Ivo Radesca nasceu em 10 de Janeiro de 1932, na cidade de Patrocínio Paulista, interior de São Paulo. Membro de uma família italiana, veio para São Paulo, capital, cursar Odontologia na Universidade de São Paulo, mas acabou entrando no curso de Farmácia e gostou. Chegou a trabalhar nas obras d...Continuar leitura
resumo
Em seu depoimento, Ivo Radesca, nascido na cidade de Patrocínio Paulista, interior de São Paulo, em 10 de Janeiro de 1932, nos conta sobre a sua infância pobre no interior, mas que uma das exigências de seu pai é que se dedicasse aos estudos. Relembra o seu tempo de adolescência em que, para paquerar, precisava praticar o footing pela praça da cidade. Veio para São Paulo, capital, cursar Odontologia na Universidade de São Paulo, mas acabou entrando no curso de Farmácia e gostou. Começou a sua carreira farmacêutica no Laboratório Squibb e, em seguida, esteve no Andromaco. Por fim, recorda da sua entrada na Johnson, onde pôde ajudar a criar vários medicamentos, pesquisar fórmulas e até viajar para outros países. Ao sair de lá, montou uma micro empresa para produzir produtos veterinários com o filho, chamada Acsedar.
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- Ficha técnica
Projeto Farma Brasil
Depoimento de Ivo Radesca (entrevista de vídeo)
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Márcia Ruiz
Estúdio Telecentro
Rua Fiandeiras, 465
São Paulo, 19 de outubro de 1995
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: FR_HV012
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Re...Continuar leitura
Projeto Farma Brasil
Depoimento de Ivo Radesca (entrevista de vídeo)
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Márcia Ruiz
Estúdio Telecentro
Rua Fiandeiras, 465
São Paulo, 19
de outubro de 1995
Realização Museu da Pessoa
Entrevista: FR_HV012
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Revisado por: Nataniel Torres
P/1 - Boa tarde, gostaria de começar, senhor Ivo, com o senhor dizendo o seu nome completo, local e data de nascimento.
R - Boa tarde. O meu nome é Ivo Radesca, nasci em janeiro, 10 de janeiro de 1932 na cidade de Patrocínio Paulista mas...
P/1 - A data de nascimento o senhor já... Eu queria que o senhor dissesse o nome dos pais e local de nascimento.
R - O meu pai é Brasílio Radesca, nasceu aqui na cidade de São Paulo, a minha mãe Angelina Puglia Radesca nascida na Itália na zona de Nápoles, numa cidade chamada Massa.
P/1 - E ela veio com quantos anos para o Brasil?
R - A data precisa eu não tenho, mas ela deve ter vindo de lá com uns, entre 8 e 12 anos.
P/1 - Senhor Ivo, eu queria que o senhor se definisse, fizesse um auto-retrato seu. Como é que o senhor se definiria como pessoa.
R - Bem, é difícil fazer, né, mas vamos tentar. Eu sou uma pessoa assim calma, tranqüila, gosto muito de...quando faço as coisas gosto de fazer, tento atingir a perfeição, quando não consigo, eu fiz, mas fico aborrecido por não ter conseguido o objetivo, né? E como profissional também sempre me dediquei muito à profissão, a que abracei. Sou formado em farmacêutico e me dediquei realmente a essa parte, né? Como pessoa acho que sou, fui, sou um bom marido, um bom pai, um bom avô, gosto muito dos netos, estou sempre brincando com eles, sempre palmei o caminho, todos os caminhos, tanto o profissional quanto familiar, com o máximo de honestidade, que eu acho isso muito importante, sempre com muita dedicação aos filhos e à família, né? Acho que também fui um bom filho porque sempre fui muito ajudado pelos meus pais, mas também tentei ajudá-los muito e junto com os irmãos, com os outros todos, com toda a família, eu tenho assim um bom relacionamento, sempre tive. Então, me enquadro assim como uma pessoa, vamos dizer, dentro da normalidade, nem muito pra cima nem pra baixo. (riso)
P/1 - Senhor Ivo, eu gostaria, quando pequeno alguém incentivou algum tipo de estudo. Por que a farmacêutica? Por que teve alguém que incentivou, como é que foi?
R - Não. O meu pai exigia muito de todos filhos, a única coisa que ele exigia era que todos estudassem, principalmente que se formassem em uma universidade, que a cabeça dela era muito importante, numa família pobre os filhos tinham que se formar. Mas ele deu liberdade a todos, como deu a mim também de escolher. Eu, quando jovem, a minha idéia era odontologia, não sei porquê, mas foi nascendo a idéia de fazer o curso de odontologia, tanto que quando fazia ainda o curso científico, estava na escola, me dediquei à prótese dentária. E quando vim pra São Paulo por questões de destino, fiz o vestibular aqui na Universidade de São Paulo. Fui aprovado. Tive aprovação, mas, para odontologia, as vagas tinham sido terminadas e como sobraram vagas no curso de farmácia, a direção da escola ofereceu para os que tinham sido aprovados se queriam mudar de ramo, ao invés de fazer o curso de odontologia, fazer farmácia. E eu aceitei como uma tentativa, seria até uma maneira de fazer um cursinho, né, de graça porque a Universidade de São Paulo era gratuita. Mas aí, me entusiasmei com o curso de farmácia e mudei o meu ramo de vida, de dentista para farmacêutico. E daí eu, já quando ainda estudante no terceiro ano de farmácia, fui trabalhar na indústria farmacêutica e daí seguiu definitivamente esse ramo onde estou até hoje, né?
P/1 - O seu primeiro emprego na indústria... Que indústria farmacêutica o senhor foi, qual foi o seu primeiro trabalho nessa área, então?
R - Bom, trabalhei primeiro na Squibb aqui em São Paulo e eu trabalhava no controle de qualidade, especificamente entrei lá no setor de vitamina, análise de produtos com vitaminas, né? E para orgulho meu, depois de três meses na firma, já fui...quando foi oficializada a minha admissão, já assumi a chefia do setor de análises de vitaminas do Squibb. Depois, não cheguei a completar um ano de firma e aí fui convidado para um outro laboratório, o Laboratório Andromaco. Eu tinha um colega de turma que estava lá no controle de qualidade, então ele me convidou e eu fui pra lá, pro Laboratórios Andromaco.
P/1 - E como se deu a sua entrada na Johnson & Johnson?
R - Bom, eu tive, eu passei, fui pro Andromaco, fiquei lá mais ou menos de quatro a cinco anos, depois fui para o laboratório farmacêutico internacional Lafer, que fiquei mais ou menos três, quatro anos, por aí, e daí fui pra Lepetit e, nas alturas, já lendo muito, estudando muito, me dedicando muito à profissão, já era uma pessoa mais ou menos conhecida dentro do nosso ramo profissional. E a Lepetit me convidou pra trabalhar lá na época com melhoria, vamos dizer, salarial boa e eu tinha um objetivo traçado quando me formei: de mudar de emprego para melhorar, adquirir novos conhecimentos e se possível também melhorar a parte financeira. Até mais ou menos quando pensei: "Bom, quando eu tiver uns 32, 35 anos, onde eu estiver, vou parar, pra não ficar mudando sempre". Mas na Lepetit não esquentei muito a cadeira porque depois de oito meses um amigo, que trabalhava na Johnson & Johnson, era colega de faculdade, colega de lides farmacêuticas, me convidou pra ir pra Johnson. Como era uma oferta muito boa, irrecusável, saí da Lepetit e entrei na Johnson aqui em São Paulo ainda, na Avenida do Estado, que funcionava a Johnson & Johnson.
P/1 - E o senhor entrou pra fazer exatamente o que na Johnson?
R - Eu entrei pra trabalhar na área de desenvolvimento de novos produtos, né, que era o ramo, vamos dizer, a especialidade que eu mais dediquei. Dentro do que eu fiz sempre trabalhei com um pouco de produção, um pouco de controle de qualidade, mas, vamos dizer, 70% da minha especialidade era desenvolvimento de produtos novos, né?
P/1 - E dentro desse trabalho que o senhor desenvolveu dentro da Johnson durante todo esse tempo, o que marcou mais nesse trabalho? O que é que o senhor acha que no relacionamento com a empresa trouxe tanto satisfação pro senhor pessoalmente, profissionalmente falando, como para o próprio trabalho e desenvolvimento de produtos para a Johnson & Johnson? O que marcou? O que senhor achou de mais importante dentro desse contexto todo?
R - Bem, logo que eu fui, que entrei na Johnson, a Johnson estava justamente naquela época com um projeto muito interessante, que era o lançamento, que na época a gente chamou de neuroleptoanalgesia. Era a introdução, no Brasil, de duas substâncias que foram desenvolvidas na Janssen, na Bélgica, que era o Fentanil e o Inoval. O Inoval era uma associação de Fentanil com o Droperidol, então foram esses produtos, que até hoje estão no mercado, e que marcaram, mudaram até, vamos dizer, o conceito de anestesia, principalmente aqui no Brasil, né, e no mundo todo. Porque ele, ainda hoje se usa em todo mundo esse sistema. Então, foi um lançamento que me deu muita satisfação porque participei forte dele, e também no desenvolvimento do Resprin, que é uma fórmula que trouxe muitos benefícios para a Johnson em termos de nome no mercado e, talvez, financeiras também. Nunca participei da parte financeira das empresas que trabalhei, mas a gente toma conhecimento, sabe que o produto está indo bem. E teve épocas, e vários produtos que foram lançados como a Cinarizina, que foi novidade no Brasil, nós trabalhamos muito em cima desse projeto. Mebendazol, que são as substâncias que foram, até hoje estão no mercado, e marcaram muito. E também projetos do tipo de melhoramento de fórmulas. Na realidade, do tempo que entrei na Johnson e quando eu saí, a Johnson tinha mudado praticamente a linha de produtos e introduzido vários produtos e a linha toda, vamos dizer, foi melhorada em termos de formulação e até mesmo em casos de redução de custos, que às vezes era interessante fazer.
P/2 -
O que é que mudou no conceito de anestesiologia que o senhor comentou agora a pouco?
R - Não. Na parte de, o conceito, a satisfação minha foi ter participado porque o projeto todo mudou o conceito. Porque a anestesia era feita através de gases, substâncias às vezes, agressivas ao organismo. Já a associação de Fentanil com o Droperidol trouxe uma abertura muito grande. Innclusive, a anestesia pode ser feita, se o médico precisar, sem dopar a pessoa, que ela durma, com ela acordada pode fazer. Então mudou um pouco, né? Os gases usados, que ainda usa hoje gases, tem um retorno da anestesia muito drástico para a pessoa, um sofrimento muito grande, né? Já a anestesia do Fentanil não, tem uma volta muito tranqüila e muito calma. É um benefício para a humanidade, um tipo de produto assim.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse um pouquinho, senhor Ivo, com relação, por exemplo, à questão do seu desenvolvimento profissional dentro da própria Johnson. O que é que a Johnson propiciou para o senhor, para o senhor estar em busca inclusive daquele objetivo inicial seu de crescer, se desenvolver. É claro, não só o desenvolvimento financeiro, mas também o desenvolvimento em nível profissional, enquanto profissional da área farmacêutica?
R - Bom, quando eu fui pra Johnson, já tinha mais ou menos uns 10 anos de profissão, então já tinha um certo desenvolvimento profissional. Mas, a contribuição da Johnson pro meu desenvolvimento foi muito grande. Eu acredito que ajudei a Johnson, mas também fui ajudado pela Johnson a desenvolver a minha capacidade profissional, inclusive através de viagens, que a Johnson patrocinou. Eu fui conhecer e fiz estágio na Bélgica, na Janssen, que é uma instituição de pesquisa de altíssimo nível e estive também na McNeil nos Estados Unidos, na Ortho, né, na própria Johnson em New _________ , onde fui conhecer e tive a oportunidade de conviver com pessoas do mesmo ramo lá dos Estados Unidos ou da Bélgica, que são profissionais de alto nível, onde a gente teve oportunidade de trocar idéias. E com isso, o conhecimento profissional da gente aumenta muito, né, porque, na realidade, eles sempre estão um pouco na frente da gente, então considero que para o meu desenvolvimento profissional a Johnson foi muito importante, ajudou demais, principalmente com a facilidade que a Johnson sempre deu da gente estudar, adquirir livros, dentro da especialidade que a gente abraçou, né? Então a Johnson tinha uma biblioteca muito boa, muito atualizada. Então, tudo isso ajudou a tecnologia Johnson. As novas tecnologias, a gente sempre participava, então isso trouxe um desenvolvimento profissional grande pra nós.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse um pouquinho, por exemplo, dos laboratórios, como é que eram os laboratórios, como é que foi essa evolução desse, vamos dizer, dessa nova tecnologia buscada pela Johnson, dentro da Johnson do Brasil? Como é que foi esse desenvolvimento tecnológico dentro da própria Johnson.
R - Bom, a Johnson do Brasil sempre teve um suporte da Johnson Internacional, que na época, as que estavam mais vibrantes era a McNeil e a Ortho. Quando entrei, a Johnson recém tinha feito um acordo e comprado ou adquirido a Janssen da Bélgica. Foi quando se deu o grande impulso da Johnson & Johnson. Foi através da aquisição da Bélgica aqui no Brasil. Se bem que a Johnson já era uma firma, a parte farmacêutica da Johnson já era um firma que tinha produtos muito bons como o Rarical, Kalyamon, que foram criados dentro da empresa, que na época me lembro, o carro chefe da Farmacêutica era o Rarical, né? Então, são fórmulas que foram criadas pelo pessoal daqui. Não por mim, que eu não havia entrado na empresa, mas ela já tinha uma vida própria e promissora. Porque tinha profissionais competentes. Os gerentes de produtos eram todos pessoas de alto nível, o pessoal de vendas também é um pessoal muito bom. E o pessoal da área científica também de altíssimo nível, né? Então, esse background que teve a Johnson da Johnson Internacional, que nós fomos daqueles que tiveram sorte de participar dessa evolução grande, de ir até lá, trazer novas informações e novas tecnologias, né?
P/2 - Senhor Ivo, quais são os usos do Rarical e do Kalyamon? Pra que é que eles são indicados?
R - O Kalyamon é um produto com vitaminas e um sal chamado citrato de cálcio ferroso que uma das formas até hoje ainda, uma das melhores formas de se administrar, fazendo propaganda do Rarical. (risos) Uma das melhores formas de administrar cálcio e fósforo pro organismo, né? E então, até hoje esse produto está no mercado e é um produto bom, e esse sal de cálcio que era um sal da Johnson & Johnson, mas estava meio assim, pelo que soube, um pouco meio parado, o pessoal daqui na época, eu não sei os nomes, as pessoas, os que se interessaram pelo sal, talvez o presidente, o pessoal científico da época, trouxeram à baila o sal e desenvolveram o produto no Brasil e teve um sucesso muito grande, associaram com vitaminas, e o produto teve sucesso, tem até hoje, né? E o Kalyamon também já havia na Johnson, é uma forma de fornecimento de fósforo pro organismo, fósforo e cálcio também um produto, acredito que ainda esteja no mercado, não estou ainda acompanhando, mas acredito que ainda esteja no mercado porque é um produto, quando eu entrei na Johnson já era um produto bem conhecido, bem receitado e está ainda no mercado, um produto que visa o fornecimento de fósforo e cálcio para o organismo.
P/2 - Tanto o Rarical quanto o Kalyamon tinham o público alvo determinado?
R - Isso já é uma parte muito médica, mas acho, essa informação vocês vão obter através de doutor Martins Campos e desse pessoal que tem mais conhecimento pra dizer. Mas o Rarical tinha o produto infantil e o produto adulto, então ele visava o auxílio, o crescimento infantil e, no adulto, o restabelecimento. Vamos dizer, que seria um tônico, né, com vitaminas, cálcio e fósforo. E o Kalyamon, mais a idade, mais infantil e adolescência.
P/1 - Eu queria que o senhor fizesse agora, senhor Ivo, uma avaliação da sua trajetória dentro da própria empresa. Como é que foi trabalhar na Johnson? O que isso significou pro senhor enquanto, tanto a nível pessoal mesmo, como é que foi essa avaliação, como é que o senhor faz essa avaliação profissional dentro da Johnson pro senhor? Como é que o senhor acha... Valeu a pena ter ficado tantos anos dentro da Johnson? Como é que o senhor faz essa avaliação?
R - Bom, eu fui pra Johnson e me senti muito bem porque encontrei lá um ambiente muito bom em termos de facilidades para desenvolver, para trabalhar, equipamentos, tudo o que se pedia de novidade, a firma dava, então... Mas no primeiro ano, quando a Johnson marcou mesmo que deveria sair de São Paulo e ir pra São José, a parte farmacêutica, aí eu me preocupei um pouco porque era uma pessoa muito ativa dentro da classe farmacêutica, participava da Sociedade de Farmácia e Química, ainda sou membro da Sociedade de Farmácia e Química, União Farmacêutica, associações, todas as associações ligadas à classe. Nós estávamos na época criando o Conselho de Farmácia, que não tinha, então participei muito, participava da vida profissional fora da empresa, né? A vida de classe, vamos dizer. E quando houve já aquela: "Agora vamos mudar pra São José", né? Aí, me preocupei um pouco de sair de São Paulo, de deixar tudo isso. E fui até pra São José como uma experiência, se não der certo eu sairia, tal. Mas todos nós gostamos muito de São José e na fábrica nova, tudo novo, laboratórios novos, então isto entusiasmou muito porque eu via muita perspectiva de crescimento, de crescimento profissional, né? E dentro da empresa, depois, estava na área de gerência de desenvolvimento de produtos novos. Essa é uma área que tem muito contato com controle de qualidade e com a produção, é uma área de ligação, praticamente. E com isso houve uma fase na Johnson que foi muito importante pra mim, que eu fui convidado, com a saída do gerente de produção, de acumular o meu cargo com a produção e inclusive ser o farmacêutico responsável da firma. Isso é um orgulho muito grande para um profissional ter o seu nome ligado a uma Johnson & Johnson, né? Então além de ser uma satisfação muito grande até profissional também. E com isso, acumulei os dois cargos inclusive, a produção. Entrei pra fazer interinamente aquela parte de produção e acabei ficando quase três anos no setor. Apesar de não ser a especialidade que vinha desenvolvendo, mas com isso aprendi muito. Pude contribuir também, mas aprendi bastante e isso me deu um desenvolvimento profissional muito grande também.
P/1 - Senhor Ivo, depois da sua saída da Johnson, continuou trabalhando? Como é que se deu essa continuidade a nível profissional?
R - Bom, quando eu saí da Johnson a minha ideia era curtir a minha preguiça, que sempre fui muito preguiçoso, apesar de vencer a preguiça sendo muito trabalhador e muito dedicado, mas tenho um nível de preguiça muito alto, esse eu ganho de qualquer um. Gosto de dormir de manhã, gosto de ficar à toa, gosto de fazer palavra cruzada, então a minha idéia era essa, né? Mas acontece que financeiramente quando a gente se aposenta, a gente sente uma diferença muito grande, apesar de nesse tempo todo de vida ter feito um patrimônio, quando saí, tinha e tenho condições de sobreviver o resto da minha vida, mas a gente sente aquela diferença. Mas, para não ficar tão ocioso, aceitei o convite para dar assistência técnica para indústria pequena, era a minha idéia, indústria pequenininha que não exigisse muito. Então, passei a dar assistência técnica a uma empresa pequena aqui de São Paulo. Então eu vinha, o contrato que tinha, era pra vir uma vez a cada 15 dias, passar um dia dando orientação, como fazer, na minha especialidade. E eu acabava, o contrato era vir uma vez a cada 15 dias, mas eu vinha uma vez por semana e dava essa assistência e tal. Isso foi o quê? Uns dois ou três anos, depois essa firma fechou, foi desativada por questões particulares do dono. Aí eu falei: "Bom, agora eu vou ficar à toa mesmo, vou curtir a ociosidade". Mas, não deu tempo, porque aí fui convidado para uma firma de Pindamonhangaba, para fazer a mesma coisa, para dar assistência pra eles lá, também ia uma vez por semana. Toda terça-feira levantava, pegava o carro, ia pra Pinda, passava o dia lá, almoçava com os donos do laboratório e trocava idéias de produtos, fazia experiências. Tinha um laboratoriozinho lá pra mim fazer experiência, fazer alguma criação. E fizemos isso também mais uns...algum tempo e aí os donos do laboratório, o dono era americano, resolveu voltar para os Estados Unidos, não se habituou muito aqui, os filhos começaram a crescer e ele achou que era melhor voltar para dar uma instrução americana para os filhos. Então, vendeu o laboratório. A pessoa que comprou queria que eu continuasse, eu falei: "Não, agora não". Aproveitei a oportunidade para não continuar, né? E apesar...
[pausa]
Então, esse casal se mudou para os Estados Unidos, o novo dono quis que eu continuasse, não continuei. Fiquei ocioso novamente, mas aí encontrei um ex-funcionário da Johnson que tinha uma firma já há mais ou menos 10 anos em São José e me convidou para ir trabalhar com ele. E daí trabalhei um tempo, desenvolvemos uma substância lá que ele importava e nós passamos a fabricar aqui e por idéia dele nós montamos uma empresa juntos, de sociedade, para fabricar esse produto e outros, né? Depois não deu certo a sociedade, vendi a minha parte e montei uma empresa para o meu filho, o mais novo, Luís Fernando, que nós estamos trabalhando nela até hoje, já tem dois anos e meio, dois anos e pouco, né? Estamos criando a empresa, está naquela fase de criação, apesar de já estarmos fabricando alguns produtos. E essa empresa chama-se Acsedar, que é Radesca ao contrário. (risos) Acsedar Indústria e Comércio Ltda.
P/1 - Senhor Ivo, pra encerrar a entrevista eu gostaria de fazer uma última pergunta. Qual o sonho que o senhor ainda gostaria de estar realizando?
R - Bom, o meu sonho agora é essa empresa. Eu tenho que fazer com que ela deslanche para que o meu filho possa dar continuidade a vida dele, talvez até o meu neto, que é filho dele. É uma firma que não estou fazendo pra ganhar alguma coisa agora. É uma firma que a intenção é continuar no tempo para os meus descendentes. Então, agora esse é o sonho onde estou trabalhando, inclusive nele, né?
P/1 - Então está bom, a gente queria agradecer a sua presença.
P/2 - Obrigada.
R - Eu que agradeço, a oportunidade de contribuir um pouquinho aí pro livro da Johnson.Recolher
Título: Muitos laboratórios, muitas experiências (vídeo)
Data: 19/12/1995
Local de produção: Brasil / São Paulo
Revisor: Nataniel Tadeu de Torres Vieira Entrevistador: Cláudia Leonor Guedes de Azevedo Oliveira Personagem: Ivo Radesca Entrevistador: Marcia Ruiz Autor: Museu da Pessoahistórias que você pode se interessar
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