Projeto Anglo American – 50 Anos de Brasil
Entrevista de Rafael Heleno Pinto Rajão Costa
Entrevistado por Luiz Egypto (P/1) e Nataniel Torres (P/2)
São Paulo, 10 de março de 2023
Entrevista número AAMC_HV004
Transcrita por Selma Paiva
R – Rafael Heleno Pinto Rajão Costa.
P/1 – Seu loca...Continuar leitura
Projeto Anglo American – 50 Anos de Brasil
Entrevista de Rafael Heleno Pinto Rajão Costa
Entrevistado por Luiz Egypto (P/1) e Nataniel Torres (P/2)
São Paulo, 10 de março de 2023
Entrevista número AAMC_HV004
Transcrita por Selma Paiva
R – Rafael Heleno Pinto Rajão Costa.
P/1 – Seu local e data de nascimento, por favor.
R – 31 de janeiro de 1981, Belo Horizonte.
P/1 – Ok. O nome dos seus pais.
R – Carlos Alberto Rajão Costa e Celina Maria Pinto Costa.
P/1 – Qual era a atividade do seu pai?
R – Meu pai era comerciante.
P/1 – Algum ramo específico?
R – Mobiliário, rouparia, loja de brinquedos.
P/1 – Em Belo Horizonte?
R – Não, em Conceição do Mato Dentro. Apesar de eu ter nascido em Belo Horizonte, eu morei praticamente a minha vida toda em Conceição do Mato Dentro.
P/1 – E a atividade da sua mãe?
R – Minha mãe era do lar e hoje ela tem uma loja de roupas. Ela é comerciante também.
P/1 – Você conheceu seus avós?
R – Conheci.
P/1 – Dos dois lados?
R – Sim.
P/1 – Você podia dizer o nome deles, por favor.
R – Avós paternos eram Adão de Oliveira Costa e Antônia Rajão Costa. E avós maternos, Carlos Alves Santos Pinto e Irene Santos Pinto.
P/1 – Havia histórias na sua família sobre a origem dos seus avós? De onde eles vieram, como vieram, se eram da região? Havia algum tipo de história assim, na sua família?
R – Sim. O meu bisavô, na verdade, é português, veio para o Brasil nas vésperas da I Guerra Mundial, para Conceição [do Mato Dentro], onde ele teve os filhos. Minha avó hoje, Antônia, é apelidada de Dona Tatá, tem 101 anos e ela conheceu meu avô aqui em Conceição, meu avô já era comerciante, também era seresteiro, tocava violão e meus avós maternos são de Jaboticatubas, que é uma cidade próxima aqui, também, a Conceição, entre Conceição e Belo Horizonte, e eles também eram comerciantes. Atualmente apenas a minha avó Antônia que é viva, todos os três faleceram.
P/1 – Quer dizer que a atividade principal da família sempre foi vinculada ao comércio?
R – Sempre foi vinculada ao comércio. Tanto que eu nunca imaginei que eu trabalharia com mineração um dia.
P/1 – Certo. Vamos chegar lá. Você tem irmãos?
R – Tenho três irmãs.
P/1 – E onde você se coloca, nessa ‘escadinha’?
R – Eu sou o caçula, o mais novo.
P/1 – Como é que era a sua casa de infância, aí em Conceição?
R – Minha casa, na verdade, é no mesmo lugar até hoje, quem mora é minha mãe, ela é localizada na região central, no Centro Histórico da cidade.
P/1 – Você podia descrever essa casa, por favor?
R – Sim. É uma casa de esquina, de segundo andar, localizada em cima de uma das lojas que o meu avô tinha e, com o falecimento do meu avô, o meu pai herdou esse imóvel e passou a seguir também na atividade comercial. Uma casa de varanda, bem localizada que, inclusive, nos principais eventos da cidade a gente tem uma vista privilegiada.
P/1 – E como é que é a divisão interna dessa casa? Tem quintal?
R – Não. Ela é uma casa grande, com seis quartos, tem duas varandas, é uma varanda que dá para a rua, para o Centro Histórico, e uma com visual oposto, para o pôr do sol, cozinha, uma sala conjugada com essa varanda também.
P/1 – Vocês, irmãos, tinham obrigações em casa, ajudavam na lida da casa, tinham algum tipo de compromisso para ajudar na manutenção de um imóvel tão grande?
R - Até que não. Meu pai tinha uma boa condição de vida, então a minha mãe tinha pessoas em casa, para poder ajudar. Nosso compromisso, mesmo, era chegar em casa na hora certa, não ficar na rua até a noite, mas afazeres mesmo, domésticos, de lavar louça, arrumar o quarto, até que a gente nunca teve, não.
P/1 – Como eram as brincadeiras dessa criançada?
R – Cidade do interior era muito bom, a gente brincava muito na rua, tanto futebol, jogava peteca, brincava de queimada, polícia e ladrão. Era uma cidade bem mais tranquila, em relação ao que é hoje. Eu lembro que eu jogava muito também futebol de botão, sempre adorei futebol e eu tinha... eu lembro que meu pai assinava, para mim, a revista Placar, onde que vinham os times de vários lugares do Brasil, só comprava botão e ficava fazendo coleção de time de botão. Até hoje eu tenho guardado.
P/1 – A sua primeira escola qual foi?
R – Foi aqui em Conceição, chama Escola Estadual Daniel de Carvalho. Uma escola tradicional, localizada no Centro Histórico, hoje, inclusive, ela foi municipalizada. Ela era estadual.
P/1 – Certo. Tem alguma professora, algum professor que tivesse marcado sua memória?
R – Sim. Eu tenho, na verdade, dois. Tinha um professor que chama Zé Miguel, que era professor de Português, de Redação, e ele, sem dúvida alguma, foi fundamental para me direcionar e hoje é a matéria, a disciplina que eu mais gosto. E também eu tive uma professora que me marcou muito, que foi uma professora de Matemática, que ela acabou falecendo quando a gente estava na sexta série e marcou porque a gente era criança, foi a primeira pessoa na minha vida que eu lembro que tinha falecido de câncer, ela era mãe de uma colega nossa, então acabou marcando muito a perda dela.
P/1 – Como se deu a continuidade da sua trajetória educacional? Dali dessa escola você passou para onde?
R – Da Daniel de Carvalho eu passei pra Escola Estadual São Joaquim, que também é uma escola muito tradicional da cidade, onde eu estudei até a oitava série. O ensino médio eu mudei para Belo Horizonte, para poder fazer o ensino médio, onde eu estudei no Pitágoras, do primeiro ao terceiro ano, depois eu fiz faculdade de Turismo no Newton Paiva e depois eu fiz um outro curso também, tecnólogo em Gestão Ambiental, pela Unicesumar.
P/1 – Ainda quando você estava em Conceição do Mato Dentro o que aquele garoto queria ser, quando crescesse?
R – Jogador de futebol.
P/1 – (risos) Personagem de jogo de botão?
R – Até que não, queria ser o Reinaldo do Atlético, o Zico do Flamengo. Na verdade, futebol sempre esteve muito envolvido na minha vida. Meu pai um tempo também jogava bola, meus tios jogavam futebol. No clube tradicional aqui de Conceição, que tem mais de setenta anos que existe, meu pai era jogador, então minha infância foi toda acompanhando-o onde ele ia jogar, se fosse aqui em Conceição, em alguma cidade da região, eu ia acompanhando-o.
P/1 – E você joga também?
R – Jogo até hoje.
P/1 – Qual a sua posição?
R – Atualmente eu jogo lateral esquerdo, mas eu jogava mesmo de meio de campo. Estou ficando mais velho, estou caindo para a lateral.
P/1 – (risos) Está certo. E como foi essa transição da cidade pacata de Conceição do Mato Dentro para cidade grande de Belo Horizonte?
R – Foi muito... realmente, a rotina era completamente diferente. Na época a minha irmã, que é um ano e meio mais velha do que eu, a Luciana, se mudou um ano antes de mim, também pra estudar no Pitágoras e no ano seguinte eu fui para lá e a gente morava num apartamento da minha avó. Foi um momento, sem dúvida alguma, que ajudou a formar a minha personalidade. Apesar do meu pai ter condição de poder me dar toda estrutura para estudar, eu estava morando sozinho junto com a minha irmã, onde eu tinha que ter as minhas responsabilidades. Tanto minha rotina de estudos, eu também joguei futebol, em Belo Horizonte, em alguns clubes e aí acabou que eu perdi meu pai logo depois, aí a vida deu uma reviravolta, mas acho que a gente vai ter oportunidade de falar disso mais na frente.
P/1 – Pode falar.
R – Na verdade, meu pai morreu, inclusive jogando futebol também, ele teve um infarto e faleceu jogando futebol, em 2001. Eu estava fazendo 22 anos esse ano, obviamente naquele momento foi um susto para todo mundo, meu pai era novo, tinha 53 anos, se ele estava jogando bola é porque ele estava se sentindo bem e acabou tendo reviravolta na minha família, realmente, porque meu pai era o pilar financeiro. Então a minha irmã mais velha morava, na época, em Tocantins, se não me falha a memória. Não, em Goiânia, desculpa. E aí ela voltou para Conceição, junto com o marido, para poder assumir os negócios do meu pai, que acabaram não dando certo também. Aí, mais ou menos cinco, seis anos depois que meu pai tinha falecido, a gente acabou perdendo as empresas dele, se não hoje em dia a tendência é eu estar trabalhando em alguma empresa que ele tinha, na época, ao invés de estar na Anglo, né?
P/1 – Certo. E como é sua trajetória profissional? O seu primeiro emprego foi onde? O seu primeiro trabalho remunerado.
R - Meu primeiro emprego foi no ano 2000, no IBGE, eu trabalhei no Censo, em Belo Horizonte, foi uma oportunidade, para mim, sensacional. Eu me saí muito bem no concurso, eu passei entre os primeiros lugares e depois ainda teve um concurso interno, onde eu passei em primeiro lugar e acabei podendo escolher, inclusive, o setor em que eu ia trabalhar. Na época eu estava precisando de dinheiro, então eu escolhi um setor onde eu teria um retorno financeiro melhor. Mas foi um trabalho... até hoje tem questões do meu dia a dia que eu lembro que eu aprendi com esse trabalho temporário que eu tive no IBGE. Eu trabalhei em uma favela em Belo Horizonte, foi mais ou menos oito meses de trabalho, onde eu tive oportunidade ali de conviver com diversas situações, de pessoas extremamente simples, que independente do que tinham, estavam extremamente felizes, ‘tocando’ a vida, otimistas, sempre esperando algo melhor do futuro, e até pessoas também que não se reconheciam como cidadãos que, inclusive nas abordagens que a gente tinha, para poder aplicar a pesquisa, se recusaram a responder, com a justificativa que eles não tinham nenhum apoio do governo e por esse motivo não queriam colaborar com a entrevista. Mas foi uma experiência sensacional.
P/1 – Levou para você uma nova visão? Como é que se deu a sua tradução desse ambiente?
R – Como eu estava vivendo um momento pessoal muito delicado, pelo fato de ter perdido meu pai, de estar passando dificuldades financeiras e ter o contato com pessoas mais simples, que teoricamente teriam muito mais motivos para reclamar da vida, isso me fez amadurecer muito e perceber, realmente, que a gente tem que aprender também a agradecer o que a gente tem e não pura e simplesmente ficar sempre focando nas questões negativas, reclamando. Acho que me fez... foi o primeiro trabalho que me direcionou para área social, que é a que eu trabalho hoje.
P/1 – Trabalho do IBGE concluído e aí, foi fazer o quê?
R – Nessa época eu já estava fazendo faculdade de Turismo na Newton Paiva, aí eu entrei num estágio na Fundação Clóvis Salgado. Uma vizinha minha, que estudava comigo também, por coincidência, foi fazer esse estágio, surgiu outra vaga, ela me indicou, eu passei no processo e trabalhei durante dois anos. Era um estágio da faculdade, vinculada a Newton Paiva, eu trabalhei dois anos no Grande Teatro, na área de eventos.
P/1 – Certo. Em que consistia esse trabalho?
R – A gente era responsável por fazer a recepção dos convidados e clientes que iriam assistir algum espetáculo no Grande Teatro do Palácio das Artes. E aí, além do trabalho de recepção, a gente fazia também todo trabalho administrativo: posicionamento de borderô, organização também da parte de divulgação junto com a área de eventos da Fundação Clóvis Salgado.
P/1 – A continuação disso aí como se deu?
R – Aí o estágio venceu e eu saí da Fundação Clóvis Salgado e logo depois eu tive uma outra oportunidade, que foi muito importante para mim também, que eu aprendi muito, que foi trabalhar no Sebrae. Eu fiz um estágio também de dois anos no Sebrae, em Minas, onde eu trabalhava diretamente com atendimento aos clientes e abertura de empresa, na central de atendimento ao cliente, e o principal ponto era auxiliar tanto em abertura de empresa, quanto direcionamento de consultorias, a parte de capacitação que o Sebrae também oferece para os pequenos empreendedores e eu fazia o atendimento tanto por telefone, quanto por chat, quanto também em eventos do Sebrae, de maneira presencial.
P/1 – Você veio pulando de estágio em estágio, até quando você conquista a sua primeira posição fixa?
R – Aí, em 2006 eu voltei para Conceição do Mato Dentro, final de 2006 e em fevereiro de 2007, por coincidência, também, eu encontrei com um amigo com quem eu tinha trabalhado lá na Fundação Clóvis Salgado, ele estava vindo trabalhar em Conceição, numa empresa terceirizada de comunicação social para a MMX e ele precisava contratar algumas pessoas, acabou me dando oportunidade. Eu fiquei nessa empresa aproximadamente dez meses e foi quando surgiu a oportunidade de ser contratado pela MMX, para trabalhar na área de geologia. Eu fazia um trabalho tanto apoiando os geólogos na parte de campo, de identificação de propriedades, de mapeamento exploratório, que a gente fala, para conhecer as propriedades e começar a definir o mapa, para depois executar a pesquisa geológica e nesse período aí a Anglo comprou a MMX e aí eu fui, todos os funcionários naquela época também passaram para a Anglo American. Eu fiquei um período ainda na geologia e depois eu mudei de área.
P/1 – A ideia do Projeto Minas-Rio já estava presente nesse momento, ou a preocupação era apenas com a mina em Conceição?
R – O Minas-Rio já tinha a concepção e a ideia do projeto. Nessa fase foi onde estava iniciando os estudos ambientais, que são chamados aí de EIA-RIMA, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental. Esses estudos são a primeira fase para você ter autorização, para começar a instalação do empreendimento. Então, eu entrei realmente bem no início.
P/1 – Isso ainda sob a égide da MMX?
R – Isso, MMX.
P/1 – E qual a sua função no campo? Era dar apoio ao geólogos, você disse, mas também já começava esse relacionamento com as pessoas que seriam afetadas pelo projeto?
R – Não. Na verdade, a minha... eu já começava o relacionamento com propriedades onde seriam feitas as pesquisas geológicas. Algumas dessas famílias posteriormente foram afetadas e tiveram que ser realocadas, mas nem todas.
P/1 – Como é que era essa primeira experiência de contato com a comunidade, diante de um projeto com impacto tão poderoso?
R - Esse é um ponto interessante também, porque o fato de eu ser de Conceição e a minha família ser de comerciantes, onde todo mundo conhecia, abriu muito as portas pra mim em várias propriedades onde eu chegava, que as pessoas já me conheciam, ou durante a conversa sabiam quem era meu pai, meu avô e isso trazia uma credibilidade e facilitava, em alguns casos. Em outros casos acabava dificultando, porque as pessoas também misturavam as coisas, queriam que eu tratasse de maneira diferente, enfim, querendo informações privilegiadas, ou até uma indenização com um valor diferente, queriam que eu desse tratamento realmente diferenciado, pela relação que a gente tinha. Isso sempre foi uma questão super sensível e que eu acredito que eu estou na empresa até hoje pelo fato de eu sempre ter tratado esse assunto com muita seriedade. Eu acho que o valor integridade é um valor que é inegociável e sempre quando estive envolvido em algum conflito de interesses imediatamente eles foram reportados dentro dos canais oficiais da empresa e diretamente ao meu gestor, também. Certamente, se eu não tivesse tido essa postura, a tendência é que eu não estivesse aqui hoje.
P/1 – O que mudou, com a mudança de gestão? Aquilo que era MMX virou Anglo American. O que mudou no seu relacionamento com esse pessoal?
R – O primeiro ponto que foi notória a diferença entre MMX e Anglo American é que a MMX era uma empresa que tinha mais como objetivo vender, começar a implantação do projeto e depois negociar, então não tinha uma preocupação de como seria o relacionamento a longo prazo. Completamente diferente da Anglo American. A Anglo, quando assumiu, imediatamente a gente já percebeu que a empresa era baseada em algumas políticas sociais e anticorrupção, um código de conduta muito sério, que tem que ser seguido, os valores da empresa são muito fortes, com segurança, preocupação e respeito, que a gente não percebia isso na MMX. A MMX tinha, realmente, uma postura diferente. Em várias situações era mais fácil resolver as coisas com dinheiro, pagando, por exemplo, à aquisição de uma propriedade um valor mais alto, do que pensando numa isonomia de um processo.
P/1 – Uma veio para ficar, outra veio de passagem, digamos assim?
R – Exatamente.
P/1 – E qual é o ‘pulo do gato’ nesse tipo de relacionamento? Qual é o segredo, além da postura da integridade, mas você está mexendo com a vida das pessoas, com a história das pessoas e isso tem um sentido poderoso, né?
R – Sem dúvida, Luiz. O ponto que é primordial, que a gente sempre conversa com a equipe e com os demais colegas das áreas de apoio é que o ponto essencial é a gente se colocar no lugar do outro. Toda interação que a gente faz a gente sempre tenta avaliar de forma imparcial. Mesmo a gente estando uniformizado, com um objetivo, com uma meta a executar, a gente tenta sempre avaliar de maneira imparcial, empática, para a gente conseguir realmente trazer para dentro da empresa o olhar daquela pessoa, a percepção daquela pessoa, e não ficar, pura e simplesmente, apegado ao que são as obrigações da empresa, obrigações legais. Se a gente está, por exemplo, cumprindo um padrão legal de determinado impacto, não quer dizer que a operação não está incomodando uma pessoa que mora ali, nos arredores. A gente tem que ter empatia, realmente e entender que o modo de vida está sendo alterado e isso tem que ser compreendido, trabalhado e, sendo empático, geralmente a gente consegue ter mais abertura. As pessoas começam a dar, para a gente, mais credibilidade. Mas claro que é um trabalho muito do dia a dia, de conquista de confiança sempre, independente da demanda. A mais irrelevante que parece ser talvez é o meu olhar que entende dessa forma, mas pode ser que é uma coisa que é muito importante para aquela pessoa e se ela trouxe esse ponto, no momento de interação, é essencial que isso seja devidamente registrado, encaminhado internamente e dar um retorno para a pessoa. A gente brinca aqui, dentro da nossa equipe, que é muito melhor a gente dar um não do que a pessoa ficar com uma interrogação, aquela eterna dúvida ali e aquela sensação que a empresa desconsiderou a demanda que foi apresentada.
P/1 – Com a compra da MMX e a sua incorporação na Anglo American não teve nenhum tipo de conflito, nenhuma incompatibilidade de uma empresa para outra? O que você sentiu, quando começou sob nova administração?
R – Quando a empresa comprou a MMX e o Minas-Rio, obviamente que ela comprou o ativo e os passivos também e a principal dificuldade foi, realmente, a fase de implantação, onde foi necessário fazer o reassentamento e a retirada da grande maioria das famílias que estavam localizadas dentro da área diretamente afetada, que seria construída naquele momento hoje a nossa barragem de rejeitos e também a área de beneficiamento. A forma que a MMX negociava era diferente da empresa, não tinha critérios preestabelecidos, não existia análise social, de vulnerabilidade, era mais no sentido de fazer uma proposta financeira, se acaso aceitassem, comprava a propriedade. E a Anglo American chegou seguindo vários padrões internacionais, inclusive, de requisitos sociais onde, para você reassentar uma família, não era simplesmente fazer negociação “propriedade pra cá e dinheiro pra lá”. Tem toda uma análise social, se aquela família tem uma relação com a propriedade produtiva, se essa propriedade onde ela reside gera renda, qual é o nível de conhecimento dessa família, para saber se ela precisa ser acompanhada por uma parte independente. Então, quando a Anglo assumiu esse processo começou a ficar melhor estruturado. E aí, quando estava na fase entre a licença prévia e a de instalação, foi quando começou a ser criado os programas sociais do Minas-Rio, que até hoje a gente tem aqui na empresa.
P/1 – Isso faz uma diferença brutal, né?
R – Total.
P/1 – Você, nesse primeiro momento, estava vinculado ao seu trabalho mais a região de Conceição. Com o Projeto Minas-Rio você já tem uma extensão grande, 529 quilômetros, 33 municípios. Como o seu trabalho se ampliou para esses novos relacionamentos?
R – Quando eu saí da área de geologia e passei pela área social eu fiquei focado no público reassentado e nas comunidades próximas a mim. Eu não trabalhei com a interlocução com os superficiários e as famílias ao longo das outras estruturas, como mineroduto, linha de transmissão e adutora. Inicialmente eu estava focado, realmente, nas famílias no entorno do empreendimento e nas famílias reassentadas.
P/1 – E que balanço você faz dessa sua atuação junto a essas famílias próximas a Conceição?
R – Acaba sendo um trabalho extremamente difícil, porque a gente, ao longo do tempo, vai criando afinidade com as pessoas, independente se eu estou do lado da empresa, ou se eu estou do lado da comunidade, como morador, como natural de Conceição e esse vínculo é importante, traz credibilidade, as pessoas começam a ter mais confiança em você, se abrem mais, conseguem propor sugestões e soluções para problemas particulares e até coletivos, mas como eu comentei também, traz uma carga emocional que a gente, como profissional, tem que saber separar, porque a gente lida com o problema dos outros e, em muitos casos, realmente complicados. Cada pessoa percebe e convive com a empresa e com os impactos da operação de maneira diferente. Tem pessoas que são mais, realmente, conflituosas, que demandam a gente, mais, mas na minha visão eu acho que até o próprio fato de ter surgido para mim a oportunidade de ter assumido a coordenação da equipe de relacionamento da comunidade da empresa é um indicativo que eu tenho... sou bem-visto perante as comunidades. Eu acabei não comentando aqui, no início, mas quando eu entrei na empresa eu precisava trabalhar, eu já tinha filho, eu fui pai muito novo, com vinte anos e eu entrei como auxiliar de mineração e ao longo do tempo eu fui tendo oportunidades, fui sendo promovido gradativamente e hoje eu sou o primeiro funcionário mão de obra local que assumiu um cargo de liderança dentro da empresa. Então, isso, para mim, traz, realmente, um motivo de orgulho. Eu acho que é, digamos assim, um feedback positivo para as partes interessadas do público externo, em relação ao meu trabalho. Se eu não tivesse sido bem aceito por esse público certamente também a empresa não teria tido a confiança de me dar essa oportunidade.
P/1 – Sem dúvida. O que significa dizer que o seu trabalho ‘rendeu frutos’, né?
R – Sim.
P/1 – E como é que continuou, como a ‘coisa’ está atualmente? Está tudo pacificado? Ainda há problemas a ser resolvidos? Como é que está o quadro do seu trabalho, hoje?
R – O cenário, hoje, apesar de ainda ter alguns pontos que precisam ser melhorados e que a gente precisa trabalhar melhor com as comunidades, o cenário é bem diferente do que foi no início, na etapa de implantação. Teve alguns momentos onde houve diversas manifestações comunitárias, com fechamento de rodovias solicitando a paralisação da empresa. Alguns impactos gerados tanto durante a implantação, quanto o início da operação e de lá para cá a gente tem estreitado muito os relacionamentos com as comunidades. Hoje a gente tem mais de dez grupos de diálogo com as comunidades, onde a gente tem discutido todos os assuntos, desde ações de investimento social, de qualidade de vida, até a discussão dos programas socioambientais da Anglo American. A gente tem uma etapa, uma ferramenta de engajamento que é muito interessante, que é a gente levar a comunidade para conhecer o empreendimento, para ir dentro da mina ver e perceber ali os equipamentos funcionando, trabalhando e inclusive nos ajudar a identificar o que está mais incomodando, lá na comunidade. A gente tem um exemplo sensacional, que foi de uma família que foi conosco numa visita dessa, essa família ainda tinha um histórico grande de reclamações da empresa, no Fale Conosco, sobre ruído, que não conseguia dormir, que já estava com problemas psicológicos e aí, durante uma visita ao empreendimento, ela conseguiu identificar exatamente qual era o equipamento que a incomodava à noite e a gente conseguiu ajustar a nossa operação, para esse equipamento não trabalhar mais à noite, trabalhar apenas em horário administrativo e isso foi um exemplo muito bacana, que deu realmente resultado efetivo. E é uma ferramenta que até hoje a gente utiliza muito, que é levar a comunidade para conhecer as estruturas da empresa e nos ajudar, ali, a melhorar os processos, a interpretar os nosso controles e dar sugestões também.
P/1 – Ou eu muito me engano, ou a Anglo American tem uma preocupação muito ostensiva com relação às comunidades em que atua. No seu trabalho como você avalia essa relação, o processo como vem se dando e o que está faltando para melhorar?
R – A empresa realmente tem uma visão social muito interessante, tanto que um dos principais, ou o principal propósito da empresa é “Reimaginar a mineração para melhorar a vida das pessoas”. E a nossa área social tem uma voz muito forte internamente, quando a gente traz alguma situação que a gente captou em campo. Hoje, como eu estava comentando, a gente tem mais de dez grupos de diálogo com as comunidades, com demandas bem distintas. A gente tem grupo com comunidades, a Jusante da Barragem, que é um grupo muito sensível, eles têm comunidades que são mais distantes, onde o impacto está mais relacionado ao transporte de insumos e dentro desses grupos a gente vai tratando esses assuntos, a gente leva as equipes, dependendo do tema, para participar também, levar esclarecimentos. A gente pega esses feedbacks e retorna internamente para a empresa e isso tem refletido. Inclusive ano passado uma auditoria da Anglo American Social Way, que é a principal política social da Anglo American no requisito de engajamento com stakeholders, a gente foi compliance, aderentes, exatamente pelo trabalho que a gente fez ao longo do ano de 2022, que é de escuta ativa, de registrar todas as demandas, sem fazer julgamento da relevância, ou da legitimidade dessa demanda e principalmente de tentar sensibilizar a operação e a própria equipe responsável pelos controles ambientais, de pontos de melhoria que podem ser executados, implementados, além do que a legislação exige da empresa, para gente trazer mais conforto para quem é nosso vizinho, né? E tem dado certo. Como eu comentei também, tem pontos ainda de melhoria? Sem dúvida alguma, mas a gente está no caminho certo, com certeza.
P/1 – E como é a rotina do seu trabalho, a administração desses grupos de diálogo, sua presença no campo, junto às famílias? Como é a rotina do seu dia a dia?
R – Eu assumi a coordenação tem pouco tempo, vai fazer um ano agora em maio. Eu já exercia o cargo, digamos assim, interinamente, mas formalmente foi a partir de maio do ano passado e eu estou passando por aquela fase de mudança de mindset, de analista executor para coordenação mesmo, para poder trabalhar de forma mais estratégica, de sair um pouco da parte de execução, mas a essência do meu trabalho é relacionamento, então eu também não posso ficar só no escritório redigindo relatórios, discutindo estratégias e também deixar de lado a relação com as pessoas, mas tem sido um grande desafio. A nossa rotina aqui é muito intensa. A título de conhecimento, só para vocês terem ideia, a gente teve mais de sessenta reuniões ano passado após as 18 horas, noturnas, com a comunidade, que é o horário que geralmente a comunidade já executou as suas atividades de rotina, chegou do trabalho e tem disponibilidade para poder se reunir conosco, com três comunidades no entorno. E paralelo a isso a gente tem toda uma rotina de atendimento também, individual, de todas as famílias, seja de forma proativa, ou reativa, atendendo uma reclamação que chegou pelo Fale Conosco ou pela nossa equipe, ou levando informação proativa da empresa, de alguma condicionante, programa ambiental que a gente precisa cumprir. Então, a nossa rotina é bem intensa. A gente, como eu comentei: o ponto focal nosso são três principais comunidades no entorno da mina, mas gente também atende a sede de quatro municípios aqui da região, indiretamente afetada, de influência direta, que seria Conceição, Dom Joaquim, Alvorada de Minas e Serro.
P/1 – Serro?
R – Também.
P/1 – E quando você frequenta o campo, vai encontrar essas pessoas, eles ainda te reconhecem como local, uma pessoa nativa do mesmo lugar deles?
R – Sim, a grande maioria dos stakeholders, moradores já me conhecem. O que mudou é que eu saí de um cargo de analista, para um cargo de liderança e como eu sempre fui muito aberto ao diálogo, sempre muito paciente e tenho muita abertura para escutar as pessoas, eu ainda tenho uma boa aceitação por parte dos moradores. O que tem mudado é o nível de cobrança, porque antes eu não tinha o poder de decisão em alguns casos, agora em alguns casos eu tenho. Então, algumas abordagens são no sentido de querer que eu resolva a situação dele naquele momento e a gente tem que saber abordar, explicar o porquê a gente consegue tomar uma decisão e o porquê não consegue sem, no entanto, demonstrar desatenção, ou falta de interesse em atender a demanda do morador.
P/1 – Você é responsável pela área da mina. No curso do sistema Minas Rio como se dá o relacionamento dos outros municípios? São outras coordenações? Como é que se estrutura?
R – São outras coordenações. A nossa gerência, de assuntos corporativos, é composta por seis coordenações: a de relacionamento com a comunidade em mina, que eu sou responsável; a de reassentamento; a de relacionamento governamental mina; a de relacionamento socioinstitucional do mineroduto, que aí engloba o institucional e comunidades; e também uma coordenação de obras institucionais. Então, relacionamento aqui é realmente fragmentado por região.
P/1 – Como impactou no seu trabalho aquele episódio do vazamento do mineroduto, em março de 2019?
R – Esse é um ponto interessante, porque quando a empresa começou a operar, na primeira semana, quando estava sendo o feito o comissionamento do mineroduto, alguns moradores começaram a perceber a vibração em algumas casas e foi um impacto inesperado para a gente, onde isso acabou direcionando para uma série de ações da empresa, seja de investigação, para poder entender o que estava acontecendo, o que poderia estar gerando essa vibração e também para tentar já chegar a uma solução. Estava começando a operar, isso foi em 2014 e esse fato foi o estopim das primeiras manifestações que aconteceram aqui na cidade, mas independente da situação que aconteceu a empresa não mediu esforços, foi quando a gente começou a intensificar mais as reuniões com a comunidade e aí, em 2018, se não me falha a memória, aconteceu o rompimento do mineroduto lá em Santo Antônio do Grama. Isso trouxe uma desconfiança novamente aqui para a região, as pessoas preocupadas em acontecer isso aqui também, em trazer algum impacto aqui para a região, também, mas como a empresa também não poupou esforços, na época a operação nossa ficou parada durante meses e a empresa não demitiu ninguém, pelo contrário, conseguiu fazer um planejamento junto ao RH, para manter a mão de obra, não trazendo também um impacto social pra esses funcionários, aqui na região. Mas o que a gente tirou, realmente, de grande aprendizado, foi que a empresa teve uma capacidade de resposta muito rápida ao incidente. Rapidamente estava todo mundo mobilizado, muitas equipes em Santo Antônio de Grama. Eu acabei não indo. Na época o meu superior achou melhor eu ficar em Conceição, para eu poder focar nos problemas que poderiam surgir aqui, decorrentes do rompimento do mineroduto, então eu não fui para lá, mas o ponto principal foi a rapidez que a empresa atuou, tanto para mitigar os impactos ambientais do que aconteceu indiretamente, quanto também os impactos sociais, a identificação das famílias que tiveram abastecimento de água impactado naquele momento e devidas indenizações do ocorrido, na sequência.
P/1 – O segredo foi não esconder nada?
R – Exato. O segredo foi a transparência.
P/1 – Com certeza. Qual que é a contribuição que você julga que a Anglo American é capaz de dar a esse país, com cinquenta anos de atividade de mineração aqui? Cinquenta anos é meio século.
R – Exato. Eu acho que a principal contribuição que a empresa pode trazer e tem trazido ao longo dos anos é demonstrar que a mineração pode conviver com diversas outras atividades. Por exemplo: o turismo. A mineração pode, sim, ajudar a desenvolver uma região de maneira sustentável, socialmente engajada e convivendo com outras atividades, sem ter o que eles falam: minério-dependência. Aqui em Conceição, por exemplo, a Anglo tem trabalhado muito isso, de desenvolver outras cadeias, principalmente a de turismo, tanto o ecoturismo, quanto o turismo de esportes radicais e também a empresa tem demonstrado, trazido uma forma de trabalhar diferente que nós, brasileiros, estamos acostumados. A Anglo American é uma empresa muito íntegra, onde os valores são inegociáveis. Então, segurança, a gente, funcionário, as pessoas estão sempre em primeiro lugar. A preocupação e o respeito com os vizinhos ao empreendimento e as instituições também, que estão envolvidas direta ou indiretamente nos processos traz um olhar diferente para a empresa.
P/1 – Virando um pouco pra uma ‘chave’ pessoal, você é casado, né?
R – Sou casado.
P/1 – Tem filhos?
R – Sim, tenho três filhos.
P/1 – Diga o nome da sua esposa e dos filhos, por favor.
R – Minha esposa Regiane Bouzada Dias Campos; meu filho mais velho Carlos Alberto Rocha Rajão; minha filha Rafaela Bouzada Campos Rajão; e agora eu tenho um filho recém-nascido, que chama Ravi Bouzada Campos Rajão Costa.
P/1 – Como é que vocês aproveitam as horas de lazer, quando estão juntos?
R – A gente gosta muito de ficar em casa. Eu sou muito caseiro, eu adoro mexer com plantas. Minha filha é muito participativa, então a gente mexe na horta, no jardim, mas a gente também adora ir para a cachoeira, para o clube. Quando tem um tempinho também dá para jogar um futebol, andar de bicicleta...
P/1 – Jogar botão?
R – Botão eu tenho jogado pouco, porque eu estou sem o campo em casa, tenho jogado pouco, mas um futebolzinho ainda jogo, de vez em quando.
P/1 – Quais foram os principais aprendizados que a Anglo American te proporcionou e que você levou para a sua vida pessoal?
R – Eu acho que o principal deles é respeitar as pessoas, independente da classe social, da raça, da religião. A minha rotina do dia a dia tem me ensinado que toda pessoa tem seu conhecimento, merece ser respeitada de forma genuína e isso eu sempre tento levar realmente para a minha vida pessoal, tento ensinar isso para os meus filhos. De repente tentar, realmente, fazer uma sociedade um pouco mais justa, um pouco mais igualitária, onde as minorias também possam ter oportunidades, sejam tratadas e os direitos sejam respeitados.
P/1 – O que significa para você esse diferencial da Anglo American no mercado da mineração e que papel está reservado para ela no futuro desse mercado? Você pode especular sobre isso?
R – Deixa eu pensar. As perguntas estão ficando meio difíceis, Luiz. A empresa tem pensado, direcionado suas ações, como eu comentei, para fazer uma mineração realmente diferente. Uma mineração para, realmente, deixar um legado nas regiões onde ela atua, para melhorar a vida das pessoas de maneira geral. E para conseguir fazer isso tem diversos programas hoje que a empresa está desenvolvendo, pensando em dois principais pilares: educação e saúde. Então, os principais investimentos que a empresa tem feito nas regiões do entorno dos empreendimentos são para tentar melhorar esses indicadores sociais nessas regiões. Por exemplo: aqui em Conceição tem o projeto com as escolas, até 2030 a região de Conceição ter escolas municipais dentre as vinte melhores escolas do Brasil. Esse é um projeto do Plano de Mineração Sustentável, que é muito interessante, inclusive a minha irmã é Secretária de Educação aqui em Conceição, está diretamente envolvida nesse projeto e até para mudar também um pouco daqui o histórico que todo mundo que tem uma oportunidade, quando termina o ensino fundamental, tem que sair da região, pra poder estudar. Então, a empresa percebeu isso aqui também e tem tentado ajudar o munícipio a desenvolver a parte de educação e também de saúde, aqui na região.
P/1 - Alguma coisa que você gostaria de ter dito e eu não te provoquei a dizer?
R – Na verdade, só um ponto que talvez seja importante é que a minha esposa também trabalha na Anglo American, ela veio para Conceição para fazer um internato rural, ela é formada em Nutrição, ela veio pela UFMG, aí a gente se conheceu, ficamos noivos, aí ela veio morar aqui após formar na faculdade e ela entrou em uma empresa terceirizada da Anglo, depois ela foi primarizada e hoje ela trabalha na área global dentro da empresa. Ela fez diversos outros cursos depois, fez Engenharia e Segurança do Trabalho, mas hoje ela trabalha na área de Performance e Aprendizagem do global. Ela entrou na época do Programa Família. Era um programa que tentava priorizar a contratação de cônjuges, tanto mulheres, quanto homens.
P/1 – Rafael, como é que você se sentiu, dando esse depoimento pra nós?
R – Sendo bem sincero pra vocês, eu sou meio tímido, sabe? Eu sou gago e meio tímido. Então, se não tiver...
P/1 – Gago? Você é gago?
R – Sou demais, nossa Senhora!
P/1 – (risos) Não aparece nada.
R – Mas eu achei a oportunidade, Luiz, muito boa, sabe? Eu já tinha participado também da campanha dos quarenta anos, quando teve alguns vídeos, propagandas, outdoors em alguns aeroportos, eu participei também e quando eu recebi o convite, independente de ser tímido, ou não, eu tinha que aceitar, porque eu acho que é uma maneira da empresa reconhecer meu trabalho de longo prazo aqui. A gente vai ficando velho na empresa, a gente vai vendo as pessoas saindo e eu ficando e as pessoas saindo e eu ficando e isso cada dia mais traz mais orgulho e satisfação e responsabilidade também, mas eu agradeço a oportunidade.
P/1 – Quais são os seus sonhos?
R – Meu sonho é me aposentar na Anglo American. Eu já recebi algumas oportunidades de trabalho e nenhuma delas me seduziu ao ponto de eu avaliar a possibilidade de sair daqui. Eu estou muito satisfeito aqui, eu acho que Conceição é uma cidade diferente hoje dentro do cenário brasileiro. Até a pandemia demonstrou isso: foi uma cidade onde a grande maioria das pessoas sentiu pouco a crise econômica que a pandemia impôs ao mundo todo, principalmente pela presença da empresa e pela postura da empresa, em não fazer nenhum desligamento. Então, eu acredito muito, realmente, nos valores da Anglo American e a minha intenção é, realmente, aposentar na empresa. Se até lá o meu gestor estiver me aturando, eu vou estar à disposição. E também é interessante que meu filho mais velho chegou já a trabalhar em uma empresa terceirizada pela Anglo, minha filha já foi conhecer a mina e o meu filho, quando nasceu, agora, o Ravi, a gente ganhou um kit do RH com uma roupa onde tem a logomarca da Anglo, sabe? E até uma foto superbacana. Eu acho que a gente não consegue separar a nossa vida pessoal do trabalho. E não no lado negativo, de levar o trabalho para casa. Não. É porque realmente a gente está em sinergia com a empresa. O fato de a cidade ser uma cidade pequena, pacata, a gente acaba vivendo a Anglo American, só que de maneira leve, sem ser pura e simplesmente por obrigação, por trabalho.
P/1 – Muito obrigado! Foi ótimo te ouvir, viu, Rafael?
R – Obrigado! Eu que agradeço mais uma vez pela oportunidade! Bom final de semana para vocês aí! Se não tiver ficado bom vocês me procurem aqui, porque eu estou à disposição.Recolher