Tudo começou num tempo não tão, tão distante, há mais ou menos uns cinqüenta e cinco anos atrás, na cidade de Guaíba, no Rio Grande do Sul. A história que vamos contar agora é de alguém que cresceu que nem plantinha na plantação. E como vocês sabem, planta precisa ser bem cuidada para ...Continuar leitura
Tudo começou num tempo não tão, tão distante, há mais ou menos uns cinqüenta e cinco anos atrás, na cidade de Guaíba, no Rio Grande do Sul. A história que vamos contar agora é de alguém que cresceu que nem plantinha na plantação. E como vocês sabem, planta precisa ser bem cuidada para crescer bem e dar bons frutos. E foi assim, com muito amor e carinho, que Seu João e Dona Isaldina fizeram nascer e crescer o menino José de Abreu Silveira, hoje carinhosamente conhecido por Seu Zé.
Pois, é A história de Seu Zé é de gente de verdade, gente de carne e osso. Não de carne de boi ou de frango, mas de carne de gente, que nem eu e você. Gente grande que um dia foi menino, repleto de sonhos e de esperanças em um futuro melhor. Um menino que cresceu cuidando de bois e frangos. Puxa Esse assunto já está com cheiro de um delicioso churrasco.
Opa Esperem um instante. Deixemos os bichos um pouco de lado e vamos continuar a história do menino Zé. Ele sim, com seis anos de idade, fazia chuva ou sol, ia à pezito para a escolhinha. No tempo em que Seu Zé era criança, só dava para ir estudar à pé ou à cavalo. Tinham que atravessar campos, andar quilômetros, no frio ou no calor, de chinelo de dedo e olha lá E foi assim, com seu lápis de madeira e seu caderninho de doze folhas, que Seu Zé conseguiu estudar até a segunda série.
- Pega Pega
- Salvem-se quem puder
Essa era a brincadeira preferida durante o recreio: o Pega-Pega. Até porque ninguém tinha bola de futebol para poderem jogar. Assim mesmo, todos se divertiam muito. Porém, num belo dia com de costume, o menino Zé e seus coleguinhas, saíram correndo para brincar, de Pega-Pega, é claro e, de repente.
- Paft Tibum
Não foi uma bomba ou um mergulho no arroio. Foi um menino caindo do Barranco e quebrando o nariz. No outro dia os pais da criança foram até a escola saber o que tinha acontecido. E adivinha quem levou as culpas?
- É claro que foi ele.
- Ele quem? O Gabriel?
- Não, deve ter sido o Zé.
E foi assim que toda culpa da queda do menino ficou sendo do Zé. Mesmo ele nem estando por perto naquela hora. Mas nariz não foi feito para quebrar e sim para cheirar.
- Hum Que cheirinho bom de carreteiro.
Nesta parte da história, Seu Zé nos disse que em uma das festas para fazer um dinheirinho para ajudar a escolinha, veio tanta gente, mas tanta gente que nem eu e você, talvez alguns mais magros, outros mais gordos, outros baixinhos e ainda outros bem altos, que o assoalho da escola não suportou e desabou. Apareceu, então um senhor muito bacana, o Senhor Walter Hertz que resolveu construir uma escolinha nova para comunidade rural e acabou construindo um escolão.
Com escolinha ou escolão o Seu Zé sempre procurou ajudar. Seus dois filhos estudaram na Escola São Paulo e ele foi Presidente do Círculo de Pais e Mestre (CPM) por vários anos.
Quando Seu Zé veio trabalhar na fazenda do Senhor Walter ele precisou trazer toda a sua mudança para lá e o patrão perguntou para ele qual o tamanho do caminhão que precisava. E sabem que tamanho ele pediu? Bem, mas bem pequenino, pois o Seu Zé só tinha de valor uma bicicleta. Mas não era qualquer bicicleta, era a bicicleta do Seu Zé.
Mais tarde Seu Zé conheceu Dona Vilma. Casaram e duas plantinhas nasceram no jardim de suas vidas. Primeiro a Sílvia e depois o Maicon. Aí o Seu Zé não podia trabalhar só de bicicleta e comprou um caminhão. Agora era o caminhão do Seu Zé.
Mas um dos momentos mais alegres ainda viria para Seu Zé e sua família. Foi a construção da sua primeira casa.
- Puxa, que legal ter a própria casa. Epa Tem uma coisa mais legal. É ter a primeira casa com energia elétrica. É, a luz chegou na área rural e isso foi muito bom.
No entanto, Seu Zé é gente de carne e osso, como eu e você e, teve um momento triste que marcou sua vida, foi quando seu filho teve uma convulsão... ficou muito doente... foi muito triste, mas Seu Zé é também um homem de fé e, graças a Deus, o filho ficou bom de novo. Outra coisa que deixou Seu Zé feliz, foi ver um amigo seu deixar de fumar. Fumaça não faz bem dentro de gente de carne e osso, que nem eu e você. Por que gente tem que estar bem de saúde para fazer muitas coisas. Uma coisa que Seu Zé gosta muito é do seu trabalho. Gosta de cuidar da fazenda. Gosta de plantar. Gosta de cuidar dos bichos. Gosta de fazer consertos e muitas outras coisas.
Seu Zé gosta muito da sua família, de ajudar a escolinha que agora é escolão, de dizer que o estudo é muito importante, que as pessoas têm que ser honestas e que os jovens têm que se ocupar de coisas boas para ficarem longe das drogas.
Para seu Zé, ser feliz é ter uma boa história de vida para contar. História feita por gente de carne e osso que nem eu e você.Recolher