Entrevista de Washington Dourado
Entrevistada por Luiz Egypto
07/04/2021
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista número SINPRO_HV023
Transcrito por Aponte
Revisado por Luiz Egypto
P/1 - Boa tarde Washington, muito obrigado por ter aceitado nosso convite. Eu gostaria que você começasse dizendo o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento?
R – Washington Luiz Dourado Gomes, tenho 43 anos, nasci aqui no Distrito Federal, apesar de ter sido criado no interior da Bahia, mas sou legítimo brasiliense, e nasci em 04/01/1978.
P/1 - Qual era a atividade do seu pai?
R - Meu pai sempre trabalhou nos Correios e a minha mãe era pequena agricultora, também trabalhou em casa de família como empregada doméstica e hoje os dois são aposentados.
P/1 - Você conheceu os seus avós?
R - Conheci meus avós maternos. Minha avó Maria e meu avô Leopoldino.
P/1 – [Do lado paterno], você sabe o nome deles?
R -
Não, infelizmente não sei.
P/1 - Essa mudança para Bahia se deu a troco de que?
R -
Na verdade a minha mãe é da Bahia, veio para cá nos anos de 75, 76 e conheceu meu pai. Não chegou a ter um casamento, não chegou a ter um relacionamento duradouro, mas aí eu nasci em 78 aqui, e com um ano e pouco, dois anos eu fui enviado para Bahia e lá fui criado com a minha avó. Voltei para o Distrito Federal em 1996 a primeira vez, e depois em 1997 de vez, para ficar, que eu estou até hoje.
P/1 - E a sua primeira escola foi onde?
R – Lá na Bahia. Uma escolinha, na verdade não tinha nem um prédio, era uma escola municipal onde uma tia minha, era a professora, e a gente estudava embaixo de uma árvore ou dentro de uma espécie de “cabana latada” que chamava na época, que era uma cobertura de palha e telhas muito antigas, e as paredes eram do que a gente chamava de reboco. Então não era bem uma escola, do ponto de vista de estrutura que nós conhecemos, é uma improvisação. Isso no interior de um município chamado Barro Alto, na comunidade de Santa Cruz. Aí eu fui estudar a terceira série em diante em Barro Alto e o ensino médio eu fiz em Barra do Mendes. Em Barra do Mendes eu me lembro muito bem, da professora Cindú, que foi assim, a professora que eu me lembro mais antiga assim, as outras, fora minha tia eu nem me lembro mais. Mas eram escolas do interior dos anos 1980 e com toda a precariedade, que hoje já evoluiu bastante lá, mas com muita precariedade, e no ensino médio eu concluí em Barra do Mendes, numa escola já bem estruturada. Naquela época tinha a possibilidade de fazer contabilidade e magistério, e eu optei pelo magistério.
P/1 - Era isso que o garoto Washington queria ser quando crescesse. Professor?
R – Não, na verdade, quando eu morava no interior da Bahia, na minha criancice, digamos assim, o sonho era ter uma grande roça. Eu vivi a minha infância, numa atividade de agricultura de subsistência, e agricultura familiar, e assim... Na verdade, meu ensino médio, eu fazia à noite, e durante o dia pegava a bicicleta e rodava muitos quilômetros até a roça para trabalhar o dia todo. Então assim, o sonho naquela época era ter uma grande fazenda, uma grande roça na verdade, nem chamava de fazenda e sim roça, ter trator, que era o sonho, que era o objetivo. Depois, assim... No ensino médio tive que fazer essa opção, nunca foi exatamente o sonho, mas isso veio mesmo quando eu cheguei aqui em Brasília e tive a oportunidade de passar no concurso e ser aprovado no concurso, e ser nomeado em 1998. Nunca tive como objetivo, mas foi a oportunidade. Mas exerci até 2017 com muita satisfação e até hoje me considero um professor.
P/1 - Qual foi a primeira escola que foi assumida por você, logo depois de passar pelo concurso?
R – Passei no concurso, fui nomeado em 98 e fui para Escola Classe 21 aqui em Taguatinga na QNH21 de Taguatinga, onde eu trabalhei o primeiro ano em uma turma de ensino especial, sem muita experiência, mas era uma escola que até hoje é uma grande referência no ensino, principalmente no ensino de surdos, e assim... Foi uma experiência marcante, porque além de ser o primeiro ano, era uma escola que estava no auge da gestão democrática do governo Cristovam, tinha uma experiência de gestão maravilhosa, eu era o único professor, então assim, todas as outras eram professoras, e gente formou uma equipe em que fazíamos de tudo, para agradar e para fazer um bom trabalho com os nossos alunos, que eram todos especiais, e a comunidade também. Eu acho que aquela experiência foi o que despertou em mim, muita essa coisa do ser professor, do papel do professor e da importância que é o professor na vida de uma comunidade carente e que precisa de apoio. Ali nós fizemos muito trabalho, em 98, 99, muito além do que é atividade de um professor normal em de aula. Era um trabalho com a comunidade.
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P/1 - Como é que se deu a sua aproximação com o SINPRO?
R – Em 98 teve a primeira greve, eu já participei ali como iniciante, sempre com dificuldade, aqueles medos de iniciante, tinha chegado da roça, tinha um emprego, faziam pressão, foi num momento muito de disputa, que havia um contexto diferente, porque o governo a época era próximo do Partido dos Trabalhadores, e o sindicato dirigido também em sua maioria por integrantes do Partido dos Trabalhadores, havia diversos conflitos entre a própria militância, mas participei como grevista, como apoiador em 98, em 99 teve algum movimento, eu também participei, mas em 2000 veio a eleição da ASEF, que a época era a Associação dos Servidores da Fundação Educacional e da Secretaria de Educação, muito forte, foi uma disputa muito grande e ganhamos, eu inclusive fiquei responsável em fazer a campanha no Recanto das Emas. Fiz a campanha a pé, de ônibus, ou bicicleta, nas escolas e fui me aproximando do grupo. E em 2001 tive a oportunidade de compor o grupo de oposição à direção sindical, à época, e com muito trabalho também, conseguir fazer parte da chapa, e aí ganhamos a eleição e assumimos em 14 de julho de 2001, se eu não me engano, foi exatamente nessa data que nós assumimos a direção do SINPRO.
P/1 - No momento do governo Cristovam, como é que se dava... Eu queria um pouco mais da sua reflexão a esse respeito, desse embate entre a militância sindical com o governo aliado?
R – Eu, na verdade, como eu falei, eu tinha chegado em Brasília em 1997 e obviamente já entrei em processo político, e minha mãe... Na primeira eleição do Lula, lá na região de Irecê, ele teve 2 votos, e 1 foi da minha mãe. Então ela sempre teve essa proximidade, essa admiração pelo PT, e eu já cheguei aqui, já tive a oportunidade de entrar para militância e comecei a me interagir. Não participei muito ativamente dessas disputas de assembleias a época, não mais do que ir para a assembleia votar. Mas, tendo muito mais como referência a parte da gestão da educação, por conta de participar de muitas reuniões, com as dirigentes de Samambaia e Recanto das Emas, onde eu militava no Partido dos Trabalhadores, a época. E todo aquele processo de discussão da Escola Candanga, da gestão democrática, principalmente, e o que me faz muito recordar, era esse conflito da direção sindical a época com o governo… Um conflito que os dois lados tinham as suas razões, obviamente, mas que na categoria, eu como militante percebia, que os colegas de classe comentavam muito dentro da escola, digamos, nas coordenações, no chão da escola, era uma certa intransigência da direção sindical à época, de mais fazer um enfrentamento do que o diálogo. Tanto é que a nossa primeira eleição, a de 2001, o mote da campanha foi
“saber negociar e saber lutar”. Justamente por isso, a gente queria quebrar essa coisa de que só faz a luta e não faz a negociação. Não faz a construção do diálogo, não só com o governo, mas com a sociedade com a comunidade. Esse na verdade foi um marco na minha cabeça da relação entre sindicato e governo à época.
P/1 - Eu queria fazer um parêntese, o senhor poderia historiar um pouquinho esse conceito da Escola Candanga?
R - Olha, na verdade eu vou falar assim a minha percepção, como professor naquela época. Como Brasília tem uma história de construção bastante própria, e uma referência, digamos assim, educacional muito forte, influenciada por Darci Ribeiro, por grandes pedagogos a época, que construíram a educação pública no Distrito Federal. Então o que a gente discutia muito, era a possibilidade de construir uma prática educativa, que tivesse como referência a própria dinâmica e a própria história de construção do Distrito Federal, no sentido de que é um lugar de vivência, é uma comunidade que é a soma de todas as culturas do Brasil. E sempre pautada no processo de gestão democrática, em que a escola, o dia a dia da escola, não seria resultado de um processo de decisão dos gestores, mas dos professores dos servidores e principalmente da comunidade, seja aqueles membros da comunidade que tem seu filho na escola, mas daqueles que convivem nas redondezas, que de alguma forma é influenciado pelo o funcionamento da escola. Então era a meu ver, a busca de uma identidade própria entre os tantos projetos de educação que existem no Brasil e no mundo, mas é como a construção de uma identidade própria na forma de educar, tendo como referência a própria cultura da comunidade que está inserida.
P/1 - Perfeito professor! Vamos voltar então para sua vinculação orgânica com o SINPRO. Ai já como liderança do sindicato, quais foram os principais embates que ocorreram durante esse seu tempo na direção?
R -
Olha eu passei 15 anos na direção do SINPRO, 5 mandatos. Eu entrei como um professor novato da própria secretaria e recém-nomeado, porque tinha apenas três anos de Secretaria de Educação, mas também novato no sentido de... Não é um termo pejorativo essa questão de novato, mas no sentido de ser recém-chegado no Distrito Federal, e está naquela empolgação e ter chegado do interior, de estar participando das lutas políticas e dos projetos. E nós começamos 2001 com um grupo, que parte dele já tinha experiência de ter sido diretor do SINPRO, com uma coordenação, digamos assim, com uma referência política muito forte no companheiro [Antonio] Lisboa, que já tinha passado pela direção, mas também a Isabel Português, o José Antônio, Augusta, o Nelson, o Raimundo, a Zezé, pra citar os que tinham mais tempo e história construída na categoria, mas também com pessoas novas, como o Tião, Denilson, Garibel e tantos outros. Formamos um grupo que assumiu o mandato em julho de 2001, com a missão de construir uma nova forma de fazer sindicalismo, no sentido de que era preciso lutar, mas também negociar. Ou seja, ao mesmo tempo eu que se construía a organização da categoria, para defender a pauta de negociação do ano, de reivindicação do ano, também modificar uma certa posição ou uma imagem que o SINPRO tinha na sociedade, de que era um sindicato intransigente, que não negociava, que não dialogava, que não construía primeiramente na sociedade um sentimento favorável às reivindicações para poder, aí sim, chegar no momento da mobilização e da negociação com o governo. E nós, acredito que tivemos sucesso. De 2001 a 2015, nós tivemos as maiores conquistas da história dessa categoria. Seja reajuste em termos de ganho salarial, neste período nós fizemos três reformulações do plano de carreira, tivemos conquistas importantíssimas, como a incorporação da gratificação da TIDEM [Tempo Integral e Dedicação Exclusiva ao Magistério], de outras gratificações. A própria reorganização da jornada de trabalho, para conquistar de vez, a jornada ampliada, que foi uma luta muito grande de 2001 a 2005, que permitisse o professor ter um período do dia da sua jornada para a regência de classe, e outro período para coordenação. Imagine que antes o professor trabalhava dois turnos em sala de aula e fazia a coordenação em casa, ou no contraturno, ou fora da sua jornada de trabalho. Nós conquistamos discussões importantes, como a própria ideia de instituir um plano de saúde, que agora recentemente começou a se tornar realidade, mas foi na pauta de 2003 que nós colocamos esse item, essa reivindicação. Então assim, foi um processo em que nós apostamos que era possível mobilizar a categoria para o enfrentamento, fizemos grandes greves neste período, mas também ter um relacionamento institucional muito forte, não apenas com o governo no sentido de estabelecer um canal de negociação com confiança, com capacidade de resolver problemas efetivos na mesa de negociação, mas também, o mais importante, ampliar os canais de diálogo com os diversos setores da sociedade. Nesse período nós criamos a tradição de dialogar com OAB, com a CNBB, com as diversas igrejas e instituições, e não apenas, mas também não menos importantes, com as outras entidades sindicais e entidades de estudantes e pais, que existiam, mas ampliamos o leque de diálogo com a sociedade. E isso resultou em um sindicato que tinha e tem credibilidade para dialogar, não só sobre a pauta da categoria, a pauta mais emergencial, salário e condições de trabalho, mas as diversas temáticas que nós fomos aos poucos colocando e hoje o sindicato discute em diversos fóruns da sociedade e das instituições, pautas das mais diversas possíveis. Direito dos aposentados, dos idosos, dos deficientes, LGBT, de raças, gêneros, sexualidade, tudo isso passou a existir após 2001, e eu tenho orgulho de ter participado muitas vezes defendendo, outras vezes até contrário a algumas questões, mas sempre com muita democracia e muita aprendizagem e formando novas lideranças, tanto é que hoje o SINPRO, se nós pegarmos aí a partir de 2001, a maioria dos sindicatos são os mesmos dirigentes, no SINPRO não. Nós incluímos, por exemplo, no estatuto, a cláusula de renovação. Um terço da chapa tem que ser de novos dirigentes, novos candidatos. Nós incluímos a cota mínima de gênero, não só mulheres, mas gênero, 45% da direção do sindicato. Nós criamos a secretaria de saúde, que não existia esse debate no movimento sindical aqui no Distrito Federal, a Secretaria de Gênero, Raça, Sexualidade e tantas outras discussões que conquistamos nesse período.
P/1 - Isso tem haver com uma característica do SINPRO que transcende a pauta corporativa, isto é, age e tem uma incidência política no Distrito Federal de uma forma mais ampliada, não é isso?
R - Exatamente. Eu enfrentei muitas assembleias, muitas críticas pesadas junto com meus colegas de direção nesse período, por muitas vezes defender pautas que parte da categoria achava que não se tratava de uma pauta sindical, mas que na verdade são pautas importantes para que nós pudéssemos ampliar a presença do SINPRO na sociedade. Então, por exemplo, eu me lembro muito bem de uma discussão muito forte trazida pelo Garibel, de fazermos jornadas de eventos nas cidades, levando cantores e artistas populares para se apresentarem nas cidades... Eu tô aqui tentando lembrar o nome do projeto...Tem uma questão também, que por sugestão de um grupo que nós tínhamos, Robson, Valesca, estou tentando lembrar os nomes, que era o que a gente chamava do núcleo estratégico, que propôs por exemplo, nós fazermos o primeiro evento na chácara dos professores, e seria uma espécie de acampamento cultural, mas com grandes shows, com várias apresentações, com Adilson... E que foi apelidada por outro diretor, de o primeiro EDUCONHA, e que na verdade não virou o Educonha, obviamente, mas que nós pudemos fazer lá na chácara esse evento, que depois se transformou no São João. A discussão era muito essa... Faz para categoria ou faz aberto para a comunidade, e sempre prevaleceu um evento aberto. Então assim, não foi uma estratégia que caiu do nada, foi uma estratégia pensada, articulada. Quando nós assumimos o SINPRO em 2001, o objetivo era transformar o SINPRO, para além de ser o guardião da pauta corporativa, salário e condições de trabalho, também um sindicato linkado com as demandas da comunidade, principalmente da comunidade escolar, porque nós somos uma categoria presente em todas as cidades, todas as quadras do Distrito Federal, somos mais de 600 escolas, atendemos a mais de meio milhão de crianças, jovens, adolescentes e adultos. Quando nós assumimos o primeiro mandato em 2001, fizemos uma avaliação muito forte, muito centrada, e me lembro que foram três dias de reuniões e avaliações e concluímos que o SINPRO, apesar de ser o guardião de uma pauta comparativa, salário e condições de trabalho, o SINPRO representa uma categoria que está presente na vida de mais de 70% das famílias do Distrito Federal. Aliás, de 100% naquela época, porque nós representávamos naquela época, não só os professores da rede pública, como os professores da rede privada. Exercendo essa categoria com mais de 30.000 integrantes ativos, exercendo uma atividade que necessariamente influencia, não só na vida do aluno ali quando está em sala de aula, mas na própria vivência dele, seja na família, seja na comunidade.
Então concluímos que o SINPRO poderia, para poder ter mais apoio a sua pauta de reivindicações, poderia ter uma presença maior na comunidade e na sociedade, e foi aí que desenvolvemos essa estratégia de incluir na pauta sindical, na pauta da categoria, não apenas itens que tratam das necessidades imediatas, mas de necessidades da comunidade, dos alunos e da comunidade em geral. E foi aí que nós passamos a tratar de segurança pública, obviamente que tem relação com uma escola, saúde, a própria infraestrutura da comunidade e especialmente cultura. Foi nessa época que nós desenvolvemos projetos muito bonitos, trazidos pelo companheiro Garibel, chamado “o SINPRO nas praças”, esse era o nome. Foi uma inovação, em que levávamos um caminhão de som, um trio elétrico ou uma estrutura e fazia ali durante o dia todo ou a noite, apresentações culturais e atividades. Foi nessa época que nós desenvolvemos, por exemplo, o primeiro acampamento cultural na chácara que foi apelidado depois de educonha, que de educonha não tinha nada, mas sempre aberto à comunidade e com isso nós construímos juntos com os delegados sindicais, os representantes de escola, com as decisões das assembleias regionais, com as assembleias gerais, que fazíamos uma ideia de um sindicato aberto à comunidade, um sindicato que pudesse, como fizemos por muitas vezes e o SINPRO faz até hoje, em estar presente não só naquilo que tem o interesse imediato da categoria, mas quantas vezes nós lutamos por construção de escolas, apoiamos lutas comunitárias por construção de postos de saúde, atividades em defesa de emprego e renda, então assim, o SINPRO sempre foi e especialmente a partir de 2001, muito presente. Não há qualquer grande movimento popular no Distrito Federal que não tenha participação do SINPRO, especialmente de 2001 em diante, e eu falo isso porque foi o período que eu participei. Se nós pegarmos a história do Distrito Federal, os momentos mais importantes, nós temos a presença do SINPRO de alguma forma. Seja na organização daquele momento, seja como o protagonista, seja como participante, mas não há nada que aconteça é de importante na vida política e social do Distrito Federal, relativo às demandas sociais que não tenha a participação desse sindicato, e muito por entender que nós somos uma categoria, e que não somos apenas o profissional que entra em sala de aula e sai no final do expediente, mas que de alguma forma, nós dialogamos com no mínimo um terço, seguramente, da nossa população a cada dia.
P/1 – Professor, durante esse período que memória suas tem daquele episódio da expulsão de 9 lideranças do SINPRO, por uma dissidência, por um racha interno como é que isso se deu, qual é a sua memória sobre esse episódio?
R -
Eu não participei desses fatos a época, eles são anteriores, inclusive ao meu ingresso na categoria, na carreira, mas eu me lembro muito, quando eu passei a participar dessas discussões, muitos ressentimentos que esse episódio gerou em diversas lideranças, tanto é que a nossa chapa de 2001, ela foi construída muito nesta linha de raciocínio de que era uma chapa mais dos excluídos, dos expulsos, dos injustiçados por aquela expulsão. Ela teve uma influência muito forte, desse pensamento, que era justo e que foi um fato concreto e real, e tivemos inclusive integrantes que estiveram entre esses 9 que foram expulsos na nossa chapa, contra ao grupo que a época articulou e comandou esse processo. E ganhamos a eleição, mas a gente buscou desde então, construir um entendimento de unidade, não foi nunca o foco desse grupo, o revanchismo, nem com este grupo antagonista, o grupo que a época comandou a expulsão, nem com os próprios outros de oposição mais à esquerda, tanto é que no nosso período, nós tivemos uma posição muito presente, muito ativa... Eu me lembro de lideranças assim muito ativas, que faziam enfrentamento a nossa direção de forma muito dura, mais que sempre de alto nível, sempre fizemos esse debate muito duro, mas muito respeitoso também, é com a Lena Dark, o Washington, o Guinle, o Robson e tantas outras grandes lideranças, a época, e quando foi na terceira chave, eu acho que na chapa de 2006, 2007, nós já superamos esse fato da expulsão e tivemos na nossa chapa, inclusive, pessoas que tiveram do outro, na época do grupo que comandou a expulsão, porque realmente a gente sempre prezou pela construção de um campo, que tivesse realmente condições de dar direção, de conduzir, não no sentido de excluir, porque isso ninguém pode nos acusar, ninguém pode acusar essa chapa até hoje, que está na direção do sindicato
de ser um grupo excludente, porque toda a nossa oposição sempre teve uma vida muito ativa, diferente de outras entidades sindicais. A direção do SINPRO, de 2001 até hoje, garantiu voz à oposição, nas decisões mais cruciais, como de início, de fim de greve, ou de decisões importantíssimas, sempre tivemos aquela dinâmica de cinco a favoráveis da direção e cinco falas da oposição. Obviamente que sempre com muita dureza nas disputas, este é um grande patrimônio do SINPRO. O SINPRO, eu tenho certeza absoluta, que é um sindicato onde a oposição sindical mais participa efetivamente, é uma cultura. Sempre teve no SINPRO, sim! Mas que o nosso grupo, a partir de 2001, tem o prazer de ter sido a que consolidou esse papel, e que é até
hoje é assim.
P/1 - Perfeito Professor. Eu queria que o senhor admitisse uma situação hipotética, de um jovem ou uma jovem, que estão diante do senhor e querem ser professores, o que você diria para eles?
R - Olha, principalmente vou dizer como eles, querendo entrar na carreira do magistério público do Distrito Federal. Hoje eu tenho uma visão, e mais do que nunca nós precisamos lutar pela melhoria dessa carreira, e das condições de trabalho, e das condições salariais, mais do que nunca a categoria está desde 2015 sem reajuste, com a perda salarial importante, e até por uma questão de 2016 em diante, nós vimos o Brasil passar por um processo de ataque direto e grave aos direitos dos trabalhadores, a nossa categoria não está imune, está dentro desse contexto, sofrendo os efeitos. Mas nós temos, eu acredito sinceramente, em termos de regulamentação do direito, ou seja, de previsibilidade e agora falando um pouco como advogado, de previsibilidade dos direitos nossos. Nós temos uma carreira muito estruturada, porque nós conquistamos um plano de carreira, muito bem estruturado, bem amarrado, não é como na maioria dos estados, onde os direitos vêm de portarias, de resoluções da administração, aqui tudo está organizado no plano de carreira do magistério, que foi uma conquista de muitos anos, quase 30 anos, até chegar a esse ponto. Eu tive o privilégio de participar da construção das três últimas reestruturações do plano de carreira, mas obviamente que isto vem lá de trás, quando os nossos colegas conquistaram a lei 66, que foi o nosso primeiro plano de carreira. Além disso, nós conquistamos o regime jurídico único, que foi em 2011 a lei complementar 840, que consolidou toda a legislação que não constava no plano de carreira, e que hoje faz com que nós tenhamos uma carreira do magistério muito bem estruturada, do ponto de vista legal, e que a pessoa faz o concurso, entra e sabe o que tem e que tem a garantia dos seus direitos, não por concessão deste ou daquele gestor, mas pela conquista. Desse ponto de vista, eu entendo que é uma grande oportunidade de conseguir aprovação no concurso público e um grande orgulho fazer parte da carreira de magistério público do Distrito Federal, que nós conquistamos. Agora é preciso ter consciência, que ser professor não é ser apenas... E talvez, e aqui eu quero fazer até uma observação polêmica, mas muitas vezes de 2010 para cá, quando passou a ser preponderante na categoria, os professores formados nas faculdades de pedagogia e não como a gente fazia antigamente, que era formado nas escolas normais, fazia o curso de magistério, e tinha toda uma preparação específica, cresceu muito na categoria aquela ideia de... Sou um profissional de educação, eu entro na sala de aula, eu dou minha aula e vou embora, cumpro minha jornada e pronto. Quando o professor entra, assume, e começa a se envolver com seus
alunos, entender os seus alunos, ouvir seus alunos, e a sua comunidade escolar, e a comunidade daquela região, daquela cidade, ele vai perceber que o professor nunca é só um profissional de educação, ele sempre vai ser uma referência, que pode contribuir e muito, para que os nossos estudantes, crianças, jovens, adolescentes e muitos adultos, porque eu dei muita aula no ensino noturno, na EJA. É uma referência nesse mundo de milhares de informações, de confusões, e de difícil entendimento da vida, ou seja, da complexidade que se tornou a própria verdade, o que é verdade, o parâmetro de verdade, o professor pode ser aquela referência de tranquilidade, de compreensão, de sistematização do raciocínio, do pensamento e da visão de mundo que certamente pode contribuir muito para os nossos estudantes construírem um caminho mais definido e mais seguro na vida. Então eu diria para um novo professor... Professor é profissional, mas ele também assume a missão de construir uma nova geração de pessoas. Imagine um professor das séries iniciais, que tem 40, 45 alunos por ano, durante um ano inteiro, multiplica isso por 30, que são 30 anos de trabalho, quantos milhares de pessoas não passam na mão dele, para que ele possa de alguma forma influenciar positivamente. Imagina os professores do ensino médio, das séries do ensino médio que estão naquele momento de decisão. Não que o professor tem que ser um sacerdote, que tenha que sacrificar sua vida por um ideal, não. Professor é um profissional, tem que ser bem remunerado, tem que ter uma boa estrutura de trabalho, mas nós não temos como ser apenas o profissional, nós acaba sendo aquele parceiro de um período da vida daquela pessoa, que podemos contribuir para se positivamente para um mundo melhor, e é isso que a sala de aula nos proporciona.
P/1 - Professor, na sua avaliação quais são os principais desafios do SINPRO, nesses momentos pandêmicos e pós-pandêmicos?
R – O básico, básico, básico de um sindicato, é pensar que a primeira razão dele é a luta pela valorização salarial e condições de trabalho. Isso em qualquer circunstância, com pandemia ou sem pandemia. E minha opinião, eu sempre defendi isso, apesar de defender que o SINPRO tenha uma atuação ampla, mas, sem perder de vista de que essa missão é primordial, e isso significa nesse momento de pandemia, significa dizer que a atuação deve ser pautada, sem perder a necessidade da discussão salarial, mas talvez seja o momento de prevalecer mais o debate um pouco mais sobre as condições de trabalho, que não significa só ter material em sala de aula. Que nesse momento significa ter segurança para o professor desenvolver as suas atividades, em minha opinião, segurança significa, vacina, planejamento claro e eficaz das autoridades de educação, com a participação do sindicato e de toda a comunidade. De um retorno seguro que garanta um mínimo de distanciamento e de segurança para professores, alunos e trabalhadores da carreira de assistência, vacina e principalmente um debate que eu acho muito importante, porque querendo ou não por mais que tenhamos tido aulas virtuais e digamos assim, o professor se virando para poder garantir que o aluno não tivesse se distanciado das suas atividades letivas, o que ocorre? Há um prejuízo. Em 2020, 2021, nós tivemos uma situação de mudança drástica, e certamente criou e trouxe para professores e para os alunos das escolas públicas, um grande juízo, uma grande perda, uma grande defasagem, por mais que tenha tido esforço no seu processo de aprendizagem, de crescimento, que a convivência na escola possibilita. Então, além de vacina, além de um retorno seguro, é preciso cobrar das nossas autoridades um investimento maciço, nos próximos 2, 3 anos em educação para que a escola possa, assim que puder ter um retorno tranquilo, possa dar aos professores e a as condições para oferecer aos alunos, uma recuperação digna das perdas que a pandemia trouxe para o ensino e a atividade de ensino e aprendizagem em sala de aula. Outra coisa que vem me preocupando bastante. Tem aí uma grande discussão, que agora o ensino à distância, ele veio para ficar, ele vai substituir o ensino presencial,
muitos professores até defendendo, mas eu sinceramente acho que estrategicamente o SINPRO não pode perder de vista que o objetivo é ter as condições de retorno as atividade presenciais nas escolas. A continuar desse jeito, legitimando as atividades não presenciais
eu entendo que em breve o próprio governo ou setores mais privatistas da educação, da sociedade, mercado, vão entrar com outras propostas que aprofunda ainda mais a ausência em sala de aula nas escolas, em privilégio as atividades por videoconferência, internet e outros meios no sentido de que, o professor é virtual, pode ensinar para dezenas, centenas e milhares de alunos ao mesmo tempo, e prescindindo da presença de um professor, ou seja, significa uma economia para o governo, e é a possibilidade de reduzir o número de professores ou não recompor o quadro da carreira.
P/1 - O senhor deixou sindicato e a profissão. Qual foi o motivo? Optou por outro caminho profissional?
R - Eu passei 15 anos no SINPRO e nesses 15 anos eu fiquei na secretaria jurídica, só mandato que eu fiquei na secretaria de saúde do trabalhador, mas também em uma atividade ligada ao jurídico. Então fui coordenador jurídico do SINPRO por pelo menos 10 anos e participei de 2001 a 2016, toda legislação que existe, plano de carreira, regime jurídico, sistema de aposentadoria, dos professores, dos servidores públicos, eu participei ativamente. Sempre nessa atividade ligada ao departamento jurídico, eu acabei desenvolvendo essa vontade, esse interesse pela advocacia, de forma que eu saí do SINPRO, comecei a advogar, mas passei a ter um problema, porque os meus clientes sempre foram mais servidores públicos, em sua grande maioria, professores e servidores públicos. Eu tinha que advogar contra o estado e não podia, por ser servidor público, então eu pedi desligamento do serviço público, para me dedicar à advocacia em favor do servidor público, que é o que eu faço até hoje, principalmente da educação, mas me considero sempre um professor e sempre serei um professor, não exercendo no momento, mas me preparando aí para futuramente voltar às atividades do magistério, talvez na minha área do direito, mas do magistério. Mas em nenhum momento foi razão de decepção, ou digamos assim, de contrariedades com a profissão, mas sim de aproveitamento de todo meu conhecimento, para essa nova atividade, que eu precisava atuar contra o estado do Distrito Federal e não podia na condição de servidor, mas sempre com muito carinho, tem aqui minha carteira de professor, que na época em 98 podia tirar pelo MEC e ainda hoje muito ligado aos professores e a carreira de magistério de alguma forma. Seja advogando, seja participando da militância como eu participo até hoje.
P/1 - Perfeito professor. Eu estou satisfeito, queria saber se tem alguma coisa que o senhor gostaria de ter dito eu não lhe estimulei a dizer?!
R - Tem algo que eu fiquei muito triste nos últimos 3 anos, desde que o governo Bolsonaro ascendeu a política, a presidência, e veio essa discussão da militarização das escolas e do próprio ensino. Eu fiquei profundamente triste, quando eu vi uma parte da categoria defendendo esse conceito de escola, esse conceito. Cheguei a ver muitos colegas, muitos professores, defendendo a própria presença de policiais, de bombeiros, de policiais militares dentro da escola gerenciando a escola. Eu sinceramente, se eu tivesse no SINPRO eu teria tido um grave problema com essa parte da categoria. Falo isso aqui sem constrangimentos, sem problema algum, porque em minha opinião, o espaço da escola é do professor e dos integrantes da carreira de assistência. No sentido de que nós não vimos outros médicos, outras carreiras, admitir a militarização, mas aqui muitos colegas e eu entendo, pressionado pela violência nas escolas, ou até encantado com o discurso militarista que ascendeu no Brasil nos últimos 4 anos, com toda aquela propaganda que tinha, das escolas militares que havia... Muitos colegas foram seduzidos por esse discurso e acabou que essa temática cresceu, e uma parte, que eu acredito que seja a menor parte, acabou admitindo a entrada desse discurso e dessa prática nas escolas. Eu acho que isso enfraqueceu e enfraquece a categoria e penso que a luta do SINPRO foi acertada e tem que continuar sendo essa mesmo, de que a escola é um espaço que do ponto de vista profissional, deve ser dirigida, deve ser, digamos assim, administrada, e deve ser conduzida pelos profissionais da educação, não só os professores, mas também os orientadores, os servidores da carreira de assistência, e da comunidade escolar, pais, alunos e apoiadores, não de um pensamento militarista. Nossa escola pode ter certeza, não há uma escola militar, capaz de ser melhor do que uma escola pública bem administrada, onde um grupo bem articulado, com a comunidade, um próprio grupo com os alunos. Nós temos exemplos e mais exemplos de escolas públicas, que não deixam a desejar nem para as escolas privadas, nem para as escolas militares. Porque é muito fácil para uma escola militar ou para uma escola privada, selecionar alunos, e receber apenas aqueles alunos, que supostamente se encaixam no padrão que eles querem. Mas a escola pública não, ela recebe a todos que conseguiram a matrícula, entram na escola, e a escola busca se adaptar, e se organizar para atender ao aluno, independente da mistura que exista ali, de cultura, de origem, de classe social. Isso nenhum outro tipo de escola, seja militar, ou seja, privada, vai conseguir. A diversidade da nossa sociedade, ela só consegue ser recepcionada, em uma escola pública, e a escola pública é aquela que consegue se adaptar para atender as diversidades que tem dentro de uma sala de aula, imagine, dentro de todo um grupo de alunos que frequentam, às vezes 1000, 2000 alunos que frequentam a escola. Sendo sincero, esse foi um momento de baixa, mas eu acredito que a categoria como um todo, já se atentou para isso, e eu vejo sinceramente, nosso sindicato e nossa categoria, retomando a iniciativa, apesar dos anos de pressão, dos anos de desmantelamento do direito dos trabalhadores como nós tivemos aí nos 3 anos, o que eu sinto é que o nosso sindicato está conseguindo retomar a iniciativa. Acho que o grande diferencial de 2001, é que nós entramos em um momento de iniciativa, entramos para o enfrentamento. Depois chegamos em
2015, 2016, 2017, principalmente 2018, 2019, em que a classe trabalhadora de uma forma geral, esteve numa fase de defensiva, e agora eu vejo, que estamos de novo no momento da iniciativa. Não tenho dúvida que em breve vamos ver praças cheias de professores fazendo a grande luta, como nós sempre fizemos.
P/1 - Professor, perfeito. Para fechar nossa conversa eu queria que o senhor me dissesse quais são os seus sonhos?
R - Em termos de categoria, sinceramente eu fico assim... Eu aceitei essa entrevista porque é um momento histórico, a gente precisa fazer os registros. Mas tudo que eu tenho, os melhores momentos que eu vivi na minha vida, eu posso relacionar com certeza, a grande maioria foi em cima do caminhão de som, ou conduzindo uma assembleia, ou nas escolas fazendo nossos momentos de enfrentamento e a maioria dos meus amigos até hoje vieram dessa época. E foi onde também tive grandes decepções, grandes alegrias, grandes vitórias, grandes perdas, mas eu sinceramente não me arrependo e só tenho carinho e me orgulho de falar dessa época. O meu grande sonho é muito isso, que a categoria volte a se enxergar como uma categoria, no sentido de que é preciso retomar a iniciativa. Eu vejo que a categoria já cansou desse, quase meia década de defensiva, em razão da ascensão de uma política no Brasil de ataque ao direito dos trabalhadores, do constrangimento aos trabalhadores, desse constrangimento pela militarização da vida, da sociedade e tendo como alvo a militarização das escolas, e o meu sonho, é que em breve a gente possa ver novamente a praça do Buriti, lotada, com 10.000, 15.000 professoras, com toda sua força, o seu orgulho, sua história, suas contradições, seus recursos também, mas num processo de pressão por uma pauta que seja salarial, mas que seja de condições de trabalho, e uma pauta especialmente de defesa do ensino público, como aquele ensino que sempre foi preponderante na construção do avanço desse país, e mais do que nunca, nessa pandemia nós estamos vendo. É o serviço público que mantém o Brasil em pé, e que vai possibilitar que o Brasil saia dessa crise que vive. Dentro do serviço público, com destaque, a educação pública. Meu sonho é que a categoria volte o mais breve possível, a ter a visão, e um sentimento de categoria, de classe, e que o nosso sindicato está construindo bem isso, e que tenho certeza eu vou passar daqui uns dias, e vê naquela praça do Buriti, com orgulho, a gente cantando os nossos hinos de luta, e exibindo toda força da categoria e conduzindo. Porque a carreira de Magistério e o SINPRO, sempre teve esse papel no Distrito Federal, e no Brasil.
De estar à frente e ser o indutor da organização e da luta de outras categorias, e ao final culmina com a junção de todos, na praça do Buriti, na Esplanada dos Ministérios, ou seja, meu sonho é que a classe dos trabalhadores e especialmente o magistério público do Distrito Federal, retome a iniciativa frente aos governos que aí estão.
P/1 - Perfeito professor. Agradeço bastante o seu tempo, a sua disponibilidade, e a bela entrevista que o senhor nos deu, muito obrigado!
R - Eu que agradeço a todos, agradeço a direção do SINPRO pela oportunidade, e
óbvio que a gente acaba não falando nem 10% dos fatos, mas a nossa rica história, enquanto classe, ela pode dar margem para dezenas de entrevistas, mas temos aí grandes lideranças que certamente vão recontar essa história, para orgulho das gerações que estão vindo, que estão se formando, e que estão entrando nessa classe. Obrigado!
P/1 - Nós que agradecemos, obrigado, foi muito bom ouvi-lo.