, pisos... É uma caracterÃstica da famÃlia o fato de querer fazer algo, tentar até conseguir.
Quando criança, brincava muito com suas amigas Valéria e Eliete. Costumavam brincar de bonecas, fazer bichinhos de batata, caminho na terra para a água passar, pintar, desenhar, desfilar, escolinha, fazer bijuterias, massinha, concursos, dança, jogos e piscina.
Certa vez, resolveram pular Carnaval, enfeitaram a calçada e começara a brincadeira. As pessoas que passavam começaram a chamar-lhes a atenção, pois era época de Quaresma, momento muito respeitado pelos católicos. Deixaram de brincar imediatamente.
Não foi rica, mas nunca lhe faltou nada. Ganhava bons brinquedos, principalmente em datas comemorativas. A mãe fazia todas as suas vontades.
Gostava muito de ir às piscinas do clube IX de Julho, nas praças e parques, mas fazia isso com maior frequência quando o seu pai não estava doente.
Na sua infância estudou na escola Randolfo Moreira Fernandes, local onde hoje funciona a Secretaria da Cultura. Era uma escola muito limpa, com professores exigentes e severos.
No primeiro ano, ela chorava muito porque não queria ficar na escola. Quando parava de chorar, seu colega Pascoal começava, era um verdadeiro revezamento.
Gostava muito de comer polenta com couve, que era servido como merenda.
Naquela época era comum todos levarem lanche na escola. Certa vez, a maionese do seu lanche estragou, sua professora decidiu jogar no lixo. Quando viu o que tinha acontecido começou a chorar muito, pois ficou com dó de sua mãe.
As professoras que a marcaram mais foram Transvalina e Iolanda.
Transvalina era uma senhora idosa e muito brava. Landinha, como era carinhosamente chamada, era caprichosa, educada e fazia linhas na lousa para que seus alunos aprendessem usar o caderno corretamente.
Aprendeu a ler com a cartilha. Não via o momento de passar para a próxima lição e observar as imagens seguintes.
Quando seu pai completou 30 anos descobriu que estava doente, assim sua mãe parou de dar a mesma atenção que lhe dava antes. Ele tinha mal de Parkinson e conviveu com a doença até os 70 anos.
Em sua juventude não foi de sair muito, pois sua mãe, por dedicar-se a seu pai, a segurava demais, assim ela frequentava poucos lugares como: Indaiatuba Clube e discotecas (que era o auge da época).
Lá as pessoas costumavam usar roupas brancas devido às luzes negras que refletiam em seus trajes.
Não sabendo o que fazer, escolheu a faculdade de Artes em Itu, pois era uma das opções que mais lhe agradava, já que gostava muito de desenhar e fazer artesanato.
Divertiam-se durante as aulas, mas depois das atividades ia cada um para sua casa, pois as noites em Itu eram muito frias e como trabalhava o dia todo estava sempre cansada.
Sua mãe a esperava sempre no portão, pois tinha hora para chegar e saia sempre a pé com o namorado e amigos que tinha.
Conheceu seu marido no trabalho. No inÃcio era apenas um colega, mas com a convivência e a comunicação do dia a dia, foi percebendo que se tratava de uma pessoa com boa qualidade e passaram a namorar.
Certa vez, passando em frente à sala em que trabalhava, avistou uma colega sentada em sua cadeira conversando com ele. Nervosa, saiu e só depois descobriu que tratavam do presente de seu aniversário. Isso a fez sentir-se envergonhada até hoje.
O vestido de seu casamento foi confeccionado por sua mãe, uma costureira muito requisitada.
Quando foi comprar o sapato ficou muito tensa, pois queria um salto alto devido a altura do seu noivo, então comprou em Campinas um sapato com um número menor que seus pés, já que não havia muitas opções.
O casamento ocorreu na Igreja Matriz e a recepção na Rotissaria do Peixinho, um local muito elegante na época.
O único problema foi ficar com sapatos apertados. No final da festa resolveu tirá-los e não conseguindo calçá-los novamente, devido ao inchaço de seus pés, ficou descalça o restante da festa.
No dia 13 de dezembro de 1986 nasce sua primeira filha Bruna Caroline Matiquevis. Sete anos depois nasce, no dia 7 de agosto, Brenda Helena Matiquevis. O parto ocorreu tranquilamente.
Suas filhas são centradas, mas quando crianças adoravam fazer bagunças nas gavetas, fazendo a mamãe arrumá-las todos os dias.
Ser mãe foi a maior experiência vivida até hoje.
Vive fazendo coisas relacionadas à sua profissão. Suas filhas não participam muito dessas ocasiões, porém seu esposo coopera fazendo a limpeza de toda sujeira e bagunça deixada por ela enquanto trabalha.
É apaixonada por animais, principalmente cachorros.
Seu primeiro animal de estimação foi um cachorro que se chamava Dic. Seu pai o trouxe ainda pequeno numa bicicleta verde.
Lembra-se que quando criança uma raposa invadiu o quintal de sua casa e atacou as galinhas. Sua avó, pensando ser o seu cachorro, bateu muito nele. Nesse dia ela chorou muito, pois não gosta que maltratem os animais.
Hoje possui três cachorros. Um deles é a Bela que a seguiu quando voltava de uma loja próximo a sua casa. Vendo a situação do animal, decidiu ajudá-lo com comida e cuidados médicos.
Quando a cachorra estava melhor, resolveu espalhar cartazes pela cidade a fim de encontrar os seus donos.
Quando a dona apareceu sentiu-se triste e tentou comprar o animal, porém a senhora não concordou.
Lamentando o fato, entrou em contato com vizinhos da senhora para saber sobre os cuidados que o animal estava recebendo. Ficou muito triste com a resposta.
Observando que viria uma forte chuva, temendo pelo animal, ligou para a senhora pedindo-lhe permissão para entregar algumas coisas que haviam ficado em sua casa.
Chegando lá, alegraram-se todos, principalmente Bela. Vendo a alegria da famÃlia a senhora a vendeu por R$ 200,00, que usou para fazer uma tatuagem em homenagem à cachorra.
Passou a lecionar na rede municipal de Indaiatuba em 1998 na EMEB Profª Elizabeth de Lourdes Cardeal Sigrist.
Naquele ano as aulas iniciaram apenas em março, devido a uma forte chuva que destelhou toda a escola.
No começo, sentia-se insegura, o que ocorre até hoje, pois pede coisas difÃceis e fica apreensiva quanto ao desempenho dos alunos.
Acha interessante ver a evolução das crianças à medida que leciona.
Como a aposentadoria se aproxima, seus sonhos não estão relacionados à sua profissão. Deseja viajar para fora do Brasil, conhecer diversos paÃses e suas culturas.
Acredita que se dedicará sempre ao artesanato, pois não sabe ficar parada.Recolher