Lembro-me de ser criança, cerca de 6 ou 7 anos, e da minha escola primária – lugar que eu tanto gostava. As minhas manhãs eram passadas lá entre os tempos dentro da sala de aula e os tempos cá fora, no recreio. E estes tempos cá fora, durante uma altura particular da minha passagem por esta ...Continuar leitura
Lembro-me de ser criança, cerca de 6 ou 7 anos, e da minha escola primária – lugar que eu tanto gostava. As minhas manhãs eram passadas lá entre os tempos dentro da sala de aula e os tempos cá fora, no recreio. E estes tempos cá fora, durante uma altura particular da minha passagem por esta escola, eram por mim passados sozinha.
A minha mãe, que me fazia visitas frequentes à escola para me levar pequenos lanches (e de que eu tanto gostava!), reparou nessa minha ausência de companhia. Os meus pais ficaram algo preocupados e foram falar com a minha professora. Estaria eu com algum problema? Será que não estava a conseguir fazer amigos? Mas a professora respondeu que não haveria necessidade de se preocuparem. Eu, em suas palavras, palavras estas que me chegaram pelas da minha mãe e que se encontram, agora, algures nas minhas, eu andava sozinha, sim, mas porque assim o queria. Está tudo bem, ela tem amigos, mas ela mesma escolhe estar sozinha – foi a mensagem dada pela professora.
Lembro-me destes intervalos, tão bem. E eu queria, sim, passá-los sozinha. Recordo-me que os meus amigos me convidavam para ir brincar com eles e eu, às vezes, ia, mas muitas delas simplesmente não. Caminhava pelos espaços da escola e passava muito tempo no meu lugar preferido – uma espécie de faixa em terra batida na parte lateral da escola preenchida por árvores e arbustos, onde havia uma fonte sem água e até algumas pequenas aves. Porquê? Acho que gostava da sensação que este tempo passado sozinha e na companhia das árvores me dava. Seria liberdade?
Penso nisto hoje, porque encontro, por vezes, em mim esta criança. Algo está diferente agora, mas esta memória surge, sempre que preciso, para me lembrar.Recolher