Museu da Pessoa

A vida é a arte do encontro

autoria: Museu da Pessoa personagem: Nelson Cruz Dias

Projeto BNDES 50 anos
Depoimento de Nelson Cruz Dias
Entrevistado Sofia Costa Pinto
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2002.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número BND_CB038
Revisado por Fernanda Regina

P/1 – Sofia Costa Pinto.

R – Nelson Cruz Dias.

P/1 - Bom, vamos começar com uma identificação. Qual é o seu nome, o local e a data de seu nascimento?

R - Meu nome é Nelson Cruz Dias, nasci no Rio de Janeiro, no dia 13 de fevereiro de 1952.

P/1 - Eu queria que o senhor contasse quando e como aconteceu a sua entrada no BNDES?

R - Eu fiz um concurso para contínuo que houve em 1975. Tinham 25 vagas, eram mais de 300 pessoas e eu fui classificado em 18º. Eu comecei a trabalhar em 8 de maio, fui chamado e comecei a trabalhar em 8 de maio, aqui no... Trabalhava na Presidente Vargas, 535 no Departamento Administrativo. Trabalhei lá, um bom tempo lá. Departamento Administrativo, era o chefe... Era o Paulo Prado, general Paulo Prado. Aí depois fui trabalhar na gerência de material com... Aí, já era um gerente, Milton Silva. Depois eu passei a trabalhar na... Depois de muito tempo comecei trabalhar na... Fui trabalhar na gráfica do Banco também, que era na Rua da Matriz, quando ainda não tinha esse prédio aqui. Trabalhei também na Rua da Matriz, lá muito tempo também. Aí, depois voltei, fui trabalhar no... Voltei para o Departamento Administrativo, né? E quando o Banco veio para cá, eu fui trabalhar no GEDOC [Gerenciamento de Documentos]. E do GEDOC, eu passei, passei para diretoria, fui trabalhar na diretoria com... Esqueci o nome dele, é o diretor da área. Eu era contínuo lá também e...

P/1 - Quando você deixou de ser contínuo? Quanto tempo você foi e quando você deixou, e quando você deixou de ser?

R – Foi...

Já tem uns... Agora, não me recordo muito, mas deve ter já uns 10 anos, entendeu? Foi no último concurso, não sei se foi... Foi no último concurso que teve de acesso aos funcionários. Aí eu passei nesse último concurso, aí ali encerrou minha carreira de contínuo. Eu passei para assistente e fui trabalhar no GEDOC. Passei para o protocolo e depois fui para o Departamento de Recursos Humanos, trabalhar no Departamento de Recursos Humanos, setor de atendimento. Fiquei muito conhecido lá, no atendimento. E depois, fui... E agora, ultimamente, estou na Finame, do Departamento de Exportação, secretariando. (Eu sou vice-secretário?).

P/1 - O que você faz... Qual é o seu trabalho, o seu dia-a-dia?

R - O dia-a-dia é você provisionar...

Assunto relativo a gerentes. Eu trabalho, no caso, com... Agora, era quatro, agora houve uma divisão. Eu estou trabalhando com dois gerentes, tá? Mas a gente trabalha com todos eles, mas tem certa divisão entre a gente lá, que a gente prioriza. A prioridade há certos gerentes. Então, eu... É serviço de secretário, atendimento, né? As pessoas chegam, querem falar com o gerente. Aí, você tem que conduzir as pessoas, atender as pessoas, e cobrir as necessidades de gerente, de pedido de viagem, trabalhar com esse negócio de viagem, fazer memorando, fazer carta, expedir carta, esse serviço do secretário.

P/1 - Você tem atividades que não são relacionadas com o BNDES, mas que você faz aqui no BNDES? Conta um pouco sobre elas.

R - A minha carreira de artista plástico foi... Começou aqui dentro do BNDES mesmo, né? Eu trabalhando, tinha lá um risca e rabisca, eu ficava muito rabiscando e tal. Aí, de repente, surgiu essa, essa, essa coisa de pintando, pintando. Até uma secretária, eu trabalhava com a secretária, Heloísa, ela me deu um risca e rabisca porque eu fazia muita conta, e dessas contas foi que começou riscar, riscar, riscar, foi aparecendo forma e tal. Aí, o pessoal começou me chamar de artista, eu me empolguei e fui embora. Negócio foi esse. Começou ali e tal. Comecei mostrar. Na segunda Expoarte que teve aqui, ai eu mostrei os meus trabalhos, o pessoal gostou. Começaram me dar força. Uma pessoa que me ajudou muito, que deu muita força para mim, foi o Evânio. Na época, ele.... O Evânio... O Armando Leal também me deu muita força, ele já era diretor cultural, e aí eles gostaram do meu trabalho, né? Viram que eu tinha certa tendência e aí me deram muita força. Também teve uma aqui no Banco, teve uma pessoa que estava fazendo um levantamento sobre as obras do Banco, e aí eu mostrei, viu o meu trabalho, né? Ele gostou do meu trabalho e até teve uma exposição, que eu fiz uma inauguração da FBNDES, um bar que tinha lá, eu fiz a inauguração com a exposição. Um espaço que foi criado e, na época, ele levou o Abelardo Zaluar, um grande artista, foi um grande artista, né? Faleceu, Abelardo Zaluar, e gostou muito do meu trabalho, por ser um trabalho com tendência _________, e ele até falou comigo sobre... Para mim, para depois procurar ele, e foi por aí. O pessoal aqui, do Banco, gosta muito do meu trabalho. Já o pessoal compra, gosta, compraram vários trabalhos meus e eu estou aí, nessa vida de artista, dando uma de artista plástico aí.

P/ - Então, os seus grandes clientes são do BNDES?

R – É, a maioria, a maioria é do BNDES, entendeu? Porque eu exponho... Quase não tenho tempo para trabalhar com a arte, eu estou deixando inclusive, eu estou deixando para quando eu me aposentar, ter mais trabalho... Ter mais tempo porque isso requer tempo e nem sempre... A gente tem família, muita coisa, entendeu? Trabalho e família consomem muito tempo, falta tempo. Então, eu só estou fazendo, ultimamente eu só estou fazendo mesmo para a exposição do banco. Eu só faço trabalho para exposição do Banco. Agora já apresentei trabalhos em outros lugares também, entendeu? Fui à exposição na Faculdade Moacyr Bastos, já participei de eventos aqui, no metrô, entendeu? Na Estácio de Sá, e quando eu tinha tempo estava fazendo. Agora, o tempo encurtou um pouco, mas a gente esta esperando a oportunidade para deslanchar esse lado artístico. Isso fica mais para depois porque agora está perto da aposentadoria, a gente tem que...


P/1 - E me fala uma coisa, para você o que é o BNDES?

R - O BNDES para mim, praticamente tudo, porque foi aqui que eu ajeitei a minha vida, entendeu? Subi, cresci, criei meus filhos, entendeu? Tornei-me conhecido e pude fazer... Ter uma vida digna, né? O BNDES que me deu isso tudo. E foi uma época que eu estava... Era muita difícil e eu tinha casado, estava desempregado, já casei com um filho e logo surgiu essa oportunidade. Eu casei em março, entrei aqui em maio, minha vida... Esses dois casamentos estão aí, até hoje, entendeu? Só me deram bastante alegria, entendeu? Me sinto feliz e honrado de pertencer a esse corpo funcional, a essa família que é o BNDES. Me sinto feliz e privilegiado, porque isso é um privilégio que poucas pessoas têm, de pertencer a uma instituição dessa, né? BNDES, uma grande instituição, um monumento, né? Então, a gente faz parte, a gente esta aí.

P/1 - Eu queria, para finalizar a nossa entrevista, o que o senhor achou de ter participado dessa entrevista e ter contribuído para o projeto de 50 anos do BNDES?

R - Eu achei muito bom, achei... Acrescentou muito para a instituição, né? Ter esse arquivo, um arquivo sobre o depoimento dos funcionários e sobre a trajetória dos funcionários do BNDES e isso ficar guardado para posteridade, para que as pessoas tenham conhecimento, né? As coisas que aconteceram, como surgiu o BNDES, e eu acho louvável e muito bom e me sinto até, vaidoso de participar desse evento, né? Porque é muito, muito bom isso. Quem sabe, os meus netos, meus bisnetos poderão ver essa entrevista, né? Coisa desse tipo, né?

P/1 - Tá bom! Obrigada, Nelson.

R - Obrigada você.