Depoimento de Leandro Kojima
Entrevistado por Cláudia Bordo, Rosana Preto, Adrian Parra
São Paulo, 29 de maio de 2018
Entrevista número MET_HV04
Realização: Museu da Pessoa
P/1 - Bom, Leandro, para iniciar, a gente vai precisar que você se identifique. Preciso que você me diga seu nome compl...Continuar leitura
Depoimento de Leandro Kojima
Entrevistado por Cláudia Bordo, Rosana Preto, Adrian Parra
São Paulo, 29 de maio de 2018
Entrevista número MET_HV04
Realização: Museu da Pessoa
P/1 - Bom, Leandro, para iniciar, a gente vai precisar que você se identifique. Preciso que você me diga seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Meu nome é Leandro Kojima, eu nasci dia 4 de junho de 1979, em São Paulo.
P/1 - Leandro, fala um pouco para a gente da sua família, da sua origem, seus avós, dos seus pais.
R - Eu sou descendente de japoneses, meu pai é nissei, então ele é filho de japoneses, meus avós são imigrantes, tanto meu avô quanto minha vó da parte paterna, e a minha mãe, meu pai é brasileiro, nissei, e minha mãe também é brasileira. A minha vó se chama Dolores, e é descendente de espanhóis. Da parte paterna, sou descendente de japoneses, e da materna, espanhóis.
P/1 - E como que eles se conheceram? Conte um pouco sobre essa união.
R - Meus pais moravam próximos, morávamos no bairro do Tucuruvi. Eles se conheceram em 1976, e de lá para cá, se casaram em 78, e eles se conheceram no bairro, e assim, é interessante a história, porque pela minha família ser por parte de pai, descendente de japonês, teve uma certa dificuldade. Meu pai era o filho mais velho, era descendente de japonês, o filho mais velho, então pela tradição, normalmente, ainda mais meus avós sendo japoneses, normalmente não havia uma miscigenação em São Paulo tão grande, naquela época, então foi um pouco difícil para minha mãe no começo a aceitação na família, em razão de ser brasileira e meu pai ser japonês. No começo foi um pouco difícil essa relação. Com o tempo, a relação com a família ficou um pouco mais fácil porque realmente os meus avós eram bem tradicionais. Minha vó é viva ainda, meu avô faleceu, quando eu tinha um ano. Por parte de pai. Então, mas quando eu nasci, meus pais contam que me adoravam, ela sempre me visitava, porque moraram muito próximos, então no começo foi difícil, mas depois do casamento, e do meu nascimento, as relações ficaram mais próximas, e foi mais tranquilo.
P/1 - E você tem irmãos?
R - Sim, eu tenho um irmão dois anos mais novo, ele também é engenheiro, eu sou engenheiro eletricista, ele é engenheiro civil. Meu irmão tem dois filhos, um casal, e eu tenho um filho.
P/1 - E vocês moravam no Tucuruvi, não é? Conta um pouquinho da sua infância lá.
R - A gente sempre morou no Tucuruvi, bem próximo mesmo da estação, me lembro desde pequeno, porque acho que a construção, ela iniciou na década de 80, final dos anos 80 iniciou a construção da extensão norte, e eu lembro dos tapumes do metrô, era pequeno, tinha em torno de oito, nove anos, mas como era muito próximo, eu sempre anotava o que aconteceu, o que seria ali, e minha mãe explicava que seria a futura estação do metrô Tucuruvi. Então, minha infância, eu estudava bem próximo dali, mas era diferente dos dias de hoje, a gente brincava muito na rua, tinha uma rua sem saída muito próxima da minha residência, então a gente ficava na rua brincando, jogava futebol, e era bem próximo das obras do metrô mesmo, duas quadras para cima, das obras. Desde pequeno, eu tinha essa visão de que aquilo ali poderia melhorar bastante em termos de locomoção, tanto para mim quanto para toda a população da região.
P/1 - E você estudou lá próximo, como que era?
R - Na minha infância, eu estudei numa escola muito próxima da minha residência, dava para ir a pé, uns cinco minutos a pé, ela chamava Escola Paulista, estudei desde a primeira série, até a oitava série. Na época ia até a oitava série, então estudei até a oitava série no período da tarde, e em 97 eu fiz um vestibular, Vestibulinho na época para o colégio técnico em eletrônica. Eu era bem jovem, então tinha 16 anos, desculpe, em 94. Tinha 13 anos, era difícil tomar decisão, o que fazer naquela época, mas me lembro que um amigo meu me influenciou, falou: “vou prestar um vestibular, tanto no Liceu de Artes e Ofícios, quanto na Federal”, então prestei as duas escolas, o Liceu de artes e ofícios, eu prestei eletrônica, e na Federal, prestei processamento de dados. E para mim foi importante, acabei passando no Liceu de artes e Ofícios, então comecei colégio técnico em eletrônica no período noturno no liceu, e foi uma mudança muito grande, com 13 anos você ali, o amadurecimento foi muito grande porque é difícil com 13 anos você sair, muito mais cômodo ficar num colégio próximo da minha residência, com meus amigos, era bem mais cômodo para mim ficar ali próximo. Mas, percebi que por mais que eu não tivesse ainda aquele conhecimento e aquela afinidade, de repente era algo importante, e também tinha a questão que o Liceu era um colégio conceituado e gratuito, então minha escola era uma escola particular, e o Liceu, por ser gratuito, um colégio técnico, saía com uma formação, achei que a decisão seria melhor, tanto para mim quanto para minha família, foi uma decisão que não foi fácil, porque até você com 13 anos estudar de noite, começar a vivenciar, andar de transporte público, naquela época, 94 ainda não tinha inaugurado a estação Tucuruvi, então pegava o ônibus, ia até Santana, e de Santana até Tiradentes, e depois ao Liceu, mas desde aquela época, pegava o metrô. Até os 13 anos, naquela época, eu era muito ligado à família, e dificilmente eu com 13 anos tinha saído sozinho, então foi uma situação no começo minha mãe ficava preocupada, no primeiro dia meu vô foi comigo até a estação do metrô, me levou até lá, e depois foi tranquilo. Isso até 97, fiz o colégio técnico, Liceu de Artes e Ofícios, me formei em 97, vi que realmente gostava de eletrônica, vi que para mim era algo que eu tinha uma familiaridade, gostei do curso, comecei a trabalhar na área já, e depois passei para fazer engenharia em 98, e 98 foi a inauguração da estação Tucuruvi, facilitou bastante, ganhei pelo menos 20 minutos para ir e voltar, porque eu pegava o ônibus e ia até a estação Santana, tinha que ficar esperando no terminal, o metrô facilitou bastante, bem importante.
P/1 - Então, a estação Tucuruvi fez parte da sua infância e adolescência.
R - Fez.
P/1 - A construção, você vivenciou isso.
R - Sim, o transtorno no começo, de obra, o barulho, movimentação, e a inauguração foi uma alegria, para o pessoal da região foi muito importante, porque o sistema, o volume de pessoas era grande, a demora também era considerável, então ainda mais a noite que eu vinha da escola, a faculdade, às vezes tinha que esperar 10, 15 minutos, pegar o ônibus da minha residência, era complicado, então com o metrô indo direto era bem mais fácil.
P/1 - Nessa época você já tinha interesse por eletrônica, engenharia, e o fato dessa estação estar sendo construída perto da sua casa, influenciou alguma coisa na sua carreira, na sua opção?
R - Não, num primeiro momento, não. Colégio técnico, com 13 anos eu não sabia muito nem o que era eletrônica, gostava de brincar, mexer com computador, naquela época começou os computadores a entrar na nossa vida, então comecei a gostar de eletrônica, mas não vislumbrava, não fazia essa ligação entre metrô e o curso de eletrônica. Assim que me formei em eletrônica em 97, aí sim eu pensei em como eu precisava realmente ajudar a família, então eu pensei em entrar em algum concurso público, e naquela época teve o concurso da CPTM em 98, então me formei, na sequencia teve o concurso da CPTM, e prestei para técnico em eletrônica na CPTM e entrei, aí sim na CPTM eu vislumbrava, de repente, vir um dia a trabalhar no metrô.
P/2 - Só uma curiosidade, nesse começo, na escola técnica, quais eram os computadores ao qual você tinha acesso? Você tinha computador em casa?
R - Não.
P/2 - O que te encantou?
R - No primeiro ano, lá era um curso de eletrônica. A gente começou a ver os fundamentos de eletrônica, muita física, matemática, e sempre gostei de matemática, fui bem em matemática, então tive uma facilidade com o curso desde o início, e assim, os computadores realmente, no curso de eletrônica, no primeiro e segundo ano já tinha o curso de computação, mas era bem básico. Lembro que a internet foi no meio do curso, realmente surgiu ali no ambiente acadêmico do Liceu no meio do curso, foi algo realmente que revolucionou, e quando entrei na CPTM também lembro do início, da instalação da internet, a gente não tinha noção do quanto mudaria nossas vidas.
P/1 - Bom, vamos falar um pouco agora, você se formou cedo, começou a trabalhar na CPTM, e sua vida, como foi, seus amigos, como que era sua juventude, qual era sua diversão, o que você fazia?
R - Até entrar no curso técnico, nessa escola próxima de casa, fazia o curso à tarde, e depois a gente ficava muito, como mencionei, tinha uma rua sem saída, e ficávamos brincando nessa rua, então brincava de futebol, empinava pipa, esconde-esconde, fazíamos várias brincadeiras daquela época, mas também teve o advento do videogame, também fez parte da minha infância, me lembro que jogava muito videogame, tinha facilidade, e nessa minha infância, além de brincar na rua, jogar futebol, não tinha internet ainda, mas o videogame fazia parte, então lembro de brincar bastante com videogame, era algo que eu usei muito durante minha juventude, pessoal brincava, íamos na casa de um amigo, de outros amigos, eles vinham na minha casa também, aquela época, eu lembro que as casas ficavam abertas, a gente ia, nem tocava campainha, tomava água na mangueira, brincava no final de semana, o dia inteiro na rua brincando, e era bem diferente dos dias de hoje, hoje eu moro em condomínio fechado, meu filho ainda tem a possibilidade de poder sair, deixar a casa aberta, e de brincar. Mas, eu vejo que o dia-a-dia de São Paulo é bem diferente daquela época, ficávamos o dia inteiro na rua, só de diversão, brincadeira o dia inteiro.
P/1 - Conta para a gente como você conheceu sua esposa.
R - Eu, após me formar como técnico, prestei concurso pra CTPM, entrei em 99 na CPTM e conheci minha esposa lá, entrei como técnico de manutenção e eletrônica, fui atuar, fazia ali a inspeção de materiais da CPTM, tinha um laboratório, fazíamos inspeção desses materiais, todos os materiais que a CPTM recebia no almoxarifado, nesse almoxarifado haviam vários técnicos que faziam as inspeções dos materiais. Além das inspeções, fazia também as especificações desses materiais, e eu entrei em 99, conheci minha esposa lá, em 99 mesmo eu conheci minha esposa, ela atuava no mesmo departamento, fazia o cadastro dos materiais, então eu fazia especificação e inspeção, e ela atuava na parte de cadastro dos materiais. E eu conheci ela em 99, no começo a gente conversava, se olhava, mas no primeiro ano era só amizade. A gente só foi ter um contato mais direto, que os departamentos se fundiram, e tive uma relação maior com ela. Na CPTM a gente saía fazer happy hour, saía final de semana, o pessoal ia dançar, e a gente acabou tendo uma aproximação, e começamos a namorar em 2001. Em 2001, a gente começou a namorar, e de lá para cá estou com ela até hoje, a gente casou em 2010, então em 2001 a gente começou efetivamente o namoro, em 2006 já no metrô eu fiquei noivo dela, e em 2006 a gente casou.
P/1 - Você trabalhou na CPTM até que época?
R - Entrei em 99 como técnico, e fiquei até 2002, então de 99 a 2002, eu atuei na CPTM como técnico de manutenção, fazer inspeção dos materiais, e em 2002 surgiu o concurso do metrô para técnico de manutenção também, eletrônica, aquela época, naquele concurso eu lembro que era um concurso de técnico de manutenção e também tinha o de engenheiro, mas eu estava fazendo engenharia, não era ainda formado, me formei em 2003, então não pude prestar como engenheiro, mas vi que era um concurso interessante, acabei tentando para técnico de manutenção no metrô. E aí entrei em 2002 nesse concurso.
P/1 - Conta para gente como foi, você entrou no metrô, depois logo casou, como foi essa relação metrô, casamento, família.
R - Então, 2002, esse concurso do metrô, 2002 foi um ano bem complicado, bem difícil, porque foi o ano que meu pai faleceu, então ele faleceu dia 2 de fevereiro de 2002, ele tinha 50 anos, faleceu de infarto, e eu estava como técnico de manutenção. Ali eu tinha 21 anos, meu irmão 19. Foi um ano muito difícil, doloroso, porque a gente teve que realmente ali amadurecer muito mais, se fortalecer e meu pai, ele era realmente o chefe da casa, então em 2002, eu tive que apesar de estar atuando na CPTM, meu irmão era estagiário, ele fazia engenharia civil, mas era estagiário, os recursos ficaram mais escassos, vi que haveria uma dificuldade para conseguir sustentar a família. Então, em 2002, com esse concurso, foi um ano difícil, o concurso foi no final do ano, 2001, chamaram em julho de 2002. E para mim a escolha não foi fácil, porque eu estava indo dali, tentando assimilar o falecimento do meu pai, e eu tive que escolher entre sair da CPTM, e ir para o metrô. Os salários eram diferentes, o metrô, o inicial era menor, e já poderia fazer diferença, então a escolha não era tão simples. Mas ponderei bastante, conversei com outras pessoas da CPTM, meus amigos, um coordenador que trabalhava no metrô, e ele: “esquece, o metrô é outra empresa, a estrutura é muito melhor, você vai ter uma chance de crescimento muito melhor”, e apesar de ganhar um pouco menos no início, eu achei que valia à pena e arrisquei. Ingressei no metrô em 2002. Entrei no laboratório de Jabaquara. É interessante, que algo que me chama a atenção, que foi realmente por ter sido difícil essa decisão, na CPTM eu ganhava periculosidade, e no metrô não sabia se ia receber ou não. A periculosidade, era algo que ia fazer diferença. Então, eu lembro que conversei com alguém do RH, e a pessoa falou: “você tem perfil de planejamento”, e depois me deram o retorno que eu teria perfil de laboratório e eu poderia receber a periculosidade, porque era ambiente de risco, e realmente decidi que daria para ingressar, porque essa diferença poderia me ajudar no início. Então ingressei no laboratório de eletrônica em 2002, e eu trabalhei lá fazendo a calibração dos instrumentos, então era algo um pouco, na CPTM, atuava fazendo inspeção dos materiais, trabalhava em laboratório, mas ali no laboratório de eletrônica, realmente foi um ambiente ainda mais próximo da eletrônica, porque fazer a calibração e manutenção dos instrumentos da companhia era algo que necessitava de conhecimento tanto teórico quanto prático, então tive um crescimento muito grande ali, aprendi muito com todos os técnicos de lá, e com os gestores, que realmente é um ambiente muito profissional, e o cuidado que a gente tem que ter com os instrumentos, que realmente a responsabilidade de fazer a calibração adequada desses instrumentos, sabendo que serão utilizados por outros técnicos no campo, realmente fizeram com que eu crescesse muito profissionalmente ali em termos de conhecimento em eletrônica. Então, atuei de 2002 a 2006 nesse laboratório de eletrônica, fiz vários amigos, tenho amigos até hoje lá, foi realmente um ambiente muito família, a recepção dos metroviários foi muito bacana, porque 2002, acredito que foi uma das primeiras levas de técnicos, o metrô ficou muito tempo sem fazer um concurso externo. Então, eu entrei no laboratório e percebi que, com quem eu conversava, as pessoas que tinham menos tempo de casa tinham 15 anos de empresa. Então, a distância entre um técnico com 15 anos de experiência, com toda a cultura metroviária, para vários técnicos que estavam entrando, foi um choque de culturas entre os metroviários e quem estava entrando. Mas a recepção foi maravilhosa, fiz vários amigos, e realmente foi um ambiente muito bacana, uma fase muito boa da minha vida, no laboratório.
P/2 - O que é esse choque de cultura? Conta um pouco melhor para a gente, dá um caso para a gente, um exemplo.
R - Choque de cultura é assim, você acabar de se formar para realmente entrar na empresa, com pessoas com toda essa bagagem, essa experiência, realmente tem uma diferença grande. Eu me lembro que realmente, quando entrei lá, você imagina, eu era técnico, mas não tinha experiência nenhuma em efetuar manutenção, e olhar aquele ambiente, ver laboratório com centenas de instrumentos, todos diferentes, pensei: “como que vou aprender todos, dar manutenção nesses instrumentos, conhecer todos os instrumentos?”. Então era algo difícil, tinha um almoxarifado lá dentro, uma série de componentes, maior do que todos que eu vi durante os 4 anos de técnico em eletrônica, então essa diferença entre o mundo acadêmico e corporativo, realmente para mim foi um choque, trabalhava na CPTM, mas não atuava realmente com manutenção, então ali a estrutura era muito grande. E, assim, o conhecimento dos técnicos do metrô em todo esse período, porque são, além dos instrumentos, que várias empresas têm, a gente fazia manutenção nas placas do sistema mesmo, então muitas placas foram melhoradas, desenvolvidas ali internamente, tinha gigas de teste, que as pessoas efetuavam lá, então além de efetuar manutenção, realmente havia um desenvolvimento de tecnologia lá que até hoje existe, e realmente o metrô pode ser comparado com primeiro mundo a questão da manutenção, porque realmente o cuidado com manutenção é muito grande. Mas assim, tem outros lados, o metrô tem uma cultura muito forte, as pessoas, me lembro, a GMT, a área de manutenção, ela é muito próxima de um regime militar, todo procedimento, é muito procedimentado, as coisas tem muito procedimento, e além dos padrões, tem toda uma questão, eu me lembro que tinha o café das 9 e meia, 10 horas, não me recordo se era 9 e meia ou 10, mas todo mundo parava, era uma regra, você não podia quebrar essa rotina, você estava ali concentrado, e continuava atuando nos instrumentos, e os técnicos: “tem que parar”. E ali separava os 15 minutos, e era sagrado, todo mundo parava, tomava café, comia um lanchinho, bem diferente do ambiente administrativo. Parava todo mundo no período da manhã, quanto no da tarde. Por mais que você estava concentrado, tinha que parar, e era importante você socializar e realmente ter essa parada, você voltava com a solução com o problema. São algumas coisas que realmente o laboratório vivenciou, e foi bem bacana. Eu lembro também que teve a questão de toda uma adaptação porque o laboratório sempre foi um ambiente muito masculino, eram só técnicos, quando entrei só tinham técnicos, todos eram homens, e me lembro que no decorrer da minha passagem por lá, entrou uma estagiária, uma aprendiz do Senai, e era uma menina. E não tinha banheiro feminino, tivemos que mudar um pouco as brincadeiras, até para ela poder se acostumar com o ambiente, diferente da área administrativa que tem uma quantia de mulheres mais significativas, mas no laboratório não tinha isso, então um ambiente muito masculino, foi mudando, e hoje vou lá, volto lá e vejo as pessoas, e realmente tem técnicas, esse ambiente foi adaptado, e o metrô teve que se adaptar para isso com questão sanitária, todas as questões de adaptação para um ambiente feminino.
P/2 - Explica um pouco mais sobre essa questão de como a estagiária entrou lá, como era a questão de banheiro.
R - Então, na verdade, o laboratório de eletrônica, eram dois laboratórios, o laboratório de eletrônica, ele é muito pequeno, então são várias salas segmentadas, e a gente efetuava manutenção em várias salas ali, e o banheiro só tinha masculino. A estagiária entrou e realmente tinha que ir até o banheiro mais próximo, o bloco inteiro tinha banheiros femininos, mas dentro do laboratório, esse banheiro não era adaptado, então teve que ter essa adaptação no sentido que a estagiária tinha que realmente atuar, caso ela tivesse que ir no sanitário, o sanitário do bloco, e não do laboratório, porque fisicamente não seria possível ter a estrutura com dois banheiros. Aí depois teve reforma, o laboratório mudou pro outro bloco, e no outro tinha banheiro masculino e feminino, mas metrô teve que realmente tanto se adaptar a essa questão dos ambientes masculinos, também fazer sanitários femininos, quanto a questão de acessibilidade também, depois que eu fui pra GSI, eu atuava efetuando layouts dos ambientes na companhia inteira, das áreas administrativas, e uma adaptação grande que tivemos que efetuar foi toda a questão de acessibilidade da companhia inteira, isso é algo que vai evoluindo com o tempo, e a própria legislação faz com que a gente tenha que fazer essas adaptações.
P/1 - Então nesses 50 anos que o metrô está atuando, conta para a gente a questão da mulher, metrô foi pioneiro em contratar mulheres, a questão e acessibilidade, enfim, conta para a gente um pouco do metrô nesses 50 anos, o que você enxerga de pioneirismo.
R - A companhia do metrô é realmente o exemplo para a sociedade, então o ambiente, a questão da acessibilidade é um marco, o metrô, a legislação, realmente há toda uma dificuldade para efetuar todas as reformas, imagina uma estação concebida, projetada na década de 60, elaborada, construída na década de 70, não tinha essa questão de acessibilidade, e a companhia fez o uso, na última década, uma série de adaptações, então com plataforma elevatória, instalação de elevadores, nos edifícios administrativos toda a questão de acesso aos sanitários, realmente aos ambientes, então toda essa adaptação é extremamente importante, e o metrô tem uma série de empregados que possuem uma restrição física, e essas adaptações são extremamente importantes, para que consigamos oferecer a mesma acessibilidade para todos, independente do grau de deficiência, o metrô se preocupa tanto com o usuário ao adaptar estações, quanto também com o ambiente corporativo, os empregados. Então, todas essas adaptações são feitas de acordo com a legislação, e tenho certeza que são extremamente importantes, vejo que as plataformas elevatórias, elevadores, são muito utilizados tanto pelas pessoas com deficiência quanto também pelos idosos, então acho que uma das situações, temos que se adaptar para a questão de acessibilidade, mas a população está envelhecendo, temos que enxergar outro cenário, daqui uns anos vamos ter muito mais idosos do que jovens, então essa acessibilidade, facilitar o acesso, vai ser algo extremamente importante daqui pra frente, então vejo o metrô, ele atende a legislação, ele olha para esse cenário para que realmente se perpetue, e não ofereça nenhum tipo de restrição para esse tipo de população, e que atendesse a todos nós realmente, as pessoas vão envelhecer, e o número de idosos no Brasil tem aumentado, é algo que acontece no mundo todo, então a acessibilidade é algo relevante e importante.
P/1 - Leandro, então você considera a empresa, ela, os avanços tecnológicos, ela é pioneira nesse setor, como que você vê o metrô perante a sociedade, questão de avanço tecnológico, como que você enxerga a empresa nessa questão?
R - O metrô é um dos principais metrôs do mundo, temos um intervalo entre trens na ordem de 100 segundos, então é algo realmente extremamente relevante, e então o metrô consegue ter essa vasão, mas em contrapartida, a quantidade de passageiros transportados por dia, acima de 4 milhões, é algo que nos preocupa também, mas em termos de tecnologia, conseguir manter em São Paulo, a metrópole, esse intervalo de trens, de 100 segundos, por um período tão grande, o metrô realmente para por um intervalor muito curto durante o dia para efetuar manutenção, que realmente é necessária. Então, para 4 milhões de pessoas, com um intervalo de trens tão curto, e por todo esse período, segunda a domingo, faz com que realmente o metrô seja um dos melhores do mundo, sem contar a questão de segurança, de limpeza, que o metrô é um ícone no mundo nesses aspectos. A questão tecnológica, vejo que o metrô não perde para nenhum metrô do mundo, como um todo. América Latina, então, realmente somos o melhor metrô.
P/1 - Nesses 50 anos de metrô, e a sua carreira inserida, o que você conta para a gente de marcos importantes na sua vida e na vida da empresa?
R - O metrô, um marco importante para mim foi realmente eu entrar agora, foi algo especial, um período muito bacana, sinto saudade de sentar na bancada e arrumar, às vezes em casa tento arrumar alguma coisa, porque realmente faz falta, você fica muito no escritório, você para um pouco para pensar, e realmente você consertar algo é algo, para mim, que faz diferença, mas essa passagem no laboratório foi importante, cresci muito, fiz vários amigos e tive um crescimento técnico muito grande, toda a questão de procedimento, aprendi muito com a GMT, mas um marco importante foi o concurso de 2006, se não me engano acho que foi o último concurso interno da companhia pra engenheiro, e era uma vaga só, estava formado em 2004, então em 2006 tinha uma vaga só pra engenheiro de manutenção, eu vi aquele concurso, falei: “é uma oportunidade realmente para que eu consiga exercer a minha profissão efetivamente”. E, me lembro que era um concurso interno, várias fases, e a concorrência, apesar de ser em menor número do que um concurso externo, era uma concorrência muito grande porque eram vários engenheiros da companhia, pessoas realmente altamente gabaritadas, e por ter só uma vaga, o desafio era muito grande. Mas, eu vi que era uma oportunidade de crescimento profissional que talvez eu não teria, num espaço de curto tempo, num espaço de tempo muito curto. Me dediquei, lembro que fiquei estudando, minha esposa me ajudava ali, fiquei estudando para essa prova, e teve a prova teórica, depois teve a fase, uma redação, uma dinâmica de grupo e depois uma entrevista, foi bem complexa essa seleção. E para todas as fases eu me preparei, minha esposa brincava: “você está se preparando para fazer uma redação?”. E eu ficava fazendo redação, dias antes eu lembro que eu fiz uma redação, era para falar sobre você, e eu fiz em casa essa redação, quando eu cheguei na prova, caiu aquela redação, “nossa, que coincidência”. Aí eu fui, prestei essa prova, fui bem na redação, e na dinâmica de grupo também, lembro que foi uma dinâmica com meu ex-coordenador, o Aldo, e também com psicólogo externo, e também me recordo que na dinâmica também desempenhei bem a função, depois teve entrevista com ele, acabei sendo selecionado, e nessa solução entrei como engenheiro na GSI. Na GSI, agora, GRI antigamente era GSI. Me recordo que quando entrei, essa questão do computador, entrei, o metrô estava se estruturando, não eram todos ambientes que tinham computador, e tinha ramais disponíveis. Me recordo que na GMT, no laboratório, tinham três ou quatro computadores para todo mundo, as pessoas tinham que realmente ficar revezando computador. Ramal também para conversar só tinha um para todos os técnicos, era bem diferente. Na GSI, quando eu entrei como engenheiro, não tinha computador para mim ainda, não vejo trabalhando sem computador, mas depois de um tempo, computador acabou chegando. Mas no início, foi uma diferença muito grande, entre a GMT e a GSI. Justamente por essa questão cultural da própria gerência então a GMT é muito procedimento, muito organizado, essa questão de que você tem que seguir uma série de processos, e a GSI na área de engenharia ainda estava se estruturando, uma área que tinha apenas um engenheiro civil, e eu estava entrando como engenheiro eletricista, para suprir essa deficiência. E, então, era uma gerência que cuidava dos edifícios administrativos, então era uma gerência que cuidava dos edifícios administrativos, mas ainda não estava sendo profissionalizava no sentido de ter um corpo técnico para atuar nessa área, então eu atuei como engenheiro eletricista para suprir essa deficiência, e de 2006 para cá, a gerência se estruturou, criou uma coordenadoria só técnica, realmente para técnicos e engenheiros para efetuar essa administração de edifícios administrativos, e eu atuei como engenheiro de 2006 até 2011 quando eu me tornei coordenador. Nesse intervalo de 2006 a 2011, eu, assim que entrei nesse concurso em 2006, eu fiz uma comemoração com o pessoal de laboratório, a gente tem ainda muita amizade, então fiz essa colaboração, e aproveitei para ficar noivo da minha esposa, então em 2006 fiquei noivo da minha esposa e eu fiz uma festa de despedida da GMT para ir para a GSI, então eu fiz esse noivado com ela, e por coincidência fiz no metrô clube, então no metrô de Jabaquara, temos um espaço bacana para fazer esses eventos, e aí aproveitei e, como chamei amigos, familiares, mas chamei muito metroviários, e como muitos trabalhavam em Jabaquara, ficou fácil de organizar a festa no Jabaquara. E então, foi uma festa de noivado, de despedida, foi bem bacana, e no metrô clube Jabaquara que a gente formalizou nosso noivado. E aí, 2006, eu atuei como engenheiro de manutenção, na GSI efetuava todos os projetos das adequações dos ambientes, projetos de infraestrutura elétrica de todos os edifícios administrativos, e áreas administrativas também nos pátios. E foi um crescimento, mais um crescimento profissional porque a gente precisou estruturar toda uma área, que tinha essa carência de projetos e uma carência de profissionais, então de 2006 em diante, a gente elaborou toda uma adequação dos projetos, organizou, implantou gerenciamento de projetos na área, foi criada essa coordenadoria técnica, com técnicos, então a GSI ficou muito mais técnica e profissional no sentido das manutenções, das adequações, e foi num período importante de crescimento, a GRI, hoje, é uma gerência técnica e respeitada perante os movimentos, porque antigamente não tínhamos essa bagagem e não tinha esse know-how, essa experiência que outras gerências tinham, e hoje por ter esse corpo técnico, esse conhecimento técnico que foi evoluindo com o passar do tempo, hoje discutimos tecnicamente com outras gerências, conseguimos dar apoio, auxiliar, então a gente passou de uma gerência simplesmente de apoio das demais para ser uma gerência efetiva no sentido de poder fazer todo um intercâmbio de conhecimento, um crescimento profissional das equipes, então foi um período também de crescimento, de evolução como engenheiro grande, aprendi bastante nesse período com todos os profissionais.
P/2 - Essa evolução você chamando o quê? Dá um exemplo do que você tenha vivido, como era e como ficou? Alguma situação que tenha acontecido, que você estava no campo de trabalho, aconteceu alguma situação, e hoje isso…
R - …o que eu posso falar de evolução, quando eu entrei, basicamente não tinha uma estrutura de projetos, a gerência era uma gerência que atuava com terceiros, a gente atua com contratados, e por não ter técnicos, engenheiros nesse corpo gerencial, fazia com que muitos de repente, as decisões, elas não fossem tomadas com esse olhar mais técnico. Então, quando entrei lá, não havia essa estrutura, e por não haver essa estrutura, a gente não tinha, basicamente, projetos. Todo o histórico de projetos é baseado nas informações de outras gerências. A partir do momento que a gerência começou a se estruturar, e ter um corpo técnico ali para atuar, a gente ficou um pouco mais independente de outras gerências e de ter que ter uma interface com outras gerências, conseguimos crescer internamente, desenvolvendo projetos, fazendo com que a gente consiga contratos mais eficientes, reduzindo custos para a companhia, então o investimento no profissional, na mão-de-obra técnica fez com que a gerência evoluísse, crescesse em termos de corpo técnico, e esse crescimento, ele gerou reflexos positivos para a companhia no sentido de reduzir riscos em relação a problemas técnicos dentro da gerência, reduzir custos, a partir do momento que você contrata com mais eficiência você consegue reduzir custos, então o investimento no recurso humano é essencial, não adianta simplesmente ter um contrato na mão se você não consegue ter por trás disso pessoas para fiscalizar de forma adequada, pessoas para especificar da forma adequada, então o profissional é fundamental.
P/1 - E esse processo todo na sua carreira, qual foi a diferença, o que ele marcou nessa sua carreira dentro do metrô?
R - 2006, que eu entrei como engenheiro, e toda essa evolução, ela fez com que realmente nesse período foi um período, o metrô se adaptou, efetuou uma série de obras nos edifícios administrativos, para que a gente conseguisse realocar as gerências, até para as mudanças de estrutura, então de 2006 a 2010, eu me recordo que foi um período com muitas adequações de estrutura, adequações de layout, que fizeram com que realmente no início ali, por ter um corpo técnico reduzido, a gente atuava com uma pressão, e assim, um tempo muito grande nos projetos, e nesse período, nós efetuamos a locação do edifício grande São Paulo, que foi o RH para lá, e também o edifício Augusta, essas obras fizeram com que o metrô se reorganizasse, a estrutura foi reorganizada e as áreas dispostas nesses edifícios, e a gerência sempre buscou criar um ambiente de trabalho adequado, percebo que nos últimos anos, essa questão por atuar nessa área de engenharia e nos edifícios administrativos, os layouts evoluíram bastante também, as empresas na década passada, anteriormente, tinham muito essa questão de salas, todos os chefes teriam salas, os ambientes, as áreas, muitos ambientes fechados, e com a evolução da própria estrutura da companhia, isso foi mudando, a cultura da empresa, quando eu falo cultura tem também essa questão de que muitos gestores ainda estavam habituados a ter seu ambiente, sua sala fechada, e a GRI foi um pouco precursora no sentido de que a gente sempre tentou fazer com que os ambientes fossem mais harmoniosos, então quando a gente elabora um layout, a gente pensa na questão de integração. Então, a própria evolução da empresa, se fala muito hoje em equipes matriciais, então pela deficiência de recursos, como temos poucos recursos e estão cada vez mais escassos, algumas soluções têm que ser adotadas para que consigamos efetuar os mesmos serviços, ou até em quantidade maior, com menos recursos. Então a estrutura matricial na companhia requer realmente que os ambientes sejam mais integrados. Me recordo que no passado cada gerência tinha uma sala de reunião, ou várias, dentro do próprio ambiente. E lá na Augusta, a gente fez toda uma adaptação no edifício para ganhar mais espaço para as áreas, e reduzimos o número das salas de reuniões, e as salas de reuniões foram integradas, e ao invés de cada gerência ter sua própria sala de reunião, criamos nichos de salas de reuniões que as áreas poderiam atuar e otimizar o recurso, então ao invés de deixar disponível uma sala para cada gerência, a gente tinha 10, 15 salas e as pessoas podiam compartilhar. Esse compartilhamento de recursos, tanto recursos humanos quanto ambiente, na companhia, hoje, é algo que vem a ser uma tendência e a GRI foi uma das gerências que fez e tem um papel importante nesse desenvolvimento.
P/1 - Então, a empresa tem um caráter de sustentabilidade, responsabilidade social muito grande. Como que você enxerga isso?
R - Tem. A companhia, ela por si só, ela é sustentável. Quando você pensa em metrô, você pensa num meio de transporte, um modal sustentável, e a companhia tem certificação ambiental, e há uma série de medidas que a empresa efetua para redução de consumo de papel, de energia, água, então todos esses fatores são fatores importantes para que a gente consiga fazer da empresa um ambiente mais sustentável e isso traz benefícios para a população como um todo. A empresa realmente é uma das mais sustentáveis de São Paulo.
P/1 - Quando você fala em benefícios para a população, cite algumas coisas para a gente.
R - Então, imagina, ao transportar 4 milhões e meio de passageiros por dia, quantos veículos que deixam de circular? Isso reduz a poluição, então toda essa parte de expansão e a infraestrutura instalada hoje, nas 79 estações, ela faz com que realmente a circulação de veículos e a redução de poluição dentro da cidade de São Paulo seja significativa, e acho que é um dos aspectos mais importantes, fora a questão da redução de tempo, então hoje o tempo é um dos mais importantes elementos na vida de todos nós. E você ganhar 20 minutos, meia hora do dia numa ida e numa volta, isso não tem preço, você poder chegar na sua casa, ter meia hora a mais com sua família, o metrô proporciona isso, acredito que isso seja algo imensurável, não tem preço. É um dos benefícios mais importantes para a população, o tempo que as pessoas conseguem ganhar com o metrô. Além do tempo, a previsibilidade, então quando você utiliza o metrô, a gente sabe que você vai estar em tal horário e que vai chegar no ponto que você deseja no horário específico, então você consegue se programar muito melhor, sendo que outros meios de transporte, a previsibilidade não é tão grande. Esses dois fatores, a questão do tempo e de você poder se programar, para a população, são fatores bem significativos e que às vezes podem, no dia-a-dia, as pessoas não perceberem, mas não imagino São Paulo sem o metrô.
P/1 - Nesses 50 anos, vamos imaginar alguns marcos principais da empresa, na cidade. 2007, tivemos o acidente de Pinheiros, como que você vê isso, onde você estava na empresa, o que isso marcou para você?
R - 2007 foi o acidente, não é? Eu me lembro que eu estava no escritório, dentro da GSI, quando era GSI, e todo mundo ficou chocado, a gente tentou obter mais informações. Por atuar na GSI, na área de manutenção, das áreas administrativas, o contato foi bem menor, então a gente ficou sabendo por noticiário e também por informações internas da empresa. Mas, o contato ali direto com o acidente, eu tive pouco, não tive uma relação direta, mas foi algo muito triste, que gerou um impacto, vidas foram perdidas, e depois gerou também um atraso nas obras, porque realmente teve que reorganizar tudo, replanejar, reconstruir aquela área. Aquela área realmente foi algo complexo. E por curiosidade, meu irmão é engenheiro civil, e atuou numa empresa de engenharia civil, e na parte de fundações. Ele foi chamado, um dos engenheiros chamados para fazer a parte de reconstrução ali dessa área que foi danificada, então acabei tendo um impacto, porque meu irmão atuou também como engenheiro civil.
P/2 - Mas na gerência, a sua gerência mudou alguma coisa a partir do acidente? Uma nova…
R - …nossa gerência é uma gerência de apoio, com certeza teve um impacto para podermos dar um apoio, suporte com veículos, com toda uma logística para apoiar as demais gerências, então nesse aspecto, teve influência. Na área de engenharia, ali, a questão é assim, a gente atua e por ser uma obra de engenharia civil, não teve tanta influência com minha gerência, então a questão do aspecto de algo que aconteceu lá, que tenha modificado uma atuação da engenharia dentro da GRI, eu acredito que não tenha ocorrido.
P/1 - Sobre a copa, 2014, tivemos a copa, e a sua área, como infraestrutura, qual foi o papel dela, o que você vê?
R - A gerência teve um papel importante na copa. Por ser uma área de suporte e logística para as demais gerências, toda, e ali, pela proximidade, Itaquera, a gente tem todo o corpo de segurança do pátio, ali ao redor, e também a gente tem o metrô clube Itaquera, que é o outro metrô clube da companhia. Então, durante essa fase, principalmente na arena Corinthians, toda essa interface, esse metrô clube, acabou sendo um ponto de apoio para a própria estrutura da copa. As autoridades pousavam ali no campo de futebol do metrô clube, e faziam o acesso até a arena. A gerência teve esse papel de suporte, para as demais gerências, para atuarem da forma que for, e eu participei um pouco com relação a esse suporte, mas também eu fui torcedor, frequentei os estádios, e vi que foi tudo superbacana, perfeito, foi um ambiente, dá saudade também, uma época muito legal dentro da companhia, porque a gente viu ali aquela mudança, toda aquela transformação, os investimentos que ocorreram ao redor de Itaquera, e a mudança ali daquela região foi bem significativa.
P/1 - Quando você fala em mudanças da região, o que você viu que mudou na sua região?
R - Todo o viário, houve toda uma adaptação, a construção do estádio fez com que a própria gerência tivesse que fazer rotas alternativas para transportar os empregados, então durante essa obra, toda essa interferência do viário foi significativa, e o estádio como um todo gerou todo esse movimento para aquela região, houve todo um crescimento da região, em função da construção do estádio, e na época da copa, basicamente tudo sendo na inauguração, o primeiro jogo, o mundo todo estava focado para aquela região, e no final deu tudo certo, foi um evento muito bonito e pena que o Brasil não ganhou.
P/1 - Outros marcos nesses 50 anos de metrô, o que você pontuaria que foi importante para você nesses 50 anos de empresa que você vivenciou?
R - A gente pode colocar que várias situações ocorreram, uma que está ocorrendo agora é o PDV, que é importante porque toda essa história do metrô, todo esse conhecimento, a gente acaba perdendo a saída das pessoas, então o metrô tem uma quantidade de empregados numa faixa etária próxima de saída significativa, então a companhia precisa renovar esse quadro, e mais do que renovar, precisa fazer com que todo o conhecimento, toda a bagagem das pessoas seja mantida dentro da companhia, então o PDV é algo que realmente impacta na vida de quem está saindo, mas também das pessoas que estão ficando. Então, como gestor, precisamos realmente ter esse pensamento no sentido de conseguir assimilar e conseguir manter esse conhecimento das pessoas, que estão saindo, e repassar esse conhecimento para outras gerações, outros empregados que ficam, mas é um evento que realmente, uma situação que faz com que a gente fique emocionado também, porque as pessoas partem, as pessoas que fizeram toda uma carreira com 35, 40 anos de empresa, então é uma vida, você percebe que as partidas são realmente tristes, mas temos que nos preocupar também com o metrô que está ficando, temos que ter esse olhar para reter o conhecimento e fazer com que seja repassado para toda a empresa, que é um evento…
P/2 - Queria fazer uma pergunta, Leandro, você falou lá atrás sobre investimento humano. O que é o metrô, você falou um pouco do MBA antes, o que esse investimento contribuiu para que você tornasse o profissional que você é hoje, quais foram os investimentos que você disse: “eu entrei num laboratório técnico”, e teve uma carreira? Quais foram os investimentos que o metrô fez em cursos, em coisas que foram importantes para você?
R - Os investimentos foram significativos e fundamentais para minha carreira. Não adianta a gente ter uma boa bagagem, uma boa formação, hoje sou técnico em eletrônica, depois fiz engenharia elétrica, na engenharia eu tenho duas ênfases, eletrônica e eletrotécnica, tenho duas formações, depois eu ainda fiz um mestrado, um mestrado na Poli, em sistemas eletrônicos, tudo isso à parte da companhia. A companhia não investiu diretamente nesses aspectos. Desde o colégio técnico até minha formação como mestre em engenharia, a empresa proporcionou na verdade essa troca de experiência, toda a bagagem que eu vejo no mundo acadêmico, utilizo na empresa e vice-versa também. O mestrado eu fiz já dentro da GMT e terminei na GSI. Eu tive que realmente conciliar minha vida acadêmica com o metrô e o metrô me deu essa oportunidade, mas além da formação acadêmica, só isso não é suficiente, então precisei realmente me reciclar e fazer outros cursos que foram importantes. A companhia proporcionou para mim um MBA, fiz um MBA em gestão de projetos, gestão estratégica e econômica de projetos na FGV. Então, iniciei esse MBA em 2012, e encerrei em 2014. Então, esse MBA fez realmente eu enxergar outras coisas que na engenharia eu não via, então pensar em gerenciamento de projetos hoje, o mundo inteiro pensa em gerenciar os projetos como uma metodologia, e essa metodologia do PMI, que é uma metodologia consagrada, e eu só vislumbrei isso dentro desse MBA da FGV. Foi algo que realmente fez com que eu abrisse, na minha cabeça, visualizei outras alternativas para fazer uma gestão mais adequada dos projetos, focado em planejamento, análise de riscos, engajar as partes interessadas, então tudo isso eu consegui visualizar dentro desse MBA. Foi realmente fundamental para minha formação, meu crescimento profissional, e com certeza fez com que eu conseguisse trazer do mundo acadêmico alternativas para dentro da gerência que fizeram com que a gente tomasse decisões mais acertadas, mais voltadas para um modelo mais eficiente, e que trouxe redução de custos para a companhia, então, ele foi fundamental, e esse MBA foi interessante, que eu fiz, foram dois anos, e eu efetuava aos sábados, na época também, por mais que a companhia patrocinasse uma parcela desse curso, ele é um curso que exige a dedicação do tempo, então nem sempre a gente tem essa disponibilidade, então por mais que a companhia exerça um papel fundamental ao dar esse apoio, também cabe ao profissional visualizar isso, e dessa oportunidade, conseguir abraçar. Então, eu vi que era algo importante para minha formação, as aulas eram aos sábados, e eu me dediquei, fiz um curso de uma forma satisfatória, e para minha surpresa, no final do curso, a GV entrou em contato e me informou que fui o melhor aluno da turma e receberia uma homenagem. Aí depois na sequência, verificaram que eu fui o melhor aluno em todas as GVs, tive o melhor desempenho em todas as GVs, e fui o orador de todas as GVs na cerimônia, foi bem bacana, meu filho subiu no palco comigo, um evento bem legal. Aí depois do GV, outro fator importante, quando eu visualizei que o gerenciamento de projetos era algo importante para a companhia, para minha carreira, e realmente ter um crescimento profissional e fazer com que a gerência fosse mais eficiente e trazer benefícios para a companhia toda, eu busquei a certificação. A certificação em gerenciamento de projetos, e o metrô de novo patrocinou um curso, que é específico para obter essa certificação, e eu tentei duas vezes, a primeira vez fiz o curso, a primeira vez não passei, bem difícil a prova, diferente de todas que estamos acostumados, e na primeira falhei na prova, a prova não te dá, te dá mais ou menos a área que você errou, mas não dá quantas questões você errou, e você fica na ansiedade: “nossa, será que fui mal? Fiquei próximo de passar?”. E depois tentei de novo pela segunda vez e passei, então sou certificado, TMT, Certificado em gerenciamento de projetos, um profissional com certificado, e na companhia temos poucos profissionais certificados, acho que em torno de 30, mas é algo que temos incentivado e buscado porque realmente a certificação traz uma bagagem e os projetos estão cada vez mais complexos, com um tempo de vida menor, precisamos fazer coisas mais complexas, entregar em menos tempo, e menos recursos, a companhia cada vez mais sofre com a questão da crise política e econômica, que tem afetado o Brasil como um todo, e não ia ser diferente no metrô. Essa crise fez com que todo o orçamento de custeio sofresse um impacto, e esse impacto causa uma situação que nós temos que pensar diferente, então os recursos, o orçamento que tínhamos antigamente, não temos mais hoje, e esses recursos estão cada vez mais escassos, então temos que prestar o mesmo tipo de serviço com a mesma qualidade e eficiência do metrô, e cada vez mais com menos recursos, e para que consigamos fazer essa equação funcionar, realmente só uma gestão mais eficiente, essas ações que a companhia tem feito com planejamento de negócios, todas voltadas a tentar reduzir custos, para que a companhia se torne perene, e ela não tenha uma dependência do governo do estado, e que consigamos continuar prestando um serviço de qualidade e com a mesma eficiência que a população espera.
P/1 - E como você imagina o metrô daqui a 20 anos?
R - Espero que seja um metrô maior, e quando digo maior, realmente maior em termos de produção, a população realmente precisa que tenha um investimento, a gente vê hoje toda essa crise do transporte, dos caminhoneiros, se tivéssemos uma malha metroviária e ferroviária maior, talvez não estivéssemos tão refém dos caminhoneiros como estamos hoje, em função de repente de uma falta de investimento, focado nessa questão metroviária e ferroviária, então ter uma malha maior, ela é fundamental para que a população consiga evoluir e realmente efetuar suas tarefas num tempo menor. Espero que o metrô tenha uma malha maior, e espero que seja um metrô que mantenha toda essa qualidade, fomos eleitos o melhor meio de transporte recentemente, então a população reconhece que o metrô, apesar de saturado, ele presta um bom serviço, consegue uma regularidade, prestar um serviço de qualidade, limpo, com segurança, então espero que no futuro tenhamos mais metrô com a mesma segurança e o mesmo padrão de qualidade que temos hoje.
P/1 - Leandro, você viu diversos momentos da empresa, como ela era antes, como ela está agora, o que mudou, o que permaneceu igual, quais são os principais desafios na sua área?
R - A empresa, ela basicamente teve uma expansão significativa nos últimos anos, fomos pensar a companhia, nos últimos anos, foram os anos que mais se teve expansão, na história. Mas assim, essa expansão, ela também faz com que a gente tenha que rever todos os conceitos internos, novas linhas, novos tipos de trens, modelos diferentes, então todo esse conhecimento tem que evoluir, e migrar entre as pessoas. Mas, essa questão da empresa conseguir se manter como independente, então o nosso orçamento, por ser um orçamento, a gente conseguir manter esse orçamento, estamos fazendo com que uma série de ações sejam tomadas em prol da mudança, e a mudança vai desde o aspecto investimento em conhecimento, e quando falamos em investimento de conhecimento, não necessariamente um treinamento externo, então desenvolver pessoas para que essas pessoas consigam treinar novos empregados, então a companhia hoje investe na formação de educadores, na área tem pessoas que são educadores internos da companhia, esses educadores internos têm papel fundamental para fazer com que todo esse conhecimento que é muito rico na empresa, permeie entre os empregados. Por ter uma restrição financeira, para treinamento, no passado a gente conseguia vários treinamentos de forma muito mais fácil, era muito mais fácil justificar e conseguir o treinamento porque não havia uma restrição de recursos. Com essas restrições orçamentárias, pensar em alternativas de desenvolvimento interno foi uma das ações importantes, significativas que a empresa tem efetuado. A falta de recursos, ela é realmente algo que percebemos em todas as gerências, as pessoas estão saindo no PDV, e essa saída dos empregados não está tendo uma reposição diretamente proporcional, ainda mais nas áreas administrativas, então a criação de estrutura matricial, não ter mais aquela equipe que só atua para aquele determinado gestor. Hoje, dentro da gerência, vejo que outras adotam isso também, temos o profissional que tem o conhecimento que pode ser aplicado em vários projetos independente do gestor, então você pode responder para um, dois, três gestores dentro de um período, mas que você consegue ter um aproveitamento do recurso muito melhor, então é algo que também a empresa tem buscado e algo que eu vejo que tem que cada vez mais ocorrer investimentos nessa área. Outra questão que aconteceu recentemente foi a implantação do SAP, um sistema integrado que tem um papel financeiro muito importante, para a companhia, vai permitir com que a gente tome decisões de forma muito mais rápida, mas é um sistema novo, diferente, que está impactando em todas as gerências, a questão da cultura, estamos acostumados com sistema antigo, controlo por planilhas, isso aí a gente tem que cada vez mais justificar e então essa implantação foi algo que nos últimos dois anos, é algo que realmente mudou um pouco a empresa, e com certeza vai trazer mais benefícios para a companhia como um todo.
P/1 - Leandro, você tem bastante tempo de empresa. Quando você entrou no metrô, você tinha uma expectativa. Antes de concluir, qual seu maior sonho hoje?
R - Quando eu entrei no metrô em 2002, eu não vislumbrava tão para a frente, então algo que eu sempre fui, uma pessoa determinada que buscou os objetivos da melhor forma possível. Mas eu não tinha essa pretensão de chegar a coordenador em um determinado tempo, na verdade fui subindo passo a passo, por mérito, concursos internos, mas não entrei com essa expectativa, na verdade eu fui a cada dia, tentei fazer meu melhor, e quando as oportunidades apareceram, eu me dediquei ao máximo, e não dava para simplesmente atuar naquela oportunidade se não tivesse um crescimento, um conhecimento, uma bagagem por trás, então eu não passei para engenheiro com uma vaga porque estudei num final de semana, foi toda uma trajetória, mas a partir do momento que as oportunidades foram surgindo, fui me dedicando e as coisas foram acontecendo naturalmente. Mesmo quando fui indicado para coordenador, me lembro que eu estava em casa porque meu filho tinha acabado de nascer, eu estava de férias, em casa, e meu gerente da época ligou e pediu para eu ir até lá, e fiquei até ansioso: “o que pode ser?”. Mas algo que naturalmente eu esperava que fosse acontecer, e a própria questão da liderança, ela é algo que vai acontecendo com o tempo, mas algo natural, não adianta você ser um gestor ali, se você não tem uma equipe que te apoia então eu atuava como engenheiro, mas naturalmente exercia uma certa liderança no grupo e a gerência enxergava que eu poderia ter o potencial para ser gestor, então em algum momento eu esperava que pudesse acontecer, mas eu não, quando eu recebi o telefonema, nunca sabe o que seria, e no outro dia acabei indo, no dia seguinte, e o gerente me disse que era o momento, enxergavam que eu tinha potencial, e a partir daquela data, eu assumi a coordenadoria. Então, meu futuro, eu espero continuar me dedicando, da mesma forma como me dediquei até hoje na empresa, sou um profissional muito esforçado, e penso muito na companhia, não penso só ali na minha área, coordenadoria, gerência, penso sempre, tento tomar decisões voltadas para o que é melhor para a empresa, por mais que não seja a melhor para a área, naquele momento. Eu penso muito nisso, eu tento trocar experiência com outras áreas para fazer com que tanto eu quanto as outras áreas consigam crescer e consigamos atuar de forma mais harmoniosa e para que a empresa tenha mais benefícios e consiga ser uma empresa melhor.
P/1 - Leandro, quais são suas perspectivas para o seu futuro, você tem algum sonho?
R - Em termos de perspectiva, eu pretendo continuar no metrô, fazer uma carreira sólida no metrô, tenho pretensão de ter um crescimento dentro da companhia como um todo e atuar da mesma forma que venho atuando. Em termos de pessoais, eu queria ter mais um filho, mas preciso convencer minha esposa, mas era algo que eu desejava, mas estamos estudando ainda, nossa casa é pequena, não é tão simples, esse mundo maluco do jeito que está, não é tão simples tomar essa decisão. Mas eu tenho um filho de sete anos, e então, eu até tinha essa pretensão de ter mais um, mas é algo que não está certo ainda, tem que convencer minha esposa.
P/1 - Quer contar mais alguma coisa para a gente, sobre o metrô, sobre sua vida?
R - Deixa eu pensar aqui, alguma coisa que a gente não comentou, que eu gostaria de contar.
P/2 - Eu tenho uma curiosidade. Nós somos pessoas, o metrô são pessoas, tem alguém que foi ou referência para você ou que de alguma forma, não que tivesse um cargo que pudesse, mas que de alguma forma te marcou, deixou alguma marca em você?
R - Escolher uma pessoa só é difícil, são várias pessoas, seria injusto escolher uma só. Por todas as fases, no laboratório, fiz vários amigos, tenho muito contato com eles, e amigos que você pode falar que são verdadeiros amigos. Na GRI também, mas acho que uma pessoa que me marcou muito foi meu coordenador que me selecionou, na época, que é o Aldo Misuno, ele faleceu recentemente, há uns dois anos, e ele realmente foi uma pessoa que me marcou muito, porque na GMT, a gente não tinha muito contato com o coordenador, e ali você atuava como técnico, tinha contato com o supervisor, e o contato também não era tão grande quanto numa área administrativa, e indo para a GRI, o contato com cargos maiores acontece muito mais naturalmente. O Aldo foi uma pessoa que realmente me deu muito apoio, além de ter me selecionado, ele realmente enxergou que eu teria esse potencial, e ele era uma pessoa muito justa, muito correta, e que realmente eu acho que se eu pudesse falar de uma pessoa, ele merecia esse carinho especial, porque ele fez, foi uma pessoa significativa, e que todo esse tempo, ele sempre me apoiou, e sempre me incentivou, foi uma pessoa importante. Teve um AVC, ele estava num sítio, teve um AVC, e a gente ficou sem coordenador um tempo muito grande até o retorno dele. Ele conseguiu voltar, voltou bem, e aí nesse período sem o coordenador, acabei meio que atuando como uma das lideranças da coordenadoria, e essa ausência dele fez com que eu tivesse que amadurecer mais, crescer mais como profissional. Ele seria uma pessoa que merecia um carinho especial mesmo. Uma outra situação, que ele além de atuar como coordenador, a gente também, uma das coisas que gosto de fazer é correr, e ele corria também, comigo, nos finais de semana, o metrô tem o plano de saúde do Metrus, o instituto Metrus é o plano de saúde e previdência da companhia, e o Metrus incentiva a prática de esportes para reduzir o risco de problemas de saúde, então o Metrus patrocina os corredores metroviários, tem uma equipe, chama Metrus EAMSP, e eu participo dessa equipe, corro aos finais de semana por essa equipe. Tem patrocínio, camiseta, tudo, e o Aldo era uma pessoa que corria comigo, e eu lembro, além dos momentos com ele dentro do ambiente, também essa prática de esportes é algo que ele sempre estava junto comigo.
P/1 - Quer contar alguma história engraçada que aconteceu com você?
R - Essa parte das corridas é interessante, que eu fiz outras amizades com outras pessoas que realmente no contato ali GMT e dentro da minha gerência não aconteceria, então tenho muitos amigos da operação que hoje tenho um contato menor em função da atividade, mas que fiz amizade com as pessoas e é um grupo super do bem, super bacana que correm constantemente, mas a prática de esporte é algo relevante, é importante nos mantermos, porque a vida é muito estresse, você praticar um esporte, algo que eu vejo como importante, e o metrô, indiretamente, por ter o instituto Metrus que atua em conjunto com o metrô, patrocinar isso, entendo como relevante. A equipe tem mais de 100 corredores que atuam constantemente. Além dessa questão das corridas, uma outra situação que me ocorreu agora é que estou há três anos, fui indicado para ser conselheiro deliberativo do Metrus, então sou também, além de atuar como coordenador, sou conselheiro deliberativo suplente do Metrus, então estou há três anos atuando no conselho, e é algo totalmente diferente de atuar, atuei como técnico, é diferente, atuei como engenheiro, é diferente, atuar como gestor tem suas particularidades, mas como conselheiro, é uma outra dinâmica e vejo que foi um fator, a empresa acreditou na minha bagagem, nos meus conhecimentos, e viu que eu poderia auxiliar o instituto de alguma forma, e atuar como conselheiro. Vejo que também me traz oportunidade de crescimento profissional muito grande porque a gente acaba tendo contato com outras pessoas e enxergar outras visões, então o conselho é um conselho que temos metade dos empregados indicados, e a outra eleita. Você vê visões diferentes, e saber lidar com isso, com as diferenças, e você dentro das diferenças tomar decisões, é algo que faz com que tenha um amadurecimento tanto profissional como pessoal. Outro ponto importante também. Estou há três anos lá e fez uma diferença grande na minha carreira.
P/1 - O que você achou de contar sua história?
R - Eu gostei, fiquei nervoso, ansioso, porque na verdade, no começo, quando recebi o e-mail eu até li ali, mas entendi que era um e-mail para todos os empregados e quem quisesse poderia participar. Aí deixei lá na minha caixa, fiquei esperando, e depois a Sílvia fez um contato: “você tem como participar? Gostaríamos de ouvir sua história”, e eu percebi que não era um e-mail para todos os empregados, era só para alguns que foram selecionados, e eu demonstrei interesse. Vi que a empresa queria ouvir um pouco da minha história e eu também pensei: “como posso contribuir?”. Acabei topando, você fica ansioso, mas gostei bastante. O museu é muito bacana, a estrutura bem interessante, o projeto é muito interessante, entrei no site e vi que realmente os depoimentos, realmente da pessoa, você vê que tem sentimento naquilo, então gostei bastante, achei uma atividade diferente, não estou acostumado com esse ambiente, mas é algo diferente que realmente vai marcar minha vida, e tenho certeza que vai ficar bem legal.
P/2 - Certo, então, a gente é do Museu da Pessoa, do Metrô 50 Anos, muito obrigado pela sua entrevista.
R - Obrigado, parabéns pelo trabalho, sucesso.
P/2 - Obrigado.
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