Estava num almoço de comemoração de um trabalho longo, tipo cliente longo e alguns conhecidos estavam lá. Tinha uma confusão pra formar as mesas, mas resolvemos logo e fui pegar uma bebida. De repente naquele lugar uma festa, era como um galpão contíguo, e estávamos correndo de algumas pesso...Continuar leitura
Estava num almoço de comemoração de um trabalho longo, tipo cliente longo e alguns conhecidos estavam lá. Tinha uma confusão pra formar as mesas, mas resolvemos logo e fui pegar uma bebida. De repente naquele lugar uma festa, era como um galpão contíguo, e estávamos correndo de algumas pessoas, nos escondendo, como se fizesse parte da uma brincadeira. Chegou o Alexandre Nero (como o Imperador) e ele estava como cavalo de Exu. Mas num dia de Exu mal e dispensou algumas pessoas (prostitutas, marginais e alguma outra categoria que não ouvi), ia fazer alguma coisa bem pesada la. Eu e uma amiga fomos embora e ela estava completamente bêbada e ela tentava me assediar e eu só arrastando ela pra um lugar seguro. Ficamos na calçada e eu vi uma moça jovem na rua e pedi ajuda pra pegar um táxi, e ela me disse que tudo na cidade só abria as 13h. Era um lugar x, parecia uma cidade pequena. Tentei entrar com minha amiga bêbada numa rua, mas pareceu perigoso e eu tava arrastando ela, decidi voltar. Uma turma mto bêbada que tinha saído da festa entrou num museu na mesma calçada, era uma grande casa em homenagem a Ingrid Bergman e ficamos lá, passando a noite. Mas galera tava mto louca, causando na varanda, pelada, cantando, bebendo, vomitando, um caos. Cogitei pedir ajuda pra vizinhos mas pareceu pior. Apaguei as luzes pra ficarmos a salvo de polícia ou algo assim e desisti. Larguei minha amiga num canto e fui procurar onde encostar pra dormir, depois de um tempo, acordei e tava todo mundo apagado no chão. A casa museu era enorme, tinha dois andares e mtos mtos cômodos. De manhã, pessoal acordou pra começar a arrumar pra sairmos dali e eu comecei a fechar as janelas do segundo andar pra não dar paia que tinha gente lá. Era bem cedo, começo do sol e algumas pessoas estavam fazendo yoga (?). Eu via o mar e ele era verde, luminoso, tipo mar do Caribe. Continuei subindo e cheguei a uma grande varanda com roda gigante colorida e outros brinquedos de circo/parque de diversões. Fui fechando as janelas e encontrando mta sujeira que todo mundo tinha deixado, olhei por uma janela e vinha uma onda imensa, cobrindo toda a casa, mas estranhamente não derrubava nem provocava nada. Era como se a casa fosse imune à onda e eu não sentia medo (detalhe: eu não sei nadar). Entrava em um pequeno corredor pra fechar as janelas, super escuro e uma amiga me chamava e eu estava lendo um poema escrito por ela, ela me chamava de novo e eu voltava à parte dos brinquedos pra tentar encontrar ela e no caminho, fui guardando alguns objetos das pessoas em outros lugares, mas não levei nenhum comigo. Acordei no meio de outra onda que cobria a casa, uma onda calma, bem transparente e esverdeada.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Associo a presença de Exu - uma figura poderosa e ambígua, excluindo de sua expurgação prostitutas, marginais e outras pessoas comumente excluídas da sociedade por ser quem são, como um desejo de que esta situação tremenda de descaso, ódio e violência se encerre com justiça para os que mais sofrem. Também compreendo as imagens de festa desordenada e caos em meio a uma noite sem fim, onde não se pode deixar a cidade nem sair do bairro sem segurança à maneira como meus vizinhos e conhecidos tem lidado com a quarentena, enquanto permaneço cuidando de mim e dos meus, sem qualquer perspectiva de que algo mude. E a imagem final, das ondas bonitas do mar cobrindo a casa, a um estado de espírito de aceitação de que faço o que está ao meu alcance para lidar com as desventuras que me aparecem e que, não posso fazer mais do que isso, porque existem coisas e momentos que não posso controlar ou saber com antecedência o que vai acontecer.Recolher