Projeto Memória Tetra Pak 50 Anos de Brasil
Depoimento de Daniel do Amarante
Entrevistado por Beth Quintino e Valdir Bertoldi
São Paulo, 24 de setembro de 2007
Realização Museu da Pessoa
Código: TPK_HV023
Transcrito por Augusto César Mauricio Borges
Revisado por Joice Yumi Matsunaga
P/1 – ...Continuar leitura
Projeto Memória Tetra Pak 50 Anos de Brasil
Depoimento de Daniel do Amarante
Entrevistado por Beth Quintino e Valdir Bertoldi
São Paulo, 24 de setembro de 2007
Realização Museu da Pessoa
Código: TPK_HV023
Transcrito por Augusto César Mauricio Borges
Revisado por Joice Yumi Matsunaga
P/1 – Boa tarde Daniel.
R – Boa tarde.
P/1 – Você poderia falar o seu nome completo, data e local de nascimento?
R – Perfeito. O meu nome é Daniel do Amarante, tenho trinta e três anos e nasci no dia 2 de fevereiro de 1974. Sou natural de Cascavel, Paraná.
P/1 – E qual sua função hoje na Tetra Pak?
R – Hoje eu sou gerente na área de laminação, corte, doctor e paletização.
P/1 – E você poderia falar o nome dos seus pais e local de nascimento deles?
R – Perfeito. O meu pai é Havanir do Amarante, natural do Rio Grande do Sul, da cidade de Espumoso [RS]. A minha mãe é Ana Maria do Amarante e ela é natural de Xanxerê, Santa Catarina [SC].
P/1 – E qual é a atividade deles?
R – O meu pai ele foi natural do Rio Grande do Sul, ele é filho de agricultor assim como o meu avô. Ele se formou em Mecânica na época que você não tinha uma escola técnica, mas que ele propriamente dito adquiriu as habilidades necessárias. Trabalhou na Fiat aqui em São Paulo um bom tempo e depois voltou para Cascavel, que foi onde ele conheceu a minha mãe e, para minha sorte, foi onde eu nasci.
P/1 – E como que era a sua infância? Você tem irmãos?
R – Sim. Nós somos uma família bastante numerosa até, por parte de pai assim somos bastante numerosos. O meu pai tem treze irmãos, hoje onze vivos, dois já faleceram, mas a nossa família é bastante numerosa por parte de pai, onde que a gente tem mais duzentos familiares entre primos de primeiro, segundo e terceiro grau. É uma família bastante numerosa. Por parte de mãe, a família já não é tão numerosa, porque a minha mãe tem só uma irmã e então a minha tia, inclusive a minha madrinha, mas é uma família menos numerosa para isso. Em casa nós somos em três irmãos, então três homens. Eu sou o mais velho e eu tenho o meu irmão do meio que é o Ricardo, o Ricardinho, (o Caco), e o Rafael que é o meu irmão mais novo, que é o caçula.
P/1 – E o que eles fazem? A atividade deles?
R – O meu irmão mais novo, ele é vendedor numa empresa de implementos agrícolas do Paraná, que é uma empresa paranaense; e o meu irmão do meio, ele está fazendo Direito e trabalha numa empresa de transporte, ele é responsável por uma transportadora.
P/1 – E como que foi a sua infância, a sua adolescência?
R – Bom; nós somos filhos de pais agricultores, então moramos numa cidade, São Mateus do Sul, uma cidade de trinta mil habitantes, uma cidade pequena e sempre fomos ligados à agricultura. Nossa infância foi bem interessante, a nossa época também, a época da década aí de oitenta, setenta e oitenta em que você tinha uma certa liberdade, aquela coisa que você não tinha medo, não tinha risco de acidente, de ser atropelado. Então a gente teve uma infância muito divertida e uma infância de interior. O meu pai nos criou no mesmo ritmo que ele foi criado, então, desde pequeno, a gente sempre ajudou ele a trabalhar na lavoura. Então eu tinha oito anos, o meu irmão tinha sete anos e nós trabalhávamos já na lavoura no trator, com implementos agrícolas e estudávamos. O meu pai sempre disse assim: “Olha, se tem duas heranças que eu posso dar para vocês, uma delas é ser sérios e honestos se quiserem ser e a outra é dar estudo para que vocês possam fazer alguma coisa nessa vida”. E assim ele fez.
P/1 – E você trabalhava na lavoura e o que cultivava, o que plantava?
R – Perfeito. Na verdade, já era uma lavoura não mais monogâmica como a gente falava antigamente que “ah, eu só planto milho”; não. O meu pai já tinha um conceito mais apurado para isso e então a gente sempre plantou milho, batata, feijão, soja, hortifrutigranjeiros pequenos como pepino, tomate, essas coisas pequenas também já fazíamos. Só numa escala um pouquinho maior, questão assim que para região era uma situação bem interessante. Eu lembro quando o meu pai chegou em 1977, eu era muito novo, eu tinha três anos, mas eu tenho fotos, a gente tem histórias que a gente contava com o meu pai em que as pessoas nessa região não conheciam o trator, não conheciam o implemento agrícola. Então, quando chegou o primeiro trator de esteira para fazer a destoca do terreno, que é aquele que você derruba as árvores e faz o primeiro preparo, as pessoas vinham de longe assim das regiões do município para vim ver um trator trabalhar. Era só um trabalho bastante animal ainda, e que nessa região não tinha. O meu pai estava vindo do Mato Grosso, na época de Cascavel que ele já trabalhava com equipamentos agrícolas com trator, era uma parte mais mecânica em que já era difundido isso no norte do Paraná, mas nessa região específica, aqui na região do centro-sul do Paraná, ainda não era muito bem difundida.
P/1 – Eu estava aqui pensando. Você falou que o seu pai trabalhou na Fiat?
R – Sim. Trabalhou numa empresa de concessionária da Fiat.
P/1 – E como que ele foi para a lavoura de novo?
R – Pois é, você veja que as coisas, às vezes, elas têm essas origens, que ela busca a origem. Na época o que aconteceu? O meu pai trabalhava numa empresa que prestava serviço para a Fiat e, inclusive, os carros da Fiat, para serem testados na área, não mais de pista, essa coisa de colocar uma pista que nem na Ayrton Senna, não. Colocar na estrada, na cidade mesmo, eles iam para essas concessionárias e a concessionária do meu pai, onde ele trabalhava, era uma das muitas das escolhidas para poder fazer esses testes. Por exemplo, o Fiat 147 que hoje ninguém mais nem quer ouvir falar dele, mas o meu pai foi um dos pioneiros na hora de fazer esses testes. Como que voltou para a origem da agricultura? Ele, nessa cidade de Cascavel, conheceu a minha mãe e, o meu avô, ele tinha um terreno e, logo que o meu pai conheceu a minha mãe, o meu avô faleceu. E aí foi justamente no período que ele casou com a minha mãe e aí ele trabalhava tanto nessa concessionária como ele continuou cuidando desse terreno, que não eram grandes coisas, grandes coisas no sentido de área, era uma área pequena, relativamente pequena, mas, que na época, Cascavel, era muito valorizado o terreno. Como o norte do Paraná ficou muito valorizado por causa da migração aí dos gaúchos, como a gente fala, estava subindo para o Mato Grosso, e ali foram um dos primeiros terrenos que houve os incentivos. O meu pai viu naquele exato momento uma oportunidade de poder vender a terra por um valor “x” e poder comprar essas terras aqui em São Mateus do Sul por um valor menos “x”. E aqui ele conseguiu triplicar o valor, a área, que ele tinha em Cascavel e viu ali uma oportunidade de continuar a fazer o trabalho que ele sabia, que era agrícola.
P/1 – E, os seus avós, eles nasceram na região ou eles vieram da Europa?
R – Minha avó, a minha bisavó, é natural de Milão na Itália e os meus avós por parte de pai, a minha avó também, ela veio de uma cidade próxima de Milão, também da Itália. O meu avô ele é português com bugre, que é o brasileiro mesmo e tanto que o meu sobrenome, que é “do Amarante”, ele é de uma região específica de Portugal chamada Do Amarante. Então é uma região de Portugal. Então o meu sobrenome é português, porém a minha família setenta por cento é sangue italiano.
P/1 – Então, a sua infância, toda você passou na área rural?
R – Na verdade assim, olha. O meu pai sempre prezou em fazer com que a gente estudasse e o estudo não estava na área rural, porque até não tinha infraestrutura para fazer com que isso acontecesse. Então a gente sempre morou na cidade, mas sempre com o pé na área rural. Então é uma cidade pequena, que eu não sei nem dizer se era mais rural uma cidade ou era mais rural no interior.
P/1 – E você morou lá até que idade?
R – Eu morei lá nessa cidade de São Mateus do Sul, na verdade, eu passei de Cascavel, fomos para Santa Catarina, mas a gente residiu bastante tempo em São Mateus do Sul, de 1978, de 1977 para 1978 até quando eu saí de lá em 1994. Então, nesse período, eu fiz a minha formação básica de colégio, mais o meu curso técnico petroquímico, no qual eu sou formado, e trabalhei por mais três anos na Petrobrás na época desse curso. Então eu lembro que, quando e vim para Ponta Grossa, eu vim justamente pela minha especialização que eu tinha na área para vir trabalhar na Kaiser, que foi o start up da Kaiser, em 1995, em Ponta Grossa.
P/1 – Só voltando um pouquinho. Você fez o curso de petroquímico?
R – Sim, sou técnico em petroquímico.
P/1 – E aí você foi trabalhar na Petrobras, foi o seu primeiro trabalho?
R – Vamos dizer assim, o primeiro trabalho meu foi com o meu pai, que é onde eu já trabalhava há um bom tempo. Na verdade, ali começou como um estágio e depois, no estágio, eu passei a ter uma empresa que trabalhava dentro da Petrobras e onde eu fiquei por três anos prestando serviço para a Petrobras.
P/1 – No Sul?
R – No Sul. Em São Mateus do Sul mesmo.
P/1 – Lá mesmo?
R – É. Na Petrosix. É uma empresa que a Petrobras, que faz exploração e remoção de petróleo através da pirólise da extração de uma rocha. É chamada de folhelho pirobetuminoso. Então é uma rocha que você aquece e extrai o óleo dela.
P/1 – Interessante isso.
R – É uma tecnologia que foi desenvolvida nos Estados Unidos e que foi aprimorada no Brasil e ela saiu de um protótipo de 1986 para uma unidade industrial, que é uma unidade 240 em São Mateus do Sul. Então são duas unidades paralelas que trabalham ali em São Mateus.
P/1 – E São Mateus do Sul é uma cidade que tem muito europeu? Tinha, então, na época?
R – Sim, sim, sim. Ali é uma colonização muito forte polonesa. Muito forte polonesa. Então essa região ali de São Mateus do Sul é muito polonesa. Já na região ao redor, já tem mais ucrânio. Então é um misto de ucrânio com polonês, basicamente isso. Com bastante, uma forte imigração dos gaúchos, mas ali basicamente é polonesa e ucrânia.
P/1 – E Daniel, tinha muito festa típica que você lembra na sua adolescência?
R – Ah, perfeito. É natural, por exemplo, o Festão do Pinhão, que é uma cidade ali, a Festa da Erva Mate ali em São Mateus do Sul, é a capital da erva mate. Tem a festa polonesa, da imigração polonesa, a Festa da Imigração ucrânia e muito mais mesmo, assim, eu me lembro muito mais do que festas típicas assim que sejam folclóricas, eu lembro das festas de igreja, que é uma coisa bem mais difundida porque, tanto o polonês quanto o ucrânio, ele é muito religioso e é católico. Então isso junta também com a questão dos italianos, que também são católicos e, então, os movimentos das festas, ele era em torno das igrejas. Tem uma igreja na colônia do Taquaral, uma igreja na colônia Witmarsum. Então era lá que você iria se encontrar com a comunidade, naquele lugar, em função das festas de igrejas.
P/1 – E quando você saiu de lá e foi para Ponta Grossa trabalhar na Kaiser, foi isso?
R – Certo.
P/1 – Como que se deu essa mudança sair da cidade e sair da Petrobras para ir para uma Kaiser?
R – Na época eu sempre fui uma pessoa que nunca gostei de ficar acomodada na situação e eu digo até hoje, até para os meus colegas, que eu poderia ter continuado na Petrobras, imagino que até hoje eu estaria lá e poderia ter feito outras especializações, poderia ter ido para outros ramos, porém, eu percebi que lá era um local que não exigia de mim. Não extraía acho que tudo aquilo que eu poderia fazer ou aquilo que eu poderia entregar por alguma coisa ou por alguém. Isso não me deixava satisfeito, porque tudo aquilo que eu queria fazer a mais, de certa forma, era impedido. E eu vi numa empresa privada a possibilidade de se poder se desenvolver mais e poder conhecer outros lugares também, porque São Mateus já era muito bem conhecido. E era ambiente que eu estava extremamente confortável, mas ao mesmo tempo não me satisfazia e vi a oportunidade de vir para Ponta Grossa como uma excelente oportunidade, justamente por estar abrindo outros caminhos e poder ver um outro cenário, um outro mundo em que pudesse me desenvolver melhor.
P/1 – E você foi para a Kaiser porque já conhecia, viu um anúncio, estavam pedindo gente?
R – Não, não. Foi muito interessante até. Nós éramos estudantes do curso de Petroquímica – eu digo éramos porque tanto eu como o meu irmão viemos no mesmo dia. Fomos contatados dois minutos de diferença de um para o outro. Nós éramos estudantes do curso de Petroquímica e tínhamos uma boa performance. Não vou dizer excelentes porque senão seria extremamente medíocre da minha parte, mas eu tinha uma boa performance nesse trabalho, nesse curso em que éramos muito bem elogiados, muito bem aconselhados por professores, até mesmo por profissionais. E que a empresa que era, se eu não me engano é a WCA, consultoria de recursos humanos, ligou para alguns colegas da região, porque Ponta Grossa tinha recém-começado um CEFET [Centro Federal de Educação Tecnológica], que é o centro tecnológico do Paraná lá que desenvolvia pessoas na área técnica. A Kaiser queria pessoas técnicas para trabalhar na área de produção, porém, não encontrava esse grupo de pessoas única e exclusivamente em Ponta Grossa [PR]. Isso fez com que eles buscassem na região e aí foram aos colégios e aí, quando chegavam nos colégios, pediam indicação e os colégios nos indicaram, e aí veio a proposta: “Você gostaria de fazer uma entrevista, tentar alguma coisa?”. E tanto eu como o meu irmão aceitamos escutar a proposta da Kaiser e que na época foi muito atrativa, foi muito atrativa.
P/1 – Você tinha quantos anos?
R – Eu tinha na época, poxa, vou ter que fazer essa conta agora? (RISOS)
P/1 – Mais ou menos. (RISOS)
R – Mais ou menos eu tinha vinte anos.
P/1 – Vinte anos?
R – Vinte anos, vinte anos. Já era casado, já tinha filhos.
P/1 – Você já era casado?
R – Sim. Eu tenho uma filha hoje, atualmente, a minha filha tem dezesseis anos e eu tenho um filho que vai fazer quinze anos e uma filha que fez doze anos agora. Então, quando eu tinha dezesseis anos, a minha filha já tinha nascido. É uma filha que eu não casei com a moça, porém é minha filha. Então eu já tinha uma filha com dezesseis anos, eu já tinha o meu filho já nascido também, quer dizer, os meus três filhos já tinham nascido quando eu vim para Ponta Grossa.
P/1 – E qual é o nome deles?
R – A Daniele tem dezesseis anos, o Tiago tem quinze anos, que ele vai fazer agora quinze anos e a Isabela que tem doze anos.
P/1 – E você podia falar o nome da sua esposa, atividade?
R – Perfeito. A minha esposa é Luciane do Amarante, ela é formanda em Pedagogia, agora está se formando em Pedagogia. Ela já fez Magistério e então ela já consegue dar aulas para escolas primárias e agora está fazendo o curso de Pedagogia.
P/1 – E você casou com quantos anos?
R – Na verdade, com dezesseis para dezessete anos quando eu casei. Sou bastante novo.
P/1 – Quando você foi para Ponta Grossa a sua esposa foi junto?
R – Com certeza. Com certeza.
P/1 – E você sentiu muita diferença de uma Petrobras para uma Kaiser?
R – Sim, sim. Na verdade, muitas vezes as pessoas às vezes não conseguem entender o porquê se poderia fazer uma troca dessas. Como eu já falei, eu sempre trabalhei com o meu pai e, então, no período em que eu trabalhava na Petrobrás também, eu trabalhava com o meu pai. Então eu terminava o expediente e eu começava o expediente com o meu pai e eu estudava. Então, quer dizer, eu conciliava as três coisas ao mesmo tempo para que eu pudesse fazer. Então eu sempre fui uma pessoa muito dinâmica. Quando eu vim trabalhar na Kaiser, de certa forma, eu até senti uma certa monotonia porque eu tinha só a Kaiser para trabalhar, eu não tinha mais o meu trabalho com o meu pai. Então eu me dedicava mais ainda ao trabalho que eu tinha lá e acho que foi esse um dos motivos pelo qual eu consegui extrair bons conceitos e bons aprendizados da Kaiser, assim como eu imagino também que a Kaiser deva ter tido bons proveitos como profissional.
P/1 – E você continuou estudando nesse período?
R – Eu tinha recém-passado no vestibular para fazer Engenharia Química na Universidade Federal do Paraná, porém, o curso era integral e eu morava em Ponta Grossa. Apesar de ser cem quilômetros – hoje temos boas estradas, mas há uns quinze anos atrás, dez anos atrás isso já não era da mesma forma. E isso seria muito difícil, até mesmo por custo, eu não conseguiria fazer. Então eu tive que desistir. Aí tentei fazer os próximos vestibulares, mas não consegui passar e somente quando eu entrei na Tetra e depois que eu passei mesmo na área de produção, passei no vestibular de Administração, que foi onde eu concluí meu curso superior.
P/1 – E você ficou quantos anos trabalhando na Kaiser?
R – Fiquei de 1995, comecei em 1995 até 1999, que foi quando eu entrei na Tetra.
P/1 – E como foi essa sua passagem para a Tetra Pak? Porque, a Tetra Pak, ela foi inaugurada em 1999, não foi?
R – Sim, sim. Foi em março de 1999, foi em março de 1999. Eu trabalhava na Kaiser e depois de três anos trabalhar junto já não estava entendendo mais como um lugar bom e saudável para eu poder trabalhar lá, por alguns motivos que não vem ao caso, mas que eu já não estava mais satisfeito. E aí eu, num momento em que a Kaiser trabalhava muito com sazonalidade, porque cerveja vende bem no verão e no inverno já não vende tanto, principalmente no Sul que é onde faz frio mesmo, e num processo desses a gente fez uma conversa com o gerente e ele me desligou da empresa e eu voltei a trabalhar com coisas individuais, voltei a abrir uma empresa para eu poder trabalhar. E, nesse período que eu voltei abrir a empresa, pessoas como Ivan, como Vladimir, como o Rômulo que eram pessoas que trabalhavam na Kaiser, Yudi Nagata, que trabalhavam na Kaiser descobriram que eu tinha saído e me desligado da empresa e eu procurei essas pessoas e disse assim: “Poxa, existe alguma possibilidade de eu retornar a trabalhar junto?”. “É possível.” Aí mandei o currículo para lá e eu lembro que prontamente eu já fui chamado e aí comecei o nosso calvário de entrevistas. Na época, era um grupo bastante grande que estava sendo contratado, porque eu lembro que eram oitenta pessoas se eu não me engano e aí tinha um fluxo bastante grande de pessoas e entrevistas. Eu lembro acho que eu fiz uma série de umas seis entrevistas mais ou menos.
P/1 – Daniel, deixa eu só entender. Quando você saiu da Kaiser, você abriu uma empresa de...?
R – Uma empresa de hortifrutigranjeiros. Trabalhava com a área de distribuição e venda de hortifrutigranjeiros.
P/1 – Aí você falou do Ivan, você falou outros nomes que tinham trabalhado com você na Kaiser e que tinham saído antes.
R – Isso mesmo.
P/1 – Ah, tá. E tinham ido para a Tetra Pak?
R – Sim, eles também tinham ido para a Tetra Pak.
P/1 – Quer dizer, você viu de uma certa forma a Tetra Pak ser construída?
R – Sim, sim.
P/1 – Porque é quase vizinho da Kaiser.
R – Só para ter uma ideia, a Tetra Pak, quando eu fiz a inscrição, eu estava na terraplanagem.
P/1 – Ah, quando você fez a inscrição, estava na terraplanagem?
R – Sim, sim, sim. Porque, as entrevistas todas, elas aconteceram numa empresa ao lado, que agora hoje é a Batávia, em que as entrevistas foram todas feitas lá, nesse escritório ao lado, porque não tinha nada. Simplesmente não tinha nada.
P/1 – Então a Batávia já era cliente da Tetra Pak?
R – Sim, era a Batavo, era a Batavo, a antiga Batavo. Hoje é Batávia, virou Perdigão também uma parte, porém, na época, era a Batavo e era ali que era a sede de uma área de recebimento de grãos deles e foi ali que foram feitas as primeiras entrevistas e ali era o escritório, a base da Tetra Pak em Ponta Grossa [PR].
P/2 – Bom; passou pelas entrevistas e tudo mais e quando você recebeu a resposta “ah, está aceito”, como é que foi? Quando você começou a trabalhar, a fábrica estava ainda meio que em construção? Já estava completa? Como é que era a fábrica?
R – Na verdade, não existia a fábrica. Então, quando falaram assim: “Aí, Daniel, você está com a gente”, não tinha nada, não tinha a fábrica. A gente sabia que existia dentro do nosso processo, ia ser um processo de treinamento que é vir para Monte Mor [SP]. Então a gente viria para cá, por quê? Poxa, eu entendia que eu tinha um certo conhecimento na área industrial e nada do que eu vi dentro da Tetra Pak se aplicava em outras empresas que eu conhecia. Então, estou falando desde
máquina, layout, fluxo, velocidade. Então, quando a gente veio para Monte Mor foi uma coisa, foi um espanto. Entrar dentro da área de produção, ver como que eles trabalhavam, a velocidade com que se trabalhava, ver os equipamentos, a tecnologia. Então, quer dizer, tudo isso foi uma coisa muito nova. E aí a gente veio para Monte Mor, onde a gente ficou quase quatro meses, quase cinco meses, coisa assim, sendo treinado, sendo treinado aqui para poder voltar para lá para poder operar. Mesmo assim, depois que a gente terminou o treinamento, a gente voltou para a fábrica. E, aí, como toda construção aí, que tem a questão da intempérie do clima, a chuva, tudo isso deu uma atrapalhada um pouquinho no prazo. Chegamos lá tinham duas, três máquinas só sendo colocadas no lugar ainda de forma muito crua. E lembro assim de fatos muito interessantes, como eu também passei na Kaiser na época dos seu start-up; por exemplo, para você ir almoçar tinha que ter uma van para fazer você ir almoçar, porque no dia de chuva era intransitável andar a pé. Era barro mesmo, você vinha com barro para cima da canela. Então, quer dizer, almoçar era com van, sair de lá era com van, se transportar com van. Era bem interessante. Foi um momento assim bem bom porque você viu: “Ah, como é que é o duto lá de…”. “O cabeamento passa aqui por baixo.” “Como é que você sabe?” “Eu vi o cara furando aqui.” Então, hoje, a gente tem até alguma referência do tipo para onde que vai e para onde que vem algumas coisas que os funcionários novos hoje, com certeza, não têm nenhuma, essa mesma...
P/1 – E quando você se inscreveu, o que você foi fazer, qual era a função? Você estava sendo contratado para ser o quê? Qual era a função?
R – Eu lembro assim, olha. Porque muitas vezes você tem uma formação e, às vezes, mesmo tem uma capacidade para poder ser alguma coisa, mas muitas vezes não tem essa disponibilidade do recurso. Eu lembro que, quando eu fui levar o meu currículo já, muitas pessoas haviam sido contratadas. Mas eu lembro de uma das coisas que foram perguntadas, era assim: “Olha Daniel, nós, acho que não temos a vaga para o nível que você precisa, mas acho que a gente tem a oportunidade que você está esperando”. Então eu falei assim: “Bom; se é uma questão de paciência, essa eu tenho. Então não temos problemas, podemos fazer”. E eu fui contratado como auxiliar de produção. Em 1998, era janeiro de 1998, dia 12 ou dia 13 de dezembro. Eu não lembro bem ao certo. Foi quando foi falado assim: “Olha, Daniel, você passou, só que a gente só vai fazer a efetivação de você só no ano que vem, que é quando a gente vai entrar para o novo grupo”. E aí eu fiquei nesse período do dia 20 de dezembro até o dia onze do um de noventa e nove, que foi quando eu fui efetivamente, assinado o meu contrato de trabalho. Foi quando eu iniciei os trabalhos na Tetra Pak.
P/1 – E, na verdade, eu queria que você explicasse para nós o que era um auxiliar de produção.
R – Na verdade, um auxiliar de produção até, inclusive hoje ainda, continua sendo com esse mesmo conceito. Um auxiliar de produção é uma pessoa que dá todo o suporte a uma máquina para ela operar. Nós temos no processo várias atividades, dentre elas, pode ser a limpeza, pode ser juntar papel no chão, pode ser preparar a máquina, ajudar a fazer descarga. É um serviço em que você não é o operador principal, não diz que produto que é, não diz para que cliente que vai. Não toma decisão, mas é a pessoa que ajuda e que dá o suporte para que ele possa ter mais tempo para poder tomar essa decisão. Então é ela que faz a parte bem mais braçal.
P/1 – Se eu não me engano, se eu estiver enganada você me corrija, por favor. Quando você foi aceito que falaram para você que você ia começar, que seria em 1999, no começo, a fábrica, na verdade, já estava funcionando.
R – Não. Não estava.
P/1 – Não tinha começado uma produção?
R – Não. Só para imaginar, depois de três meses, quando a gente voltou para a fábrica, ela não tinha produzido ainda a primeira embalagem.
P/1 – Ah, ainda não?
R – Não, não, não. A laminadora ainda estava crua, não tinha sido feito a ligação elétrica dela. As impressoras estavam em fase de alinhamento, alguns ajustes básicos ainda também lá. As cortadeiras, que é máquina aonde que eu vim trabalhar, tinham recém sido instaladas e fixadas no chão. Estavam fazendo alinhamentos ainda básicos. Quando a gente chegou aqui em março, ainda ficamos mais trinta dias e ainda sem ter a produção efetiva. Algo em torno de duas a três semanas aí sem produção efetiva.
P/1 – Ah, está.
R – Para só então, desculpe, produzir a primeira embalagem que foi no dia 31 de março e não no dia primeiro de abril.
P/1 – Ah, está. Porque eu pensei que sim, porque como: como já tinham outras pessoas que tinham trabalhado com você na Kaiser, já estavam na Tetra Pak, eu achei que elas já estavam produzindo.
R – Não. Na verdade, o conceito da Tetra foi o mesmo que a Kaiser adotou. Ela queria ter um start-up vertical para com o menor impacto possível. O que significa isso? Se eu espero que a fábrica esteja pronta com toda máquina toda alinhada e daí eu contrato funcionários eu ainda vou ter uma curva de aprendizado desses funcionários para voltar a produzir. O que ela imaginou? Na fase de implantação e de chegada de equipamentos, ela também fizesse a contratação das pessoas. Como ela tinha uma unidade de treinamento, porque era a Monte Mor, que já estava trabalhando, ele pegou esses funcionários que eram importantes para aquele momento para começar o start-up e colocou na fábrica em Monte Mor e desenvolveu o treinamento. Quando chegou um dado momento que entendeu que as pessoas já sabiam o que precisava ser feito e como fazer, eles trouxeram para a fábrica em Ponta Grossa, só que, por esse probleminha de intempéries de clima, atrapalhou a finalização desses equipamentos. Então, a gente teve que esperar aí umas duas a três semanas para finalizar a instalação dos equipamentos, para poder começar fazer a primeira produção.
P/1 – E como foi quando você veio para Monte Mor, porque você viu uma fábrica pronta. Eu tenho a impressão de que você nunca tinha visto a fábrica de embalagem.
R – Na verdade, empresas de embalagem existem muitas, agora, como a Tetra Pak faz e na velocidade que ela faz, é difícil. É difícil. É uma tecnologia realmente bem apurada, é uma tecnologia diferenciada no mercado e que nos dá todo esse orgulho e este respaldo que a gente tem hoje para poder dizer: “Ah, trabalhei numa empresa como a Tetra Pak”. Muito bem reconhecida no mercado, principalmente por essas características técnicas que ela tem.
P/2 – E o treinamento aqui em Monte Mor como é que foi? Como que foi? Era feito, tinham aulas dentro da produção? Como é que funcionou esse treinamento?
R – O treinamento foi bastante prático. Claro que a gente teve uma introdução, eu lembro que foi de uma semana ou dez dias em que a gente passou por toda parte do conhecimento. Fazíamos visitas dentro da fábrica e aí, aos poucos, a gente começou a ir trabalhar. Num dado momento, a gente foi dividido nos turnos, que Monte Mor também trabalhava em turnos. Fomos divididos dentro desses turnos e começamos a trabalhar com máquina. E aí a gente foi reconhecido por padrinhos. Padrinhos nada mais é do que uma pessoa que ficou responsável por você para te passar o conhecimento. Você pouco fazia e mais observava. E aí, num dado momento, começou a “eu também faço, eu também observo e depois eu faço e aprendo também”. Então foi um misto dessas duas coisas, porém, eu diria assim: noventa por cento prático e dez por cento teórico, mais ou menos isso.
P/2 – Então misturou os funcionários de Ponta Grossa com os de Monte Mor?
R – Sim, sim, sim.
P/2 – E daí, quando vocês voltaram para a fábrica depois daquele período que acabou de montar a fábrica, como é que foi assim? Era diferente você estar em Ponta Grossa do que ter trabalhado em Monte Mor?
R – Ah, perfeito. Imagine assim: por mais que você saiba dirigir e aí você está lá com o seu instrutor da autoescola, você está ali do lado e ele está falando “vamos, beleza”. É aquela segurança de ter uma pessoa que tem know how do teu lado te guiando, te dando um suporte. Outra coisa é quando você fala assim, ele abre a porta e fala assim: “Eu vou ficar nessa esquina e agora você dá a volta na quadra”. Então foi mais ou menos essa mesma sensação de que você tinha que fazer e tinha que ter responsabilidade para aquilo que estava sendo feito. Então claro que dá um certo [medo] tirar os pés do chão um pouco aí. Tirar um pouco do chão. Mas, como a fábrica também estava iniciando, eu acho que isso é uma coisa também muito boa, é que ela aumentou a sua produtividade baseada também no nosso know how. Aquele conhecimento, aquela curva de conhecimento que a gente adquiriu. Isso foi bom. Eu lembro assim de passagens como quando a gente começou a produzir as embalagens, o processo da Tetra Pak, ele ainda continua sendo um processo muito baseado em homem. Então, a pessoa ou o funcionário, ele tem uma importância muito grande na qualidade, no produto final, na qualidade do produto final. E naquela época mais ainda, com menos tecnologia, como a Tetra Pak já adquiriu esses anos com menos tecnologia era mais importante ainda. Então as máquinas rodavam com uma velocidade muito baixa. Eu lembro que a cortadeira onde eu trabalhava, ela tem uma velocidade nominal de mil metros por minuto e, na época, a gente rodava a cinquenta, a sessenta metros por minuto. Hoje a gente tem um sistema de inspeção que é feito na cama interna do papel, em que a gente roda a seiscentos e cinquenta metros por minuto na laminadora. Na época, eu rodava duzentos e cinquenta, trezentos metros por minuto, mas todo material que chegava na cortadeira não tinha identificação dos defeitos. Então a gente tinha que fazer inspeção cem por cento do tempo. Vou dar uma relação de produtividade hoje só para gente poder ter noção. Eu no meu turno, na minha máquina fazia dois rolos com quatro mil e quinhentos metros por turno a cada oito horas. Hoje uma máquina faz três rolos por hora. Então é mais ou menos uma relação de como a gente produzia e como a gente produz hoje. Quando a gente iniciou, três rolos no máximo por turno a cada oito horas. Hoje, três rolos por hora cada máquina consegue fazer. Então essa é uma relação de produtividade de como que a gente foi adquirindo conhecimento, a fábrica foi tendo respaldo pela qualidade produzida e foi aumentando a sua capacidade passo a passo.
P/1 – E Daniel, só voltando um pouquinho. Você participou da inauguração?
R – Sim.
P/1 – Da Tetra Pak. Como que foi essa inauguração? Você podia contar um pouquinho para nós?
R – A festa em si ou o processo de primeira produção?
P/1 – Tudo. (RISOS)
R – Perfeito. Na verdade, assim, a ansiedade que as pessoas tinham de fazer a primeira embalagem, ela era tônica. Ela estava naquele ambiente contagiando todas as pessoas. Então todo mundo queria fazer a primeira embalagem. Todo mundo queria fazer parte da primeira embalagem, assim como todo mundo queria fazer parte da inauguração da fábrica. Eu lembro que nesse dia, enfim, a diretoria, estavam todas a pessoas lá envolvidas, eram onze horas da noite quando saiu a primeira embalagem no último processo de produção, em que até hoje temos aí a foto do Benny Heide, que é o diretor de produção hoje atual, mais o Alberto Tureikis, que é o antigo engenheiro da fábrica e que a primeira embalagem foi produzida inclusive para a Batavo, que é o nosso cliente, estava muito próximo ali, e que foi um momento de êxtase mesmo. As pessoas que estavam ali extremamente envolvidas e comprometidas para que aquilo realmente tivesse acontecido. Então foi um momento muito interessante, muito cativante das pessoas ali e a inauguração foi simplesmente o coroamento desse trabalho que foi feito aí às duras penas, aí das pessoas em que algumas autoridades participaram, a comunidade também participou. A participação da comunidade, o envolvimento da comunidade, não era só direto na inauguração, mas também no movimento que isso fazia na cidade aí, que as pessoas reconheciam aquilo como um diferencial. Sabiam da importância, sabiam do tamanho que era do respaldo que era para Ponta Grossa, uma cidade de trezentos mil habitantes, na época duzentos e setenta mil habitantes recebeu uma empresa como um nome, hoje, como é a quinta maior arrecadadora do estado do Paraná de ICMS.
P/1 – Quando você chegou lá, quantas pessoas trabalhavam? Porque Ponta Grossa, ela não é uma fábrica grande, ela é bem menor que Monte Mor. E quando começou, então, ela devia ter quantos funcionários?
R – Eu não lembro bem ao certo, mas eu diria que não éramos muitos. Nós, acho que na produção, nós tínhamos três turnos, então de manhã, tarde e à noite de madrugada. A gente precisava de duas, quatro, seis, oito horas, sei lá, entre doze e vinte pessoas por turno. Sessenta pessoas na área de produção, mais ou menos isso, mais a área de manutenção que tinha mais uns vinte manutentores, éramos cem, cem pessoas na área de produção mais ou menos isso. Com o administrativo que também, que não era muito grande. Uns cento e poucos funcionários no máximo.
P/1 – E a área de produção, você lembra quantas máquinas tinham?
R – Sim, sim. Na verdade, o nosso site, o nosso número de máquinas não alterou um tanto assim, sabe? O que a gente teve foi um aumento de capacidade gerado pelas próprias máquinas, mas na época éramos duas impressoras, uma laminadora, duas cortadeiras e três doctors e um sistema de paletização que era manual, que era um guinchinho lá que tinha que usar o sistema pneumático. Hoje, nós temos duas impressoras também que continuam as mesmas, a laminadora continua sendo a mesma, só que ela dobrou de velocidade, então antes era trezentos e cinquenta e hoje estamos a seiscentos e cinquenta metros por minuto. Éramos em duas cortadeiras e agora somos em três cortadeiras, todas elas a mil metros por minuto cada uma e, de três doctors, a gente hoje tem quatro doctors e uma paletização hoje robotizada. Hoje é um robô que faz a paletização do sistema.
P/1 – E me diz uma coisa; Ponta Grossa, qual o tipo de embalagem que ela produz?
R – Ponta Grossa hoje, basicamente, produz o litro leite que é o nosso maior volume. Hoje setenta por cento, setenta e cinco por cento da nossa produção. O 200 slim, que é a embalagem para o suco, o Tetra Wedge, que também é a embalagem para suco, aquela que é feito o Kappo lá, aquele suquinho da Coca-Cola e fazemos o quinhentos ml que a gente faz o extrato de tomate, a caixinha do extrato de tomate, aquela de quinhentos ml. Basicamente, são esses os nossos volumes.
P/1 – E quando você começou?
R – O litro leite.
P/1 – Era só o leite.
R – E acho que a maior mudança no meio desse processo não era simplesmente por si só o litro leite. A gente chamava de carimbão, que era a flexografia. Era uma embalagem que é feita com uma tecnologia de impressão de carimbo mesmo. É uma transferência de tinta para tinta, era chapado: verde e amarelo não se misturam. Ou é verde ou é amarelo, ou você misturava a tinta antes de chegar na embalagem ou você não tinha outra cor. Porém, hoje a gente já fala da photo process, que é uma embalagem que tem pigmentação, tem sobreposição de cores em que se pode ter uma variação muito maior de cores, pode ter tonalidades diferentes de cores, pode fazer degradê ao mesmo tempo sem que você precise fazer tantas alterações assim.
P/1 – Você começou como auxiliar técnico?
R – Auxiliar de produção.
P/1 – Auxiliar de produção.
R – Isso mesmo.
P/1 – E aí como foi essa trajetória?
R – A minha trajetória na Tetra Pak é bem interessante: eu comecei como auxiliar de produção e aí quando chegou na época de – foi isso mais ou menos em janeiro quando eu comecei. Quando chegou em setembro, a fábrica precisou rodar quatro turnos, que é sábado e domingo, porque já tínhamos chegado num momento em que só aquilo que a gente fazia de segunda a sexta-feira já não era mais suficiente. A gente precisava trabalhar um dia a mais por semana. Nesse momento, quando surgiu essa primeira oportunidade, eu passei de auxiliar de produção para a reserva. Então só para poder entender, na máquina na época, hoje não é mais assim, eram três pessoas que trabalhavam por máquina. Então tinha o auxiliar da máquina, o reserva e tinha o operador principal. Essas duas pessoas efetivamente operavam a máquina, tinham responsabilidades na operação. Essa pessoa aqui era a pessoa que dava o suporte; por esse motivo, auxiliar de produção. Quando saiu o terceiro turno, eu passei a ser o reserva, o segundo homem da máquina e, aí, com o processo da introdução do WCM [World Class Manufacturing] na fábrica, eu comecei a me envolver bastante com manutenção autônoma. E aí olhando para a manutenção autônoma, mais a máquina e mais o conhecimento, aí isso foi cada vez galgando mais. Num dado momento, não só as pessoas como também os recursos começaram a ser distribuídos eu passei de reserva para operador líder na máquina. Então eu passei de auxiliar para reserva e de reserva para operador, mas sempre continuando com o trabalho da WCM na lateral que é autônoma, que é aquilo que está diretamente ligado com pessoas do chão de fábrica. Nesse exato momento, surgiu uma oportunidade para ir para dentro da área administrativa que era ser um auxiliar administrativo. Eu lembro como hoje, eu fui com uma forma temporária e provisória e tanto provisória que está até hoje, mas foi numa forma provisória em que eu comecei a fazer alguns trabalhos somente voltados à autônoma. Aí ele foi bem aceito na época pelo Adriano Abila. O Vladimir [Bosio] tinha recém-saído da coordenação de WCM. Tinha ido para a Europa para ser champion e o Adriano Abila gostou desse meu trabalho, que tinha ficado como coordenador, e continuei esse trabalho dentro da área administrativa. E aí fui efetivado na área administrativa como auxiliar administrativo. E, depois disso, veio o Fabio Rocha. O Fabio Rocha foi um outro coordenador de WCM também em que, depois desse momento, eu passei ser líder do pilar da autônoma e passei ser um analista administrativo. Com a saída do Fabio Rocha, veio uma outra pessoa chamada Guilherme Busato. O Guilherme Busato achou um outro desafio externo na empresa e, com três meses assim, ele foi promovido e pediu a demissão. Eu lembro que eu estava no meu período de férias, ainda estava na casa dos meus pais lá em Mato Grosso e eu fui chamado às pressas: “Daniel, volta, volta”. Aí eu voltei e aí eu fiquei por mais dois anos como técnico de WCM mesmo, assumindo a função da coordenação, mas como técnico. Aí fui passado a coordenador de WCM. De coordenador de WCM virei gerente de WCM e depois de gerente de WCM, agora, há oito meses, eu sou gerente de laminadora e corte doctor, voltando para a minha origem que é a produção.
P/1 – E como que foi isso da sua origem, que você acabou de falar, para gerente de WCM? O que mudou? Queria que você falasse um pouquinho como que era o cotidiano antes e como que foi gerente de WCM.
R – Perfeito. A diferença é grande, é muito grande porque eu saí de uma área que é extremamente braçal, manual vamos dizer, fazer. Não tem outra conversa, você tem que saber o que precisa ser feito e fazer. Basicamente, é isso. E é isso que move a máquina porque a máquina lá não é uma máquina automática, um botão start e ela produz. Não. Ela produz baseada no homem, principalmente cortadeira para uma área administrativa em que eu tive que adaptar conceitos de produção, know how na área de produção com melhoria contínua, que é o que TPM [Total Productive Maintenance] prega. Realmente foi uma trajetória bem interessante porque nesse processo eu tive capacitação. Eu acho que essa é a palavra que eu tive; suporte.
R – Eu apliquei e conheci tudo aquilo que eu fazia dentro da minha atividade transcrevendo isso para um papel e melhorando esse conceito no dia a dia e aí recebi os treinamentos necessários para que isso pudesse ter acontecido, assim como também participei ativamente de vários prêmios que a Tetra Pak conseguiu com a JIPM [Japan Institute of Plant Maintenance]. O JIPM é o instituto japonês lá que premia as empresas que praticam o TPM e ela vem auditar. E eu participei desses prêmios e isso fez também com que eu adquirisse know how e, também, credibilidade por parte da minha chefia.
P/1 – E hoje?
R – Pois então. E hoje como gerente de WCM, como gerente, desculpe, de laminadora nada mais é do que aquilo que eu adquiri como o que precisa ser feito e agora o meu supervisor fala assim: “Bom, você já sabe o que precisa ser feito, então agora você pode ir lá e fazer”. Então agora eu estou no chão de fábrica mesmo que é onde as coisas precisam efetivamente acontecer.
P/1 – Desculpe, só para conseguir entender. No chão de fábrica na produção, você falou gerente de laminadora.
R – Laminação, corte doctor.
P/1 – Ah, porque eu fiquei imaginando, tem a laminadora, têm várias. É um gerente para cada...
R – Não.
P/1 – Não.
R – Não, não. A fábrica foi dividida em dois sites hoje na área de gerência que é a área de pré-impressão e impressão que hoje atualmente é o Vladimir Bosio que é o gerente dessa área e eu sou o gerente de laminadora corte, doctor e paletização que é a área de chão de fábrica na segunda metade.
P/1 – E você ficou feliz de ter voltado para as origens?
R – Fiquei. Fiquei contente porque, na verdade, novamente é mais um desafio e eu estou aberto sempre a desafios. Então eu já tive um desafio de sair da área de produção e virar um gerente de WCM, que para mim foi um grande passo. Depois de ter virado gerente de WCM para virar um gerente de produção é colocar tudo aquilo que você aprendeu na teoria na prática. Novamente é mais um desafio.
P/2 – Em relação ao WCM, Ponta Grossa foi escolhido como a fábrica modelo assim, ela já foi desde o começo pensada para entrar nos acordos com WCM, não foi isso?
R – Perfeito, perfeito. Na verdade, as pessoas já foram escolhidas com o perfil do WCM. Por que com o perfil WCM? Porque o conceito da melhoria contínua, ela não é só no momento aplicada aos equipamentos, às máquinas. Elas precisam que as pessoas deem essa sugestão da melhoria contínua. Então você olha para um equipamento hoje, um tripé ou uma fiação. Ele, hoje, pode ser um tripé, uma fiação, amanhã ele pode ser uma canaleta e amanhã ele pode ser uma estante móvel. E é nesse conceito que você tem que olhar para as coisas. Mas, para isso, é preciso que tenham pessoas abertas e disponíveis a promover essa melhoria, porque a máquina por si só não se desenvolve. Ela precisa das pessoas. Outra: essas máquinas, elas não vão se desenvolver só com os gerentes e com os diretores. Elas precisam que, os operadores precisam dizer o que precisa ser mudado porque eles, na maioria das vezes, é que estão cem por cento do tempo do lado da máquina. Então se tem alguém que sabe o diagnóstico, o problema, a causa e, muitas vezes, a solução, são eles mesmos. Então as pessoas precisavam ter esse espírito de mudança, de querer mudar as coisas.
P/2 – Então, o WCM, ele dá um certificado?
R – Perfeito, perfeito. Na verdade, o WCM hoje, ele, como é que eu posso dizer assim? Não é um certificado, não é um papel, mas ele realmente dá o respaldo que aquilo ali é bom.
P/2 – E quando foi que Ponta Grossa recebeu, foi certificada que sim e que agora a fábrica está nos padrões? Foi depois de quanto tempo da fundação?
R – Você veja: o nosso primeiro prêmio foi em 2000, foi quando a fábrica recebeu o primeiro prêmio de qualificação, que é o primeiro nível do JIPM. E digo mais, eu acho que eu não digo só por Ponta Grossa, mas digo por todas as pessoas que trabalham lá. Ponta Grossa ainda não se aceita ainda como uma fábrica world class que é o nível mais alto. Ela está buscando, então o primeiro prêmio foi o primeiro passo. Ali começou a história world class da fábrica de Ponta Grossa. Eu tenho certeza de que, eu estou falando isso, hoje é que as pessoas lá se sentem world class, mas, porém, elas reconhecem que ainda não são world class e elas dizem: “vamos buscar isso todos os dias”.
P/2 – E quanto falta para chegar no world class em relação ao certificado?
R – Se a gente fosse pensar só tecnicamente, baseado no JIPM nós temos esse prêmio que a gente está concorrendo agora, que é o Advanced Special e na sequência já é o World Class, que é o nível mais alto. Então esse ano agora, no final de dezembro, a gente vai estar concorrendo a esse prêmio e, se eu não me engano, em 2010 a gente vai estar concorrendo ao prêmio World Class.
P/2 – E isso é integrado com Monte Mor?
R – Hoje muito bem integrado com Monte Mor. Isso é uma coisa muito interessante, que no passado não era e gerava essa concorrência que até num dado momento ela é saudável, mas, num dado momento, não se tornou mais saudável. Hoje, falando do Brasil, então aí eu acho que é muito mais interessante, a gente pode falar que hoje o Brasil vai ser certificado no world class.
P/2 – E fora o WCM, como que era a relação, como era e como é agora a relação com Monte Mor e com São Paulo e as outras regionais?
R – Nós temos que dizer da seguinte forma, se Ponta Grossa fez alguma coisa foi porque aprendeu com Monte Mor. Então, se alguma vez eu disser assim: “Ah, eu aprendi a cortar a minha primeira embalagem”, foi em Monte Mor. Eu lembro de pessoas como o Litinho, como o Zé Careca, pessoas que me ensinaram a usar um estilete, a dizer que aquilo é uma embalagem, mostrar o que que era uma pista de cortadeira, uma fotocélula. Imagino que José Mário, Alessandro Olinger, enfim, dentre outras pessoas que estão hoje em Ponta Grossa, vamos lembrar em particular de uma pessoa em Monte Mor que foi a referência para poder aprender. E a gente saiu de um dado momento de uma convivência extremamente técnica e operacional para uma convivência muito mais política e de valores, que foi quando a gente começou com os prêmios World Class, quando a gente começou a fazer as divisões dos quality sizes dos volumes que eram produzidos, e que Ponta Grossa e Monte Mor sempre teve um bom relacionamento. Eu acho que essa é a palavra.
P/2 – Em relação assim à administração, existem diretores, por exemplo, o Benny Heide está em Monte Mor e cuida de Ponta Grossa também. O que mais que Ponta Grossa está ligada a Monte Mor dessa maneira em relação à diretoria, gerência?
R – Eu diria que de uma forma extremamente inteligente. Hoje, Ponta Grossa e Monte Mor estão ligadas praticamente em tudo, por quê? O que nós nos diferenciávamos de Monte Mor? Porque nós tínhamos dois gerentes de fábrica. Era isso o que nos diferenciava. As diretorias eram as mesmas porque a diretoria de RH, a diretoria de produção, diretoria de comunicação, ela é coorporativa. Porém, quando a gente falava dos trabalhos internos da Tetra Pak como o próprio WCM, apesar de nós termos dois gerentes de WCM um em Ponta Grossa e outro em Monte Mor, mas quando a gente falava dos pilares, das funções, dos trabalhos, do alinhamento que precisava ser feito, ele era dividido. Então com essa unificação do prêmio do World Class, hoje, a gente já não tem mais pilar em cada fábrica. Hoje, a gente tem um pilar corporativo de focá-las. Hoje, a gente não tem mais um pilar de treinamento, hoje tem um pilar corporativo de treinamento. Isso forçou e nos uniu mais ainda do que a gente já era. Então isso foi extremamente positivo e inteligente.
P/2 – E você poderia explicar o que são os pilares do WCM?
R – Dentro da metodologia da World Class, os pilares de World Class, o TPM, ele é baseado em algumas frentes de trabalho em que elas, eu preciso capacitar as pessoas para que, se eu quero que elas produzam mais e preciso de informar elas que aquilo precisa ser feito daquela forma, para que elas não façam errado. Então esse é o pilar de treinamento onde que vem as habilidades e os gaps para poder capacitar as pessoas. Eu tenho o pilar de logística que diz assim: “Eu tenho que fazer alguma coisa para que a minha matéria-prima sempre esteja disponível na porta da empresa e o meu produto esteja disponível na porta do cliente”. Então ela é a garantia da logística e, também, na parte da entrega. Eu tenho a área de focos, melhoria focada, que nada mais é do que isso que comentei agora há pouco sobre o tripé. Isso hoje é de um jeito e amanhã ele precisa ser de um outro jeito, porque ele precisa atender uma outra necessidade. Então nada é extremamente fixo. Tudo é móvel, tudo é mutável. Então ele olha um problema e diz assim: “Não é que a gente vai aumentar o número de máquinas. Não. A gente vai reduzir a nossa perda”. E é para esse motivo que o focadas trabalha. Ela não visa a colocar mais equipamentos, mas ela visa a reduzir as nossas perdas. Pilar de qualidade, que é o pilar que tradicionalmente as empresas têm, porém, com um foco bem específico, muito técnico, mas que ela trabalha basicamente em dizer assim: “O meu cliente não pode receber um produto pelo qual ele não quer receber”. E aí a gente olha para a cadeia atrás e diz como é que a gente tem que produzir. Eu tenho ainda o pilar de segurança e meio ambiente, que é tudo o que produzir tem que se produzir com qualidade e com segurança, e de manutenção, que é a garantia que eu tenho que ter um equipamento sempre disponível para produzir sem que ele quebre. Esses são os pilares que montam a estrutura do WCM.
P/1 – E, Daniel, tem muita gente que, quando inaugurou a fábrica, foi muita gente de Monte Mor para Ponta Grossa?
R – Sim.
P/1 – Foi morar mesmo lá, trabalhar lá?
R – Inclusive foi muita gente. Até tinha que mandar um pouco de volta. Estou brincando. (RISOS) Na verdade, foram alguns profissionais sim. Eu lembro como o Paulo Câmara, como Ricardo Luciane, como o Jean, como, poxa, uma porção de gente veio para Ponta Grossa.
P/1 – E isso foi por conta de que Ponta Grossa não tinha uma mão qualificada de obra lá e então algumas pessoas foram convidadas a trabalharem lá, foi por isso ou porque abriu mesmo isso, falando quem gostaria de ir para lá?
R – A Tetra Pak sempre foi uma empresa que trabalhou muito com essa questão de multiplicação do know how. Acho que isso é uma coisa bem diferencial e bem particular da Tetra Pak. Ela não tem o menor problema em fazer que um funcionário daqui vá para fora. Até a gente pode entrar no mérito da questão, mas, quando se falou isso, a primeira coisa que se pensou é assim: não é que as pessoas não têm condição técnica de fazer porque, às vezes, a maioria, as pessoas de Ponta Grossa [PR] têm um nível de escolaridade mais alto do que Monte Mor. Mas isso não se compara ao know how que precisa ser feito, que eles precisam ter para poder desenvolver a embalagem. E é por esse motivo que eu comecei dizendo que a Tetra Pak ainda utilizava muito a tecnologia baseada no homem, porque é o know how do homem que diz como ela tem que ficar pronto. Isso tem mudado muito, hoje a Tetra Pak tem, desenvolveu e até mesmo compra, uma tecnologia para poder cada vez mais sair desse conceito de que o homem faz a qualidade, mas ainda é dependente disso. Então nada é diferente disso, há nove anos atrás, em que realmente foi extremamente importante e necessário que essas pessoas com know how viessem a Ponta Grossa e nos ajudasse. Algumas pessoas ficaram definitivas, outras pessoas de forma temporária e aí voltaram para Monte Mor, voltaram aqui para São Paulo.
P/1 – E existe uma conversa constante entre Ponta Grossa e Monte Mor, uma troca?
R – Sim, sim. Na verdade, existe uma comunicação bastante forte. Agora também, essa comunicação também não se resume só em Monte Mor, porque essa conversa, hoje com tecnologia, hoje com um site interno da Tetra Pak, a gente consegue falar com qualquer fábrica do grupo Tetra Pak, mas muito forte em Monte Mor. Pela língua, pela facilidade, pela disponibilidade. Eu acho que é isso que mais deixa forte esse laço de integração.
P/1 – A Tetra Pak, independente de ser Ponta Grossa, a Tetra Pak Brasil ela é um modelo para as outras Tetra Pak da Europa?
R – É complicado você falar isso de modelo porque isso gera um rótulo.
P/1 – Eu digo modelo, porque ela se diferencia.
R – Sim, sim.
P/1 – É isso?
R – Não vamos ser nem oito nem oitenta. Eu não gosto muito desse rótulo de ser benchmark, de ser referência, mas também tenho que admitir que a gente consegue fazer a embalagem de forma diferente. Então a gente consegue ter uma melhor produtividade, um melhor custo fazendo as coisas simples, muito básicas, mas isso está por ser Brasil. Eu acho que essa questão de sermos brasileiros, eu acho que faz uma enorme diferença. E por que ser brasileiro faz diferença mesmo falando de uma empresa que é multinacional? Porque nós temos brasileiros que são os nossos diretores, os nossos gerentes e eles dão essa liberdade, acreditam também nas pessoas que estão aqui e as pessoas se sentem acreditadas e fazem as coisas diferentes. Eu acho que é isso que faz.
P/1 – Desculpe, quando você fala em liberdade, eu posso entender que pode ser assim: se você tem uma ideia, se você tem uma proposta, você poder chegar e colocar essa proposta e ela pode ser aceita, é isso?
R – Perfeito. Na verdade, existe até uma coisa anterior a isso. Primeiro: existe a motivação que você tenha a ideia. Existe a liberdade de se comunicar essa ideia e existe a efetivação dessa tua ideia e, quando você vê esse processo funcionando, ele motiva outras ideias que motivam outras pessoas e que contagia outras pessoas. É isso.
P/2 – Isso em todos os níveis assim?
R – Em todos os níveis sem distinção de raça, cor, crédulo, sexo. Em todos os níveis. Terceiros, nós temos boas ideias de terceiros, pessoas que colaboram com a gente e que participaram de processos de melhoria e que já deram ideias e que continuam dando ideias para a Tetra Pak e ela continua aberta a receber mais ideias.
P/2 – E Ponta Grossa passou por algum momento de crise?
R – É importante dizer o que é crise. O que podemos considerar crise? Eu acho que toda empresa tem altos em baixos. Seja ela, na hora da produção, seja ela em um ponto mais crítico. Eu diria assim que toda vez que a gente tem implantação de um novo projeto, de um novo desafio, ele sempre gera uma crise. Uma crise boa, uma crise boa. Uma crise de “putz, será que vai dar certo? Será que não vai dar certo? Será que a gente pensou em todos os pontos?”. E aí você coloca aquilo para funcionar e nem sempre dá certo, nem tudo dá certo, nem tudo dá certo. E nem sempre cem por cento dos projetos é com sucesso. Então nós temos as nossas crises, mas, particularmente, eu não consigo lembrar assim de uma crise significativa.
P/1 – E voltando um pouquinho, Daniel. Pessoas que entraram com você na Tetra Pak, nove anos, elas estão lá? Você tem grandes amigos? Como que é essa relação com os colegas?
R – É bem interessante isso, porque hoje mesmo, eu falando hoje como gerente de uma área, eu tenho muitos colegas meus ainda que continuam sendo operadores de máquinas e que hoje até, inclusive, lidero essas pessoas. Sou gestor da área de onde eles trabalham, mas que a gente, putz, dormiu junto aqui em Monte Mor na mesma casa. Então, quer dizer, eu tenho pessoas que dividiram quarto comigo aqui, eu tenho pessoas que dividiram a mesma casa, pessoas que dividiram o mesmo turno de trabalho comigo, pessoas que, quando eu voltando para Ponta Grossa, trabalhamos juntos na mesma máquina. Eu fui subordinado teoricamente assim na máquina por ele e que hoje a gente tem o mesmo laço de amizade ou até mesmo muito mais forte hoje. Então eu vim com muitos amigos de fora, com as pessoas que vieram da Kaiser, como fiz muitos amigos também dentro da Tetra Pak. Então me considero uma pessoa privilegiada.
P/2 – Isso muda a maneira que você gerencia?
R – Sim, sim. Isso muda. Eu vou dizer não que isso fica fácil, mas muda. Muda porque você precisa ao mesmo tempo entender que aquilo precisa ter uma impessoalidade, precisa ter um ambiente gostoso e isso ajuda você a criar esse ambiente gostoso, porque você acaba tendo liberdade com as pessoas, você acaba tendo um bom relacionamento com essas pessoas, mas, ao mesmo tempo, tem que garantir a seriedade que o trabalho nosso exige. Então ele é bom e ele é ruim.
P/1 – E voltando, o Valdir já tinha falado da crise, mas, Ponta Grossa, ela trabalha em quatro turnos, é isso?
R – Não. Não mais.
P/1 – Não mais?
R – Não mais.
P/1 – Ela trabalha em?
R – Três turnos agora fixos, isso mesmo.
P/1 – Isso se dá pela produção maior das máquinas, não existe mais a necessidade de mais ou porque diminuiu um pouco o número de...
R – Não, não. Na verdade, se a gente quiser chamar de crise, eu acho que essa foi uma delas. A Tetra Pak sempre trabalhou no regime de quatro turnos e para isso pagava um adicional de quatro turnos que é representativo por horas extras de trabalho acima de seis horas por turno. Legislação brasileira fala que quem faz revezamento de turno só pode trabalhar seis horas e a Tetra Pak usava oito, e aí paga horas extras baseadas nesse adicional de turno, e nesse último acordo que aconteceu, nessa última votação agora de julho, os funcionários se recusaram ao valor estipulado pela Tetra Pak e isso fez com que a Tetra Pak tivesse que mudar o regime de trabalho. Porém, foi achado um meio termo aí que a Tetra Pak continue trabalhando de domingo a domingo, porém em turnos fixos.
P/1 – Você já morava em Ponta Grossa quando a Tetra Pak chegou lá. Você acha que ela contribuiu para alguma mudança na cidade? Ela desenvolveu um pouco mais? Existe uma ligação?
R – Eu acho que existe. Eu acho que, por menor que seja, ela existe. A Tetra Pak é uma empresa discreta e gosta de ser discreta e eu gosto dessa postura, eu não gosto muito de empresas muito “espantafosas” que ficam fazendo muito merchandising, mas é uma empresa que ajuda a comunidade, é uma empresa que se faz presente na comunidade de uma forma discreta, de uma forma simples, de uma forma mais muito objetiva como campanhas educativas ambientais, como divulgar o nome de Ponta Grossa, nesse caso, como a quinta maior geradora de impostos para o estado, trazer mais parceiros para dentro da cidade. Eu acho que ela ajudou a desenvolver tecnicamente a cidade porque não existiam muitos fornecedores e, às vezes, muitos fornecedores técnicos mesmo no Paraná, e ela contribuiu para que esses fornecedores entendessem que lá poderia ser mais uma referência, poderiam se desenvolver ali. A própria Klabin, que se encontra a cem quilômetros de Ponta Grossa, também foi motivada a trabalhar em cima disso porque os volumes de produção aumentaram. A localização ficou muito próxima, o contato com o fornecedor fica mais próximo e isso é bom ou é ruim. Nesse caso, podemos entender que seja sempre bom. Isso fez com que as pessoas também olhassem para esse campo. Eu diria no campo também do emprego, porque é uma empresa que busca profissionais técnicos formados e que tenham capacitação um pouco melhor no mercado de trabalho. Coisa que isso não encontrava em Ponta Grossa. Por exemplo, o cara tinha o curso técnico e, de repente, o cara podia fazer quase tudo em Ponta Grossa. E, o conceito da Tetra Pak, acho que fez, ele elevou um pouco mais esse conceito. Elevou um pouco mais, não. Ele elevou esse conceito dentro de Ponta Grossa e começou a garimpar melhor esses funcionários, esses recursos que ali estavam saindo da cidade e que, hoje, tem muitas pessoas voltando. Esse último mês, por exemplo, a gente fez algumas entrevistas em que pessoas que estavam trabalhando em outros estados aí estavam se candidatando para voltar a trabalhar na cidade natal, em que os pais deles moram e tudo mais e trabalhar na Tetra Pak. Então eu acho que isso são benefícios que, às vezes, a gente não consegue ver no dia a dia numa comunidade, mas que ela realmente ajuda a influenciar e trazer. Imagino que também a competência da empresa também ajuda a desenvolver essa melhor competência das pessoas. Eu vejo hoje muito mais pessoas envolvidas com cursos de Inglês, com cursos técnicos porque querem trabalhar numa empresa multinacional e ver uma empresa multinacional dentro do seu quintal, da sua casa muda essa perspectiva. Você acha que multinacional só tem em São Paulo capital. E não é verdade.
P/1 – O Brasil é maior do que isso.
R – O Brasil é um pouquinho maior do que o quintal de casa.
P/1 – Você estava falando dessa coisa das pessoas que estão lá e que estão atrás de um curso de Inglês, estão correndo atrás.
R – Isso.
P/1 – Dentro da Tetra Pak, em Ponta Grossa, ela é uma empresa que ela incentiva, ela te incentiva a estudar, a desenvolver profissionalmente?
R – Eu acho que esse é um ponto bem interessante quando a gente estava falando aí sobre “ah, por que o pessoal de Monte Mor foi para Ponta Grossa e não sei o quê?”. Vou falar um pouquinho do movimento interno porque eu acho que é bem interessante. A Tetra Pak começou com umas lideranças, com um grupo de pessoas de lideranças, em que essas pessoas tinham a habilidade, tinham know how e tudo mais. Como a Tetra Pak, ela não tem barreira nenhuma para que esse know how seja dividido, muito pelo contrário, ela entende que quanto mais pessoas com know how forem mais distribuídas dentro do grupo Tetra Pak, mais o grupo Tetra Pak vai crescer. Só que isso faz com que muitas vezes surjam oportunidades e aí as pessoas conseguem ver dois momentos: primeiro eu tenho o momento do puxar e o momento do empurrar. A Tetra Pak, ela tanto puxa as pessoas para se desenvolver como ela também empurra as pessoas para se desenvolver. Isso se chama disponibilizar recurso e incentivar as pessoas. Então, quando ela tira uma pessoa de um grupo que é boa e leva, por exemplo, “ah, vou levar essa pessoa para a Suécia, para os Estados Unidos, para o México”, nesse exato momento, ela está colocando lá uma sementinha boa para contagiar aquele grupo. Naquele exato momento abriu uma brecha e ela já, de certa forma, já incentivou a alguém ter um curso de Inglês, um Curso Superior, e então ela já tem automaticamente outra pessoa pronta para trabalhar nesse lugar dessa outra pessoa. E esse movimento é piramidal. Então eu pego uma pessoa debaixo, coloco ela no meio, no centro, coloco ela para cima e eu sempre vi esse fluxo sendo crescente, óbvio. Muitas pessoas podem até falar assim: “Poxa, eu não entendo que seja tão piramidal assim”, mas as pessoas também não olham o quanto elas quiseram se desenvolver, porque uma coisa que a Tetra Pak não pode fazer por ninguém e ninguém vai fazer por ninguém é desenvolver alguém. Ela pode dar todas as ferramentas, mas, se você não quiser usar, não vai adiantar. E o que eu sempre percebi foi isso: ela sempre deixou a sua caixa de ferramentas sempre aberta. “Ah, você quer uma 6/16? Você quer uma meia polegada? Está lá, a ferramenta está lá. Você quer um curso de Inglês? Você quer fazer uma faculdade? Que tipo de suporte você pode ter?”. Pode ser que ela não tenha todo aquele suporte naquele dia, mas se quiser, se você apostar naquilo, ela vai te dar uma oportunidade lá na frente. Assim aconteceu comigo.
P/1 – E, Daniel, você já foi para outra Tetra Pak fora do Brasil?
R – Já, já. Já tive a oportunidade de poder viajar através da empresa. Já conheci França, conheci a Inglaterra, conheci a Dinamarca, conheci Suécia, Espanha, México, Argentina. Então já conheci alguns pontos já nesse mundo aí através da Tetra Pak.
P/1 – E quando você vai é uma troca ou é um custo, uma aprendizagem?
R – É um misto de tudo.
P/1 – Um misto.
R – Porque, na verdade, assim: uma coisa é aquilo que contam para você e outra coisa é aquilo que você vê. Não aplicando aquele conceito do São Tomé, eu só acredito vendo, mas é que muitas vezes você, com o teu know how você consegue, know how no sentido de experiência, experiência de vida, de ter visto, de ter vivido alguma coisa. Então você participar nesse processo ao vivo faz com que você adquira mais informação para poder contribuir. Então, novamente, eu imagino que todas as vezes que eu fui para fora eu só aprendi e só consegui trazer para cá coisas que realmente a gente pudesse desenvolver. “Aquele conceito é verdadeiro, porém, a gente tem que fazer uma melhoria, uma melhoria ali nessa atividade”. E sempre vejo as pessoas viajando com esse mesmo intuito. Por mais que não seja um treinamento, mas você conhecer uma outra fábrica é conhecer a cultura daquele lugar, é conhecer como que as pessoas fazem para mudar, conhecer as pessoas que mudam a cultura desse lugar, pessoas que contribuem, pessoas que não contribuem para essa cultura. E isso tudo, isso só agrega a você para poder voltar e poder administrar de uma forma mais coerente e, às vezes, até mais correta.
P/1 – E qual foi a primeira vez que você foi, você lembra assim o ano?
R – Não lembro bem o ano preciso, mas a minha primeira viagem que eu fiz foi para a Argentina em que eu fui conhecer a fábrica de La Rioja, faz um bom tempo, faz bastante tempo.
P/1 – Logo que você entrou?
R – Não, não. Na verdade, foi assim, logo quando eu estava na coordenação. Eu fui justamente conhecer um processo deles de implantação de TPM para poder fazer um misto desse know how que eles adquiriram, mas muito antes disso, não falando em viagem internacional porque, às vezes, fica o rótulo que parece que viajar para outros países é onde você vai trazer mais conhecimento. Mas a própria disponibilidade que a Tetra Pak deu para eu conhecer outras fábricas aqui no Brasil como Pirelli no Rio Grande do Sul, como Bosch em São Paulo, como a própria Unilever aqui em São Paulo aqui também. Minas Gerais, Betim, na Volkswagen participar de simpósios, de reuniões, de grupos de TPM, participar de treinamentos a nível internacional de TPM. Quer dizer, tudo isso faz com que você melhore o teu know how, crie um rol de contatos para que ela possa ela mesma ajudar e beneficiar a própria empresa. Eu acho que às vezes isso é tão mais importante como, às vezes, você falar de uma viagem internacional.
P/1 – Eu perguntei isso porque eu imaginei que vocês viajassem para outras Tetra. Agora você falou que você foi para a Pirelli. E Betim, provavelmente, você deve ter ido para a Fiat.
R – Para Fiat, isso.
P/1 – Eu não estou entendendo.
R – Perfeito, perfeito. É importante dizer isso porque, na verdade, como a gente falou assim, não usando a palavra referência, nada, mas a gente recebe muito mais visita do que a gente visita. Então a Tetra Pak, até um tempo atrás, nós tínhamos um calendário de visitas dentro da Tetra Pak. As outras empresas, as outras filiais da Tetra Pak sempre quiseram vir visitar a Tetra Pak de Ponta Grossa e continuam visitando a Tetra Pak de Ponta Grossa. E hoje, falando de Brasil, porque Monte Mor é uma excelente referência em muitas outras coisas. E a gente criou um calendário porque a gente não conseguia atender mais essas pessoas do próprio grupo Tetra Pak que iam visitar. Um exemplo, eu estou recebendo três operadores do México, que vamos colocar uma máquina igual a gente implantou aqui há três anos atrás, e estão vindo fazer um treinamento de vinte dias para poder aprender a operar a máquina e voltar para o México. México, nove horas de voo. Então quer dizer que são esses benchmarks que são mais importantes do que qualquer outra. Quando a gente fala do interno, por exemplo, o que eu fui fazer em Betim e na Volkswagen, o que eu fui ver na Pirelli? Não parece, um “cambanzinho”, uma figura de ilustração, uma ferramenta que usa de diferente que agiliza um processo. Um sistema de puxar, um sistema de empurrar de produção, uma forma de gerir pessoas. Isso faz uma grande diferença quando a gente aplica aqui dentro. E bom? Pode ser melhorado.
P/1 – Isso foi uma novidade, eu não sabia que nessas outras, porque jamais iríamos imaginar uma Tetra Pak de embalagem visitar uma Pirelli.
R – Perfeito. Não faz sentido isso. Porém, quando a gente fala produção é produzir. Então como eles produzem? Não é o que eles produzem, mas é como eles produzem. Então a Tetra Pak tem as portas abertas para essas empresas, participamos de simpósios com eles, participamos de semana de TPM, participamos de semana de manutenção juntos. Fazemos pós-graduação juntos com esses funcionários que em Curitiba, em São Paulo, em Londrina. Aonde for. E isso gera uma integração que diz assim: “Eu estou com um probleminha lá que eu não estou conseguindo mais colocar tal atividade lá ou está sendo mais difícil de colocar”. “Lá, a gente usa esse softwarzinho aqui, esse Excel, quatro colunas e três linhas, esse aqui é perfeito”. “Poxa, é isso que eu preciso”. E eu levo para lá. E são essas coisinhas pequenas que fazem a diferença no dia a dia.
P/1 – Quer dizer, a Tetra Pak, ela não só é parceira do grupo das filiais, dos clientes, como ela acaba sendo uma parceira de outras fora da própria área?
R – Da própria área, com certeza.
P/2 – E aproveitando o assunto, qual a importância da Tetra Pak na industrialização do Brasil? Na história da industrialização?
R – Eu sempre brinco com os visitantes, quando eu era gerente do WCM, eu era a pessoa que era o cicerone dos visitantes; que você visitar a fábrica da Tetra Pak é muito decepcionante. As pessoas dizem: “Mas como não? Vocês têm um bom TPM aplicado, vocês têm um ‘por esse motivo’”. Quando você entrava lá embaixo no chão de fábrica você, vai ver meia dúzia de pessoas trabalhando, meia dúzia de máquinas trabalhando, mas com uma eficiência, com uma produtividade extremamente alta. Eu acho que esse é o conceito que muda para a indústria brasileira. É a profissionalização baseada em produtividade e sem perder a qualidade de vida e sem perder eficiência. Eu acho que essa é a grande colaboração. Se a gente falar de uma particularidade bem importante: imprimir. Imprimir é uma coisa que você tem uma impressora na sua casa como também tem as máquinas de impressão que fazem qualquer tipo de embalagem. E aí eu estou entrando no vidro, lá está, enfim, qual seja o segmento. Eu não conheço nenhuma máquina de impressão que rode a quinhentos e cinquenta metros por minuto. No Brasil, é uma tecnologia que só a Tetra Pak domina. Então, se for pensar na contribuição, essa já seria uma contribuição. A aplicação que a Tetra Pak faz na tecnologia na área produtiva e a aplicação que ela faz na área produtiva com as pessoas.
P/1 – Daniel, nesse tempo que você trabalha na Tetra Pak, tenho certeza, provavelmente, deve ter mudado muita coisa. Quais foram os avanços tecnológicos nesse tempo que você poderia...
R – É complicado pensar. Vamos pensar assim os avanços tecnológicos. A Tetra Pak tem alguma, ela consegue quebrar algumas barreiras bem interessantes. Eu acho que uma delas é na área de segurança. Por mais que a gente ainda tenha pequenos incidentes nas fábricas, mas a Tetra Pak, todo dia, ela investe e trabalha para que isso aconteça. Nós tivemos numa fábrica que tinha postura, culturas de trabalho, operacional mesmo, de atividade operacional em que não tinham essa da importância. Hoje, isso para mim é extremamente visível aos olhos vivos. Pode ser que aos olhos de vocês, quando vocês chegarem lá dentro da fábrica: “Eu não estou vendo nada, nada”. Porém, para gente que começou isso há nove anos atrás é muita diferença. Hoje, a postura que as pessoas têm em relação à segurança nessa empresa, por mais que não tenha nenhum desenvolvimento fantástico na área de tecnologia, mas a cultura, como que as pessoas mudaram a sua cultura e sua postura com relação à segurança. Eu acho que isso é um ponto extremamente importante. Quando fala em tecnologia para a segurança é a aplicação das mais diversas formas, de um sensor de presença para que garanta que o operador não seja esmagado e prensado ou até mesmo corra o risco, de se assustar com alguma coisa. Então eu acho que isso são pontos muito interessantes. A tecnologia de impressão, nada novo, mas é a forma pela qual ela quer aplicar, a Tetra Pak quer aplicar novas tecnologias e que acompanhe tendências de mercado. A própria questão aí da embalagem para produtos a secos, não mais viscosos, mais sólidos. É um nicho de mercado que ela vai entrar e com certeza vai conseguir ter o sucesso lá dentro. Tecnologia? Um monte. O que tem ainda? Muita coisa para ser aplicado, mas eu diria que a Tetra Pak tem feito isso com uma boa velocidade, numa boa velocidade a aplicação dessa tecnologia como desenvolvimento de novas tecnologias. Tem muita coisa que não tem no mercado e não se aplica ao produto. Ela tem que começar do zero, tem que começar do zero para poder se desenvolver. Então é bem interessante e é um trabalho de bastante vanguarda, bastante vanguarda.
P/1 – E com relação à questão ambiental? Que a Tetra Pak tem um a preocupação com isso, não tem?
R – Na verdade, eu acho que esse é um dos outros pilares bastante importante dentro da Tetra Pak: é o desenvolvimento humano, a produtividade, a segurança e a questão da sustentabilidade dentro da empresa. A Tetra Pak nunca deixou de pensar nisso. Ela sempre trabalhou nisso, só que eu acho que a Tetra Pak nunca vendeu tão bem os seus produtos ambientais como agora. Hoje, a equipe de meio ambiente está realmente de parabéns, porque tem feito um excelente trabalho de divulgação do trabalho que a Tetra Pak sempre pensou na área ambiental. Imagino que a gente tenha muito mais por fazer ainda, muito mais por fazer ainda. Quando a gente olha dentro da fábrica, a gente tem inúmeras oportunidades ainda de desenvolvimento ambiental, mas que elas estão lá de forma embrionária, mas sendo desenvolvidas a um passo em que a tecnologia também precisa acompanhar e esse é um ponto. Por exemplo, quando a gente fala hoje do polietileno à base de álcool. É uma realidade, mas que precisa passar por um desenvolvimento tecnológico em que não está única e exclusivamente na mão da Tetra Pak, mas que ela busca, e na hora que tiver, com certeza vai ser um dos diferenciais dessa empresa.
P/2 – Vocês lá em Ponta Grossa, que é no final do primeiro semestre mais ou menos desse ano, teve uma certa disposição do governo do Paraná em relação à Tetra Pak. Vocês sentiram isso lá? Como é que foi isso lá em Ponta Grossa com vocês?
R – Na verdade, ficamos sabendo que pelas vias normais, que é o sistema de comunicação de toda a população através do jornal, o jornal televisivo, e que todos os funcionários da Tetra Pak, eu diria sem exceção, eu me dou até o direito de dizer isso, entendem qual é a postura da Tetra Pak e qual é o envolvimento da Tetra Pak dentro do processo ambiental. Entendia que isso era muito mais uma discussão política do que, propriamente dita, uma discussão por não cumprimento das leis ambientais desse país. Então todos os funcionários tinham consciência de que a Tetra Pak estava cumprindo com o seu papel dentro da sociedade e de acordo com os recursos e da disponibilidade que também o Estado também tem, a sua responsabilidade também estava cumprindo. Então era um fruto muito mais uma discussão política e não deixar com que, de novo, essa empresa, que é uma empresa que gosta de ser sempre discreta, deixar de ser discreta nesse exato momento não era nem um pouco importante, nem um pouco vantajoso.
P/1 – E, Daniel, você deu uma passadinha, você falou bem en passant. Então eu gostaria que você falasse um pouquinho mais a respeito dos investimentos sociais na comunidade que a Tetra Pak tem.
R – Pois então. Os investimentos que a Tetra Pak tem na área social são bem interessantes quando fala de. Participei até, inclusive, de alguns das pessoas que querem ajudar entidades filantrópicas de crianças. Eu lembro que, na época até, a gente participou junto com as pessoas lá como voluntário, que o sistema voluntariado da Tetra Pak em que a gente ajudou a construí uma cozinha. A Tetra Pak deu os azulejos e toda parte de material de construção. Os funcionários foram lá, quebraram e refizeram lá todo o piso. O suporte a essas crianças que também tem lá, que hoje a gente continua voltando lá e levando alguns mantimentos e algumas coisas, mas, mais do que isso, dando carinho para as crianças, que é isso que eles querem, afeto, carinho. Continua dando suporte em tudo, doando computadores para esta sociedade em alguns lugares mandando as pessoas de ambiental, desculpe, mandando não, que essas pessoas de meio ambiente, vamos aos colégios dando essa conscientização ambiental fazendo essa participação dentro. O processo de coleta seletiva que ajuda os catadores de lixo com as prensas dando uma ajuda nem sempre financeira, porque eu acho que muitas vezes você tem que ensinar a pescar e não dar o peixe mesmo na mesa. Mas a Tetra Pak tem com certeza excelentes projetos que estão sendo sempre desenvolvidos dentro da comunidade e que dão essa visibilidade, porém, não dão essa exposição que, de repente, a empresa também não tem muito interesse não.
P/1 – Independente do tamanho da fábrica da Tetra Pak, eu tenho a impressão que, as áreas, elas se conversam. Vocês trocam ideias, vocês estão sempre conversando? O que é isso? É um trabalho parceria o tempo todo?
R – É. Tanto que, isso é tão verdade que nós até brincamos lá dentro no nosso próprio dia a dia, é que a gente vive praticamente em reunião, porque é na reunião que a gente consegue expor as nossas ideias e é onde a gente recebe as informações. Então o número de reuniões que nós temos entre a nossa equipe, entre a equipe média, a equipe de operação, a equipe de gerência, a equipe de liderança, ela é extremamente ativa. Isso faz com que nossas ideias em momento nenhum fiquem isoladas somente num grupo. Outro ponto muito importante para isso é a liberdade que as pessoas têm de poder falar dentro da empresa o que pensam. E isso é uma coisa que dá uma mão de duas vias, então você tem responsabilidade daquilo que você fala, mas você tem liberdade para falar o que você precisa falar. Isso dá uma transparência muito grande e dá uma comunicação que flui. Comunicação é um problema? Sim. Sempre podemos melhorar. Porém, eu diria que esse é um fator extremamente importante, que faz com que a gente tenha essa ligação com as outras áreas. Conhecer as pessoas é muito bom. Poder ser íntimos ou poder ter essa amizade melhora mais ainda. E ter um veículo que é oficial, que é a reunião tal, a gente vai discutir tais assuntos, viabiliza e faz o ponto.
P/1 – Daniel, nesses nove anos deve ter acontecido bastante coisa, você deve ter presenciado muita coisa. Queria que você contasse para nós alguma coisa pitoresca, algum causo que tenha acontecido com você ou com algum colega.
R – Como assim, por exemplo?
P/1 – Eu acredito que sempre aconteça. Ou uma brincadeira que tenha acontecido um dia, não sei um exemplo. Pensei agora alguma coisa quando estava construindo, que você falou que estava cheio de barro, que tinha que ter uma van. Isso é uma coisa interessante. Alguém caiu? Por aí. Alguma coisa.
R – Na verdade, teve alguns momentos assim interessantes. Esse, por exemplo, do refeitório em que o refeitório tinha uma distância entre a área de produção e a parte de produção mesmo do refeitório, em que a gente tinha que ir de van. E chovia muito e tinha um vestiário e até que um dia o piso cedeu lá em um dos vestiários dos terceiros e tombou com todas as pessoas lá dentro. Foi um momento assim bem diferente em que algumas coisas aconteceram dentro da área de produção. Sempre houve alguns casos bem pitorescos.
P/1 – Sempre acontece alguma coisa.
R – Sempre acontece alguma coisa.
P/1 – E, aproveitando que você falou disso, eu queria que você falasse um pouquinho mais para nós esse início. Como que foi esse início em Ponta Grossa da Tetra Pak que você presenciou?
R – Ele foi um início bem interessante porque as pessoas tinham um objetivo extremamente em comum e era muito interessante de se ver todos eles trabalhando. Todo mundo queria fazer a primeira embalagem, todo mundo queria participar dessa primeira embalagem. Então ninguém media esforços, ninguém media consequência para fazer com que as coisas aconteciam. Claro, todo mundo queria fazer da forma correta, de forma certa, porém, não mediam esforços para que isso acontecesse. Em qualquer nível, em qualquer área, todo mundo só falava em fazer a primeira embalagem. Então, quando a gente chegou lá, e isso era um pouco da expectativa que nós tínhamos de chegar lá e pegar a máquina pronta, chegasse lá e pagasse a máquina e pronto. Não, não foi bem assim. Gente chegou lá tinha uma estrutura, uma carcaça da máquina pronta, porém, tinha que colocar os cilindros, fazer o alinhamento e essa parte de instalação elétrica, quer dizer, tinha "ene" fatores que ainda não estavam prontos e que precisariam ser finalizados para poder construir. Então uma certa frustração. Mas, a partir do momento que a gente viu que aquilo não estava pronto, a gente também percebeu que aquilo era uma excelente oportunidade para poder conhecer mais o equipamento, porque uma coisa é você pegar um carro e dizer assim: "Primeira, segunda, dirigir, acelerador, embreagem, ok". Outra coisa é dizer assim: "Agora vamos colocar o cabeçote no motor do seu carro no lugar. Ah, vamos colocar a suspensão no teu carro, como que vai ficar o ajuste da suspensão? Duro ou mais mole? Ah, qual que é o banco, vamos colocar um banco Procar, colocar um Recar, o que que eu vou colocar?". Quer dizer, a gente participou dessa tomada de decisão que, muitas vezes, não tomamos só decisão, mas que elas foram tomadas e a gente sabia por que motivos elas tinham sido colocadas. Eu acho que isso, para as pessoas, acho não, tenho certeza que, para as pessoas que começaram essa fábrica, foi extremamente importante porque eles sabiam o porquê aquilo estava sendo feito daquela forma. Isso ajudou muito em operar a máquina depois e poder dar sugestões de que aquilo poderia ser assim ou assado para poder realmente melhorar aquilo. Então eu acho que isso foi muito bom.
P/1 – Você acha que, a Tetra Pak, ela fez com que o mercado de embalagens, a área alimentícia, desse uma guinada, evoluísse?
R – Quando a gente olha para o leite, quando a gente olha para líquidos e viscosos eu sempre digo assim que a concorrência é uma coisa saudável, que possa existir, porque ela leva nós a pensarmos em alternativas. "Poxa, se ele consegue fazer isso, porque eu não consigo fazer uma coisa diferente do que ele está fazendo?". Isso nos força a pensar e eu acho que a Tetra Pak não sentiu tanto esse impacto por parte da concorrência, mas gerou esse movimento de "vamos ter que mudar alguma coisa, vamos ter que mudar os conceitos e trazer novas tecnologias". Entender que a embalagem também é produto e a embalagem também significa vender produto. Isso foi um conceito muito interessante que a Tetra Pak conseguiu instituir dentro do mercado, principalmente de leite. Se a gente pensasse nas gôndolas há cinco anos atrás, seis anos atrás, eram um branco, azulzinho e clarinho. Um monte de vaquinhas no pasto. Hoje você vê uma embalagem muito mais estilizada com muito mais cor, com muito mais vida, com uma qualidade de impressão muito maior, superior do que tinha antes e isso fez com que a gôndola de leite tivesse hoje um outro conceito, um outro conceito. Também saímos um pouco daquela condição – um pouco, não, acho que saímos bastante – de que leite de caixinha era muito caro. Hoje a gente tem o leite de caixinha como algo como popular, como popular. Tem o saquinho lá? Tem. Continua o saquinho no mercado? Continua. Será que algumas cidades no interior ainda têm o vendedor de garrafa de leite? Provavelmente exista. Mas a caixinha deixou de ser só aquela que só um grupo dessa sociedade poderia comprar. Hoje é popular. Acho que essa é uma coisa que também fez com que mudasse esse conceito e, pelo que eu entendo, a Tetra Pak não vai parar por aí, se é que eu conheço um pouco essa empresa, ela vai querer cada vez mais abrir mais esse leque e isso faz com que as outras concorrentes – de novo, não precisa ser diretamente a embalagem cartonada, mas a de litro, leite, plástico, a vidro, vamos começar a ter algumas outras mudanças que, no final de todo esse processo, tem uma pessoa comum que vai sempre sair ganhando com isso, que eu acho que vai ser o consumidor.
P/2 – E em relação ao consumidor mesmo, na sua opinião, como que o consumidor vê os produtos que estão dentro da embalagem da Tetra Pak?
R – É interessante a tua pergunta, até mesmo porque eu, quando vejo algumas propagandas – eu não sei se aqui no estado de São Paulo ou em outras localidades acontece a mesma coisa. Quando alguns supermercados fazem propagandas, por exemplo, creme de leite "fulano de tal", ele não fala creme de leite "a marca", ele fala creme de leite "Tetra Pak". Eu acho que hoje está extremamente associado a alguns produtos, que você ter o teu produto dentro da embalagem Tetra Pak significa ter um outro grau, um outro nível de qualidade. E ter um respaldo em cima na forma de conservação do teu produto. Eu acho que isso é algo que está extremamente associado, extremamente associado. E acho que isso justifica o porquê a Tetra Pak não goste tanto de ficar na mídia. Ela prefere ser discreta, mas eficiente.
P/1 – E o que você acha disso de a Tetra Pak ter esse sucesso? Ela é discreta, ela não está o tempo todo, mas ela é uma empresa de muito sucesso. O que você acha? Isso se dá a quê?
R – Primeiro, vamos falar de uma ideia inovadora, que eu acho que não precisamos nem entrar no mérito da questão. Para há cinquenta anos atrás você ter uma ideia de ter uma embalagem que pudesse ser colocado um produto lá dentro, que poderia ser numa embalagem de papel com uma cobertura de plástico e pudesse ser grudada uma na outra e fazer uma embalagem, essa eu acho que é noventa por cento de todo esse sucesso que a gente tem hoje. Porém, eu diria que isso não seria o suficiente se não tivesse sido contínuo o desenvolvimento e a “aprimoração” da Tetra Pak. Porque, se ela tivesse parado com a primeira embalagem naquela mesma tecnologia que tinha há cinquenta anos, hoje, a Tetra Pak poderia ser uma Tetra Pak com embalagem de que vendesse produtos dentro da embalagem cartonada, mas não seria a Tetra Pak que é hoje, porque ela continua investindo em tecnologia, continua investindo em pessoas e continua entendendo que isso não vai acabar nunca. Então é isso que faz com que ela continue sendo um sucesso.
P/1 – Daniel, o que você conhece da história da Tetra Pak de cinquenta anos de Brasil?
R – Para falar bem a verdade eu não conheço muito, não conheço muito. Mas eu conheço que aqui começou como uma empresa que começou a colocar os primeiros produtos nas gôndolas com embalagens vindas do exterior, importação, quando começou a colocar algumas máquinas aqui no Brasil. Depois disso, ela começou a fazer as embalagens, que aí foi a fábrica de Monte Mor, quando começou a fábrica de Monte Mor. Na sequência, eu sei que começaram a se fazer o desenvolvimento de fornecedor que, por exemplo, a Klabin também é um parceiro que está há um bom tempo com a Tetra Pak, infelizmente eu não sei dizer há quanto tempo, mas há um bom tempo ele está aqui com a Tetra Pak e que, dali para frente, ela só cresceu, cresceu e cresceu. Aumentou não só a quantidade, a amplitude de seus clientes como também a intensidade dentro de cada cliente. Passou de uma máquina para quinze máquinas e trinta por cento da produção para noventa por cento da produção desse cliente.
P/1 – E a Tetra Pak comemorando esse ano, cinquenta anos, ela teve essa iniciativa de estar fazendo esse projeto de memória Cinquenta Brasil. Você acha que isso é importante para a Tetra Pak aqui?
R – Eu não acho só importante só para a Tetra Pak. Eu acho que todas as empresas deveriam ter a sua história. Elas têm essas histórias e eu não acho que as histórias dessas empresas se resumem em indicadores como: "Ah, eu antes produzia dez milhões de embalagens ou hoje produzo um milhão de embalagens ou amanhã tinha dez funcionários, trinta funcionários". Porque, a história da empresa, ela vem muito mais além que os seus próprios indicadores. Ela envolve a sociedade, ela envolve o impacto que ela causa no ambiente. No ambiente, não só ambiental no que se refere ao meio ambiente, mas também no ambiente em que as pessoas vivem. Ela impacta numa sociedade de desenvolvimento tecnológico, na cultura desse país e dessa história. Então, a história de uma empresa, ela é montada num cenário extremamente complexo e, com certeza, a base disso são as pessoas que trabalham nela.
P/1 – Daniel, estamos chegando ao final, tem um pouquinho ainda, mas estamos quase lá. Eu queria te perguntar se você quer falar a respeito de uma coisa, que nós não tocamos no assunto de produção, da área administrativa, não sei, alguma coisa que você acha interessante estar falando mais um pouquinho.
R – Não. Acho que a gente...
P/1 – Falamos.
R – Sim.
P/1 – E você falou dos seus desafios, qual deles foi o maior?
R – Eu diria que, eu acho que esse… Eu diria que eu estou numa escada dos desafios. Eu acho que o desafio que hoje eu enfrentei aí, agora praticamente, em janeiro desse ano, acho que, com certeza, foi um desafio para mim, por quê? Eu saí de uma área que ela é, vamos dizer assim, extremamente burocrática, onde eu sabia o que tinha que ser feito, mas eu não fazia para hoje eu saber o que precisa ser feito e ter que fazer. Então, quer dizer, esse para mim, hoje, tem sido um desafio, por quê? Uma coisa é quando saber o que precisa ser feito e ter que fazer, mas você está num nível mais baixo. Outra coisa é quando você já sabe que aquilo precisa ser feito, mesmo que seja médio e alto nível, e agora você tem que ir para lá e dizer assim: “Bom, agora então você está com a faca e o queijo na mão".
P/1 – Daniel, a Tetra Pak, ela tem o lema "protege o que é bom". O que é bom para você?
R – O que é bom para mim é bom para a minha família, é bom para as pessoas que eu gosto, é bom para as pessoas que convivem com a gente. O que é bom é bom.
P/1 – E você quer deixar algum recado para a Tetra Pak? Para os seus amigos, colegas?
R – Agora você me pegou no improviso.
P/1 – (RISOS)
R – Colegas da Tetra Pak, poxa vida, o que eu vou falar, me pegou no improviso.
P/1 – Também não precisa falar nada. Te perguntei se você quer falar do trabalho, falar dos cinquenta anos.
R – Cinquenta anos, não tenho essa história dentro da Tetra Pak. Na verdade, a minha história está completando nove anos, porém, imagino que não só eu, como todos os meus colegas aqui de Ponta Grossa, Monte Mor, pessoas que venham há tão pouco tempo fazer parte dessa história também participam desses cinquenta anos. Parabéns Tetra Pak pelos seus cinquenta anos, parabéns a todos vocês que fazem parte desses cinquenta anos da Tetra Pak. E é com muito orgulho que eu posso dizer que sou companheiro, parceiro e trabalho com vocês. Um abraço.
P/1 – Daniel, o que você achou de dar o depoimento?
R – É uma coisa diferente. Eu acho que foi legal porque foi uma conversa que vai galgando alguns assuntos, mas eu acho que é o tipo de coisa assim que eu diria que precisaria ser feito mais e com mais pessoas. Então, por exemplo, eu participei hoje e eu não preciso participar daqui a cinco anos, mas quem sabe daqui a um ano tenha que ter uma outra pessoa que possa contar e a gente possa cruzar essas histórias, essas mensagens e poder ver o quanto processos de sucessos a gente tem, quantos casos de sucessos a gente tem dentro da empresa porque as pessoas primeiro não conhecem cem por cento das histórias das pessoas. Eu acho que isso é uma coisa ruim porque isso, de certa forma, não deixa elas íntimas. Não íntimas ao ponto de, sei lá, bater nas costas e chamar pelo apelido, mas íntimas de poder conhecer essas histórias dessas pessoas. E, a história da Tetra Pak de cinquenta anos, ela é montada com cada uma daquelas pessoas que estão hoje trabalhando ou que trabalharam há um tempo atrás. Pessoas que já foram embora para fora e que já fizeram e deram a sua contribuição aqui dentro da Tetra Pak no Brasil e que, hoje, dão a sua contribuição para a Tetra Pak mundial. Então conhecer a história dessas pessoas é conhecer a própria história dessa empresa, e isso pode ser, em dado momento, extremamente confuso, porque elas se cruzam.
P/1 – Então a Tetra Pak te agradece por você ter vindo. Nós do Museu da Pessoa te agradecemos. Muito obrigado por você ter vindo dar o seu depoimento.
R – Obrigado eu.Recolher