Meu nome é Marcos da Costa Martins, hoje é 28 de junho de 2020, são 23:33. Estou em Santa Tereza e meu apartamento tem vista para a Serra do Curral. Vejo a serra retalhada entre os prédios que a gente popularmente chama "Torres Gêmeas". Uma construtora faliu há décadas, deixando compradores s...Continuar leitura
Meu nome é Marcos da Costa Martins, hoje é 28 de junho de 2020, são 23:33. Estou em Santa Tereza e meu apartamento tem vista para a Serra do Curral. Vejo a serra retalhada entre os prédios que a gente popularmente chama "Torres Gêmeas". Uma construtora faliu há décadas, deixando compradores sem nunca terem recebido seu apartamento. Mais tarde as estrutura dos prédios foi ocupada por sem tetos e o lugar se transformou numa favela vertical. Muita disputa judicial fez surgirem adversários que nunca se entenderam e prevaleceu o mais forte e as torres foram desocupadas. Na época usaram um incêndio e a questão da segurança para impor a retirada dos moradores. desde então parece que há um movimento de reforma afim de destinar um uso classe média dos prédios. são como avatares da entrada da zona leste de Belo Horizonte.
Mas acontece que elas para mim, emolduram a serra do curral e às vezes me impedem de ver a lua nascer, e olhando esta noite pela janela, vi um clarão vermelho por detrás dela e estava estampada a notícia de que serra estava a pegar fogo por horas.
Agora, serão meses vendo os detritos carbonizados até que a próxima temporada de chuva faça aquele verde lindo rebrotar. Mas me pergunto por quê todo ano ela deva queimar, fazer das montanhas uma pira e lançar fuligem como um grito de clamor? nessa hora escura que atravessa essa pandemia, o que anuncia essa chama que vem da secura do descuido de nós uns com os outros? todo ano essa cicatriz exposta queimando a casca da serra que por trás tem um buraco sem fundo de mina esgotada!
Já são 23:49Recolher
