Museu da Pessoa

Com paciência, os sonhos são realizados

autoria: Museu da Pessoa personagem: Karin Gabriele Ribeiro Coelho

Vedacit - Habitação Digna
Depoimento de Karin Gabriele Ribeiro Coelho
São Paulo/Curitiba, 28/11/2021
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista PCSH_HV1104
Entrevistada por Genivaldo Cavalcanti Filho e Grazielle Pellicel
Transcrita por Selma Paiva
Revisada por Genivaldo Cavalcanti Filho

P/1 – Bom dia, Karin! Tudo bem?
R – Bom dia, tudo.
P/1 - A gente vai começar com a pergunta mais básica: eu gostaria que você informasse seu nome completo, a sua data de nascimento e a cidade onde você nasceu.
R – Eu sou Karin Gabriele Ribeiro Coelho. Nasci no dia 28 de março de 1988 e eu sou natural de Curitiba.
P/1 – E qual o nome dos seus pais, Karin?


R – A minha mãe é Ana Ribeiro Coelho e meu pai é Edson Luiz Marins Coelho.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Sim, eu tenho três irmãos.
P/1 – E onde você está, nessa escadinha? Você é a do meio, mais velha, mais nova...
R – Eu tenho um irmão mais velho, daí vem uma irmã mais velha, aí eu e a mais nova. Nós somos quatro filhos.


P/1 – E qual a ocupação dos seus pais?
R – A minha mãe, agora, somente é do lar, né? O meu pai já é falecido.
P/1 – Vamos conversar um pouco, então, sobre a sua infância. Você se lembra de onde você passou a sua infância? Da casa, da rua? Conta pra gente, um pouco, como era.
R – Eu morei até os meus dez anos na Abranches, que é uma vila aqui em Curitiba. Depois eu fui morar no Campo Comprido, quando meu pai faleceu, e atualmente a gente está morando lá em Campo Largo. Então, a maioria da parte, eu lembro mais a infância de Campo Largo do que em Curitiba.
P/1 – E como era, então, a sua infância em Campo Largo? Conta pra gente como era a casa, como era a rua.
R – É a casa onde a gente mora até agora. A mãe comprou e daí ela montou uma casa de madeira. Era bastante mato, agora está um pouquinho menos, porque é a última casa da rua. Ainda agora eles estão começando a asfaltar, mas era… Toda vida foi terra, né? É mais sítio aqui, perto de casa tem chácaras, então o que eu mais lembro é dessa parte: a rua de terra e brincar na frente de casa.
P/1 – Do que você gostava de brincar, nessa época?
R – A gente brincava muito de bola, de esconde. Eram muitas crianças da mesma idade, juntava todo mundo e ia brincar lá na frente. Por não ter muito movimento de carros, porque é a última rua, então juntava todo mundo lá na frente e a gente brincava lá.
P/1 – E você tinha algum sonho de infância, Karin?
R – Eu queria ser professora de Educação Física.
P/1 – Alguém contava histórias pra você? Você gostava que contassem histórias pra você, nessa época?


R – A minha mãe costumava contar bastante, mas da época que ela era pequena, então juntava os tios que moram lá perto e ficavam contando a história deles. A gente ficava prestando atenção nas histórias.
P/1 - Os seus pais eram mesmo do Paraná ou de alguma outra região, de alguma outra cidade, diferente da que você nasceu?
R – O meu pai sempre foi de Curitiba. A minha mãe era do norte do Paraná. Ela era de Castro.


P/1 – Certo. Então, indo pra sua época de escola, quais são as primeiras lembranças que você tem, de ir pra escola, do que acontecia na escola?
R – As primeiras lembranças que eu tenho é da gente ir… Era perto de casa a escola e a gente ia a pé. A mãe acabava levando toda a turminha dessa mesma rua junto, pro colégio.
P/1 – E teve algum momento marcante, nesses seus primeiros anos de escola? Alguma matéria que você gostasse mais, ou algum professor, professora, que tenha te marcado?
R – Eu acho que foi aí que eu acabei me identificando com Educação Física. Sempre teve os professores, quando eu era menor, tinha o professor de educação física e isso acompanhou depois, quando eu entrei no ginásio também, professor de educação física.




P/1 – Entrando no seu ensino médio, o que acabou mudando? Você chegou a mudar de escola, alguma vez, ou a escola ficou mais longe? Como foi essa mudança sua, do ensino fundamental pro ensino médio?
R – Eu mudei de colégio porque a minha mãe trabalhava em Curitiba, então ficava mais fácil pra ela pegar a gente em Curitiba do que acabar deixando a gente sozinha em Campo Largo, A gente trocou de colégio, pelo fato de sair e encontrar com ela no serviço, pra depois vir embora.
P/1 – E, nesse período de adolescência, você já no ensino médio, o que você gostava mais de fazer no seu tempo livre, com amigos?
R – Eu acho que, como foi muito criado na rua, a gente, ali, brincando, fazia mais isso. No final de semana juntava todo mundo, brincava de vôlei, jogava bola, brincava ali. A mãe fazia a fogueira e a gente ficava conversando ali perto de casa, mesmo.
P/1 – Vocês, ainda nessa época, estavam em Campo Grande ou já tinham se mudado pra morar, mesmo, em Curitiba?
R – Campo Largo.
(06:47) P/1 – Em Campo Largo, desculpa.
R – A gente tinha mudado pra lá.
P/1 – Está certo. E quando você terminou o seu ensino médio, o que você foi fazer?
R – Eu terminei de fazer o segundo grau, daí eu parei.






P/1 – E aí você foi trabalhar? O que você pensava em fazer?
R – Isso. Eu comecei a trabalhar quando eu estava na oitava... Terminando o segundo grau - estava no terceiro ano - aí comecei a trabalhar, já na área de promoção, mesmo.
P/1 – E como foi essa primeira experiência de trabalho pra você?


R – É uma área que eu gosto pelo fato de lidar com o público, é uma coisa que eu gosto de fazer. Minha vontade de fazer educação física acabou trocando pra área de Marketing, que é a área que eu pretendo cursar agora.
P/1 – Você se lembra do que você fez com seu primeiro salário? Alguma coisa que você comprou, que você pensou: “Agora eu tenho dinheiro pra comprar”? Nem que seja alguma bobagem.
R – [Com] o meu primeiro salário eu comprei uma pista de Hot Wheels pro meu sobrinho. Ele pedia, aí acabei comprando pra ele.
P/1 – Continuando, quantos anos você passou, qual período que você passou nesse seu primeiro emprego?
R – Eu fiquei dez meses, aí eu descobri que eu estava grávida e acabei saindo, porque era uma área que trabalhava com congelados. Acabei me afastando, até minha filha nascer.
P/1 – E como foi pra você ser mãe, nesse período?
R – Como meu sobrinho a gente criou, praticamente - a diferença dele pra minha primeira filha é de cinco anos - acho que eu já estava mais preparada, pelo fato de ter ajudado a criá-lo e eu acabei tirando meio ‘de letra’ o fato de ser mãe.


P/1 – Como é o nome da sua filha e quantos anos ela tem?
R – Leandra e ela tem... Vai fazer catorze em dezembro.
P/1 - Você ficou esse período afastada por causa da gravidez e depois voltou pra mesma empresa ou entrou em outro emprego?
R – Eu entrei, daí, em outro emprego.






P/1 – E você entrou pra mesma função? Conta um pouquinho pra gente como foi.
R – Na área de promotora, mas não na parte de frios, na parte de tecnologia.
P/1 – Certo. E quando foi que você entrou na Vedacit?
R – Já faz seis anos que eu estou na Vedacit. Entrei em 2015.
P/1 – E você entrou também como promotora?
R – Como promotora.
P/1 – Conta um pouco pra gente como foi o processo de seleção, quais foram suas primeiras impressões, quando você entrou na Vedacit.
R – Quando eu fui fazer a entrevista da Vedacit, na verdade eu ia fazer entrevista pra secretária, aí a menina que estava selecionando o currículo me falou da vaga e perguntou se eu tinha interesse. Tinha acho que 27 pessoas pra fazer entrevista, todas elas já tinham a área, a parte de impermeabilizantes e materiais de construção. Eu não tinha. Tinha vindo de mercado, de lojas de rua, até então achei que não iria passar. Na parte de seleção, eles fizeram algumas perguntas, algumas dinâmicas e depois de duas semanas eles me ligaram, falando que eu tinha passado na entrevista.
P/1 – E como tem sido sua experiência, de lá pra cá? Conta um pouco de como é o seu trabalho. Você trabalha, pelo que eu percebi, em várias lojas diferentes. Conta como é essa sua rotina.
R – Quando eu entrei na Vedacit eu atendia só duas revendas, depois começou a aumentar e a gente atende uma loja por dia, às vezes duas lojas por dia, dependendo do roteiro. Se é loja próxima, a gente atende duas; se a loja é um pouquinho mais longe, a gente atende apenas uma loja por dia, mas cada dia eu estou num lugar diferente.
Trabalhar na Vedacit é muito bom. Eles tratam a gente como família, mesmo, não é número. Geralmente as empresas acabam tratando os funcionários como números; a

Vedacit não, tem todo um cuidado com a pessoa, com a família. Eles tratam como se fosse família, mesmo.

P/1 – E como você ficou sabendo desse projeto da Vedacit, “Ano Novo, Casa Nova”?
R – Eles já trabalhavam na parte de São Paulo. Era uma coisa que sempre vem pra gente, tudo que acontece dentro da Vedacit, sempre comunicam todo mundo do grupo. Não é só a parte da fábrica, mas os promotores também acabam ficando sabendo. Essa mensagem veio pra mim via Marketing. Tem o nosso grupo e eles colocaram lá, mas quem me inscreveu foi uma outra promotora, aqui de Curitiba também. Foi ela que fez a minha inscrição e daí eu fui sorteada.
P/1 – E quais áreas da sua casa precisavam de reforma? O que te motivou a pensar nessa inscrição?
R – Eu comentei com ela sobre o banheiro da minha mãe. A casa ainda era de madeira e ela estava tentando montar o forro, então tem alguma parte [que é] metade madeira e metade material. O banheiro da minha mãe não estava finalizado, estava bem no comecinho, faltava muita coisa. Quando eu comentei com ela, ela viu a foto, só pra ver; acabei mandando e ela acabou me inscrevendo e postando a foto.
A princípio era pra ser o banheiro, porém eles colocaram piso na casa inteira, fizeram forro na casa inteira, a parte elétrica. Eu ganhei o banheiro, mas acabei ganhando mais locais da casa também.
P/1 – E como você se sentiu, quando você descobriu que você tinha aprovada, selecionada, nesse processo?
R – (risos) A Ju me ligou e daí, quando ela comentou que eu tinha sido a escolhida: “Foi escolhida.” “Como assim?” Daí, ela: “Então, a Eliane te inscreveu. A gente selecionou você e você vai ganhar a reforma do banheiro da sua mãe” -

a casa é da minha mãe, né?
Poxa, pra mim foi um sonho e depois de vê-la finalizada, prontinha, é bem maior. Minha mãe tem um fogão a lenha, ela gosta de cozinhar no fogão a lenha, eles reformaram inteiro; a cozinha está do jeitinho que ela queria. É muito gratificante pra gente conseguir dar uma coisinha a mais pra ela, que já fez tanta coisa pela gente.

P/1 – Você mora com a sua mãe?

R – Moro.
(14:52) P/1 – Conte como foi o processo de reforma durante a pandemia. Como foi, pra vocês, terem essa reforma durante esse período?
R – Foi bem trabalhoso porque a gente estava dentro de casa. Lá em casa uma hora é minha mãe, os meus dois filhos, o meu sobrinho e o meu irmão. Daí estava mais a minha irmã e mais a minha sobrinha. Você tinha que mudar um quarto, colocava numa parte da casa, vinha pra sala, mexia de novo. Foi trabalhoso, mas eu acho que é mais gratificante o fato de você ver que já está conseguindo finalizar a casa do jeitinho que era pra ser.
P/1 – E quais mudanças você acha que foram mais importantes, depois da casa pronta? O que ficou melhor, pra você e pra sua família, no bem-estar, no conforto, na saúde? Conta pra gente como é que ficou, o que ficou melhor, pra vocês?
R – Eu acho que foi no geral, porque eles colocaram a cerâmica na casa inteira, coisa que não tinha. Facilita pra limpar e tudo o mais, mas [acho que o melhor foi] o banheiro da mãe, pelo fato de conseguir finalizar, dar o acabamento, deixar tudo certinho, do jeito que ela queria, e a cozinha.
P/1 – Certo. Você pretende realizar alguma outra reforma, no futuro, na casa?
R – Na verdade, tem que arrumar o quarto dela, que é inteiro de material... De madeira. O quarto dela a gente ainda tem que mexer mesmo, no geral. Acho que só finalizar o quarto dela, mesmo, e daí a casa fica bem completinha, do jeito que ela queria.
P/1 – Qual você acha que é a importância de ter uma residência salubre, finalizada, na saúde, na vida das pessoas? Qual a importância disso?
R – A importância agrega no geral. Lá em casa o meu sobrinho tem rinite, então o fato de estar úmido ou de ter muito pó e a casa não estar impermeabilizada e nem certinha acabava dando muito problema de saúde médica. Agora a gente notou que ele não precisa mais tomar remédio; não vou mais ao médico pelo fato de não passar mais umidade, não ter tanto pó dentro de casa, por ela estar completa agora.
P/1 – Então, a gente vai pras últimas perguntas, Karin: você comentou a respeito de dois filhos, então você teve um segundo filho, depois. Conte qual o nome dele, quantos anos ele tem.
R – Eu tenho agora o Gael, que tem quatro aninhos.
P/1 – E como foi, pra você, essa segunda experiência, depois de muitos anos, de ter um segundo filho?
R – O Gael veio [quando] eu já estava na Vedacit. Foi uma experiência bem melhor, pelo fato deles terem me dado todo apoio que eu precisava durante a gestação na empresa e depois da gestação também. Não tem nem como falar, porque estar numa empresa [em que você pode falar] “preciso sair por causa dele” e eles entendem, é uma coisa bem gratificante.
Ele veio numa experiência mais tranquila. Eu já tinha a experiência da minha primeira filha e ela me ajudou muito pelo fato dela já ter… Estava com dez anos quando ele nasceu, então ela foi meu braço direito e esquerdo, juntos. Enquanto estou trabalhando, ela fica de olho nele. Eu costumo falar que ela é a segunda mãe, já.

P/1 – Pra começar as últimas perguntas, quais são as coisas mais importantes pra você, hoje em dia, Karin?
R - A minha família, a minha saúde e, querendo ou não, o meu trabalho. A minha empresa é muito importante pra mim, também.
P/1 – E quais os seus sonhos pro futuro?
R – Eu quero conseguir tirar carteira, agora eu estou em processo de finalização de carteira de carro, mas também eu quero conseguir o meu cantinho, pra mim e pros meus filhos. Dar um futuro melhor pra minha mãe também, pra eles e conseguir fazer a faculdade de Marketing, que eu quero fazer.
P/1 – Então você desistiu da Educação Física?


R – (risos) Como eu estou há muito tempo nessa área, é uma área que eu aprendi a gostar muito. Eu acho que eu não me vejo mais dentro de uma sala de aula, mas sim ajudando nas lojas, mesmo.
P/1 – E o que você gosta de fazer com os seus filhos, no seu tempo livre, Karin?
R – Por enquanto a gente não consegue fazer muita coisa por causa da pandemia, mas eu gosto muito de levá-los pro cinema. É uma coisa que eles gostam, mesmo, de assistir filmes e passear no parque. Eles gostam bastante, então o máximo que a gente, às vezes, sai, agora, é pra dar uma voltinha no parque. Agora está voltando o cinema, então, quando dá, que eu vejo que não está muito cheio, acabo levando-os pra assistir alguma coisinha, mas ultimamente [ficamos] mais dentro de casa, mesmo.
P/1 – Está certo. Bem, então, vamos pra última pergunta: como foi contar a sua história pra gente, hoje?
R – Eu gosto porque assim os outros acabam ficando sabendo. O fato da gente esperar, acabar sonhando uma coisa e realizar… É um sonho que acaba sendo realizado. As outras pessoas acabam vendo você sonhando aqui e ali na frente você consegue realizar, [é] só esperar um pouquinho mais e ter um pouquinho mais de paciência.
P/1 – Está certo, Karin. Bem, então, em nome do Museu da Pessoa, nós agradecemos muito a sua participação.