De vez em quando minha irmã e eu aprontávamos algumas! E meu pai, que era mais bravo, falava que ia bater na gente. Rapidinho a gente subia nos pés ou de ameixa ou de abacate e ficava lá metade do dia. Quando a gente descia, apanhava mesmo assim, só que ele já estava com menos raiva.
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De vez em quando minha irmã e eu aprontávamos algumas! E meu pai, que era mais bravo, falava que ia bater na gente. Rapidinho a gente subia nos pés ou de ameixa ou de abacate e ficava lá metade do dia. Quando a gente descia, apanhava mesmo assim, só que ele já estava com menos raiva.
A gente morava numa casa na Vila Zilda, perto do Jaçanã. Era uma casa simples, com um quintal com bastante árvores, pés de frutas, como abacate, pêssego, ameixa, limão, fruta do conde. E a minha infância foi uma boa parte ali, onde moramos até os meus dez anos. Não tinha muito brinquedo, mas tinha bastante brincadeiras na rua: bolinha de gude, pipa, peão, brincadeiras bem sadias!
A escola era bem longe casa, uns três ou quatro quilômetros - e a gente ia a pé. Uma vez, passando por um terreno baldio, vi que uma cachorra tinha dado cria! Passado por lá se novo, a cachorra não estava,então peguei um pra cuidar. Quando eu cheguei em casa com o cachorro, lógico, meu pai chiou: “Ê, cachorro”, mas no fim adotamos o cachorro, que chamou Rusti. Ele ficou com a gente por uns 16 anos.
Na época, o bairro não tinha muitas casas e a gente tinha alguns vizinhos. Um vizinho do nosso lado tinha um cachorro pastor alemão e o Rusti era um vira-lata. E ele era doido pra pôr os cachorros pra brigar. E eu não, né? Entre a nossa casa tinha um terreno vazio e quando eu via que ele soltava o cachorro dele, eu corria atrás do meu vira-lata e punha pra dentro de casa porque, putz, se pegar meu cachorro vai matar, né? Porque o Rusti era um cachorro até que grande, mas era um vira-lata. Até que um dia não teve jeito, quando eu vi os dois já estavam brigando no terreno vazio. Eu pensei: “Matou meu cachorro”. Eles brigaram bastante tempo, até que cada um foi prum lado. O Rusti veio cheio de sangue, fizemos os curativos, ficou uns dias doentes. No fim o cachorro dele que morreu. E o vizinho ficou com raiva de mim! “Poxa, eu nunca quis que eles brigassem, você que queria atiçar”.
Hoje é engraçado porque meus filhos reclamam: a gente tem uma cachorrinha, um basset, e agora eles querem pegar um dog alemão! O cachorro é gigante! “Deus me livre, não quero isso, não!” “É pai, mas você na sua época, pegava cachorro, passarinho e agora não quer nada, né?” “Mas poxa, já tem uma cachorra! Você vai pegar um cachorrão desse tamanho pra quê?”Recolher