BNDES – 50 anos
Depoimento de Henrique da Silva Tavares
Entrevistado por Paula Ribeiro
Rio de Janeiro, 11/04/2002
Realização: Museu da Pessoa
Entrevista nº BND_CB021
Transcrição: Jurema de Carvalho
Revisado por Genivaldo Cavalcanti Filho
P/1 – Eu queria que o senhor dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Henrique da Silva Tavares, nascido aqui no Rio de Janeiro, em Copacabana, pra ser mais específico no dia dezesseis de fevereiro de 1949.
P/1 – A origem da família. Seus pais são de onde e a profissão deles.
R – Meu pai foi bancário praticamente a vida toda e minha mãe não era do lar, era dona da casa mesmo. Ela não sabia nada do que acontecia da porta de casa pra fora.
P/1 – Seu pai foi bancário onde?
R – No Banco Boa Vista, que hoje foi comprado por outro banco.
P/1 – Em termos de sua infância, como foi um pouquinho a sua infância em Copacabana. Você foi criado em Copacabana?
R – Eu morei na Rua Figueiredo Magalhães dos três até os dezessete anos. Posso dizer que eu aproveitei uma boa parte… Eu era rato de praia, como se falava na época, estudava em Copacabana, então praia pra mim era meu divertimento do dia-a-dia. Minha mãe também… Por morar em Copacabana, tinha facilidade da gente ir a qualquer instante e outra, eu vivi uma época de Copacabana de bons tempos, pode-se dizer. Eu sempre mostro para meus filhos que não existia rua daqui pra cima, no túnel velho existia uma passagem só.
Sou da época do bonde. Eu cheguei a não pegar a televisão. Eu fui da época do rádio, você ficava esperando a novelinha do rádio acontecer que é pra... As primeiras experiências com novela de rádio, ______, “Jerônimo, o herói do sertão”. Você não deve lembrar disso com certeza porque você é bem mais nova que eu, mas foi assim, a minha vida toda eu aproveitei… Minha infância foi, comparativamente ao tempo de hoje… Posso dizer que infelizmente, mesmo com os valores que pra eles são melhores agora, é uma prancha, é tudo mais na mão, mas eu acho que o aproveitamento terra-homem era legal, era bem mais acessível do que é hoje.
P/1 – E em termos de formação, tanto escolar como profissional, como era isso? Você tinha alguma expectativa de fazer algum tipo de curso, de seguir alguma determinada profissão?
R – Acho que como qualquer um eu comecei a minha vida testando de tudo. Na minha juventude eu achava que eu ia ser jóquei porque meu pai gostava muito de corrida de cavalo, eu frequentava muito o Jóquei Clube. Enquanto eu era pequenininho, enquanto eu dava pra ser jóquei, montava alguns cavalos quando meu pai ia pra cocheira. Eu montava alguns cavalos nas pistas de treino. Mas depois, infelizmente, a altura dá pra notar hoje, 1,86 não podia ser jóquei nunca. Depois eu comecei a jogar futebol, eu era jogador de futebol de praia, fui quase profissional.
Um dia meu pai... Eu estava pra assinar um dito contrato de futebol, que se chamava na época de gaveta, que você antes de completar 18 anos, a maioridade, o clube te segurava pra você não ir para outro clube. Na época eu fui pedir para meu pai: “Olha...” Todo mundo querendo trabalhar porque naquela época todo mundo tinha que ajudar sua família, mesmo o meu pai sendo bancário, que na época era uma profissão que dava um bom rendimento, eu morava num duplex em Copacabana. Hoje em dia, nem pensar. Fui pedir pra ele me ajudar durante os anos que me faltavam, eu tinha quinze para dezesseis anos. Ele simplesmente disse não. Aí eu dei uma de macho e disse: “Então eu vou trabalhar.” “Então está bom, a partir de amanhã você começa a pagar água, luz, telefone.” Eu, como era muito orgulhoso, não arredei o pé. Comecei a trabalhar num escritório de contabilidade, na primeira semana eu fui varrer chão. Graças a Deus eu dei uma escrevinhada num papelzinho, o dono do escritório gostou da minha letra, a partir dali eu comecei minha vida de experiência de rua e acho que de tudo. Eu fiz de tudo. Se passava finais de semana trabalhando, isso na minha idade era um absurdo, eu com dezesseis para dezessete anos, você passar finais de semana trabalhando no centro da cidade. Num belo dia de sol, para mim era um absurdo. Como eu te falei, eu morava em Copacabana, perdendo praia.
Depois consegui conciliar estudo com trabalho durante um tempo. Continuei a jogar futebol, não em caráter profissional, mas em caráter amador, jogando futebol de salão pelo América. Durante um tempo, acho que eu joguei durante uns dois ou três anos futebol de salão pelo América. Depois pinta aquela famosa história: você quer sair com uma namorada num lugar um pouquinho melhor. A boate já não é mais tão acessível pro empréstimo que tua mãe faz todo dia de dar cinquenta reais. Senti uma vontade enorme de parar de ficar trabalhando em porcariazinha, vamos dizer assim, em coisa que vai dar futuro de nada. Eu senti que era o momento de eu fazer uma faculdade, fazer um curso com mais seriedade e daí foi...
P/1 – Você fez que faculdade?
R – Eu fiz Cândido Mendes. Fiz vestibular, passei pra Cândido Mendes. Consegui conciliar trabalho porque eu trabalhava num escritório da Brahma que tinha meio expediente, então fazia metade do tempo faculdade, metade do tempo trabalhava. Depois fui trabalhar na Barra da Tijuca, numa loja de material de construção que na época, uma das áureas épocas da minha vida, eu era novo e eu consegui num curto espaço de tempo ter apartamento próprio, ter carro zero. Eu ganhava muito bem, mas eu trabalhava extremamente tenso porque era um local de trabalho que você... Por ser monopólio na Barra da Tijuca, tudo ligado à construção era ali. Para você ter uma ideia, os principais condomínios da Barra da Tijuca, _________, Nova Ipanema, Novo Leblon eram os mais antigos, 90% do material de construção era da firma que eu trabalhava. Metrô de Botafogo também, porque não tinha de onde tirar o lugar. Não existiam lojas. Existia muito em Jacarepaguá, muito em Botafogo, muito em Copacabana, mas lá tinha o espaço. Eu tinha silos para guardar pedra, você tinha essa facilidade de colocar isso em qualquer lugar com muita rapidez. Ao mesmo tempo eu tinha às sete horas da manhã que abrir a loja e depois que fechava, às sete horas da noite, fechar caixa.
[Era um] serviço de responsabilidade e o chefe, que era o dono da empresa, depois de uns seis ou sete meses, [em] que adquiriu confiança no meu trabalho, ele passou a viajar. Ele só ligava de onde estava, de qualquer canto do mundo. Japão, Canadá, Austrália, qualquer canto ele [dizia]: “Manda dinheiro e bota na minha conta.” Era uma tensão horrível porque às vezes ele pedia quantias que eu tinha separado para fazer pagamentos pra funcionários no sábado à tarde, que é quando fechava. A gente pagava por semana. Era uma tensão muito grande porque ele falava: “Manda porque eu sou o chefe daqui.” Você tentava conciliar com argumento. “Henrique, manda esse dinheiro que eu sei que você consegue.” Eu conseguia mesmo, só que as custas de vômitos depois do almoço. Vômitos, literalmente falando. Tanto que [quando] eu vim trabalhar no banco eu tinha 71 quilos, hoje eu tenho 98 quilos.
Pra você ver a grande diferença que era.
P/1 – Conta um pouquinho então, como deu seu ingresso no BNDES.
R – Eu fiz concurso do banco.
P/1 – Em que ano?
R – Em 76. Fiquei no quadro de reserva que eles chamavam e em agosto para setembro de 77 o banco me chamou. Tem um caso pitoresco que eu conto pra muita gente que é muito interessante e eu fui protelando isso pela famosa responsabilidade. Como eu era o cara que comandava todo o escritório, eu fiquei... “Ah, não dá pra eu ir agora, será que não dá pra prorrogar um pouquinho?” “Tá, Henrique, novembro tá bom?” Mas aí ficava aquele negócio, eu era muito sozinho lá. Eu trabalhando como gerente e um contador. O resto tudo era peãozada, funcionários da loja. Um belo dia o banco me ligou, porque eu também tinha o poder da decisão. Lá eu ganhava muito mais do que eu ganharia aqui no banco, quase três vezes mais do que eu ganharia aqui no banco. Isso do bruto, falando. Mas eu tinha isso que eu acabei de te dizer: era tensão o dia inteiro e minha mulher na época, minha primeira esposa me falou uma coisa que foi a fala da decisão: Se você quiser ficar rico, a possibilidade de ficar rico é você continuar na ________. Se você quer ter segurança, pé no chão e uma estabilidade, vai trabalhar no BNDES.” A minha personalidade era de uma pessoa pé no chão, de estabilidade. Eu comecei a ver o que o banco me oferecia, independente do salário bruto, que não era nem um pouco próximo ao que eu ganhava naquela época, os benefícios que eu tinha. Eu tinha, como tenho ainda hoje, um belo plano de saúde que o banco tem; mesmo com alguns cortes ainda é um excelente plano. Eu tinha os salários indiretos, que era décimo-quarto salário, décimo-quinto - o banco tinha umas mordomias mesmo com relação à salário, que na época em nenhum outro lugar tinha. Logicamente você tinha que fazer um concurso para passar pra cá, apesar dos invejosos em redor, mas você tinha que fazer um concurso. Então, se você quer ser mais um participante desse grupo, faz um concurso e passa pra cá. É o que eu sempre dizia.
P/1 – Qual foi sua primeira atividade aqui?
R – Eu vim trabalhar no dia dois de janeiro de 78. Vim trabalhar como auxiliar porque o concurso foi especificamente pra isso, eu fazia parte do controle patrimonial do banco, sob todos os aspectos. Tanto de material dito de consumo, na época que era lápis, borracha, caneta, essas coisas todas e patrimônio do banco que era mesa, cadeira, tudo que se faz entender como patrimônio, que faz o banco funcionar, praticamente. Controlei durante um bom tempo, enquanto era na Rua da Quitanda -
o prédio não era esse que estamos pisando aqui hoje, depois veio ser a sede do banco aqui no Rio de Janeiro. Graças a Deus, como eu tinha uma boa experiência de fora, foi fácil pegar um cargo de chefia no banco, um cargo de confiança. Exerci cargos de chefia durante quatorze anos.
P/1 – Nesse setor de controle?
R – Sempre na área administrativa, não no setor de controle. Comecei a pular de galho em galho. Primeiramente eu fui chefe do almoxarifado do banco, chamado de coordenador do almoxarifado do banco. Fui coordenar o serviço terceirizado que o banco tinha na época, que era recepção, copa e limpeza. Só uma curiosidade mental mesmo, você controlar essas coisas: o chefe quer o cafezinho menos quente que o outro, o outro quer com quatro pingos de...
P/1 – Isso acontecia muito aqui?
R – Com certeza absoluta. A gente tinha presidente que falava: “Isso aqui não é um laboratório” quando vinha um garçom e perguntava quantas gotinhas o senhor deseja no café. O cara tinha que saber quantas gotinhas de adoçante ele... Casos como: “O leite não está fazendo bem para o meu estômago”, aí você mandava o mesmo leite no dia seguinte e o estômago estava ótimo. Eu só fingia que mudava a lata, o invólucro a gente passava para a outra lata.
A gente notava que era uma frescura natural das pessoas. Você aprende isso. Cada um queria um suco num dia. Hoje eu só tomo maracujá, no dia seguinte eu só tomo tangerina. [Os] Diretores, cada um gostava de um suco, você tinha que fazer esses agrados durante um tempo, depois você arrumava um jeito... Acabaram os sucos.
A gente conseguia levar o banco, acho que a bom termo, acho que ninguém morreu até hoje por essas brincadeiras - no fundo eu acho que eram brincadeiras. Pra gente eram brincadeiras, mas pra eles eram coisas sérias. A gente conseguia contornar porque eu pelo menos, como vim de empresa privada, tinha que ver o custo disso. A mordomia gera custo, às vezes custos desnecessários. Você querer mudar: “Eu só tomo leitinho Molico” - você não está na tua casa. A minha ideia [é]: você já pode frequentar um banco, você já tem a mordomia de ter um café. Reclamou do café? Vai tomar café na rua, pô. É tão fácil, dá uma saidinha, gasta ______, mas você tem que ter o café mais pretinho, menos azulzinho, mais azulzinho. A gente foi levando.
P/1 – São os bastidores?
R – São os bastidores. Eu chefiei o pessoal de copa, limpeza e recepção, depois voltei para o almoxarifado, uma nova administração que teve porque aqui também, por ser um banco político, isso está sempre mudando, as cabeças do banco, da alta esfera sempre mudam. Depois fui comandar o setor de compras do banco, foi uma fase que eu digo pra mim... Mais séria porque apesar de lidar com uma coisa que para mim era até fácil, já tinha conhecimento de almoxarifado, todo esse cabedal de experiência, eu não tinha a ideia da coisa burocratizada, uma coisa que envolvia situações legais, de conhecimento de leis, essa coisa toda que eu não precisava.
P/1 – Era compra de que?
R – De todo tipo de material, tudo que você pode imaginar. Cadeira, papel. Até funcionário a gente comprava, o serviço terceirizado você tinha que contratar. Se vocês, por exemplo, tivessem que ter sido contratados - eu não sei como foi a contratação de vocês - tenho certeza, eu participaria disso, na época, como coordenador dessa história. Fiquei nisso até quatorze anos, trabalhando com todos esses cargos que eu te falei, de confiança. Como está se aproximando a minha aposentadoria, eu usei esse artifício para convencer a minha chefia na época, que é o momento de alguém ter esse conhecimento que eu tive esse tempo todo e me substituir, começar a conhecer porque daqui a pouco eu vou embora. E isso é uma coisa que ninguém pode me proibir. Eu vou completar 35 anos de trabalho, quero me aposentar e o banco não pode me proibir disso. Antes você podia dizer: “Não, Henrique, fica aí no cargo, continua aqui.” Nada podia e minha índole mesmo me levava a uma análise: “Não, eu não quero ficar.” Eu gostava daquilo que eu fazia, nunca reclamei.
P/1 – Você está preparando alguém pra te substituir?
R – Eu já estou fora há dois anos, um ano e meio, mais ou menos. Faltam 4 meses para eu me aposentar. Então... Está na hora, mais do que nunca. Completei 53 anos de idade agora em fevereiro.
P/1 – Você se aposenta em que função no BNDES?
R – Como estou trabalhando hoje junto ao grupo de assessoria da superintendência da área social, não me considero um assessor, apesar de trabalhar junto com eles e participar das mesmas situações que tanto o assessor de informática quanto o assessor técnico participa. Eu tenho pleno conhecimento que eu não conheço aquilo... Mas dentro da minha experiência do banco sei que estou sendo de uma boa ajuda pra eles.
Eu estou adorando, é uma área que desperta muita curiosidade, já tinha me despertado muita curiosidade na época, que é uma área que trabalha com pobre, embora a gente... Sobe favela? Sobe favela. Eu sei que o grupo de técnicos dali visita o interiorzão do Brasil. Vai lá, vê o pobre mesmo trabalhando e vamos tentar ajudar. Vê crianças, esses problemas de adolescentes de rua. A gente tenta dentro de que o banco coloca dentro de seus programas fazer essas coisas todas. Pode, de alguma forma ajudar essas pessoas? A gente está fazendo. E eu estou vendo esses frutos acontecerem.
Não é uma coisa mais utópica: “Isso aí, como acontece? Vai ver que só o prefeito ganha, só as pessoas de elite aqui que vão levar.” Eu vejo por exemplo, uma fundação Gol de Letra, que é do Raí e do Leonardo, que ajuda crianças, o banco ajudar. A fundação da Família Negritude Junior, do menino da Negritude, da família Negritude - Negritude, se não me engano, é o nome do projeto. Também é ajudada pelo banco. A Cohab de São Paulo, está lá um projetinho, tem um valorzinho, sei que o banco ajudou nisso.
P/1 – Que significa... Legal, você vê tanto como profissional como pessoa que acompanha o desenvolvimento do banco e dos projetos do banco, mas o que representa isso pra você, como pessoa, profissionalmente - porque você trabalha há tantos anos aqui no banco - você se envolver em projetos sociais como esse?
R – A minha visão agora até me facilita responder isso, não sei se você vai sentir isso um dia. Desde que comecei minha vida profissional eu sempre tive na minha cabeça de querer ser o melhor. Tanto que quando eu tentei conciliar estudo-trabalho, eu não conseguia conciliar porque eu sempre queria fazer uma coisa muito bem. Eu não quero fazer duas coisas mais ou menos, ou duas coisas boas. Eu quero fazer uma coisa muito bem. Então, no instante que eu completei trinta anos de trabalho, que eu estava dentro do BNDES, trinta e poucos anos, eu comecei a verificar que minha visão já não era mais aquela que: “Vamos que eu vou te atropelar, eu quero ser o melhor aqui no banco.” Você já começa a ter uma visão externa, problema da família já está crescidinha, teus filhos já começam a ter um encaminhamento naquela mesma passagem que você já passou em determinada época, de faculdade, de primeiro emprego, da ambição de querer ser alguém de começar a correr atrás. Então minha visão começou a ser um pouquinho externa.
Eu vejo hoje o banco, mesmo trabalhando como funcionário, com uma visão de cidadão, então me empolga, como eu acabei de dizer, assistir a área estar emprestando dinheiro para determinados tipos de empresas, de instituições, que estão fazendo alguma coisa pelo país. Você vê, por esse Brasil todo afora aparecerem projetos...
Você é parecida com a Lilian Witte Fibe.
P/1- Imagina!!!
P/2 - Ela é cobra. Ela é fera.
P/1 - Henrique, você estava avaliando um pouquinho, como pessoa e como profissional, o desenvolvimento do banco, ligado a projetos sociais, que você mesmo disse. Como cidadão, você se orgulha de hoje em dia estar acompanhando.
R – Estou vendo acontecer.
P/1 - Está vendo acontecer.
R – Acho que a palavra, a frase é essa: estou vendo acontecer. Não é uma coisa que eu achava que acontecia.
P/1 – Mas então você sai no BNDES, você é jovem. Você tem outros projetos de vida?
R – Eu costumo brincar com os meus amigos, que falam: “O que você vai fazer?” Acho que a preocupação das pessoas é: “O que você vai fazer depois?” Eu pretendo não fazer nada. Eu pretendo curtir bastante o resto da minha vida, principalmente fazendo coisas que eu gosto dentro do meu particular. Eu gosto de cantar. Eu tenho uma banda de rock.
P/1 - Você canta o que?
R – Eu canto de tudo o que você pode imaginar. Não gosto muito de música nacional, mas canto de tudo. Eu canto Beatles, a gente já fez várias apresentações aqui no banco. Tenho uma banda, que no próximo dia dez de maio, quem quiser assistir, lá na Cobaldo Botafogo. (risos)
P/1 – Como é o nome da banda?
R – Trupe Limousine. É uma história do meu irmão e do meu pai, falecido...
P/1 – Então você apresenta aqui no banco, a sua banda?
R – Não. Nunca nós tocamos como banda aqui no banco. A gente já fez uma apresentação dentro aqui do espaço, no Comitê da Cidadania, que é do Betinho, e o banco tem um grupo ligado a esse Comitê da Cidadania. No final do ano tem uns eventos artísticos [em] que a prata da casa se apresenta. E eu sou mais do que prata, já estou virando ferro da casa.
P/1- Então pra finalizar, depois a gente faz uma pergunta. O que o BNDES é pra você? O que representa o BNDES pra você?
R – Ele é... Foi. Acho que ele foi o chão certo da minha vida, porque eu acho que tudo o que o que eu passei antes foram experiências. Tanto é que meus empregos anteriores ao banco foram de dois anos, três anos. Foram quatro empregos, mais ou menos. O quinto foi o BNDES. Estou há 24 anos, vou fazer 25 aqui, e eu não preciso mais concretizar, dizendo que esse é o chão de fato que eu pisei. Eu usei toda a minha experiência anterior, venho usando esse tempo todo e o pouco que me resta ainda aqui estou usando.
P/1 – O que você achou de ter dado esse depoimento e ter contribuído para o projeto “Memórias – 50 anos do BNDES?”
R – Eu relutei um pouco. Parece às vezes… Eu vou falar aquela famosa frase que todo artista fala: “Eu sou muito tímido.” (risos) Mas na hora que a gente começa a conversar, a coisa vai se soltando e é igual ao palco. Não sei se alguém mais tem experiência de palco, mas o palco também é assim. Todo artista fala que dá um friozinho antes de entrar no show. E o cara cantou mais de cinquenta vezes, como é que ainda tem um friozinho? Dá sempre um friozinho antes, mas depois de três minutinhos a coisa já flui normalmente.
Eu achei muito legal. Acho que tinha que ter um marco. O banco é um marco no Brasil, continua sendo, espero que continue. Acho que até hoje o banco é imaculado com relação a qualquer tipo de atitude que queira quebrar o banco de alguma forma, porque todo mundo fica visando. Tudo aquilo que dá certo interessa. Acho que o banco está dando certo há cinquenta anos e vai continuar dando, se Deus quiser, por mais tempo.