Marli Santiago morou com a sogra no bairro Glória em Belo Horizonte por dois anos. Mudou-se para o bairro Cristina em Santa Luzia após casar-se e conseguir um apartamento por meio do programa COHAB. Morou no apartamento por três anos até que, no dia 29 de dezembro de 1984, mudou-se para sua casa...Continuar leitura
Marli Santiago morou com a sogra no bairro Glória em Belo Horizonte por dois anos. Mudou-se para o bairro Cristina em Santa Luzia após casar-se e conseguir um apartamento por meio do programa COHAB. Morou no apartamento por três anos até que, no dia 29 de dezembro de 1984, mudou-se para sua casa no Londrina. A região antigamente era uma chácara de um deputado, e quando compraram o lote não havia praticamente nada na região, tudo que precisavam fazer tinham que ir no São Benedito.
Foram a segunda família a se mudar para o bairro, juntamente com outros três moradores: Geraldo, Nilda e Dona Elvira. Marli tem uma relação muito especial com a escola onde hoje em dia funciona o Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, antigo CAIC. Ela cozinhava em sua casa para todas as pessoas que lá trabalhavam na construção da escola. Eram engenheiros, mestres de obras, pedreiros e demais profissionais. Quando o espaço era uma cascalheira, muitas crianças brincavam lá. O muro de sua casa foi feito com pedras da antiga cascalheira. Marli juntava as pedras com seus dois filhos durante o dia e, quando seu esposo chegava do serviço, as buscava com uma Kombi.
As obras do CAIC trouxeram o asfalto para a sua casa. Segundo ela, a vida era mais tranquila do que atualmente. Em 1990, Marli abriu seu bar, ficava aberto até cerca de quatro horas da madrugada e não havia preocupações com assaltos. Os moradores traziam instrumentos, todos dançavam e aproveitavam até altas horas. No lado de fora do seu bar, havia um dos pouquíssimos telefones públicos na redondeza. Os moradores de bairros vizinhos o utilizavam para marcar consultas e para se comunicar com os familiares. Por morar perto, Marli já foi responsável por levar muitas notícias boas e ruins a várias pessoas. Ela relata que já deu notícias de óbitos e era uma espécie de porta-voz para o bairro. Marli tem planos de se mudar para Juatuba, onde tem uma chácara, pois gosta da vida calma. Vida da qual sente falta e saudades ao se lembrar do seu passado no bairro. Ela disse que, antigamente, no bairro, era possível alimentar os miquinhos, era cheio de árvores e hoje em dia elas se acabaram. “Aonde chega a população, o homem destrói tudo.”
Texto a partir do relato de Marli Vilaça Santiago em entrevista realizada em abril de 2017.
Foto: Telefone Público localizado no bar de Marli. Fonte:
Acervo do projeto Espaço da MemóriaRecolher